sexta-feira, maio 08, 2009

ARI CUNHA

Portugal no Brasil


Correio Braziliense - 08/05/2009
 

Nannai, Muro Baixo (PE) — O que tem acontecido no mundo por causa da crise econômica reuniu dois antigos amigos. Portugal, que nos descobriu, daqui levou cachos de bananas em ouro. Os descendentes voltam ao Brasil, desta vez como fregueses. Trazem da Europa a experiência secular em beneficio do nosso país. A grande massa de lusitanos vem à procura de oportunidades. O entrosamento entre a TAP, turismo, entendimentos entre órgãos oficiais do Brasil, tem motivado a atração do capital de que necessitamos. O marketing indica os caminhos do progresso e nos abre as portas para grandes oportunidades comerciais e industriais. Para investimento de lusitanos, há a tentação de 10 anos livres de impostos. Dessa maneira, os euros estão chegando em proporções animadoras. Não importa o tempo livre sem impostos. As empresas crescem e se multiplicam. Findos os 10 anos, espera-se que a aplicação tenha dado resultados. É assim que o dinheiro crescerá e o país hospedeiro sentirá as vantagens, depois de acreditar nos investidores por muitos anos. Brasil e Portugal se alinham como amigos, sendo que ambos buscam os lucros, o que é necessário. Temos ao nosso lado os outrora conquistadores, hoje sócios com todos os direitos.


A frase que não foi pronunciada

“Cão e gato sempre brigaram por causa de comida. Quando é muita, e entregue em lugares diferentes, são amigos.”
Cidadão brasileiro estimulando o hábito da realidade


Bolo de rolo 
Ministro Evandro Leite Gueiros é pernambucano de quatro costados e não perde tempo para contestar. O bolo de rolo de Pernambuco é tradição das negras que comandavam a cozinha anos atrás, no Recife. Tudo que faziam era com maestria e satisfação. Perfeição era a identificação. Fica assim esclarecido que não foram os holandeses os autores da bela iguaria. 

Chuva 
Ceará está embaixo d’água. Açudes transbordam e represas rompem. Invadem terras e deixam o povo na miséria. O açude Souza, em Canindé, está sangrando. Nesta época se avolumam as carapanãs. Os ratos rondam as casas. Ministro Temporão está informado. A saúde pública não vai bem, mas sob controle. 

Transporte 
José Luiz Pagnussat, falando à TV Senado, defende mudança nos transportes. Hidrovias é o caminho especial. Infraestrutura barata e barcos caros. O professor da Escola Nacional de Administração tem feito pesquisas. O Brasil é emperrado para mudanças por causa do meio ambiente. A entrevista teve cunho didático. Foi bem encaminhada pelos jornalistas Helival Rios e David Emerich. 

Pernambuco 
Estando em Nannai, Muro Alto, vem ao pensamento o transporte no Nordeste. Ferry Boat faz sucesso antigo na Bahia. No Nordeste, onde as capitais são quase pegadas, seria transporte ideal. Para carros e caminhões, os caminhos do mar seriam fáceis e mais baratos. Afora isso, seria bom para a rodovia federal que vive estrangulada com tanto trânsito. 

MST 
Adeptos do Movimento Sem Terra abrem nova vertente. Invadem fazendas, destroem plantações, roubam propriedade alheia. Matam e disso se vangloriam. No Rio Grande, dos 183 assentamentos, pelo menos 147 são irregulares. O governo fecha os olhos. Lá está nosso dinheiro e as provocações que não podem ser oficiais, mas provêm por vias de travessas. 

Desobediência 
Na Raposa Serra do Sol, o fato é o mais grave no momento. Em nome do MST, aventureiros agem com liberdade. A intenção agora é plantar arroz. De lá já saíram os arrozeiros e criadores de bois. A Justiça determinou terra indígena. Querem que não dê certo. E mais: em nome não se sabe de quem desejam decretar “terra arrasada”. 

Senado 
Agaciel Maia, ex-diretor do Senado, sai e enfrenta metralhadora giratória. A briga está feia. Agaciel responde diferente: está para lançar o primeiro volume de seu estudo sobre todos os senadores que passaram pela Casa. Até agora a caravana passa e os insatisfeitos fazem outros planos. Agaciel tem bom humor: “Só falta dizerem que sou dono do Pão de Açúcar”.

História de Brasília

O pessoal da Imprensa Nacional usa como transporte um ônibus saltitante que, nos 500 metros de má estrada, desfaz quase sempre o bom humor dos que são contra Brasília. Quando alguém fala bem de Brasília, é imediatamente taxado de “matéria paga”, apelido muito comum hoje entre eles. (Publicado em 29/1/1961)

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