EDITORIAL O GLOBO - 01/05/2009 Já era evidente, desde as primeiras informações sobre o surto de gripe suína originada no México, a gravidade do quadro decorrente da evolução da epidemia, que no espaço de poucos dias se espalhou para diversos países. Com a decisão da Organização Mundial de Saúde de declarar o planeta a um passo de uma pandemia o alerta subiu a um nível que não deixa mais dúvidas sobre o alcance da doença. Por fim, as palavras da diretora-geral da OMS, Margaret Chan ("É realmente toda a Humanidade que está sob risco. (...) Todos os países devem imediatamente ativar seus planos para uma pandemia"), deram o tom definitivo do que está por vir. E numa velocidade impressionante: até ontem à tarde, oito pessoas haviam morrido no México, epicentro da doença, e uma criança nos EUA, onde haviam sido detectados 109 casos. Em uma semana, a gripe alcançou Canadá, Reino Unido, Israel, Nova Zelândia, Espanha, Alemanha e Áustria. O Brasil tinha ontem quatro pacientes com suspeita de estarem com a gripe, e monitora outras 40 pessoas. No Peru, chegou-se a anunciar a detecção do primeiro caso da América do Sul (seguiu-se um desmentido do governo peruano). São dados que colocam irremediavelmente a epidemia na antessala do território brasileiro. E é à luz das advertências e dos movimentos da OMS no sentido de chamar o mundo à responsabilidade diante da ameaça comum que as autoridades de Saúde do país precisam agir - eficaz e rapidamente. Postergar medidas, mitigar responsabilidades e minimizar o potencial de riscos para a população - para não criar "pânico" - devem passar ao largo do manual de conduta do poder público. Neste primeiro momento em que ainda é impossível projetar em que nível o país será afetado pela iminente pandemia torna-se imperioso recorrer a ações preventivas. Entre estas, cuidados óbvios como o movimento nos aeroportos e portos, bem como nas chamadas fronteiras secas, onde o fluxo de pessoas é imenso - particularmente na Amazônia, onde há um flanco aberto principalmente na região limítrofe com a Venezuela. É preciso encarar a ameaça de frente, sem subterfúgios, de modo a estabelecer com urgência um plano de ação consistente para enfrentar a doença. A gripe se espalha rapidamente, tem letalidade, mas, uma vez detectada a tempo, pode ser debelada. A presteza diante da evolução da epidemia é um desafio para as autoridades sanitárias; outro, é reduzir substancialmente a margem de infecção pelo vírus, de modo a preservar ao máximo a população dos riscos de contaminação. E a informação clara, veraz, é grande antídoto. |
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