FOLHA DE SÃO PAULO - 13/04/09
RIO DE JANEIRO - Não é coisa que se diga em São Paulo, onde o que não tem faltado é chuva, mas "Tomara que Chova", a marchinha de Romeu Gentil e Paquito, finalmente encontrou quem a cante direito: "Tomára que chova/ Três dias sem parar..." -e não "Tômara que chova/ etc...", como a querida Emilinha Borba decretou no Carnaval de 1951 e nunca teve quem a corrigisse. Agora, graças ao elenco do ótimo musical "Sassaricando", a tônica pousou na sílaba certa.
Atropelos como esse vivem acontecendo. Não fosse Ronaldo Bôscoli, então seu produtor e namorado, e Maysa teria imortalizado "O Barquinho", em 1961, cantando "Diá de luz, festa de sol/ E um barquinho a deslizar/ No macio azul do mar...". Bôscoli argumentou com propriedade -afinal, era o autor da letra- que não existe "diá", existe "dia". Maysa estrilou ao ser corrigida, mas acatou e poupou-se de uma gafe histórica.
Gafe essa da qual não se livrou o próprio João Gilberto, ao cantar "Madame tem um párafuso a menos/ Só fala veneno, meu Deus, que horror", em "Pra Que Discutir com Madame", o grande samba de Janet de Almeida e Haroldo Barbosa. De fato, a frase musical leva a que se cante "párafuso", mas, com esse acento esdrúxulo, como acusar alguém de ter um parafuso a menos?
Para não falar em Vinicius de Moraes, impecável na métrica e no verso livre, mas que cantava: "Se vôce quer ser minha namorada/ Ah, que linda namorada/ Vôce póderia ser...". Seu parceiro Carlinhos Lyra, com ouvido de músico, chamava-lhe a atenção para esses passos em falso. Em vão: Vinicius levou a vida cantando "Minha Namorada" com os acentos errados.
Todo mundo, um dia, escorrega no acento e enfatiza a sílaba errada: cantor, jornalista, empresário, ministro, presidente. A graça está em disfarçar e rir do erro alheio.
RIO DE JANEIRO - Não é coisa que se diga em São Paulo, onde o que não tem faltado é chuva, mas "Tomara que Chova", a marchinha de Romeu Gentil e Paquito, finalmente encontrou quem a cante direito: "Tomára que chova/ Três dias sem parar..." -e não "Tômara que chova/ etc...", como a querida Emilinha Borba decretou no Carnaval de 1951 e nunca teve quem a corrigisse. Agora, graças ao elenco do ótimo musical "Sassaricando", a tônica pousou na sílaba certa.
Atropelos como esse vivem acontecendo. Não fosse Ronaldo Bôscoli, então seu produtor e namorado, e Maysa teria imortalizado "O Barquinho", em 1961, cantando "Diá de luz, festa de sol/ E um barquinho a deslizar/ No macio azul do mar...". Bôscoli argumentou com propriedade -afinal, era o autor da letra- que não existe "diá", existe "dia". Maysa estrilou ao ser corrigida, mas acatou e poupou-se de uma gafe histórica.
Gafe essa da qual não se livrou o próprio João Gilberto, ao cantar "Madame tem um párafuso a menos/ Só fala veneno, meu Deus, que horror", em "Pra Que Discutir com Madame", o grande samba de Janet de Almeida e Haroldo Barbosa. De fato, a frase musical leva a que se cante "párafuso", mas, com esse acento esdrúxulo, como acusar alguém de ter um parafuso a menos?
Para não falar em Vinicius de Moraes, impecável na métrica e no verso livre, mas que cantava: "Se vôce quer ser minha namorada/ Ah, que linda namorada/ Vôce póderia ser...". Seu parceiro Carlinhos Lyra, com ouvido de músico, chamava-lhe a atenção para esses passos em falso. Em vão: Vinicius levou a vida cantando "Minha Namorada" com os acentos errados.
Todo mundo, um dia, escorrega no acento e enfatiza a sílaba errada: cantor, jornalista, empresário, ministro, presidente. A graça está em disfarçar e rir do erro alheio.
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