segunda-feira, abril 27, 2009

PAINEL

Efeito colateral

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 27/04/09

Por mais rápida e definitiva que venha a ser a recuperação de Dilma Rousseff, permitindo-lhe manter a condição de candidata de Lula à Presidência, a notícia de que a ministra extraiu um linfoma e terá de se submeter a quimioterapia introduziu um novo elemento na formação da chapa governista para 2010. 
Despencou a cotação de peemedebistas com biografia mais problemática que vinham sendo mencionados como possíveis vices de Dilma. Não significa que o PMDB tenha deixado de ser o parceiro preferencial -e necessário- do PT. Mas a lista de opções nessa seara se estreitou, e o nome escolhido terá de agregar à chapa mais do que densidade eleitoral.

Vai lá - Dilma não queria participar da entrevista coletiva dos médicos sobre seu estado de saúde. Foi convencida pelo colega Franklin Martins (Comunicação Social).

Água fria - Em privado, líderes do chamado ‘bloquinho’ avaliam que o mais recente destempero de Ciro Gomes (PSB), a propósito da farra das passagens aéreas na Câmara, comprometeu o esforço para reapresentar o deputado e ex-ministro como nome alternativo da base governista para a eleição presidencial.

A boa - Deputados tremem só de imaginar o momento em que vier à luz a lista de voos nacionais realizados com passagens da Câmara. Se com as viagens internacionais, menos numerosas, a coisa ficou feia, que dirá agora.

Plus - A cota de passagens não é o único meio de voar à disposição dos congressistas. Eles também podem usar a verba indenizatória para comprar os bilhetes.

Mea culpa - Do deputado Vic Pires (DEM-PA), sobre a farra aérea: ‘Erramos todos e estamos na UTI. Se não entendermos os recados da sociedade, em poucos dias estaremos sob sete palmos de terra. Aliás, de lama’.

Melô - A proposta na Câmara para driblar o ímpeto moralizador e manter a emissão de passagens para familiares dos deputados ganhou bordão inspirado em Zeca Pagodinho: ‘Deixa a cota me levar’.

Feirão - O Cruzeiro do Sul, que destinou recursos à empresa de uma ‘laranja’ do ex-diretor do Senado João Carlos Zoghbi, não é o único banco a operar crédito consignado na Casa. Contrariando as normas da polícia legislativa, é comum ver moças distribuindo panfletos de ofertas de empréstimos de instituições financeiras que firmaram convênios semelhantes.

Linha direta - A Contact, empresa em nome da babá de Zoghbi e que, segundo o ex-diretor, tem como ‘sócios ocultos’ seus filhos, dispõe do cadastro de servidores do Senado, com seus respectivos salários e telefones. A empresa fazia as ligações oferecendo empréstimos em ‘condições vantajosas’ em nome do banco Cruzeiro do Sul.

No pescoço - A Subsecretaria de Pessoal Inativo, vinculada à Secretaria de Recursos Humanos, tem sido procurada por aposentados e pensionistas que se endividaram muito além do limite de 30% dos vencimentos. Na semana passada, o Senado recebeu mandado de segurança de um funcionário pedindo que a Casa seja arrolada como devedora solidária de um empréstimo, por não ter imposto o limite de desconto em folha.

Caixa-preta - A única maneira de mensurar a situação do crédito consignado no Senado seria auditar a folha de pagamento, guardada a sete chaves. Ralph Campos Siqueira, indicado pelo PMDB para suceder Zoghbi, não permite o acesso de outras áreas, como o Controle Interno, ao sistema de informática que gerencia a folha. Contratada para propor a reestruturação administrativa, a FGV não conseguiu examinar os dados.

Tiroteio

Sou contra limitar a saída de juízes para dirigir pequenas associações de classe. A lei não prevê isso, e o Conselho Nacional de Justiça não legisla. 
De MARCELO SEMER, ex-presidente da Associação Juízes para a Democracia, sobre a intenção do conselheiro João Oreste Dalazen de restringir o afastamento de magistrados.

Me dá um dinheiro aí

José Serra e o apresentador de televisão Otávio Mesquita se conheceram há alguns anos num voo para São Paulo. Depois de trocarem amabilidades a bordo, despediram-se no aeroporto. No ponto de táxi, porém, o tucano percebeu que não carregava nenhum centavo e, ao avistar na fila seu mais novo conhecido, foi direto ao ponto: 
-Otávio, me desculpe. Sei que nós acabamos de nos conhecer, mas será que você teria algum dinheiro para me emprestar? É para o táxi... 
O apresentador socorreu o hoje governador naquela hora difícil, desde então, tornaram-se de fato amigos.

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