terça-feira, abril 21, 2009

PAINEL

Sujou geral

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 21/04/09

A ‘universalização’ do escândalo das passagens aéreas, que agora envolve também os caciques e a chamada banda ética da Câmara, provocou uma mudança de tom no discurso dos deputados. Até a semana passada, tratava-se apenas de culpar a imprensa por ‘enfraquecer a instituição’. Na quinta, reunião da Mesa Diretora referendou a prerrogativa dos parlamentares de definir os usuários dos bilhetes.
Ontem, no entanto, vários líderes partidários reconheciam pela primeira vez que qualquer medida moralizadora nessa área terá pouco efeito se não for abolido o princípio de que ‘o crédito é do deputado’. Resta saber como reagirá a maioria silenciosa.

Beijo, te ligo - O mesmo vale-tudo verificado no uso de passagens aéreas impera nas despesas de telefone dos deputados. Qualquer conta, inclusive a do número residencial, pode ser abatida. Ninguém ali precisa pensar duas vezes antes de se pendurar numa ligação com um familiar em férias no exterior.

E os outros? - Em discurso amanhã, o líder do PT, Cândido Vaccarezza (SP), vai propor ‘reforma administrativa ampla’, com manutenção da verba indenizatória em versão reduzida e mais regrada. ‘Mas reforma para os três Poderes’, adverte o deputado.

Auto-escola 1 - Correspondência do DER do Distrito Federal alertou o Senado para a grande quantidade de multas dos carros oficiais da Casa. O documento solicita que sejam indicados os nomes dos condutores dos veículos.

Auto-escola 2 - Criada (é claro) uma comissão para tratar do assunto, ela encaminhou circular aos gabinetes para dizer que de agora em diante os condutores dos carros serão instados a pagar as multas e terão os pontos na carteira de habilitação registrados em seus nomes.

Chá de sumiço - O Senado não havia recebido, até a data da exoneração de João Carlos Zoghbi, as duas últimas declarações de IR do ex-diretor de Recurso Humanos. Zoghbi, que instalou os filhos num apartamento funcional, mora numa casa no Lago Sul avaliada em R$ 2 mi. O imóvel está no nome de seu filho.

Outro lado - O servidor Florian Madruga defende a nova comissão do Senado que irá comandar. Alega que a missão do grupo é passar em revista 31 contratos de terceirização firmados pela Casa.

Santinho! - Tão logo soube que José Múcio (Relações Institucionais) namorava a próxima vaga a ser aberta no Tribunal de Contas da União, Dilma Rousseff chamou o colega para uma conversa. Seu tom em nada lembrava a simpatia da ministra-candidata.

Ninguém tasca - Dilma lembrou a Múcio que a ideia do Planalto é instalar Erenice Guerra na vaga do TCU -ainda que alguns antevejam problemas no Senado, por onde a indicação tem de passar. Número dois da Casa Civil, Erenice saiu desgastada do caso do dossiê de gastos de FHC.

Veja bem - Ricardo Berzoini demoveu Carlos Eduardo Gabas, secretário-executivo do Ministério da Previdência, do plano de se candidatar a deputado federal. O presidente do PT fez ver ao correligionário que será bom virar ministro quando José Pimentel deixar o cargo para disputar a eleição no Ceará. Berzoini, que buscará novo mandato na Câmara, corre na mesma faixa de eleitorado que Gabas.

Pilatos - O presidente do PTB-SP, Campos Machado, inaugura nesta semana os dois primeiros ‘escritórios regionais’ da sigla. Em Bauru, no sábado, receberá o chefe da Casa Civil de José Serra, Aloysio Nunes. Como Campos é próximo também de Geraldo Alckmin, o outro pré-candidato tucano ao governo, evitará qualquer menção a 2010.

Tiroteio

Hoje não há governo, mas sim agenda de campanha de Dilma Rousseff. E daqui a pouco não haverá governabilidade, dada a escalada de despesas contratadas por Lula.
Do deputado EDSON APARECIDO (PSDB-SP), relacionando a sucessão de eventos públicos com a ministra da Casa Civil e medidas como os aumentos salariais prometidos ao funcionalismo.

Contraponto

Sob tortura

Após semanas em total paralisia, o Senado tenta avançar nas votações. Dias atrás, ao ouvir a estridente campainha da Casa, Marcelo Crivella (PRB-RJ) dirigiu-se a José Sarney (PMDB-AP):
-Presidente, temos de achar um meio menos medieval do que essa campainha para convocar os senadores! Faço um apelo em nome da saúde pública.
Sarney concordou, porém com ressalva:
-Seu apelo será atendido, mas aproveito para pedir aos senadores que venham ao plenário, para que não tenhamos campainha, mas tenhamos votação...

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