sexta-feira, abril 10, 2009

PAINEL

O inquilino

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 10/04/09

Nomeado ministro do Tribunal de Contas da União em janeiro de 2007, o ex-deputado baiano Aroldo Cedraz continuou por quase dois anos a morar num apartamento da Câmara. Nesse período, resistiu de todas as formas à pressão do então presidente Arlindo Chinaglia (PT-SP) para desocupar o imóvel. Para tanto, contou com a ajuda do ex-colega de partido José Carlos Machado (DEM-SE), que comandava a quarta-secretaria, espécie de imobiliária dos deputados. 
Quando finalmente teve de devolver as chaves, Cedraz não se apertou. Pediu socorro a outro ‘demo’, Efraim Morais (PB), que era primeiro-secretário do Senado. Desde então, o ministro que fiscaliza as contas públicas mora num apartamento do Senado.

Reação - A oposição tentará usar o périplo anunciado por Lula pelas obras do PAC para atingir Dilma Rousseff. ‘Ele está assumindo a incompetência gerencial da ministra’, diz o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO).

Room service - Em meio à temporada de escândalos administrativos, o Senado segue lançando licitações. No momento, a Casa busca serviço de hotelaria de luxo para hospedar convocados para audiências ou depoimentos e abrigar os suplentes de senadores. O custo é de R$ 118 mil em diárias neste ano.

Ontem... - Discurso de posse do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), em fevereiro: ‘Não vamos nos atemorizar quando tivermos que tomar medidas impopulares, quando vez ou outra a imprensa [nos criticar]. [A imprensa] é irmã siamesa do Poder Legislativo... E Legislativo forte é sinônimo de imprensa livre e forte’.

...e hoje - De Temer, anteontem, reclamando da crise no Congresso. ‘As manchetes e as fotos visam colocar a Câmara em confronto com a opinião pública... Se nós não repudiarmos um pouco, não tivermos uma ação muito concreta em relação a isso, não estaremos fazendo um benefício à democracia’.

Tanque vazio - Integrantes da CPI dos Grampos tiveram uma breve reunião após ouvirem o monossilábico delegado Protógenes Queiroz, anteontem, e chegaram à unânime conclusão de que não há munição nova para sustentar o depoimento de Daniel Dantas, programado para a semana que vem.

Tardio - A saída apontada pelo grupo foi preparar um requerimento à Justiça dos EUA solicitando cópia de documentos da Brasil Telecom. A intenção é obter detalhes de um contrato ‘guarda-chuva’ elaborado com o auxílio do hoje ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), mas a avaliação é que eles não chegarão a tempo.

Strike - Entre petistas originários do sindicalismo bancário, a expectativa é que a ida de Aldemir Bendine para a presidência do Banco do Brasil seja seguida por mudanças em cadeia na instituição, ao estilo do que ocorreu quando Lina Vieira foi colocada no comando da Receita Federal.

Caminhos... - A recondução à Agência Nacional do Petróleo do diretor Victor Souza Martins, investigado pela PF por suposto favorecimento a prefeituras na arrecadação de royalties, teve uma relatoria para lá de favorável no Senado, aos cuidados do capixaba Gerson Camata (PMDB) e de Ney Suassuna (PMDB-PB).

...e caminhos - Os dois últimos diretores indicados, Allan Kardec Duailibe e Magda de Regina Chambriard, tiveram tucanos na relatoria.

Antecedente - O projeto de José Serra (PSDB) para extinção da carteira de previdência dos advogados baseia-se em parecer do Ministério da Previdência de que ela é estranha ao sistema. O Estado não vai colocar dinheiro público, diz o secretário de Justiça, Luiz Antonio Marrey. A OAB-SP ameaça com ação judicial.

Tiroteio

O Brasil não descolou da crise, mas Lula está cada vez mais descolado da realidade.

De EDUARDO GRAEFF, secretário-geral da Presidência no governo FHC, sobre declarações de Lula a propósito da situação econômica.

Contraponto

Não é comigo

Em 2004, o então ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos era entrevistado no programa ‘Roda Viva’, da TV Cultura. A certa altura, alguém lhe fez uma pergunta sobre a profusão e a alta visibilidade das ações da Polícia Federal no governo do presidente Lula: 
-O senhor já citou aqui as operações Perseu, 
Sentinela, Pororoca, Cataratas, Anaconda...-, enumerou o jornalista. 
O ministro imediatamente o interrompeu: 
-Olhe, não sou eu quem dou esses nomes!

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