sexta-feira, abril 03, 2009

PAINEL

O que é isso, conselheiro?

RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 03/04//09

A reforma administrativa prometida por José Sarney (PMDB-AP) encontrará pela frente mais do que as 181 diretorias do Senado. Outra caixa-preta são os conselhos, criados por determinação de sucessivos presidentes, com estrutura de cargos comissionados e em número que a direção da Casa não revela.
Sabe-se que existem pelo menos cinco, dos quais os mais cobiçados são o editorial (presidido pelo próprio Sarney), o administrativo e o de comunicação social. Cada um é composto por um mínimo de cinco integrantes. Funcionários com assento nos conselhos recebem adicional de salário. Não-funcionários recebem até R$ 12 mil pela participação.




Letras. O conselho editorial fica na gráfica do Senado. O vice-presidente é o filólogo Joaquim Campelo, um dos autores do dicionário "Aurélio" e amigo de Sarney. Outro membro é Raimundo Cunha Neto, ex-diretor da Subsecretaria de Edições Técnicas que teve de deixar o cargo devido à súmula antinepotismo. 

Bilhete único. O coro de senadores em defesa de Tasso Jereissati, que usou sua cota de passagens aéreas para fretar jatinhos, deve-se ao fato de que tal prática é disseminada na Casa. Além disso, o tucano do Ceará, dono de um avião, é um dos maiores fornecedores de carona do Congresso. 

A propósito. Tasso ainda discursava contra a denúncia, ontem, quando o senador Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB, e o deputado Rodrigo de Castro (MG), secretário-geral, deixaram a sessão para embarcar rumo a Minas. A bordo do jatinho de Tasso. 

No quadrado. O assunto passagens aéreas desperta especial apreensão na bancada do DF, que faz pleno uso da cota embora seu deslocamento, em tese, limite-se ao trajeto Asa Norte-Asa Sul. 

Currículo. Shalom Granado, agora indicado para a advogacia-geral do Senado, foi em 2008 o diretor encarregado de ir a Alagoas conferir as notas apresentadas por Renan Calheiros (PMDB-AL) para justificar a renda de sua "atividade agropecuária". Granado aprovou a papelada, depois contestada pela PF.

Pensa rápido. O intérprete oficial da Presidência, Sérgio Xavier Ferreira, não perdeu o rebolado ao traduzir para Lula o "this is the guy" dito por Barack Obama. No governo, ele é admirado pela rapidez com que escapa de barreiras idiomáticas como o "pepino" que Lula mandou ver no primeiro encontro com o americano, em Washington.

Reservado. Até o início da noite, Lula não havia contado a assessores o que respondeu a Obama depois de ouvir o rasgado elogio. 

De lado. A Camargo Corrêa usou subsidiárias para doar R$ 4,2 milhões dos R$ 23,9 milhões destinados a candidatos nas eleições municipais de 2008. A CNEC Engenharia, por exemplo, repassou R$ 200 mil para o prefeito de São Luís, João Castelo (PSDB), e R$ 60 mil para Luiz Marinho (PT), de São Bernardo. 

Dicionário. Quando o interlocutor "Marcelo" pergunta a um diretor da Camargo, num grampo da PF, se ele arranjara "aquela tulipa", estava usando conhecido codinome para remessas de dinheiro. 

Aqui não. Na contramão do discurso conciliatório de lideranças nacionais do PT, a seção gaúcha do partido aprovou veto à aliança com o PMDB na eleição de 2010 para o governo estadual. O texto defende uma "frente de esquerda" contra o "sistema de corrupção" que teria se formado na gestão do peemedebista Germano Rigotto. 

Está na Bíblia. Do vereador Carlos Apolinário, líder do DEM na Câmara paulistana, justificando o nepotismo: "Deus disse: vocês falarão comigo por meio do meu filho".

Tiroteio

"Quero ver a cara da oposição agora que Obama disse que Lula é o cara."


Do deputado ANDRÉ VARGAS (PT-PR), sobre a declaração do presidente americano, segundo quem o colega brasileiro "é o cara", "o político mais popular do mundo".

Contraponto

Piada pronta Com as denominações "por dentro" e "por fora" espalhadas pelo noticiário da Operação Castelo de Areia, que identificou doações da construtora Camargo Corrêa a políticos de diversos partidos, o PSOL apresentou anteontem na Câmara um projeto de lei para endurecer as regras do financiamento de campanhas. O texto proíbe contribuições de empresas que mantêm ou mantiveram contratos públicos nos quatro anos anteriores à eleição.
O líder da bancada, Chico Alencar (RJ), estava todo empolgado, até receber a ducha de água fria de um assessor:
-Puxa, lançar um projeto desses bem no 1º de abril...

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