quinta-feira, março 26, 2009

PAINEL

Telhado de vidro

RENATA LO PRETE
Folha de S. Paulo - 26/03/2009
 

Embora as primeiras notícias da Operação Castelo de Areia atinjam os partidos de oposição, gente graúda no PT estava ontem com as barbas de molho.
Ainda no escuro quanto à origem, o alcance e os bastidores da mais nova iniciativa da Polícia Federal, petistas familiarizados com a composição do caixa das campanhas do partido avaliam que, se o nome é Camargo Corrêa, cedo ou tarde entrarão na roda, pois seus candidatos costumam ser tratados pela construtora da hidrelétrica de Jirau no mínimo com a mesma generosidade dispensada aos adversários.



Fluxo
A Camargo Corrêa experimentou um salto no recebimento de repasses diretos do governo Lula em 2007, quando levou R$ 132 milhões, contra R$ 19 milhões no ano anterior. Na época, o maior volume foi despejado nas obras do Pan, no Rio. No ano passado, foram R$ 116,4 milhões, destinados à construção da ferrovia Norte-Sul e das eclusas de Tucuruí (PA). 

Letra morta
Quem acompanhou a movimentação dos policiais na sede da Camargo Corrêa não sabe onde foi parar a promessa, feita pelo ministro Tarso Genro (Justiça) pós-Satiagraha, de que dali em diante as operações da PF perderiam o caráter "midiático". Só faltaram as algemas. 

Parte do cenário
De um dirigente partidário sobre o presidente da Fiesp, citado na Castelo de Areia: "Paulo Skaf falando com deputados sobre Camargo Corrêa não chega a ser novidade em Brasília". 

Rumos 1
A corrente majoritária do PT, Construindo um Novo Brasil, decidiu ontem lançar o nome de Jorge Viana para suceder Ricardo Berzoini no comando do partido. O ex-governador do Acre preside hoje o Conselho de Administração da Helibras. 

Rumos 2. Mas há quem aposte que o presidente do PT será mesmo Gilberto Carvalho. Ao dizer que rejeita a ideia, Lula estaria apenas jogando para que o partido venha em peso lhe pedir que "libere" o chefe-de-gabinete. 

Mãe da casa
O discurso de Dilma Rousseff ontem, no lançamento do pacote habitacional, foi calibrado para conter menos detalhes técnicos sobre o programa e mais ênfase no caráter social. Candidata de Lula à Presidência, a ministra falou em família, filhos e "segurança afetiva".

Mergulho
Além do FPM, também o Fundo de Participação dos Estados recuou 23,8% no segundo repasse de março, em comparação com a estimativa inicial do Tesouro. Já o Fundo de Compensação dos Estados Exportadores emagreceu 38%. 

Submarino
Edmar Moreira foi aconselhado a "submergir". Assim, dizem colegas, seu mandato não corre risco. Entre os deputados, ouve-se que o dono do castelo cometeu "pecados menores" e que já pagou "preço altíssimo". 

Fazendo escola
O deputado Wilson Braga (PMDB-PB) é o segundo no ranking de gastos com segurança, perdendo apenas para Edmar Moreira. Foram R$ 102 mil no ano passado. O curioso é que, como ex-governador, Braga tem direito a segurança feita pela PM da Paraíba. 

Só alegria
Será lançado hoje na Câmara o Fórum Nacional do Circo, por uma "frente parlamentar em defesa da atividade circense". Além de pedir a aprovação de uma Lei do Circo, o grupo pretende entregar o Prêmio Carequinha. Haverá ainda um show do palhaço Plim-Plim. 

Visita à Folha
Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, visitou anteontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava com Renato Parente, secretário de Comunicação Social do STF.


Tiroteio

"Daqui a pouco o Senado vai chegar à conclusão de que precisa fazer um concurso para contratar diretores, porque tem poucos."

Do deputado JÚLIO DELGADO (PSB-MG), criticando a "revisão" do número de diretorias (de 181 para 38) feita pela direção-geral da Casa e o esvaziamento do prometido corte de cargos de chefia.

Contraponto

Sacolão

No recém-lançado "Lila Covas, Histórias e Receitas de uma Vida", Luci Molina conta que, na década de 60, o então prefeito de Santos, Silvio Fernandes Lopes, nomeou Mário Covas (1995-2001) para uma diretoria encarregada de feiras livres, mercados e praças públicas.
Ao tomar posse, Covas orientou a mulher, Lila, a jamais aceitar presentes. Quando, certa vez, bateu à porta da casa da família um comerciante com uma cesta de frutas, ela se apressou em explicar:
-O Mário recebe todo mundo, mas não traga nada...
O homem hesitou, mas conseguiu driblar a timidez:
-Será que posso dar só uma maçãzinha?

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