segunda-feira, fevereiro 02, 2009

INFORME JB

Estremecem os alicerces da base


Jornal do Brasil - 02/02/2009
 

COM AR PREOCUPADO, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (foto), alertou ontem para um risco de processo eleitoral no Congresso: deixar sequelas na base governista nos dois anos que antecedem a sucessão presidencial. Não sem motivos. Por menores que sejam as chances de derrota de Michel Temer, na Câmara, e de José Sarney, no Senado, elas são sempre atribuídas a traições articuladas no Planalto ou dentro do partido de Luiz Inácio Lula da Silva. Nesse cenário, o horizonte que se estende diante do presidente é das duas, uma: ou consagração do poder de fogo de um PMDB, cortejado pela oposição com olhos em 2010, ou ressentimento desse mesmo partido em direção ao governo e ao PT. É, para o presidente, a cruz ou a caldeirinha.

Pragmatismo 
Ninguém trai para perder  aposta o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE), ao explicar sua crença na vitória de Michel Temer, apesar do considerável risco de traições na solidão da cabine de votação. 

O cálculo
 
"O bloco soma 423 votos, e é óbvio que existem dissidentes dentro desse grupo", admite o deputado. "Mas mesmo que 20% desse universo votassem em outro candidato, Temer continuaria com maioria absoluta dos votos. É um número que faz pensar duas vezes diante da vontade de trair", analisa Eunício. A conferir. 

Tensão pré-eleitoral
 
O clima de nervosismo da Câmara se espalhou pelos corredores da Casa com o aproximar do dia da eleição para a Mesa Diretora. Na quinta-feira, o candidato Aldo Rebelo (PC do B-SP) perdeu as estribeiras ao pedir votos para o deputado José Genoino (PT-SP). O bate-boca foi visto por vários colegas do Parlamento. 

Passado
 
Aldo estava irritado com o que considerava ser uma traição do PT que, pelo menos no discurso, apoia Michel Temer. Apelou até para o passado de Genoino, nos idos da ditadura militar, para cobrar votos. 

Dividendos
 
O imbróglio em torno do asilo político concedido ao italiano Cesare Battisti teve pelo menos um efeito positivo para Luiz Eduardo Greenhalgh: devolver-lhe o posto de advogado do Partido dos Trabalhadores e da esquerda brasileira como um todo. 

Memória curta
 
A Operação Satiagraha e a acu- sação de que Greenhalgh teria recebido dinheiro de Daniel Dantas foram subitamente varridas para debaixo do tapete. 

Estomazil
 
O plano original da cam- panha de Michel Temer para ontem era que cada um dos 14 partidos do blocão organizado em torno de sua candidatura realizasse um almoço de apoio ao peemedebista. Algo parecido com a dezena de bailes a que o presidente norte-americano, Barack Obama, teve que comparecer, no dia de sua posse. 

Pensando melhor
 
Optaram, finalmente, por um único churrasco na casa do líder do PR, deputado Luciano Castro (RR). Mais modesto, sem o clima de já ganhou, e também mais propício a uma imagem de coesão, com todos os apoiadores reunidos em volta de Temer. 

Gabinetes
 
Uma das coisas que os de- putados de partida do cargo de líder partidário na Câmara têm de que se queixar é abandonar os gabinetes no anexo II da Casa, muito mais próximos do plenário. "Nem imagino ter que fazer todo dia o percurso entre o Anexo IV, lá no fim do mundo, até o Salão Verde", lamenta o líder do PT, Maurício Rands (PE). 

Gabinetes 2
 
Pensando nesse aborrecimento todo, o presidente Arlindo Chinaglia tratou logo de se prevenir. E, como uma das últimas medidas tomadas no cargo, abriu para si e dois ex-presidentes da Câmara espaços confortáveis para gabinetes pertinho do plenário.

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