quinta-feira, janeiro 15, 2009

VINICIUS TORRES FREIRE

Mais notícias "aziáticas"


Folha de S. Paulo - 15/01/2009
 

Cai consumo de gás e de eletricidade; dado preliminar sobre balança comercial indica déficit para breve

MAIS INDICADORES confirmam a conta do desastre de dezembro. O consumo de eletricidade no mercado livre (grandes empresas) caiu 1% ante dezembro de 2007 (estimativa baseada em amostra da empresa Comerc, comercializadora de energia) e 18% de novembro para dezembro. O consumo de gás natural na indústria recuou 24% de dezembro de 2007 para dezembro de 2008. Nos dados preliminares, o consumo de papelão ondulado caiu 4,5% em dezembro, ante o mesmo mês do ano passado.
Considerando a derrocada na produção de veículos (54%), no tráfego de caminhões pesados (0,8%) e da carga de energia elétrica (5%), outros indicadores coincidentes, estima-se que a produção industrial tenha levado um tombo de 8% em dezembro -ante dezembro de 2007.
Alguns setores, como o de veículos, dizem que a coisa parou de piorar, mês a mês. Mas anda abaixo do nível de 2008. E a siderurgia diz que continua a deterioração. O pessoal de máquinas também.

"Déficit" comercial
Economistas do Unibanco chamam a atenção para o fechamento de câmbio no comércio exterior de dezembro: ficou negativo pela primeira vez desde outubro de 2001 (US$ 119 milhões). No primeiro terço de janeiro, está negativo em US$ 510 milhões. Trata-se do dinheiro que de fato entra e sai na conta de exportações e importações. Não é, pois, o saldo comercial.
O tombo em outubro de 2001, em relação à média dos 12 meses antecedentes, foi de cerca de US$ 1,2 bilhão. Em dezembro de 2008, foi de US$ 4,3 bilhões. O dado de um mês da conta comercial não diz muita coisa. Mas assusta, dado o contexto do tropeço assusta. A balança do ano é uma incógnita. Além do preço de commodities e do tamanho da recessão no mundo rico, o desempenho da balança comercial depende muito do saldo de combustíveis. Incluindo combustíveis, a queda do saldo bate em 34% (em 12 meses). Sem combustíveis, a redução foi menor, em torno de 21%.
Notícia mais animadora foi a do nível de financiamento dos exportadores. Voltou ao que era antes da explosão da crise, em setembro de 2008: os ACCs ficaram em torno de 30% da entrada de dinheiro de exportação. Mas, no conjunto da ópera, as notícias continuam "aziáticas", de dar azia, como diz Lula. 

"Errei" e dívida externa privada
Na coluna de domingo, o colunista comentava que o BC promete desde dezembro emprestar dinheiro das reservas internacionais, sem fazê-lo, mas no meio de um parágrafo sobre crédito para exportadores (que está funcionando). Mas a nova linha do BC, financiada pelas reservas, é para rolagem de dívida externa de empresas, como se sabe.
Desculpe, por favor, a confusão.
Henrique Meirelles informa que a linha para rolagem de dívida ainda não saiu porque o BC estuda como dar base jurídica forte à medida e está checando a experiência internacional no assunto. O pacote ainda não está definido. Mas diz-se que empréstimos intercompanhias (de matriz para filial) devem ficar de fora. A linha deve ser só para empresa que lançou títulos e bancos.

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