segunda-feira, dezembro 08, 2008

COLUNA PAINEL

Câmara alta


Folha de S. Paulo - 08/12/2008
 

A prestação de contas de 51 dos 55 vereadores eleitos em São Paulo mostra que os barões da Câmara investiram pesado para renovar o mandato. Neste ano, o voto para vereador custou em média R$ 12,5 na cidade (arrecadação declarada dividida pelo número de votos recebidos). Mas, no caso do atual presidente, Antonio Carlos Rodrigues (PR), cada voto saiu por R$ 40,4. Foi a campanha mais cara (R$ 1,7 milhão). A título de comparação, seu correligionário Valdemar Costa Neto, expoente do mensalão, declarou em 2006 gasto de R$ 826 mil para se eleger deputado federal.
Não aparecem no TSE os dados de quatro dos 55 eleitos: Arselino Tatto (PT), José Américo (PT), Marcelo Aguiar (PSC) e Claudinho (PSDB).

Clube
Além de ACR, apenas dois vereadores declararam ter torrado R$ 1 mi ou mais: Milton Leite (DEM, R$ 1,6 mi) e Eliseu Gabriel (PDT, R$ 1 mi). Dos dez que mais desembolsaram por voto, cinco são do PT: Alfredinho, Juliana Cardoso, João Antonio, Chico Macena e Ítalo Cardoso. 

Clientela fiel
O investimento foi proporcionalmente menor para candidatos escorados em igrejas evangélicas, como Souza Santos (PSDB, R$ 2,6 por voto) e Missionário José Olímpio (PP, R$ 2,8). Na lista, Gabriel Chalita (PSDB, R$ 6,1), ligado à rede católica Canção Nova, e o ex-pagodeiro Netinho (PC do B, R$ 4,6). 

Seca
Tradicional doadora por meio de suas subsidiárias, a Vale nada destinou às campanhas neste ano, segundo o TSE. Em 2004, distribuiu R$ 600 mil a candidatos a prefeito e vereador. A mineradora acaba de anunciar demissões. 

Papagaio 1
O PT renegociou a dívida de R$ 15 milhões com a Coteminas, da família do vice José Alencar. O passivo da tesouraria de Delúbio Soares será quitado em cinco anos, com parcelas mensais de cerca de R$ 150 mil. 

Papagaio 2
Outro esqueleto da era Delúbio de que o partido vai se livrar é um financiamento de R$ 3 milhões com o BB. Será quitado no final deste ano. A dívida com o Banco Rural também já foi refinanciada, mas outra pendência do mensalão, com o BMG, ainda não tem solução. 

Sanfona
Além de condutor para doações ocultas de empresas a candidatos, o PT tirou de seu combalido caixa R$ 4,5 milhões para irrigar campanhas do partido pelo Brasil. Com isso, a dívida total, que vinha caindo, voltou a se aproximar dos R$ 40 milhões.

Prestação
É de cerca de US$ 20 milhões a parcela da dívida do Equador com o BNDES que vence no próximo dia 29. O total chega a US$ 243 mi, e o presidente Rafael Correa ameaça dar calote. 

Rua
O ministro Guido Mantega acaba de dar modesta contribuição para o aumento do desemprego. Mandou fechar o mercadinho no subsolo do edifício da Fazenda, em Brasília. No lugar será construído um estacionamento. 

Politburo
A campanha de Michel Temer (PMDB-SP) para a presidência da Câmara tem um conselho informal. Dele fazem parte Eliseu Padilha (PMDB-RS), Eduardo Cunha (PMDB-RJ), João Paulo (PT-SP), José Aníbal (PSDB-SP), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Sandro Mabel (PR-GO), Nelson Marquezelli (PTB-SP) e Vadão Gomes (PP-SP). 

Sitcom
Entre as promessas de campanha de Temer consta o estabelecimento de convênios da TV Câmara com as emissoras de Assembléias Legislativas. A idéia é mostrar os deputados em suas bases às segundas e sextas. 

Museu
Uma das principais obras atribuídas a Ciro Nogueira (PP-PI), também candidato a presidente, no perfil em inglês no site da Câmara é a inauguração da "galeria dos 2ºs vices". Em lugar de destaque está seu ex-mentor, Severino Cavalcanti (PP-PE). 

Tiroteio

"Os empresários podem se aproveitar da crise para mera redução de custos, descumprindo sua função social de gerar e preservar empregos, como previsto na Constituição."

De CLÁUDIO JOSÉ MONTESSO , presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, sobre as demissões anunciadas.

Contraponto

Medidas extremas

Em visita a São Paulo no fim de semana passado, Heráclito Fortes (DEM-PI) almoçava no Pandoro quando foi abordado por um grupo de tucanos locais.
-Senador, ouvi dizer que o senhor está racionando as trufas de chocolate no seu gabinete-, disse um deles.
-É a crise...-, respondeu Fortes.
O grupo caiu na risada, mas o senador fez-se de sério e continuou a explicar:
-Olha, se até a Petrobras pegou empréstimo da Caixa Econômica Federal, acho que meus bombons também vão precisar de capital de giro...

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