segunda-feira, setembro 11, 2017

Busca e apreensão agora??? Operação em curso busca salvar Joesley, Janot, Miller e Fachin - REINALDO AZEVEDO

REDE TV UOL

Fazer mandado de busca e apreensão só agora, uma semana depois, evidencia os procedimentos heterodoxos de Janot e Fachin; estão tentando salvar a própria pele



Só hoje, dia 11 de setembro, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal cumpriram mandado de busca e apreensão na casa do ex-procurador Marcelo Miller, no Rio, e em quatro endereços ligados à turma da J&F em São Paulo: as respectivas casas de Joesley Batista, Ricardo Saud e Francisco Assis e Silva. A sede da holding também foi alvo da ação. O pedido foi feito por Rodrigo Janot e autorizado por Edson Fachin. É espantoso!

Janot e Fachin continuam a escarnecer da boa-fé dos brasileiros e a tratar a imprensa como um bando de idiotas. No primeiro caso, tem-se uma injustiça. O homem comum, coitado!, não é obrigado a conhecer detalhes da operação e da legislação. No segundo caso, bem, com raras exceções, trata-se apenas de uma avaliação objetiva. Ou, apesar de tudo e a despeito de tantos desmandos e ações inexplicáveis ou desastrosas, não estão lá os coleguinhas do jornalismo, na sua maioria, a puxar o saco da dupla de carniceiros institucionais? Essas áreas da imprensa se rendem por gosto ou ideologia, sei lá. E amplos setores da opinião pública acabam vítimas do ludíbrio. Vamos ver.

Faz uma semana hoje que Rodrigo Janot veio a público para anunciar que, a seu juízo, os senhores Joesley Batista, Ricardo Saud e Marcelo Miller haviam fraudado o processo de delação premiada. E ele não o fez por senso de justiça; ele não atuou dessa maneira para assegurar o triunfo da verdade. É que o gravador usado pelo chefão da J&F havia sido submetido a uma perícia, a pedido da defesa de Michel Temer, e gravações que tinham sido apagadas foram recuperadas.

Temerosos das consequências, os bandidos resolveram entregar outros arquivos, incluindo o que seguiu por engano. E todo os horrores estavam lá expostos, com todas as letras: atuação de um procurador na armação que resultou em flagrante armado contra o presidente da República; ação deliberada para envolver membros do Supremo numa armação que buscava desmoralizar o Supremo; “entregar”, para empregar palavra usada pelo açougueiro, também o Poder Executivo. Joeley e Saud, como vimos, tinham um plano para, digamos assim, governar o Brasil em parceria com Janot.

Pois bem. O procurador-geral fez a sua “denúncia” na segunda-feira, dia 4, certo? Ele só pediu a suspensão temporária dos benefícios da delação de Joesley, Saud e Assis Silva na sexta. No mesmo dia 8, Fachin disse “sim” ao pedido maroto. E por que “maroto”? Porque o doutor resolveu pedir apenas a prisão temporária da turma, não a prisão preventiva, como seria o correto. O ministro, como sabemos, nem concordou inteiramente com a petição: deixou Miller de fora; viu na atuação do ex-procurador algo que classificou de “indícios não-indiciários”. O mundo ainda aguarda que ele explique o que quis dizer.

Pois bem! Agora, uma semana depois do anúncio de Janot, determina-se, então, o mandado de busca e apreensão??? Ora, é claro que essa operação existiria, não? Ou por que se decretar a prisão temporária de Joesley e Saud? A detenção temporária costuma servir justamente para que a Polícia Federal e o Ministério Público recolham material eventualmente importante para a investigação sem a interferência dos investigados.

E, por isso mesmo, estamos diante de um escândalo adicional. Então ficamos assim:
a: no dia 4, Janot admite que a delação premiada pode ser ter sido fraudada pelos beneficiários e por um então procurador;
b: ele só toma uma providência efetiva, bem mixuruca (prisão temporária), no dia 8;
c: Fachin autoriza a operação no mesmo dia, mas a prisão só acontece no dia 10 — e, ainda assim, porque os implicados se entregam;
d: desde o dia 4, os envolvidos sabem que haverá um mandado de busca e apreensão;
e: este só é realizado no dia 11, uma semana depois.

Logo, se os implicados tinham de dar sumiço a documentos e provas, tiveram uma semana para fazê-lo, não? Sem ser importunados por ninguém.

Sempre assim?


Aí cabe a pergunta? É sempre assim que agem a Procuradoria Geral da República e o Supremo Tribunal Federal? A resposta, obviamente, é “não”! Muito pelo contrário. Nesses casos, a surpresa faz toda a diferença, ora bolas! Vocês se deram conta de que a entrevista coletiva concedida por Janot, naquela segunda-feira, correspondeu a uma advertência aos criminosos? Vocês já imaginaram como teria sido a coleta de provas ao longo desses mais de três anos de Lava Jato se, a cada suspeita, o procurador-geral fosse à televisão para expor as suas hipóteses e teorias? Se Joeley, Saud, Miller e outros dispusessem de provas dando sopa, o que vocês achavam que eles fizeram com elas?

O que costuma acontecer é precisamente o contrário. As operações são mantidas em sigilo, e os mandados de prisão, temporária ou preventiva, são expedidos ao mesmo tempo em que se fazem a busca e apreensão. E assim se age justamente para que o investigado não tenha tempo de dar sumiço às provas.

Fazer o quê? Os brasileiros estão sendo continuamente enganados na sua boa-fé.

O que q uero dizer, meus caros, é que estamos no meio de uma operação para tentar salvar a pele de Joesley, de Miller de Janot e de Fachin.

Esse é o grande escândalo que não estão querendo enxergar.

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