sábado, maio 14, 2016

O legado do PT - PLÁCIDO FERNANDES VIEIRA

CORREIO BRAZILIENSE - 14/05

O governo que se inicia é, em sua maioria, parte do legado que o PT deixa ao país. Michel Temer, Henrique Meirelles, Romero Jucá, Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima, Henrique Eduardo Alves, Osmar Terra, Gilberto Occhi, Gilberto Kassab, Fernando Coelho Filho... Todos esses nomes que ora integram a gestão Temer integraram também o governo de Dilma Rousseff ou de Luiz Inácio Lula da Silva. Ou seja: antes de virarem "golpistas", todos eram cidadãos de bem acima de qualquer suspeita?

E foi assim, com todos eles rezando pela mesma cartilha, que o Brasil se transformou no paraíso na Terra, conforme insuspeitas peças de publicidade produzidas pelo marqueteiro João Santana. Nunca antes na história deste país - onde se plantando tudo dá, como escreveu, ao chegar ao Brasil, Pero Vaz de Caminha, em carta ao rei dom Manuel de Portugal -, fomos tão, tão, tão engabelados.

Se o mensalão já havia revelado que alguns sacerdotes não tinham resistido e provaram da maçã da corrupção, o petrolão, então, justificaria não apenas o impeachment, mas a sumária expulsão do Éden. O desbaratamento da quadrilha que desviou bilhões de dólares dos cofres da Petrobras fez jorrar tanta sujeira que até os deitados eternamente em berço esplêndido acabaram despertando para a realidade.

Estarrecidos, como nunca antes, milhões de brasileiros lotaram as ruas do país para exigir o impeachment e declarar apoio às investigações da Lava-Jato. Com maioria folgada no Congresso, Dilma desdenhou da força das ruas. Mas cometeu o desatino de se opor à eleição de Eduardo Cunha para o comando da Câmara dos Deputados. Bancou a eleição do petista Arlindo Chinaglia e perdeu feio. Resultado: o peemedebista, até então, um santo aliado, foi transformado em demônio do dia para a noite.

Começava aí o calvário que levou ao afastamento de Dilma. Cunha também se deu mal. Acabou suspenso do mandato e da Presidência da Câmara, por decisão unânime e inédita do Supremo. Ao PMDB que assume o governo resta o argumento de que apenas fazia parte da comissão de bordo na gestão da petista. Centralizadora, ela era piloto e copiloto do desastre econômico-financeiro em que enfiou o país, a mais grave recessão em 80 anos. Igualmente rejeitado pela maioria dos brasileiros, segundo pesquisas de opinião, Temer assume o comando de um avião desgovernado e sem combustível. Faz sentido que peça ajuda a todos para tentar evitar o pior. Caso não consiga, não devemos nos esquecer de que a culpa por esse monumental desastre é, principalmente, do PT.

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