sábado, julho 25, 2015

Petrobras: perdas e danos - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 25/07

Dezenas de empresas internacionais de petróleo investem no Brasil. Todas condenam a corrupção, desvendada pela Operação Lava-Jato. Mas seus executivos concordam com Paulo Roberto Costa (ex-diretor da estatal e que confessou seus crimes e os de parceiros) quando ele diz que o principal fator de prejuízos da empresa foi o congelamento dos preços da gasolina e do óleo combustível.

Congelamento e descontrole
As multinacionais condenam a corrupção, mas avaliam que ela não pode ser uma cortina de fumaça. O valor desviado ainda não foi fechado pela Operação Lava-Jato. Feita essa ressalva, executivos dessas empresas dizem que o comando da estatal cometeu erros que custaram muito mais. Citam análise do Deutsche Bank. Nessa, o controle de preços da gasolina e do óleo custou R$ 60 bilhões à Petrobras (2011/2015). A redução de 5% dos investimentos representaria economia de R$ 27 bilhões (em oito anos). A redução de 25% dos dividendos pagos aos sócios manteria R$ 10 bilhões em caixa, e o corte dos gastos administrativos durante dez anos geraria uma economia de R$ 10 bilhões.


"A Petrobras vivia no mundo da fantasia. Queria fazer tudo, muito rápido e de uma só vez. Isso quando esse setor trabalha com um horizonte de 30 anos" Executivo de uma multinacional Sobre a redução dos investimentos de US$ 220 bilhões para US$ 130 bilhões nos próximos 5 anos (2015/2019)


Ventos de fora
O PMDB se diverte, ironiza e sonha com a cobertura, pela mídia, da viagem do vice Michel Temer aos Estados Unidos. Um dos ministros definiu assim: "O Temer é um estadista". Outro foi mais adiante, comentando: "O povo sente o faro".


Diálogo PT e PSDB
Lula não gostou do vazamento da história sobre o encontro com FH. Acredita que pode dificultar o diálogo. No Instituto Lula se diz que só Dilma pode tomar a iniciativa. Ela já fez algo parecido no velório de Mandela, quando levou os ex-presidentes à África do Sul. E também quando os convidou para tratar da Comissão da Verdade em jantar no Alvorada.


O PSDB diz não
Mesmo que o ex-presidente FH queira conversar com o ex-presidente Lula, os tucanos rejeitam o diálogo. O líder da minoria na Câmara, Bruno Araújo (PSDB), diz que não dá para ajudar a consertar a quebradeira da presidente Dilma.


Boquirroto
Irritação no Instituto Lula. O vazamento do interesse do ex-presidente Lula em se encontrar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é o motivo. Por lá se diz que o secretário de Comunicação do PT, José Américo, fala demais.


Diga ao povo que fica
O PMDB não quer se confundir com o PT no tratamento ao rebelde presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Os petistas querem sua cabeça, mas a direção aliada, não. "O PMDB aliado à presidente Dilma confia na gestão do presidente Cunha e conta com sua contribuição até 2017", garante o ministro Eliseu Padilha, braço-direito do vice Michel Temer.


Professor Raimundo
Provável candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, o ex-governador José Serra esteve no Rio anteontem. Deu palestra sobre "como governar" para o secretariado e presidentes de empresas a pedido do governador Luiz Fernando Pezão.


O PT vai continuar dominando os cargos de segundo escalão. Os aliados queriam mais espaço. O índice de infidelidade lhes tirou o chão.


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