domingo, novembro 16, 2014

A vez dos políticos - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 16/11

Uma das mais aguardadas etapas da Operação Lava Jato depois que a apuração atingiu as empreiteiras, a lista de quantas e quais são as autoridades com foro privilegiado envolvidas no escândalo ainda deve demorar. As denúncias ao Supremo Tribunal Federal só devem ser feitas depois que todos os investigados que optarem pela delação premiada falarem. Só então o Ministério Público Federal vai fechar a relação de quais os políticos sobre os quais há indícios consistentes de envolvimento.


Navalha... Para tentar recuperar fôlego diante do agravamento da crise da Petrobras, Dilma Rousseff vai reforçar o discurso de que não deixará "pedra sobre pedra" no combate à corrupção para defender que a sociedade brasileira "saiba de tudo".

... na carne No Palácio do Planalto, a ordem é manter a blindagem da presidente e continuar mostrando a petista como avalista das investigações e punições, "seja de um empresário ou da cunhada do tesoureiro do partido", nas palavras de um auxiliar.

Campeãs... Levantamento feito pelo Ministério Público Federal mostra que as empreiteiras que foram alvo da operação de sexta-feira têm 12 contratos ativos com outros órgãos do governo federal, além da Petrobras, no valor de R$ 4,2 bilhões.

... nacionais O maior contrato é da Mendes Júnior: R$ 927 milhões em obras de um dos trechos da transposição do rio São Francisco.

Meio de campo Um dos alvos da operação de sexta, a construtora Engevix admitiu em ofício à Justiça Federal que pagou R$ 6,2 milhões para que o doleiro Alberto Youssef fizesse "mediação em processos de negociação" com a Petrobras nas obras da refinaria de Abreu e Lima.

No papel Os contratos foram assinados com duas firmas de Youssef, em 2009 e já em 2014. "Este serviço era prestado pelo senhor Alberto Youssef e devidamente formalizado por contrato", declarou a Engevix.

Oráculo Já a OAS, cujo presidente, Adelmário Pinheiro Filho, foi um dos presos na sexta-feira, declarou ter pago R$ 6,9 milhões às empresas de Youssef a título de consultoria.

Aqui não Tucanos se diziam aliviados ontem pelo "foco restrito" das investigações da Polícia Federal na relação das empreiteiras com a Petrobras, já que as empresas também prestam serviços para governos do PSDB.

Despedida O procurador-geral do Estado de São Paulo, Elival da Silva Ramos, afirmou em reunião do conselho do órgão na sexta-feira que não pretende ficar no governo no próximo mandato de Geraldo Alckmin.

Atritos Ramos se desentendeu com parte da categoria nas discussões sobre o projeto de lei orgânica que reestrutura o órgão.

Muita calma Deputados do PPS dizem que a formação de um bloco parlamentar com o PSB não significa apoio imediato à candidatura de Julio Delgado (PSB-MG) à presidência da Câmara.

Só vai na boa O partido quer deixar a corda esticar para definir sua posição só depois de saber se o nome de Delgado tem viabilidade ou se a divisão da oposição somente favoreceria a eleição de um candidato do PT.

Vaquinha Na disputa pelo governo paulista deste ano, Paulo Skaf (PMDB) recolheu R$ 263 mil em doações de 20 integrantes da diretoria da Fiesp, presidida por ele.

Memórias Dirigentes do PMDB valorizam Marta Suplicy, mas têm arrepios em pensar em mais uma eleição com um "forasteiro" como candidato, caso a senadora deixe o PT. Lembram a dor de cabeça que causaram Skaf neste ano e Gabriel Chalita em 2012.

Congestionou Dos 11 vereadores do PT na Câmara Municipal de São Paulo, 6 já se lançaram candidatos à presidência da Casa.

TIROTEIO

Ao atribuir ao Congresso a responsabilidade pelas contas do governo, Mercadante dificulta a relação. O Parlamento não age sob ameaça.

DO DEPUTADO LÚCIO VIEIRA LIMA (PMDB-BA), sobre negociação do Planalto com o Congresso pelo projeto que autoriza o descumprimento da meta fiscal.

CONTRAPONTO

Sem descer do salto


A saída de Marta Suplicy do Ministério da Cultura com críticas à política econômica causou estranheza. Dias antes, ela e a presidente Dilma Rousseff tinham sido fotografadas de braços dados durante cerimônia no Palácio do Planalto. A aliados que a questionaram sobre o contraste entre a imagem e a carta de demissão, Marta explicou:

--Minha relação com a presidente era ótima! Ali, eu cochichei para ela que estava com salto 7 e, se ela não me segurasse, eu rolaria a rampa do palácio. E ela segurou!

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