sexta-feira, dezembro 13, 2013

No limite das pernas mancas OCTÁVIO COSTA

BRASIL ECONÔMICO - 13/12

Dados preliminares da OCDE confirmaram o que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, temia: no terceiro trimestre, o PIB do Brasil foi o que menos cresceu entre os países do G-20. O resultado médio do grupo ficou em 0,9% e a China aparece à frente com crescimento de 2,2% sobre o trimestre anterior.

A Índia, outro país dos Brics, chegou em segundo lugar, com avanço de 1,9%. Com contração de 0,5% no período, a economia brasileira ocupou o fim da fila, atrás até mesmo da França ( -0,1%) e da Itália (estável). O mau desempenho de julho a setembro não deve se repetir no último trimestre, mas ninguém conta com reação excepcional. Ao contrário, os departamentos econômicos dos grandes bancos refizeram as estimativas e preveem que 2013 fechará com um crescimento de 2,2%. E olhe lá.

Mantega costuma dizer que é um resultado inútil olhar a economia pelo retrovisor. Não vale a pena perder tempo como passado e muito menos se deixar contaminar pelo que já aconteceu. Importante, a seu ver, é se preocupar como que vem pela frente. Mas, a considerar o comentário do ministro no Encontro Nacional da Indústria promovido pela CNI na quarta-feira, o horizonte também é turvo. Segundo ele, a economia brasileira está crescendo com duas pernas mancas. “De um lado, o financiamento ao consumo, que está escasso.

De outro, a crise internacional, que nos rouba parte da nossa possibilidade de crescimento”, explicou. Depois, Mantega afirmou que acredita no aumento dos investimentos no país. Mas a imagem forte da economia manca falou mais forte. Por mais que se mostre otimista em relação ao futuro, o governo não consegue injetar confiança nos empresários, principalmente na indústria.

Tanto assim que a presidente Dilma Rousseff fez questão de ressaltar que sua administração está comprometida com o desenvolvimento industrial. Eis as palavras de Dilma: “Não concordamos em nos especializar como economia de serviços. O Brasil deve criar uma indústria forte, condição para uma nação forte, para que tenhamos competitividade necessária. Só a competitividade industrial, combinada com nossa extraordinária capacidade de produzir alimentos e proteínas, pode tornar o Brasil uma grande nação”.

Em sintonia coma chefe, Mantega cita lorde Keynes e diz que é necessário despertar o espírito animal dos empresários . O que já estaria acontecendo nos leilões bem sucedidos de concessão de aeroportos e rodovias. Mas o ministro se arrisca ao tomar a parte pelo todo. O interesse por grandes projetos de infraestrutura sempre existiu até porque o retorno dos concessionários é líquido e certo. Isso não quer dizer que a iniciativa privada esteja disposta a aumentar os investimentos de forma ampla.

A indústria, principalmente, está de pé atrás e não responde aos estímulos do governo. A taxa de investimento não passa de19%do PIB, o que é muito baixo para uma das dez maiores economias do mundo. Dilma está certa quando diz que o Brasil precisa de uma indústria forte. Mas sabe que faltam peças nesse tabuleiro.

Algo básico, estrutural, não funciona bem na economia e mantém represado o espírito animal dos empresários. Uma pista pode ser a altíssima carga tributária do país e o peso excessivo do Estado. Outra a taxa de juros, que acaba de voltar aos dois dígitos. E ainda há a falta de uma política industrial de longo prazo. Com pernas mancas não se vai longe.

SOBE E DESCE

sobe
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou uma série de medidas para barrar as brigas nos jogos de futebol. Uma delas prevê a formação de um cadastro de “brigões”, que seriam impedidos de entrar nos estádios.

desce
O deputado João Paulo Cunha, um dos mensaleiros, comparou sua situação à de Mandela, ao dizer que se o líder sul-africano suportou 27 anos de prisão, ele agüentaria os 9 anos e 4 meses aos quais foi condenado.

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