quarta-feira, novembro 27, 2013

Fatos, fofocas e deduções - TOSTÃO

FOLHA DE SP - 27/11

Neste mundo com excesso de informações, as fofocas são, com frequência, transformadas em fatos


É óbvio que existem falcatruas em todo o mundo. No Brasil, parecem aumentar. Ninguém é bocó, idiota, para achar que não ocorrem no futebol. Mas, nesse caso, acreditar e divulgar, com tanta ênfase, a absurda suspeita de marmelada no jogo entre Vasco e Cruzeiro, baseada em um diálogo irônico, provocativo e frequente nessas situações, é uma irresponsabilidade e uma ofensa a profissionais corretos, como Júlio Baptista, Dedé e o técnico Marcelo.

O zagueiro Cris disse para Júlio Baptista amaciar, e ele respondeu, com a cara brava, para o Vasco fazer mais gols.

Neste mundo com excesso de informações, as fofocas, mesmo quando ridículas e desmentidas, são, com frequência, transformadas em fatos. Se você quiser ter uma boa audiência, crie uma fofoca. Já se tiver uma boa ideia, uma dedução para ser discutida, baseada em indícios consistentes, poucos vão te dar bola, ainda mais se você não participar de um grupo.

Deduzir e imaginar são muito diferentes de fofocar. Deduzo que Felipão, antes de sair do Palmeiras, ja tinha conversado com a CBF, baseado no fato de ele ser assessor do Ministério dos Esportes. Não sei o que ele fazia. Escrevi, na época, uma crônica fictícia, em que Mano dizia ao psicanalista do medo de perder o lugar para Felipão. A ficção estava próxima da realidade.

Imagino ainda que houve um plano, elaborado em importantes gabinetes, de que era preciso criar um ambiente de otimismo, de paixão do torcedor pela seleção, e que ninguém era melhor para isso que Felipão. Deu mais certo do que se previa, pois o time também melhorou muito.

Quando Seedorf fala, não é necessário deduzir. Ele é claro, direto. Com franqueza e aversão ao oba-oba, ele disse, no programa "Bem, Amigos!", do SporTV, que Ganso não pode ser analisado por belíssimos lances isolados, que ele não faria o mesmo na Itália, por ter de enfrentar melhores defesas, e que ele só será um craque quando jogar com mais intensidade.

Seedorf falou ainda, contrariando os que queriam agradá-lo, que a Holanda não está entre os principais candidatos ao título mundial, e que a Alemanha é a maior favorita, para surpresa dos que pensavam que ele iria fazer média com o Brasil.

Não concordo com tudo o que Seedorf disse, pois vejo Brasil, Alemanha, Espanha e Argentina com chances iguais, porém passei a admirá-lo ainda mais.

Por fim, deduzo que o Flamengo, por jogar no Maracanã, e a Ponte Preta, por ter vencido o primeiro jogo por 3 a 1, têm mais chances de serem vitoriosos, mas não ficarei surpreso se ocorrer o contrário. Além das qualidades do Atlético-PR, outro perigo para o Flamengo, por ter a vantagem do 0 a 0, é não procurar o gol, levar um e perder o jogo, como aconteceu com o Cruzeiro, contra o próprio Flamengo, na Copa do Brasil.

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