segunda-feira, novembro 25, 2013

Boa opção - EDITORIAL O GLOBO

O GLOBO - 25/11

A matriz energética brasileira é uma das mais limpas do planeta. Considerando-se apenas a geração de eletricidade, é invejável, pela considerável participação das fontes renováveis, como as hidrelétricas, por exemplo.

No entanto, os novos aproveitamentos hídricos estão cada vez mais distantes dos centros de consumo, o que exige a instalação de longas linhas de transmissão, o que encarece a energia e torna o sistema interligado mais vulnerável diante de intempéries. Além disso, como há restrições de licenciamento ambiental para hidrelétricas com reservatórios de acumulação de água, e o setor não pode ficar dependendo todo ano do bom humor de São Pedro, mais usinas térmicas precisam ser construídas para se garantir energia firme.

O Brasil tem estimulado outras fontes renováveis, como a proveniente de ventos ou da biomassa. Porém tais fontes também não têm capacidade de energia firme, ou seja, não podem suprir o sistema o tempo todo. Sendo inevitável o aumento de participação das usinas térmicas na matriz do setor elétrico, deve-se optar pelas fontes mais disponíveis, mais baratas e menos poluentes. O gás natural poderá ser uma dessas fontes, mas isso dependerá ainda de aumento da produção nacional, o que, mesmo com a descoberta dos campos do pré-sal, é hoje mais esperança que realidade.

O carvão mineral tem sido uma opção, menos poluente que o óleo diesel ou o óleo combustível, mas ainda assim não pode ser considerado uma fonte alternativa.

Surge como opção a energia nuclear. O investimento inicial é elevado — especialmente porque os cuidados com segurança exigem que equipamentos sejam redundantes e as novas unidades devem ser construídas com proteção contra qualquer tipo de acidente —, mas o custo de operação é relativamente bem mais baixo que as demais fontes térmicas.

O Brasil tem também jazidas significativas de urânio e domina tecnologia do enriquecimento, o que é necessário para que o minério venha a ser utilizado como elemento combustível nos reatores. A energia nuclear talvez seja a única sobre a qual se tem controle de todas as suas etapas, inclusive a de rejeitos. Por isso é uma das que menos causam impacto ambiental.

Com duas usinas em operação e uma terceira em construção, o Brasil detém um acervo de conhecimento nesse segmento que permite ao país dar passos seguros na ampliação futura do seu parque gerador nuclear. Estados Unidos e, mais recentemente, a Inglaterra, resolveram voltar a investir em usinas nucleares, incorporando avanços tecnológicos capazes de torná-las intrinsecamente seguras.

No planejamento de longo prazo do setor elétrico chegou a constar a construção de quatro novas usinas nucleares. Até locais de instalação foram previamente selecionados. Por causa do impacto negativo do acidente de Fukushima, no Japão, essa hipótese deixou de ser considerada. Depois disso, a Inglaterra anunciou que voltaria a construir usinas. O Brasil deveria fazer o mesmo.

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