domingo, outubro 13, 2013

Vemos o que queremos ver - TOSTÃO

FOLHA DE SP - 13/10

Se acontecem surpresas em mata-mata, por que nunca uma seleção média ganhou uma Copa do Mundo?


Nesta semana, recusei um convite para ser um dos embaixadores de Belo Horizonte na Copa, ao lado de jogadores do presente e do passado. Recusei porque, como colunista, preciso ser totalmente isento e independente. Pela mesma razão, não participo de muitos outros eventos esportivos.

Repito, não me vejo como um ex-atleta que se tornou colunista esportivo, e sim um colunista esportivo que foi atleta. Muitos não entendem.

Além do mais, já imaginou participar dessas solenidades da Fifa e de outros eventos, com um sorriso servil a la Bebeto, dizendo que está tudo emocionante e maravilhoso?

A Copa está próxima. Após ver várias partidas pelas eliminatórias, ficou mais evidente que Real Madrid, Barcelona, Bayern de Munique, Chelsea, Manchester City, Manchester United e Juventus são melhores que as seleções de seus países. Já na América do Sul, as seleções são muito superiores aos principais times. Por isso e por ser o Mundial na América do Sul, prevejo ótimas campanhas das seleções sul-americanas na Copa.

Se acontecem surpresas em torneios mata-mata de todo o mundo, como na Copa do Brasil, por que nunca uma seleção média ou pequena ganhou uma Copa do Mundo? A explicação de que as seleções jogam com muita seriedade é clara, verdadeira, mas não convence como única razão. Um dia, a zebra vai ocorrer. O acaso é também muito forte.

Felipão ainda tem dúvidas sobre alguns poucos reservas e sobre se coloca Ramires no time titular. Ele poderia atuar de volante, no lugar de Luiz Gustavo, ou de meia, na posição de Oscar ou Hulk, como tem ocorrido. Outra alternativa, que não deve passar pela cabeça de Felipão, seria colocar Neymar mais à frente e pelo centro, no lugar do centroavante, ainda mais se Fred não estiver bem, abrindo uma vaga para Ramires no meio-campo. Com a ausência de Messi, Neymar brilhou nos dois últimos jogos do Barcelona, atuando na posição do argentino. Mano já tinha feito isso na seleção.

Contra a Coreia do Sul, o Brasil fez mais uma boa partida. Está cada vez mais nítido que a excelente atuação na Copa das Confederações não foi circunstancial. O Brasil já tem um ótimo conjunto, além do crescimento técnico de vários jogadores, especialmente David Luiz. Ele e Thiago Silva formam uma zaga espetacular. Mas se a mesma atuação ocorresse no período em que o Brasil estava mal, muito criticado em todo o mundo, diríamos que o time teve uma atuação discreta contra a Coreia do Sul e que só ganha de seleções fracas.

Vemos o que queremos ver, de acordo com os pré-conceitos, o momento e a expectativa. Se a boa atuação de Ganso contra o Cruzeiro fosse na época em que era endeusado no Santos, diriam que ele fez uma partida magistral, genial. A expectativa tornou-se muito maior que seu talento.

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