segunda-feira, março 04, 2013

Desânimo - GEORGE VIDOR

O GLOBO - 04/03
A fase "febeapá" já teria se encerrado, o que pode ajudar a mudar o estado de espírito dos empresários em 2013


O maior estrago do PIB minguado de 2012 não foi na série histórica das estatísticas econômica»», ou sequer teve efeito prático sobre o emprego e os salários, diferentemente do que tem acontecido nos países em crise. O "Pibinho" como passou a ser tratado, abalou profundamente a confiança dos empresários. Se comparado ao desempenho das economias européias, pelo resultado do PIB (crescimento de 0,9%) o Brasil também teria mergulhado em grave crise no ano passado, e efetivamente não se viu por aqui nada parecido com o que se observou no Sul da Europa. Entretanto, o PIB modesto tornou os empresários mais cétícos quanto à possibilidade ile recuperação da economia brasileira. Nem mesmo os sinais de que a evolução do PIB neste primeiro trimestre se aproximará de 1% (em relação ao quarto trimestre de 2012) estão conseguindo neutralizar esse desanimo. A maioria dos homens de negócios duvida que 0 país crescerá mais de 3% em 2013.

No conjunto da economia, os lucros do ano passado não foram animadores. Isso explica em grande parte a queda na taxa de poupança do país (que recuou para 14,1% do PIB em 2012), pois os lucros são parcela expressiva das reservas que financiam os investimentos. Em qualquer sistema econômico, o lucro é o combustível do crescimento.

Empresas estão habituadas a períodos de baixa lucratividade ou até de prejuízos (não fosse assim, não haveria mais companhia aérea em atividade no mundo). Mas seguem em frente quando vislumbram horizontes de recuperação, de melhora. O risco que a economia brasileira corre no momento é o de os empresários não terem essa perspectiva.

O governo até tem voltado atrás em vários erros e equívocos cometidos. No caso do petróleo - que poderia entrar no rol que o cronista Sérgio Porto, sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, chamava de "lebeapá," festival de besteiras que assola o país - na tentativa de recuperar o precioso tempo perdido, o governo programou para este ano nada menos que quatro diferentes licitações. É claro que não apaga a pergunta no ar: por que ficamos sete anos sem promover um leilão? A fase do oba oba na Petrobras seria outra página virada, embora os resultados ainda demorem para se refletir nos balanços da companhia.

Nas concessões de infraestrutura também houve mudanças de regras, com o objetivo de atrair investidores, antes desprezados e até apontados como gananciosos (faltou pouco para se ressuscitar termos amigos, como "tubarões"). Ministros estão saindo em peregrinação ao exterior para propagandear essas oportunidades.

A euforia de anos atrás em relação ao futuro da economia brasileira era sem dúvida exagerada. Mas o atual clima de desânimo no mundo empresarial não se justifica. O Brasil não está diante de uma inflação a terrórizante, não há crise á espreita nas contas externas, nem risco próximo de insolvència financeira do setor público (este ano, com a criação do fundo de previdência dos funcionários públicos federais, o governo até que deu um passo positivo para desarmar uma das graves ameaças á solvência). Políticas econômicas vão e vêm. E o que fica é a capacidade efetiva de se produzir.

Engenheiros reforçados

O Brasil forma por ano de 38 mil a 40 mil engenheiros, metade do número dos novos profissionais que se graduam na Coréia do Sul. Não é só de mais engenheiros que o Brasil precisa; é necessário que eles cheguem ao mercado mais bem preparados. Pensando nisso, o engenheiro e professor do IME Gabriel Elmur teve a boa idéia de criar uma politécnica virtual. Com os contatos que fez ao longo de sua carreira acadêmica (que inclui a função de avaliador do MEC), o professor Gabriel oferece pela internet aulas de reforço de todas a matérias básicas de engenharia. São módulos completos ou até mesmo uma única aula de determinada matéria. Para ministrar as aulas, devidamente gravadas, contratou professores renomados. ("orno se trata de um produto para ser comercializado em massa, pela internet, espera chegar a um conjunto de 10 mil alunos. A politécnica virtual está agora ancorada na Etec, faculdade de engenharia com sede em Caxias do Sul, e já teve o seu primeiro desdobramento: (ou seria melhor dizer, derivada primeira?): um curso de pós-graduação à distância na área de exploração e produção de petróleo. Ames de formatar o custo, a politécnica virtual fez uma pesquisa com mais de 200 entrevistas com profissionais que trabalham cm plataformas e outras unidades de exploração e produção para indagar exatamente quais habilidades eles gostariam de encontrar nos egressos da graduação em engenharia. A duração do curso é de 18 meses porque, sendo à distância, e em horários flexíveis que se adaptam à disponibilidade de tempo dos alunos, as aulas acabam sendo mais compactas do que as presenciais.

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