segunda-feira, janeiro 14, 2013

Adversário comum - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 14/01


2013 não fechou sequer o primeiro mês e o empurra-empurra político ganha contornos de ano eleitoral, com as rusgas internas do PSDB, a brigalhada na base governista, o PT insuflando ora Dilma Rousseff, ora Lula, e Eduardo Campos nesse morde-assopra em relação ao governo federal. Essa guerra não vai parar e, que ninguém se iluda se começar a perceber movimentos complementares entre PSDB e PT, que hoje dividem São Paulo.

Da parte dos tucanos de Minas Gerais, virão em breve gestos carinhosos em direção aos paulistas. Aécio sabe que não pode prescindir de toda a força do partido em São Paulo, ainda que hoje esse poder pareça ameaçado e em declínio perto do que já foi nos mandatos Mário Covas, do próprio Geraldo Alckmin e de José Serra. Por isso, ninguém pense que deixará os líderes do partido no estado lhe escorrer entre os dedos.

Os movimentos aecistas, entretanto, não vão parar por aí. O senador pretende desde já colocar em prática a montagem de um plano de governo, como forma de mostrar ao eleitor que, apesar de ser alguém com um espírito mais jovem, sua candidatura presidencial será acoplada de um programa com consistência e coerência. A ordem é mostrar ao eleitor que é possível oferecer ao cidadão uma vida melhor do que a patrocinada pelo governo federal petista. Ou seja, virá aí a tentativa de se criar um jogo dos contrastes com o objetivo de conquistar eleitores descontentes com a presidente Dilma e seu governo.

Enquanto isso, no PSB…

A estratégia de Aécio não pode ser copiada pelo PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Como um aliado da presidente Dilma e do ex-presidente Lula, o socialista não poderá oferecer um discurso de tempos melhores sem ferir susceptibilidades do governo que apoia. Muitos hoje perguntam o que o governador teria a oferecer de diferente? Que sugestão deu até agora que Dilma não acolheu? E para ser um governo mais ou menos parecido ou igual a esse que os petistas já fazem, por que mudar? Campos, avaliam seus próprios aliados, ainda não tem respostas para essas perguntas e precisa respondê-las antes de anunciar oficialmente que irá concorrer à Presidência da República. Se Eduardo quiser ser candidato, terá que ter esse programa em contraste com o que está aí. Se não tiver contraste, corre o risco de ficar diluído. E é exatamente essa diluição que os petistas pretendem provocar daqui para frente.

E no PT…

Entre os petistas, a estratégia de colocar Dilma e Lula na vitrine deu certo no final de 2012 e, como antecipamos aqui ontem, será repetida. Para completar, o PT também trabalha outras formas de deixar Eduardo Campos ainda mais espremido. Os encontros entre ele a presidente Dilma Rousseff, por exemplo, serão sempre divulgados. Foi assim com o almoço na Bahia, evento que o governo de Pernambuco não anunciou previamente, mas o Planalto e o Palácio de Ondina, sim. O mesmo ocorreu com o encontro de hoje, incluído na agenda oficial de Dilma (aliás, é coisa rara Dilma mandar incluir todas suas audiências na agenda que é divulgada).

Ao anunciar todos os encontros com Campos ela dá dois recados: O primeiro interno, ao PT e ao PMDB, do tipo, não se incomodem porque nossas conversas são sempre às claras e não vou trocar o Michel Temer na chapa. O segundo à população: vejam só, recebo, chamo para almoçar, jantar, libero recursos, discuto projetos e ele planeja ser contra a minha candidatura. A audiência de hoje é mais um tijolinho dessa construção.

Nesse sentido, se Dilma conseguir passar a imagem de que Eduardo Campos é ingrato, e Aécio conseguir agregar São Paulo e deixar claro que os socialistas têm um projeto igual ao do PT, Campos dificilmente terá um motor propulsor capaz de o tirar da toca. Esse jogo está em curso agora.

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