domingo, novembro 25, 2012

LIGEIRINHO - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 25/11

Lewis Hamilton chegou ao Brasil na manhã de quarta, na esperança de "que o tempo não passasse muito rápido" até hoje. O piloto inglês de 27 anos faz às 14h sua última corrida ao lado da escuderia McLaren. Deixa a equipe rumo à Mercedes, sem chance de final feliz. Está no quarto lugar e não pode ganhar a temporada.

As coisas acontecem rápido na vida dele. Dentro e fora da pista. Hamilton entrou para a Fórmula 1 há cinco anos. Começou quebrando recordes. Foi o piloto estreante a ter mais pódios seguidos, nove. Foi o mais jovem corredor a liderar o campeonato, aos 22 anos e quatro meses.

Tudo isso foi antes do advento de Sebastian Vettel, da Red Bull. Aos 25 anos, o alemão já ganhou dois mundiais (contra um de Lewis) e superou muitas de suas marcas. "É hora de mudar", sintetiza.

"Estou bem triste. Mas, ao mesmo tempo, animado. Eu tendo a não querer ficar muito lacrimoso. Mas é claro que vou [chorar no fim da corrida]", diz. Durante a conversa, só não sorri quando boceja. "É só 'jet lag'. Estou bem."

"Estou feliz vivendo em Mônaco. Amo Mônaco. É um lugar tão lindo." Ele saca o celular que até minutos antes vibrava sem parar dentro do bolso e mostra ao repórter Chico Felitti uma foto da vista que tem ao acordar. Mansões sobre o azul do mar Mediterrâneo. "É tranquilo."

Não que ele seja muito chegado em tranquilidade fora de circuito. Foi multado por excesso de velocidade na França, em 2007. Em 2010, a autuação foi por fazer o pneu do carro "cantar" e dar "cavalos-de-pau" na Austrália. "Eu estava indo um pouco mais rápido. O que aconteceu lá foi nada, mas eles tentaram me transformar em exemplo. Mandaram sete viaturas atrás de mim. Foi a coisa mais ridícula que me aconteceu."

O episódio já está no passado. É o que seu staff de seis pessoas, entre assessores e publicitários, diz à coluna no fim da entrevista.

É hora de falar do futuro. Do qual faz parte o contrato de 60 milhões de libras (R$ 200 milhões) para ocupar o assento que era de Michael Schumacher. O alemão retornou às pistas em 2010, aos 41 anos, mas mal conseguiu subir ao pódio em três anos.

Hamilton diz não ter medo de futuro semelhante. Nem de ir para uma equipe menor, que nunca ganhou uma temporada e que tem carros menos sofisticados. "Só tenho que usar mais as minhas habilidades. Eu tenho algumas cartas na manga."

E alguns entraves à vista. Seu companheiro na nova escuderia, Nico Rosberg, é um velho conhecido. Os dois corriam de kart juntos, em 2000. "Éramos melhores amigos. Não sei se ainda somos melhores amigos depois de tudo o que aconteceu", diz ele, sem entrar em detalhes.

O colega fala "cinco ou seis línguas", conta. "Eu falo uma língua e meia." O idioma em que quebra um galho, diz, é o francês. "Aprender uma língua é algo que quero fazer antes de morrer." Parar de correr, não.

"Não penso em nada que não seja correr. Já é difícil o suficiente ter de manejar família e amigos só trabalhando, imagina fazendo planos." De hobby, só esportes de velocidade, como esqui aquático e fazer "snowboarding".

Mas alguns pontos da sua vida ainda são levados em marcha lenta. Como o namoro com Nicole Scherzinger, 34. Ela ficou famosa à frente das Pussycat Dolls, um grupo de dançarinas que, além de tirar a roupa, cantava. O relacionamento começou em 2007 e continua entre aceleradas e breques.

Boatos davam conta de que o enlace agora havia engatado. O jornal "Guardian" disse que ele se mudaria para os EUA para ficar com ela. "Estamos pensando em morar juntos antes, em Mônaco. Moraremos em dezembro e um pedaço de janeiro. Esperançosamente, ela se muda de vez depois disso."

Até lá, ele a visita na Inglaterra, onde Nicole é jurada do programa "X-Factor". Lá também mora a família de Hamilton. Um dos seus irmãos, Nicolas, também entrou para o ofício das corridas. Ele tem paralisia cerebral e dirige um carro adaptado. "Nicolas é uma inspiração. Ganhava de mim nos jogos de computador, então deve ter achado que poderia ganhar também na pista."

A velocidade que beneficia o rapaz família na pista gera derrapadas. Como o acesso que teve no Twitter contra o colega da equipe atual, Jenson Button, acusando-o de ter deixado de ser seu amigo na rede social.

"Depois de três anos como colegas de equipe, achei que nos respeitássemos, mas ele claramente não me respeita", escreveu. Duas horas depois, veio o pedido de desculpa, também na página de internet. "Acabei de descobrir que Jenson nunca me seguiu. Não o culpem! Eu que preciso estar mais no Twitter!"

Atitudes impensadas também viram lombadas na carreira. Treinou na semana passada com um adesivo escrito HAM na parte de trás do capacete. A BBC afirmou que a sigla significaria "Hard as a motherfucker" (algo como "duro como um fodão"). Apareceu na corrida sem o colante, a mando da McLaren.

Ele explica o anagrama: "São as três primeiras letras do meu sobrenome. E também significa que vou o mais forte que posso na pista".

Hoje, ele corre com o capacete inspirado no de Ayrton Senna, que diz ser o herói de sua vida. "É como se estivesse perto dele quando venho para cá." Foi também no Brasil que comemorou seu único título mundial, em 2008. "O país me dá sorte."

A imprensa gosta de falar dele. "Até demais. Fica tedioso depois de certo estágio. Você começa a tentar inventar novas respostas para as mesmas perguntas." E ele consegue? "Eu arranjo muita encrenca. Muito mais que os outros pilotos."

Nem sempre. Patrocinado pelo uísque Johnnie Walker, ele tomou água num coquetel que a empresa organizou com seus funcionários no Brasil. Ao responder a perguntas feitas por eles, disse: "não bebo muito" e, quando começava o happy hour na firma, engatou a primeira marcha e partiu.

Afinal, ele tem um futuro congestionado de planos. "Ainda preciso ser campeão antes de me aposentar. Várias outras vezes."

"Agora não [vai se mudar para os EUA e morar com a namorada, a cantora Nicole Scherzinger]. Moraremos juntos em Mônaco em dezembro e um pedaço de janeiro"

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