quarta-feira, novembro 21, 2012

Imagine até a Copa - TOSTÃO

FOLHA DE SP - 21/11


Chamar o amistoso de hoje de Superclássico das Américas é inapropriado e inconveniente


Se o campeão e os quatro classificados para a Libertadores não fossem já conhecidos, o jogo de hoje, inapropriadamente chamado de Superclássico das Américas, como se fosse entre os times titulares de Brasil e Argentina, seria ainda mais inconveniente e mais fora de hora.

Fernando Pessoa escreveu, em um de seus poemas: "Tudo é símbolo". Ele diria hoje que tudo é marketing. As coisas não são como são. São como são anunciadas e vendidas. Só falta dizerem que é a partida do século.

Todos somos marqueteiros.

Uns mais que os outros. O marqueteiro é sempre otimista. Isso pode ser bom ou ruim.

Partidas com muita emoção, mas de péssima qualidade técnica, tornaram-se espetaculares. Jogadores medíocres são importantes taticamente, e os bons passam a ser craques. A Copa no Brasil, mesmo com tanto desperdício de dinheiro público, demolição de escolas e coisas suspeitas, será a melhor de todos os tempos, do passado, do presente e do futuro.

Imagine o que dirão até a Copa!

Escrevi sobre os jogadores supervalorizados do Brasileirão. No futebol mundial, o maior de todos é Fernando Torres. Há muito tempo, ele não joga nada. Antes das partidas, cria-se uma grande expectativa sobre a atuação do centroavante espanhol. Parece que todos torcem por ele, ainda mais com sua cara de menino triste. O apelido de "El Niño" seria por isso? Quando faz um gol, é saudado como um craque. Só falta a torcida do Chelsea cantar: "O Torres voltou, o Torres voltou".

Falei que estou preocupado com Daniel Alves e David Luiz. Não disse que os dois não mereçam ser titulares da seleção. Não há outras melhores opções.

O Barcelona, desde o ano passado, está também preocupado com Daniel Alves. David Luiz alterna ótimas partidas, como a contra a Colômbia, com outras fracas, como no último jogo pelo Campeonato Inglês. Ele, às vezes, é afoito e corre demais atrás dos atacantes.

Entre tantos motivos para a queda do Palmeiras, o principal é técnico. Os responsáveis são os últimos treinadores e o diretor de futebol. O time contratou, por sugestão dos técnicos, vários jogadores fracos, alguns caríssimos.

Arnaldo Tirone e nenhum outro presidente de clube entendem de detalhes de futebol. O presidente tem de saber administrar o clube, o que não sei se Tirone sabe.

Na última semana, o grande lance do futebol foi o gol de Ibrahimovic. Há jogadas que não têm explicação e/ou não sabemos descrevê-las, por falta de talento literário.

Luís Fernando Veríssimo, em uma de suas crônicas sobre pessoas estarem nos lugares e nos momentos certos, disse que o primeiro homem a pisar na Lua deveria ter sido um grande poeta. Faltou um Nelson Rodrigues, um Armando Nogueira, para descrever o gol de Ibrahimovic.

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