segunda-feira, abril 30, 2012

O ovo ou a galinha - GEORGE VIDOR

O GLOBO - 30/04/12

Inflação não desaparece só por mágica. A mudança de moeda, precedida pela URV, foi importantíssima para o sucesso do real, mas na prática a inflação permaneceu baixa porque houve uma segunda troca (e não mais um truque). Trocou-se inflação por endividamento público e privado, turbinado por elevadas taxas de juros. Para estancar esse processo, as finanças governamentais passaram por um longo ajuste.

A dúvida atual é se o envidamento público já está em um patamar que possibilita cortes nas taxas de juros ou se esse tipo de iniciativa significará uma "destroca" por mais inflação. Juros mais baixos facilitariam o crédito e a demanda por bens e serviços. Como o crédito amplia o número de potenciais compradores de imóveis, os preços das casas e apartamentos tenderiam a subir, por exemplo.

Mas sabe-se também que a oferta é função da demanda (economistas clássicos acreditavam que era o inverso), e quando o mercado atinge um determinado tamanho, a produção, por outro lado, ganha escala e mais ritmo, com considerável redução de custos. A história econômica dos Estados Unidos confirmaria essa tese.

No Brasil, tal discussão ainda está na fase do que vem primeiro, se o ovo ou a galinha. Mas se não aproveitarmos momentos favoráveis (janelas de oportunidades, como gostam de dizer os próprios economistas), jamais saberemos a resposta. É mais uma razão para justificar o corte dos juros promovido pelo Banco Central e a tentativa de que esse movimento se estenda às taxas cobradas pelo sistema bancário.

Levantamento que a área de pesquisa econômica do BNDES realiza regularmente para avaliar as perspectivas de investimento nas principais áreas da indústria apontou um dado curioso, mas não surpreendente, para o período 2012- 2015: cerca de 59% dos recursos previstos para o setor estarão relacionados ao segmento de óleo e gás. A mineração também se destaca, com 10% (embora tenha havido uma redução, pois antes correspondia a 15%), e a indústria automotiva, com outros 10%. O levantamento do banco constatou que mesmo áreas problemáticas, como a têxtil e de confecções, continuarão investindo. Em contrapartida, investimentos em siderurgia devem encolher. Na média, o investimento industrial crescerá mais que o Produto Interno Bruto (PIB) no período, o que é uma previsão alentadora.

O governador Anastasía tem hoje muitas de suas atenções voltadas para o Norte de Minas Gerais, pois considera que essa grande região, com 15% da população, ainda está econômica e socialmente muito distante dos patamares alcançados pelas áreas centrais e do Sul do estado. Com um território equivalente ou maior que o de muitos países, Minas Gerais é um dos estados brasileiros com acentuadas diferenças de renda e infraestrutura entre suas próprias regiões.

Por isso, Anastasía diz ter enorme satisfação quando inaugura indústrias em cidades do Norte de Minas, como a da Caterpillar, em Montes Claros. Uma das angústias do governador é a situação das estradas federais no estado. Apenas a Fernão Dias, que liga Belo Horizonte a São Paulo, está integralmente sob concessão; no caso da BR-040, somente um pequeno trecho, da divisa com o Estado do Rio até Juiz de Fora, tem pedágio.

As demais alternam trechos com obras de recuperação e outros em condições ruins ou péssimas.

O diesel S-50 chegou às bombas dos postos de serviço muito mais caro do que o previsto inicialmente.

Em vez de R$ 0,03 por litro, como se imaginava, a diferença tem passado de R$ 0,10, atingindo R$ 0,13, às vezes. Por essa razão, os caminhoneiros ainda estão preferindo adquirir veículos de padrão mais antigo (Euro 3) que estão nos estoques das revendedoras.

Desde o dia 31 de março, as montadoras são obrigadas a produzir caminhões com motores mais avançados (padrão Euro 5), que só podem utilizar o diesel S-50, bem menos poluente.

Por enquanto, o S-50 está encalhando nos postos escolhidos para revendê-lo.

Consta que alguns postos até tiveram de devolver o produto para distribuidoras porque o diesel estava passando do prazo de validade.

A venda do diesel metropolitano (S-500) agora é obrigatória nas capitais do país, mas em cidades do interior ainda é consumido o velho diesel, mais barato.

Tem caminhoneiro que prefere se deslocar vinte ou trinta quilômetros só para se abastecer. É que a diferença de preço no abastecimento de um tanque pode corresponder a uma diária do motorista, o que é relevante.

A propósito, os proprietários de postos de serviço não andam nada satisfeitos com a qualidade do Biodiesel: reclamam de borra acumulada nos tanques de armazenagem e da oxidação de equipamentos usados no abastecimento dos veículos.

Por isso, nem querem ouvir falar de uma elevação na percentagem de mistura dos atuais 5% para 7% ou 10%, como tem sido cogitado. Antes disso, acham que a qualidade do Biodiesel precisa melhorar.

Não conhecia o litoral alagoano.

De fato faz juz à boa fama. E o interessante é que alguns dos seus trechos (como o da região de São Miguel dos Milagres) ainda são bem tranquilos, com número relativamente pequeno de visitantes. São Miguel fica a pouco mais de 90 quilômetros de Maceió (duas horas de carro), e é uma das sedes do projeto de preservação do peixe-boi.

Para se chegar lá, passa-se por uma zona produtora de cana-de-açúcar, principal atividade econômica de Alagoas. Em breve, no meu blog (www.oglobo.com.br/ blogs) darei algumas sugestões para quem pretende conhecer essa paradisíaca região.

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