segunda-feira, maio 02, 2011

JÚLlA DE MEDEIROS - A joaninha vira marimbondo


A joaninha vira marimbondo
JÚLlA DE MEDEIROS

Revista Veja - 02/05/2011

A zangada prefeita de Fortaleza é atingida por um enxame de novas denúncias

A prefeita mais impopular do País, Luizianne Lins, de Fortaleza, pode ser obrigada a enfrentar um pedido de impeachment. Na última sexta-feira, o movimento Ação Cearense de Combate à Corrupção e à Impunidade pediu à Câmara de Vereadores local que abrisse um processo de cassação contra a petista. Motivo: ela usou o cartão de crédito corporativo que recebeu da prefeitura para pagar contas pessoais. Uma reportagem publicada na última edição de VEJA mostrou que Luizianne se serviu do cartão em lojas de eletrônicos no exterior e de brinquedos no Ceará. Foi o mais grave, mas não o único revés sofrido pela petista na semana passada. A promotoria estadual a denunciou criminalmente por descumprir uma ordem judicial de junho de 2008. Desde então, a petista deveria ter pago 1,5 milhão de reais em dívidas trabalhistas a funcionários da prefeitura. Luizianne contra-atacou. Não com a delicadeza da joaninha que representou no Carnaval, mas como um marimbondo de fogo, daqueles de que o Sarney gosta. Publicou nos jornais cearenses um anúncio ardido. A iniciativa chamou a atenção do promotor Ricardo Rocha, que descobriu que o anúncio foi pago pelo Erário. Rocha viu indícios de crime no episódio e abriu mais um processo contra a petista. Luizianne foi, então, à TV. Recorreu à afiliada cearense da Rede Record para falar sobre os fatos relatados por VEJA. Em entrevista, negou ter erguido um jardim japonês para presentear um amigo ímimo da comunidade nipônica: "Se fosse para homenagear namorados, eu teria de fazer muitos jardins", disse a fogosa joaninha (ou seria borboleta?). Também na TV, disse desconhecer a investigação do Tribunal de Contas dos Municípios sobre seu cartão corporativo. Eis o que se chama contradição. O documento reproduzido nesta página é nada menos que a defesa apresentada por Luizianne ao tribunal. Ele sugere que a petista dispôs do cartão municipal para pagar suas despesas cotidianas numa farmácia de Fortaleza e em um bar da moda na Zona Sul carioca. Também usou o cartão para comprar um notebook em Brasflia e um móvel para decorar seu gabinete.

O Tribunal de Contas aponta que, de janeiro de 2007 a março de 2008, a prefeita petista e seis de seus assessores gastaram 43000 reais com os cartões corporativos, mas só prestaram contas de 3198 reais. Os vereadores de fortaleza investigam, ainda, o repasse de 94 milhões de reais para um tal Instituto de Desenvolvimento Tecnológico e Apoio à Gestão da Saúde, ONG petisra que jamais prestou contas das verbas recebidas. Procuradores federais detectaram também um superfaruramento de 3 milhões de reais nas obras do Hospital da Mulher. Joaninha, joaninha, pare de borboletear...

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