MERVAL PEREIRA



Acertando contas 
Merval Pereira
O GLOBO - 15/10/10

Já escrevi aqui diversas vezes que considero que o governo Lula promoveu um retrocesso institucional no país que talvez seja a verdadeira herança maldita que legará a seu sucessor.


A esterilização da política, com a cooptação dos partidos políticos para formar uma base parlamentar à custa de troca de favores e empregos; o mesmo processo de neutralização dos movimentos sociais e sindicais com financiamentos generosos.

Em consequência, o aparelhamento da máquina estatal, dominada pelo PT e alguns partidos aliados; a leniência com os companheiros que transgrediram a lei em diversas ocasiões, todos perdoados e devidamente protegidos.

Por fim, a própria postura do presidente Lula durante a campanha eleitoral, desprezando a legislação e menosprezando as advertências e multas do Tribunal Superior Eleitoral como se elas não tivessem significado.

Tudo isso levou o país a ficar anestesiado durante esses oito anos, num processo de centralização da liderança carismática de Lula que continua predominando na campanha eleitoral.

O quadro estava montado para que a campanha transcorresse de maneira anódina e sem debates, com a automática transferência de votos de Lula para a homologação da vitória no primeiro turno de sua "laranja" eleitoral, a candidata Dilma Rousseff que, segundo definição do próprio Lula, aparece na máquina de votar porque ele está impossibilitado de concorrer à Presidência da República pela terceira vez consecutiva.

Nas últimas semanas, dando a fatura por liquidada, o presidente Lula resolveu "acertar umas contas" com adversários escolhidos, segundo revelou a assessores próximos.

E lá se foi ele pelo país a falar mal da imprensa e fazendo campanha contra candidatos específicos: alguns, como os senadores Marco Maciel, do DEM de Pernambuco, Heráclito Fortes, do DEM do Piauí, ou Ar thur Virgílio, do PSDB do Amazonas, conseguiu derrotar.

Outros, não. Exortou o eleitorado a "extirpar" o Democratas em Santa Catarina e o partido elegeu o governador e os dois senadores da oposição.

Tentou evitar a reeleição de Agripino Maia para o Senado no Rio Grande do Norte, e o DEM não apenas o elegeu como também a governadora Rosalba Ciarlini.

Deve-se a esse "acerto de contas" do presidente boa parte do clima que levou inesperadamente a eleição para o segundo turno.

A figura do presidente raivoso e rancoroso, a buscar vingança de inimigos que deveriam ser meros adversários políticos, politizou uma campanha morna e fez surgir a dúvida entre parcela de eleitores, juntamente com questões específicas como as recorrentes denúncias de corrupção no governo, com o caso de Erenice Guerra no Gabinete Civil se destacando, e o debate religioso sobre o aborto.

Mas Lula parece que não aprendeu com a lição das urnas. Ontem, em meio a uma campanha que periga transformar-se em uma guerra religiosa, teve a ousadia de dizer em cima de um palanque que foi Deus quem derrotou os políticos que acabaram com a CPMF.

Nomeou-se, assim, um intermediário divino no seu "acerto de contas".

O fato é que a 15 dias da eleição o resultado é imprevisível, e a média das pesquisas, embora mantenha uma ligeira vantagem para Dilma Rousseff, mostra que as curvas estão se aproximando e o empate técnico é o resultado que melhor reflete a situação atual.

Com uma desvantagem para a candidata oficial: ela vem perdendo posições em praticamente todas as regiões do país, e só ganha no Nordeste, que representa 29% do eleitorado brasileiro, por uma boa diferença, de cerca de 30 pontos (60,1% a 31,1%).

Mas o resultado do primeiro turno foi melhor paraela: 61,63% contra 21,48% de Serra e 16,14% de Marina. Isso quer dizer que Serra cresceu 10 pontos na região, e ainda existem cerca de 6 pontos de Marina sendo disputados.

No Norte-Centro-Oeste, que representa 15% dos votos, Serra vence Dilma por 5 pontos (45,7% contra 40,7%). Mas no primeiro turno, a petista venceu por pequena vantagem - 38,89%, contra 37,97% de Serra e 20,94% de Marina.

No Sudeste, onde estão concentrados 44% dos votos brasileiros, Serra já vence por 1 ponto, tendo perdido na apuração do primeiro turno, quando Dilma obteve 40,88%, contra 34,58% de Serra e 23,18% de Marina.

Dilma cresceu menos de 3 pontos na região, e está agora com 43,3% enquanto Serra foi a 44,7%, um crescimento de 10 pontos. Restam cerca de 13 pontos dos eleitores de Marina que ainda não se definiram, segundo a pesquisa CNT/Sensus.

No Sul, que representa 14% do eleitorado, Serra teve 43,01% no primeiro turno e hoje tem 56%, enquanto Dilma caiu para 36,4% contra os 42,10% que obteve no primeiro turno.

Com relação à pesquisa do Ibope, que deu uma vantagem de 6 pontos para Dilma, há uma questão a constatar: na pesquisa de 02 de outubro para o primeiro turno, o Ibope deu Dilma com 51%, Serra com 31% e e Marina com 17%.

A realidade das urnas no dia seguinte foi Dilma 47%, Serra 33% e Marina 19%, o que demonstra que o Ibope estava com uma defasagem de 6 pontos na diferença entre Dilma e Serra, apontando para uma diferença de 20 pontos que se transformaram em 14 pontos no resultado oficial.

Se essa defasagem ainda estiver presente, a diferença apontada de 6 pontos desaparece totalmente, dando empate, na mesma linha que a pesquisa do CNT/Sensus indica

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

Fiasco chapa-branca
EDITORIAL
O Estado de S. Paulo - 15/10/2010

O Brasil pode preparar-se para um vexame internacional, transmitido ao vivo e em cores, se até a Copa do Mundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) continuar investindo com a lentidão e a incompetência demonstradas mais uma vez neste ano. Com investimento de R$ 1,6 bilhão programado para 2010, a Infraero aplicou até agosto apenas R$ 258,6 milhões, 16,5% da verba total. Nesse período, nada foi desembolsado para algumas obras, como a da nova torre de controle do Aeroporto Internacional de Salvador e a do complexo logístico do Aeroporto Internacional de Porto Alegre, entre outras. A verba prevista deve ser reduzida para R$ 1,1 bilhão, segundo a empresa, mas também esse valor dificilmente será usado até o fim de dezembro, a julgar pelo desempenho até agora. Esse padrão não é exclusivo de uma estatal. É uma das marcas da maior parte das empresas controladas pela União, sujeitas ao loteamento de cargos e a critérios político-partidários de orientação.

O caso da Infraero é especialmente visível porque a aviação civil vem sendo afetada, há anos, pelo baixo padrão gerencial do setor público. Esse padrão raras vezes foi tão deficiente quanto nos últimos oito anos. Os vários apagões do transporte aéreo foram causados por mais de um fator e a situação dos aeroportos é apenas parte de um problema bem mais amplo. Mas sua importância aumenta por causa da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016.

Nomeações políticas devastaram também a administração da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, uma empresa respeitada, em outros tempos, por sua eficiência. Essa estatal tem estado no centro de escândalos desde a primeira gestão petista. Houve mudanças na diretoria, mas a escolha de dirigentes continuou viciada por critérios impróprios. Isso foi demonstrado mais uma vez pelo envolvimento da ministra Erenice Guerra na indicação de novos diretores em agosto. Esse episódio contribuiu para a demissão da ministra, ex-braço direito e sucessora da candidata Dilma Rousseff na chefia da Casa Civil.

Dos R$ 680 milhões previstos para obras e compras de equipamentos em 2010, os Correios investiram até agosto apenas 24%, ou R$ 151 milhões. Como sempre, funcionários da companhia tentam justificar o fracasso na execução dos planos. Mas as metas e verbas não caem do céu nem são inscritas no orçamento à revelia dos dirigentes de empresas.

De modo geral, a execução dos planos fracassa ou se atrasa não por uma conspiração dos deuses, mas por falhas gerenciais. Não é difícil entender esse fato: afinal, conhecimento do setor e competência administrativa não são requisitos para a ocupação de cargos, no governo petista. Também nos Correios já se fala em redução do investimento programado para este ano - de R$ 640 milhões para R$ 380 milhões, um corte de 40,6%.

Apesar desses e de outros fiascos, o governo pode proclamar um aumento no valor investido pelas estatais. Até o quarto bimestre o total do investimento chegou a R$ 52 bilhões, a maior soma desde 1995. Mas é bom olhar os números com maior atenção. O Grupo Petrobrás foi responsável por 91% daquelas operações.

Com pouquíssima variação, esse tem sido o desempenho das estatais há anos. A Petrobrás está na trilha do crescimento há mais de duas décadas, enquanto outras estatais permanecem estagnadas. As grandes empresas privatizadas também teriam tido, quase certamente, um desempenho menos brilhante do que têm tido, se tivessem ficado sob controle estatal e sujeitas ao aparelhamento e à pilhagem dos políticos.

Na administração direta, a aplicação de dinheiro em obras e equipamentos continua emperrada, apesar de alguma melhora neste ano. Até 13 de outubro, foram desembolsados R$ 31,4 bilhões, 45,5% dos R$ 69 bilhões orçados para investimento, segundo a ONG Contas Abertas. Descontados R$ 19,4 bilhões de restos a pagar, o desembolso não passou de 17,3%. Mas a propaganda oficial continua proclamando as façanhas de um governo realizador.

DORA KRAMER

À tripa-forra 
Dora Kramer 

O Estado de S.Paulo - 15/10/2010

A convicção tem suas vantagens, mas quando excessiva pode virar obsessão, levar a erros cruciais e se transformar em enorme desvantagem ao impedir o convicto, ou obcecado, de enxergar as variantes da realidade.

Foi mais ou menos o que aconteceu com o presidente Luiz Inácio da Silva, com o PT, o governo, o comando da campanha e com a candidata Dilma Rousseff na primeira etapa da eleição presidencial: não olharam para os lados, não consideraram uma segunda hipótese, apostaram tudo no vermelho 3 (de outubro).

Lula diz as coisas mais estapafúrdias e quase todo mundo acredita; natural, portanto, que quase todo mundo tenha acreditado quando ele deu por ganha a eleição em primeiro turno baseado nas pesquisas de intenções de voto e no próprio voluntarismo.

Tão certos estavam da vitória que não se prepararam minimamente para a hipótese do segundo turno. Surpreendidos, gastaram todos os recursos (públicos e privados) de uma vez só e deixaram a frustração transparecer no abatimento de quem terminou a primeira etapa com mais de 13 pontos na frente, o equivalente a cerca de 14 milhões de votos.

Pois agora com a situação beirando o empate - a estarem corretas as pesquisas - é que a candidatura governista precisaria de toda força: presença constante do presidente da República, apoios políticos esfuziantes, candidata serena administrando a vantagem de escolhida pelo presidente mais popular da história do Brasil, uma profusão de boas notícias.

No lugar disso, o que se tem?

Políticos contrariados com deslealdades do PT, petistas aborrecidos porque foram preteridos em favor de aliados, candidata de garras postas, fatos negativos e, pior de tudo, o encolhimento de Lula, criticado publicamente por seus aliados por ter exagerado na soberba na primeira etapa.

Não foi o único, e dos prudentes de última hora não se ouviu uma só palavra de reparo ao estilo presidencial apesar da quantidade de análises e alertas diários sobre as exacerbações de Lula. Quando se acreditava que iria dar certo, era aplaudido, temido, celebrado. Quando se viu que não deu, foi condenado.

E agora? Agora o PT se vê obrigado a improvisar diante da necessidade de consertar os excessos e a "economizar" aquele que é seu principal trunfo e razão única de Dilma ter tido 47 milhões de votos: o presidente Lula.

Talvez ele esteja sendo guardado para a reta finalíssima, mas se a curva se inverter nesse meio tempo será necessário recorrer aos préstimos do criador, já que a criatura sozinha não dá conta do recado.

Há um dilema no PT quanto a isso: usar Lula pode ser um risco por conta de todos os abusos da etapa inicial, mas não usá-lo, ou "economizá-lo" em excesso pode custar a eleição.

Ainda o seguinte aspecto: tivesse a história se resolvido no dia 3 Lula seria o autor de uma vitória espetacular; passando para o segundo turno será sócio fundador de um sucesso relativo ou de uma derrota inesperada.

Vaivém. Recapitulando as mudanças que o PT precisou improvisar para tentar segurar o eleitor: mudou o programa de governo; mudou o Plano Amazônia Sustentável, que fez Marina Silva deixar o Ministério do Meio Ambiente.

Mudou a posição de Dilma sobre a descriminalização do aborto; mudou a face macia da candidata; mudou o prazo para a conclusão do inquérito de Erenice Guerra, mudou a data da parada gay no Rio, para depois da eleição.

Se eleita, de início Dilma precisará responder pelo passivo.

Pé na tábua. Até hoje há quem atribua a derrota de Fernando Henrique Cardoso para Jânio Quadros na disputa pela Prefeitura de São Paulo, em 1985, à hesitação dele durante um debate para responder se acreditava ou não em Deus.

Este lembrete fala sobre falta de clareza de posições, não de religião.

MÍRIAM LEITÃO

Confusão profunda 
Miriam Leitão 

O Globo - 15/10/2010

A direção atual da Petrobras é meio lunática. A empresa perdeu quase US$ 100 bilhões de valor de mercado, está sendo mal avaliada em relatórios de bancos, é a única ação que perde do Ibovespa em um ano. Tem suas reservas em águas profundas, área em que no mundo inteiro estão sendo reavaliadas as normas de segurança. Em vez de tratar disso, o presidente da estatal entra na briga eleitoral.

Falta do que fazer não é.

Um bom gestor estaria tentando reverter problemas de imagens, aumentando a transparência da comunicação com o mercado, e divulgando ao mundo com que novos rigores está protegendo o país, a empresa, os acionistas e o meio ambiente dos riscos da exploração em águas profundas e ultraprofundas. No dia 22 de maio de 2008, o valor de mercado da Petrobras era US$ 309 bilhões. No mês passado, chegou a valer apenas US$ 146 bi. Ao ser capitalizada, principalmente com recursos da União, ela melhorou um pouco o desempenho, mas ontem estava cotada em US$ 214 bilhões. Segundo levantamento da Economática, a ação ON da Petrobras é a única entre 340 papéis do mercado brasileiro que perde em rentabilidade para o índice Ibovespa nos últimos 12 meses. E o segundo pior desempenho é da ação PN da Petrobras. Os bancos Itaú, Morgan Stanley, Barclays e UBS fizeram relatórios alertando sobre riscos e perda de valor de mercado da empresa. Alguns fizeram até indevidamente porque participaram do processo de capitalização.

Primeiro venderam, depois disseram que não era um bom negócio.

Em vez de pensar em tudo isso, José Sérgio Gabrielli decidiu subir ao palanque e brigar por um suposto futuro do pretérito: de que Fernando Henrique teria pensado em privatizar a Petrobrás há dez anos. Ele vem há anos repetindo que houve esse suposto risco, para justificar o comportamento inadequado de pôr uma companhia de capital aberto, com sócios privados e estrangeiros, à serviço de um partido.

O fato histórico é que o presidente Fernando Henrique não vendeu, não propôs a venda e ainda enviou uma carta ao Senado — que está lá nos arquivos da Casa — se comprometendo a não privatizála. A carta foi enviada quando em 1995 o PT levantou o mesmo fantasma, na época em que FHC mandou para o Congresso a lei que quebrou o monopólio. A Lei do Petróleo, como já é História, se transformou numa alavanca para a empresa. A Petrobras teve mais liberdade de preços, fez acordos com inúmeros parceiros internacionais, ganhou a maioria das áreas para exploração colocadas em licitação, e elevou em muito suas reservas.

Além disso, o país recebeu bilhões de investimentos de empresas que vieram para cá para pesquisar, produzir, empregar e pagar impostos.

Cheio de riscos reais para enfrentar, o presidente da Petrobras se preocupa com supostos riscos que teriam ficado — se fossem verdadeiros — no passado.

A Agência Internacional de Energia divulgou esta semana um levantamento que constatou mudanças nos procedimentos na indústria do petróleo em alto-mar. Vários países estão tornando as exigências de segurança maiores. Os Estados Unidos estão levantando a proibição da exploração no mar, mas a indústria já está com novos padrões.

Vários países estão adotando novas regras. A União Europeia está preparando um relatório; a Austrália, criando um novo órgão regulador; a Rússia quer que seja criado um Global Marine Environment Protection Initiative dentro do G-20; o México decidiu adiar projetos de exploração em águas profundas à espera da evolução; e a Noruega admitiu que há uma reação da opinião pública contrária à abertura das novas frentes.

No Brasil, houve a suspensão temporária das atividades da P-33 por motivos de segurança, mas depois de pressão dos trabalhadores e reportagens na imprensa às quais a empresa tentou inicialmente reagir.

Diante da tragédia ambiental do Golfo do México, a indústria de exploração de petróleo em alto-mar mudou.

Os seguros são mais caros, as exigências maiores, os riscos de dano à imagem de um desastre estão mais bem avaliados.

Uma empresa que tem suas reservas no mar, e que vai crescer a produção nas próximas décadas exatamente nessa área e em águas cada vez mais profundas, tem que se debruçar sobre isso de forma incansável.

Além de rever procedimentos tem que comunicar ao mercado, aos acionistas, contribuintes e consumidores que providências tomou, que procedimentos foram revistos, que garantia nos dá a todos de que a empresa está aprendendo com a tragédia do Golfo do México.

O que realmente deveria estar sendo discutido na campanha é que a mudança do atual sistema de concessões para o de partilha vai, entre outros problemas, concentrar mais ainda a receita nas mãos da União tirando dos estados. Só com a Participação Especial os estados recolheram este ano mais de R$ 5 bilhões. Esse dinheiro deixará de ir para eles porque a Participação Especial desaparecerá no novo sistema. Isso sem falar na briga federativa que o governo adiou para depois das eleições com a proposta de retirar royalties dos estados produtores. O sistema de partilha reduz a liberdade da Petrobras de decidir que investimentos fazer e além disso cria uma nova estatal.

Na estapafúrdia nota desta semana em que a Petrobras entrou abertamente na campanha eleitoral, há a afirmação que “no pré-sal o risco exploratório é mínimo.” Quem acha que o risco em qualquer etapa do processo de exploração de petróleo em alto-mar é mínimo deve ter tido alguma amnésia sobre o que acabou de acontecer com a BP no Golfo do México. Há muito a fazer na Petrobras. O que a empresa não deve fazer é se comportar como um braço de partido político.

ANCELMO GÓIS

'I'm sorry' 
Ancelmo Góis 

O Globo - 15/10/2010

A “The Economist”, que, apressadinha, deu semana passada uma capa sobre a “vitória” de Dilma no 1º turno, teve agora de publicar uma carta de um brasileiro chateado com o erro.

Diz René Mendes, de São Paulo, na carta à revistona britânica: “Nada está acabado até que acabe.

A abordagem da matéria (...) foi claramente tendenciosa.”

Aliás...

Deve ser terrível viver num país onde a imprensa comete erros assim. My God...

Manto sagrado

Veja como os tropeços do Flamengo afetam o caixa do clube mais querido do Brasil.

Em setembro de 2009, o Fla vendeu 130 mil camisas. No mesmo período deste ano, o número não passou de 15 mil.

Gil é Dilma

Gilberto Gil, que foi de Marina no 1º turno, gravou ontem declaração de apoio a Dilma.

Será exibida segunda naquele evento de intelectuais com a petista, no Teatro Oi Casa Grande, no Rio.

Calma, santa

Sabe aquela Igreja Cristã Contemporânea, que defende o casamento gay? Anunciou ontem a retirada de seu apoio a Dilma, depois que a petista se comprometeu com lideranças evangélicas a não apoiar o aborto e o casamento gay.

No mais

É como diz Ruy Castro: Para que intermediários? Edir Macedo para presidente.

Cofrinho do Márcio

Márcio Garcia enche o cofrinho para o Natal. Será diretor e garoto-propaganda da campanha de fim de ano da rede de lojas Leader, que entra no ar dia 3 de novembro.

O jingle também foi criado pela produtora de Márcio, a MGP

COMEÇA A SURGIR uma nova geração genuinamente tijucana de cutias, como mostra esta foto do coleguinha Marco Terranova. Mãe e filho passam bem. Oriundas do Campo de Santana, sete cutias (três fêmeas e quatro machos) foram levadas, em fevereiro, para a Floresta da Tijuca. Ao longo desse tempo, tiveram seus hábitos constantemente monitorados por uma equipe de biólogos. O projeto Reintrodução de Cutias na Floresta da Tijuca é tema de uma tese de mestrado em ecologia defendida pelo biólogo Bruno Cid, numa parceria entre UFRJ, Universidade Rural, prefeitura do Rio, Rio Zoo e Parque Nacional da Tijuca. Que sejam felizes

Baleia eleitoral

O bochechudo senador Heráclito Fortes, figuraça, derrotado na tentativa de reeleição no Piauí, começou a se despedir da Casa ontem com um discurso bem-humorado: — Hoje me sinto como aquelas baleias que se perdem na corrente marítima, ali em frente a Copacabana, e, como sabem que não retornarão mais ao mar, ficam fazendo aquele espetáculo para os banhistas!

Segue...

Heráclito continuou: — De forma que peço aos meus colegas que deixem eu dar meus mergulhos na tribuna desta Casa até o último momento.

Não é fofo?

Farda, fardão

Toma posse na Academia Brasileira de Letras segunda o mais novo imortal, embaixador Geraldo Holanda Cavalcanti

Descobriu o Rio

A MTV Brasil, cujo sotaque paulista é escancarado, vai abrir um estúdio de gravação no Rio.

Também será no Rio, dia 20, no Píer Mauá, a festa para 2.500 pessoas em que a emissora vai comemorar 20 anos de Brasil.

Porto maravilha

A baiana Propeg, que festeja 45 anos este mês, já procura um imóvel na Zona Portuária para abrir sua filial carioca.

‘Hair’

Uma farda original de um soldado que participou da Guerra do Vietnã será usada no espetáculo “Hair”, musical sobre os hippies dos anos 1960, que estreia em novembro no Rio.

O uniforme era do acervo de um colecionador.

Mudanças continuam

O chefe da Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, faz nos próximos dias mais 30 modificações em delegacias especializadas e distritais da capital e de Niterói.

O diretor Ney

Ney Matogrosso vai estrear como diretor de teatro.

O texto é baseado em dois contos de João do Rio. No palco, estará Marcus Alvisi, que também assina a adaptação. Estreia dia 12 no Sesc Copacabana.

Barraco cor

Um barraco entre a organização do Casa Cor, no Rio, e 40 pessoas barradas na porta, quarta, às 20h, acabou na polícia.

A produção dizia que, excepcionalmente, o encerramento seria às 20h. O pessoal, indignado, exibia o convite onde se lia o horário: “De 12h às 22h.”

CELSO MING

Políticas para os coroas 
Celso Ming 
O Estado de S.Paulo - 15/10/2010

O Brasil está envelhecendo mais rapidamente do que se esperava há alguns anos - verifica o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). E isso traz importantes consequências para as políticas públicas.

As mais recentes reflexões estão no Comunicado do Ipea n.º 64, intitulado Pnad 2009 - Primeiras Análises: Tendências Demográficas (você pode obter o documento no www.ipea.gov.br).

Os levantamentos do IBGE mostram que cresceu a quantidade de idosos que não só vivem por conta própria, como também sustentam os mais jovens. É a volta do garotão morando na casa da sogra.

Diz o trabalho do Ipea: "O aumento na proporção de idosos e, principalmente, de mulheres idosas chefes de família ou cônjuges e a redução na proporção de idosos vivendo na casa de filhos, genros, noras, irmãos ou outros parentes foi uma das mudanças importantes verificada no período 1992-2009."

Isso posto, vamos às conclusões do estudo. Lá está dito que é preciso repensar as políticas públicas, o que é bem mais do que simplesmente construir menos escolas e mais lares de velhinhos. A primeira dessas políticas tem a ver com a renda, para compensar a perda de capacidade de trabalho. A outra está relacionada com a saúde. As doenças degenerativas tendem a tomar corpo sobre as infecciosas e isso exige transferências de cuidados e investimentos em atendimento geriátrico.

É preciso ainda repensar as iniciativas ocupacionais. Em muitas empresas, os cinquentões são empurrados para fora. O arquiteto Oscar Niemeyer, do alto dos seus 102 anos, continua criando maravilhas. Se estivesse empregado numa dessas firmas modernas que adoram tesouradas, já teria sido demitido há anos. Ou seja, inúmeros preconceitos contra os coroas precisam ser desfeitos com esclarecimento e incentivo ao prolongamento dos períodos de atividade profissional.

Outra consequência está na Previdência Social. O Ipea havia se tornado a instituição que inventava e distribuía argumentos contra quaisquer reformas nesse campo. Agora, para alguma surpresa, seus técnicos acabam de advertir que o forte aumento da expectativa de vida e o prolongamento do tempo de pagamento de aposentadorias estão destruindo as bases atuariais em que se assentam os organismos do setor. A reviravolta das condições demográficas do Brasil está exigindo revisão da idade mínima de aposentadoria.

Há, no entanto, certo equívoco nessas reflexões que procuram empurrar tratamento de velho para quem ocupa o topo das pirâmides de distribuição de idade. As condições etárias do Brasil estão se transformando tão rapidamente que, entre as primeiras mudanças a serem providenciadas, talvez esteja a do próprio conceito de idoso que, pelo Estatuto (de 2003), é todo aquele que tem 60 anos ou mais. Pode ser equivocado dizer que há tantos idosos no País. É preciso perceber que as pessoas estão vivendo mais porque têm melhores condições não só de saúde, mas também de entendimento das questões da vida. Ou seja, tendem a permanecer sacudidas, fortes - e relativamente jovens - por mais tempo. Um sessentão hoje é bem mais moço do que o sessentão de 20 anos atrás. Ou seria esta apenas observação enviesada de sessentão?

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Petrobras faz parceria para etanol de bagaço de cana 
 Maria Cristina Frias 

Folha de S.Paulo - 15/10/2010

A Petrobras e a dinamarquesa Novozymes firmaram acordo de parceria para desenvolver uma rota para produção de biocombustíveis de segunda geração.
O objetivo é a produção de etanol a partir da ação de enzimas do bagaço de cana-de-açúcar. O acordo abrange o desenvolvimento de enzimas e de processos de produção de etanol celulósico.
A Petrobras confirmou a assinatura do contrato de parceria. A companhia nega tratar-se de uma nova rota, segundo afirmou por meio de sua assessoria.
"O acordo é para otimização de enzimas que a Petrobras já tem."
O Brasil é o maior produtor mundial de cana, com uma capacidade de extração de cerca de 600 milhões de toneladas por ano. Hoje, a produção de etanol é de cerca de 27 bilhões de litros.
A tecnologia de bagaço pode impulsionar a produção de etanol do país em cerca de 40%, sem aumento da cultura, segundo a Novozymes, que tem fábrica no Paraná.
A Petrobras realiza pesquisas de conversão de bagaço de cana-de-açúcar em etanol por meio de processos bioquímicos desde 2006.
A Novozymes, por sua vez, faz pesquisas com enzimas para tornar o processo economicamente viável. As enzimas quebram resíduos, como palha de milho e bagaço de cana, que são fermentados para fazer etanol.
"A Novozymes tem outros projetos no Brasil na área de química renovável, biogás e biodiesel, além de parcerias com empresas líderes nos EUA, China e Europa", disse Poul Andersen, diretor de bioenergia da companhia.

Emprego na construção cresce no interior de SP

Loteamentos, condomínios de alto padrão e empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida aqueceram o emprego na construção civil nas cidades grandes do interior do Estado de São Paulo nos últimos meses.
Em todo o Estado houve um saldo positivo de 6.841 contratações em agosto, alta de quase 1% ante julho, segundo o SindusCon-SP.
Nas cidades menores, de mercado ainda restrito e pouco atrativo para empresas do setor, o desempenho não foi tão satisfatório. Nos municípios próximos a Campinas, onde houve redução de 1.741 vagas, a queda foi de 2,2%. São José dos Campos teve baixa de 372 trabalhadores.
A cidade de Campinas, por outro lado, registrou desempenho acima da média. O emprego subiu 2,5% ante julho, com 474 novas vagas.
No país todo, o setor alcançou 2,8 milhões de postos com carteira assinada. Norte e Nordeste foram as regiões de maior elevação percentual. Com alta de 2,60%, o Norte contratou 4.361 trabalhadores, seguido por Nordeste, com 14.578 (2,57%).

NOVOS DESTINOS
A colombiana Avianca anuncia novos projetos para ganhar espaço no mercado corporativo e na classe C.
Segundo seu presidente, José Efromovich, para atrair o setor corporativo a empresa investe em novos aviões. Para a classe C, programa especial de parcelamento.
A empresa anunciará a operação de sua primeira rota para outro país, a partir de novembro, em voo diário, o que sinaliza o plano de avanço internacional.
"O Brasil tem hoje apenas duas empresas que voam para fora com participação relevante", diz Efromovich, que em breve deve começar a solicitar outros voos internacionais diretos para além da América Latina.
A empresa trouxe neste ano três novos Airbus-A319 para sua frota. Mais um deve chegar nos próximos meses. Antes do fim do ano será definido o número de novos aviões para 2011, que pode variar de 5 a 9.
A empresa também vai lançar o cartão de crédito Avianca/ Panamericano, que oferece pagamento de passagens aéreas em até dez parcelas e troca de pontos por viagens em voos da companhia no Brasil.
O anúncio acontece na esteira das concorrentes, que têm apresentado novos canais de vendas ligados a grandes cadeias varejistas para atrair a classe média ascendente.
A empresa passou por mudanças no Brasil recentemente, como a alteração do nome da OceanAir, rebatizada de Avianca Brasil.

Fusões e aquisições crescem 28% no ano, diz consultoria

As transações de fusões e aquisições no Brasil bateram recorde no acumulado deste ano até setembro.
O número de operações cresceu 28% no período, totalizando 564 transações, segundo levantamento da PricewaterhouseCoopers.
"Até o final deste ano, o Brasil atingirá cerca de 800 operações de fusões e aquisições, superando o recorde anterior, de 721 transações em 2007", diz Alexandre Pierantoni, sócio da área de fusões e aquisições da Price.
O mercado brasileiro tem hoje boas oportunidades de negócios por ser ainda pulverizado em vários setores, de acordo com o sócio.
Os setores de TI, alimentos e mineração são os destaques nas transações deste ano. Os três representam aproximadamente 30% do total de operações.
As empresas brasileiras têm apresentado ativa participação como compradoras no mercado internacional, segundo a PwC.
A participação do capital nacional esteve presente em 61% das transações de compra de participação, seja controladora ou minoritária.
A presença dos fundos de "private equity" nos negócios no mercado brasileiro cresceu para 43% neste ano, com investimento nos setores de saúde, hotelaria, TI, alimentos e imobiliário.
"Há cinco anos, os fundos representavam apenas 10% das transações", diz.

Tênis de... Marcas brasileiras e internacionais, como Nike, Alpargatas, Adidas, Cambuci, entre outras, anunciam hoje uma coalizão para discutir questões ligadas a taxações de artigos esportivos que consideram abusivas.

...alta performance O movimento quer demonstrar que o calçado esportivo de alta performance não tem concorrente de fabricação nacional e está na mesma alíquota dos sapatos de baixo custo vindos de outros países.

Receita O patrimônio da Ideal Invest, responsável pelo crédito universitário Pravaler, saltou 225%, de R$ 24 milhões para R$ 78 milhões no primeiro semestre deste ano ante mesmo período de 2009. A alta reflete a entrada do International Financial Corporation como acionista e o aporte adicional de investidores.

À francesa A FGV-EAESP firmou parceria nas áreas de administração e engenharia com a Ècole de Mines (de engenharia) e com Telecom ParisTech, ambas na França, para intercâmbio de alunos.

JOSÉ SIMÃO

Chile! Me tira do buraco!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 15/10/10


E aquele mineiro que foi recebido pela amante? Se a amante tem aquela cara, imagine a mulher! Rarará!



BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Tô exausto! De tanto ver tirar mineiro debaixo da terra! Manchete Bomba: "Mineiro endividado migra pro Chile pra tentar sair do buraco!". Chile! Me tira do buraco! E começou a esculhambação! Tão dizendo que a cápsula é o supositório da Mulher Melancia! E o resgate teve o patrocínio do Viagra. A emoção de subir. Rarará!
E aquele mineiro que foi recebido pela amante? Se a amante tem aquela cara, imagine a mulher! E os mineiros saindo todos arrumados, pulando, cabelo cortado, banho tomado. Parece produção da Globo! Eu acho que esse resgate foi no Projac! Como disse um amigo: "Fico bem pior saindo do metrô às 18h!".
E devia ter tido transmissão do Galvão Urubueno: "Vai que é sua Fênix 2! Ééééé do Chiiiiiiiileeeee!". É, amigo, o buraco é mais embaixo!
E, para resgatar a Dilma, eles iam ter de usar o barril do "Chaves"! E o Serra não ia querer sair da cápsula. "Me deixem aqui, NA CRIPTA! Eu não quero ver o sol!" Rarará!
E na festa de comemoração teve até palhaço. A cara do Tiririca. Tiririca no Chile. Aliás, o Tiririca deu uma entrevista pro jornal "Imperatriz", em Itapipoca, Ceará. "Tiririca, por que você não se candidatou pelo Ceará, sua terra natal?" "Porque aqui não tem abestado." Chuuuupa, São Paulo.
E diz que o único mineiro que não foi resgatado foi o Atlético Mineiro. Lamento informar, mas esse ficou no buraco. Nem a cápsula salva.
Aliás, outro que está no buraco: o Timão! Eu acho que o Corinthians vai contratar a Fênix 2 para técnico! O Ronalducho vai entalar na cápsula! Rarará! Olha, só faltou sair o Hélio Costa daquele buraco. Rarará!
Diz que o Serra ficou todo animado quando soube que ia contar com mais 33 mineiros pro segundo turno. E o boliviano que deu uma banana pro Evo Morales? O Evo ofereceu casa e emprego, mas ele preferiu ficar no Chile. Claro, o cara agora virou celebridade. Vai querer trabalhar na Bolívia? Oras!
E a charge mais sacana sobre o resgate é a do JNoreto. Um cara assistindo ao resgate pela televisão: "Vou ficar acordado assistindo ao resgate porque são chilenos. Se fossem argentinos, eu já teria ido dormir". Rarará!
E um amigo meu tá querendo virar assessor de imprensa dos mineiros! Ia ganhar uma grana. Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Azul e verde
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 15/10/10
 
O esperado anúncio da neutralidade de Marina Silva e a iminência da liberação, pelo PV, do caminho a ser seguido por seus diretórios estaduais levaram um grupo capitaneado por Fernando Gabeira (RJ) e Fábio Feldmann (SP) a marcar para segunda-feira um ato público em São Paulo no qual será referendado apoio de parte dos verdes a José Serra. O argumento a justificar o acordo é a observância dos dez pontos programáticos apresentados pelo partido e a promessa de cooperação tucana no embate que se avizinha no Congresso em torno da votação Código Florestal. Os ‘marineiros’ pró-Serra dizem reunir 70% do PV. 
Cabeleira - Por causa do longo e grisalho rabo de cavalo, o presidente do PV, José Luiz Penna, ganhou dos ‘marineiros’ o apelido de ‘avô do Derico’, referência ao mais famoso membro do sexteto musical que acompanha o ‘Programa do Jô’. 
Consultoria - Foi Aloizio Mercadante quem instruiu Dilma Rousseff para o debate da Band sobre temas relacionados ao governo de São Paulo. O candidato derrotado também estimulou a petista a explorar desavenças entre os grupos tucanos de Serra e de Geraldo Alckmin. 
Em vão - O PSDB não vê futuro na tentativa de Dilma de levar a ‘pauta paulista’ à propaganda de TV. Alega que esses temas reverberam pouco em outras regiões. 
Cassetete 1 - Célebre por convocar um movimento para ‘quebrar a espinha da candidatura do Serra’ no auge da greve dos professores, em abril, a sindicalista Izabel Noronha será uma das atrações do evento, hoje, em que Dilma detalhará seu plano para a educação. 
Cassetete 2 - Bebel, como é conhecida, espera ajudar o PT na desconstrução do candidato. ‘Do Serra, sim, eu tenho medo. Tratou professores com violência. Será assim se for presidente?’ 
Doador universal - Com a batalha do segundo turno mais dura do que se imaginava, a campanha de Dilma amplia a rede de colaboradores. Paulo Okamotto, amigo do peito de Lula e presidente do Sebrae, foi chamado a opinar sobre produção e distribuição de material. 
A postos - Diante das críticas ao desempenho do guru Marcelo Branco, coordenadores de internet nos Estados onde as disputas se resolveram no primeiro turno estão sendo instados a continuar trabalhando por Dilma.
Formiguinha - Referendado o acordo nacional com o PP, a cúpula petista deseja agora que o partido reconquiste seus dissidentes do Paraná e de Minas, que estão fechados com os tucanos. 
Zona de risco - O PMDB, que chegou a identificar no segundo turno uma chance de ganhar espaço na campanha, está inquieto com os resultados das pesquisas mais recentes. A decisão de ontem da seção gaúcha do partido, de liberar os filiados com recomendação de apoio a Serra, foi recebida com preocupação pelo QG dilmista. 
Calado - O silêncio de Ciro Gomes (PSB) em relação a Serra impressiona aliados. Alguns esperavam que, guindado à coordenação da campanha, ele comandaria a artilharia contra o tucano. 
Tiroteio
Lula se dedicou com tanto ódio à campanha para derrotar os adversários que vai acabar derrotando a sua criatura. 
DO DEPUTADO JOÃO ALMEIDA (PSDB-BA), sobre comentários demeritórios do presidente acerca do desempenho da oposição em alguns Estados, no momento em que diminui a diferença entre Dilma Rousseff e José Serra nas pesquisas. 
Contraponto
Cada um no seu lugar 
Após participar de missa no santuário de Aparecida, Dilma Rousseff concedia entrevista coletiva num auditório no subsolo da basílica. Antes de se dirigir à candidata, cada jornalista inscrito era devidamente posicionado e anunciado por uma funcionária do local. 
A certa altura, a cerimonialista interrompeu um repórter, que se prolongava na réplica, para passar a palavra ao seguinte. De olho na cena, Dilma, que recentemente dispensou o púlpito atrás do qual dava entrevistas a uma distância segura dos jornalistas, notou: 
- O bom aqui é que tem disciplina! Gostei de ver...

LUIZ GARCIA

Caixinha de surpresas 
Luiz Garcia
O GLOBO - 15/10/10

O segundo turno é uma segunda chance. Primeiro, claro para os candidatos. Não basta a nenhum dos dois repetir estilo e estratégias da primeira votação. A chave do sucesso, agora, está na sua capacidade de conquistar eleitores que não quiseram votar neles na primeira vez. Naturalmente, sem fazer nada que afaste os que votaram. Simples de dizer, complicado de fazer.
Se o dever de casa de ambos fosse conquistar a adesão de eleitores indecisos de primeira viagem, pode-se imaginar que bastaria repetir a estratégia do primeiro turno. Mas não se trata disso. A missão é atrair o pessoal que preferia Marina Silva na Presidência da República. Se ela estivesse disposta a aderir a um dos dois, a eleição estaria praticamente resolvida.
Com uma grossa fatia dos votos dela, Dilma ou Serra estariam com a eleição no papo.
Mas a terceira colocada não parece disposta a fazer isso: ela quer mais e não menos eleitores no futuro.
Naturalmente, ela não fez o erro crasso de recomendar abstenção, e os votos dados que teve irão para Serra ou Dilma - e ninguém sabe que tamanho terá a fatia que cada um receberá. Nem se tem ideia do índice de abstenção espontânea.
Possivelmente, alguma coisa maior do que o do primeiro turno.
Marina à parte, há duas outras novidades no segundo turno. Pelo debate de domingo, ambos os candidatos estão dispostos a elevar o tom e baixar o nível de suas campanhas. É uma estratégia com igual número de vantagens e riscos. Tenho leve desconfiança de que a estratégia mais entusiasma o eleitor já conquistado do que atrai aquele que não quis votar em Dilma ou Serra na primeira vez.
A outra diferença está em que desta vez não há eleições estaduais. É claro que os novos governadores, senadores e deputados estarão presentes na campanha.
Mas é meio complicado prever até que ponto a ausência do seu interesse direto e pessoal na votação influirá no interesse - ou desinteresse - do eleitor dos cafundós do Brasil pelo segundo turno.
Para usar uma expressão inteiramente original, diríamos que o turno final da festa eleitoral é, anotem minhas palavras, uma caixinha de surpresas.
A única caixinha que deveria existir numa campanha eleitoral, mas isso já é outra conversa.

ILIMAR FRANCO

O novo Aécio
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 15/10/10


Ao contrário das eleições de 2002 e 2006, o exgovernador Aécio Neves está empenhado agora em tentar dar a vitória para José Serra em Minas Gerais. Um interlocutor explica que antes "ele tinha a opção de cruzar os braços porque seria governador"; mas agora, se o PT vencer, será apenas um "senadorzinho" de oposição. Aécio precisa se credenciar para ser candidato em 2014 e, no caso de vitória do PSDB, para ter um lugar ao sol.

Tucanos assustados em Goiás

A insegurança tomou conta dos aliados do tucano Marconi Perillo, candidato ao governo de Goiás.
Ele foi o mais votado no primeiro turno. Mas a CEF acaba de assinar um acordo com o governador Alcides Rodrigues (PP), que apoia Iris Rezende (PMDB), para sanear a companhia de energia estadual (Celg). A negociação prevê um aporte de recursos de R$ 700 milhões para ser repassados a municípios a título de pagamento de ICMS que não foi recolhido pela Celg. Marconi agora teme que o governador use esse instrumento para pressionar prefeitos do interior do estado a mudarem de posição e entrarem na campanha de Iris.

"Fui revelar nossa cristandade" - Michel Temer, presidente da Câmara (PMDB-SP) e vice na chapa de Dilma Rousseff (PT), sobre visita à sede da CNBB

NAS CORDAS. Terminado o primeiro turno com a expressiva votação de Marina Silva, o ex-ministro Carlos Minc achou que era chegada a hora e a vez de a ecologia entrar na pauta da sucessão presidencial. Ele está irado com o rumo do debate: "Os conservadores não estão com essa bola toda, mas emparedaram a Dilma e o Serra. Parece que a disputa é sobre quem é mais conservador ou quem é mais contra os direitos das mulheres."

Redução de danos

Os deputados federais Chico Alencar (RJ) e Ivan Valente (SP) vão defender hoje, na reunião da Executiva Nacional do PSOL, o "voto crítico" em Dilma Rousseff (PT). O partido está dividido entre o apoio à petista e a neutralidade.

A missão

O presidente do PT, José Eduardo Dutra, e o ministro licenciado Alexandre Padilha foram despachados para Minas Gerais. A tarefa: tentar convencer o deputado Patrus Ananias e o exprefeito Fernando Pimentel a trabalharem juntos.

O apoio do PP e os votos do Sul

O PP do Sul do Brasil está se inclinando pela candidatura do tucano José Serra. Esta é a posição do casal Amin (SC) e da senadora eleita Ana Amélia (RS). O almoço de ontem, entre Dilma Rousseff, o presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), o ministro Marcio Fortes (Cidades) e parlamentares foi uma ação para garantir o apoio do PP no restante do país e dar cobertura aos dilmistas isolados do Sul.

Bancada de herdeiros

Em sete estados, os campeões de voto para deputado são parentes de líderes políticos. Renan Filho (PMDB-AL), de Renan Calheiros; ACM Neto (DEMBA), de ACM; Dona Iris (PMDB-GO) é mulher do prefeito Iris Rezende; Rodrigo de Castro (PSDB-MG) é filho de Danilo de Castro; Ana Arraes (PSB-PE) é mãe do governador Eduardo Campos; Teresa Jucá (PMDB-RR) é mulher do líder do governo, Romero Jucá; e Valadares Filho (PSB-SE) é filho do senador Valadares.

O PMDB gaúcho aprovou por ampla maioria o indicativo de voto em José Serra. Dilma Rousseff terá apenas cerca de 15% dos peemedebistas locais.

ESTREMECIDAS as relações do deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) com o prefeito de Salvador, João Henrique (PMDB). Geddel não perdoa o fato de ter sido abandonado pelo prefeito na eleição para o governo estadual.

A CANDIDATA ao governo do Distrito Federal Weslian Roriz (PSC) está prometendo criar o Bolsa Remédio.

ILIMAR FRANCO com Fernanda Krakovics, sucursais e correspondentes

ALMIR PAZZIANOTTO PINTO


Soberania popular - o fenômeno Tiririca

Almir Pazzianotto Pinto 
O Estado de S.Paulo - 15/10/10


"Nação de analfabetos, governo de analfabetos"

Rui Barbosa


O primeiro turno das eleições deste ano deu sequência à construção do arcabouço democrático, que não se materializa apenas na eloquência da Constituição da República. Mais de 130 milhões compareceram às urnas para exercerem o direito de escolha entre os candidatos. As ocorrências policiais estiveram dentro de limites razoáveis, indicando que compra aberta de votos, brutalidade e intolerância estão em via de pertencer ao passado, graças, sobretudo, à vigilância da Justiça.

A Lei Maior prescreve, no artigo 14, que a "soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com igual valor para todos, e nos termos da lei..." São eleitores obrigatórios, conforme o dispositivo seguinte, os maiores de 18 anos e facultativos os analfabetos, as pessoas acima de 70 anos e de 16 até completarem os 18. O dispositivo encerra regra áurea do Estado democrático, que se assenta na autoridade suprema do povo para designar aqueles que, no Executivo e no Legislativo, tomarão decisões em seu nome.

Duas questões controvertidas permanecem em pauta: o debate judicial sobre os chamados fichas-sujas e o caso do humorista Tiririca. Aqueles que têm vida pública manchada por condenação criminal, mas se viram reprovados pelos eleitores, deixaram de ser problema. Quanto aos eleitos, há que aguardar o julgamento do Supremo Tribunal Federal. Espera-se que o Supremo decida logo, e em benefício da ética, com o expurgo de candidatos cujo passado está comprometido por delitos contra o erário ou abuso de poder econômico. É vício antigo a compra e venda de votos. Não bastassem os demagogos e populistas, temos a desgraça de sofrer com os corruptos, que se elegem para transformar os Poderes Executivo e Legislativo em casas de comércio - ou, para ser mais exato, em antros de prostituição.

Nesse cenário, o caso Tiririca mostra-se irrelevante. Afinal, o capital político representado por 1.353.331 votos não pode ser subestimado, ou subtraído, sem grave injúria à soberania popular, tal como se encontra garantida no artigo 14. A prerrogativa da escolha, entre nomes listados pelos partidos políticos, deve permanecer acima de secundária questão ligada à alfabetização de representante da última das camadas sociais.

Ademais, não lhe bastasse a caudalosa votação, em nome da isonomia de tratamento, vereadores, prefeitos, deputados estaduais, deputados federais, senadores e suplentes, governadores e vices e presidente da República deveriam ser submetidos a prova semelhante àquela que se pretende impor ao cidadão Francisco Everardo Oliveira Silva. Desconfiou-se de que ele talvez não saiba ler e escrever corretamente, mas só depois de concluída a apuração.

Alguém duvida de que numerosos políticos espalhados por 5.564 municípios, 27 Assembleias Legislativas, Câmara Distrital de Brasília, Câmara dos Deputados e Senado sejam analfabetos, semianalfabetos ou, o que me parece mais grave, venais e corruptos?

Nas remotas localidades do interior exige-se o bacharelado para representação da comunidade? Os Tiriricas são fruto da desigualdade econômica, da falência do sistema de educação e do baixo nível de determinados programas de televisão. Como existem, e em considerável número, creio ser justo que alguns integrem o Congresso Nacional, para darem testemunho juramentado da crise que assola o Legislativo e do fracasso da Lei Eleitoral, vulnerável às manobras de partidos inescrupulosos que se valem de baixos expedientes para a conquista de votos que lhes garantam cadeiras no Parlamento. Afinal, indago, se o caso Tiririca desperta tanto interesse, o que dizer dos suplentes em exercício no Senado, sem haverem recebido um único e solitário voto?

O artigo 17 da Constituição, desacompanhado da cláusula de barreira, estimula a criação de minúsculas legendas que tentarão sobreviver à custa de candidatos iletrados, mas capazes de atrair a atenção das massas.

A enganosa propaganda eleitoral gratuita demonstrou que Tiririca não é caso único de abestalhado, ou abestado. Como em eleições anteriores, apresentaram-se candidatos e candidatas de todos os tipos e gostos. Desde os reconhecidamente sérios até os confessadamente avacalhados. As mensagens divulgadas pela televisão e pelo rádio atropelavam-se, mais para confundir do que para esclarecer. Partidos de direita e centro-esquerda tentavam seduzir com promessas idênticas. As legendas extremistas imaginavam que angariariam votos propondo o fim da democracia, a extinção da propriedade privada, a eliminação da classe empresarial e a implantação da ditadura. Foram fragorosamente derrotadas.

A cada eleição, nova lição. Ensinou este pleito que a legislação eleitoral é indispensável, mas não suficiente. O exercício da soberania popular por meio do sufrágio universal, e pelo voto direto e secreto, de igual valor para todos, como está na Lei Constitucional, exige que o eleitorado tenha consciência da responsabilidade que sobre ele recai na designação daqueles que vão decidir em matérias de relevante interesse para a Nação.

A partir da semana passada teve início nova eleição. De José Serra, que milagrosamente foi beneficiado com a derradeira chance de se eleger presidente, espera-se definição convincente de projeto de governo. De Dilma Rousseff, a demonstração de que não é teleguiada ou terceirizada, mas está apta a caminhar com as próprias pernas. Ao povo, no exercício da soberania política, cabe a responsabilidade da melhor escolha, pois, afinal, nova oportunidade só dentro de quatro anos.

ADVOGADO, FOI MINISTRO DO TRABALHO E PRESIDENTE DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO (TST) 

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Abrão... o guardião
Sonia Racy 
O Estado de S.Paulo - 15/10/10

O pedido de indenização de Dilma Rousseff feito em 2002 à Comissão de Anistia está hoje na mesa do presidente da comissão, Paulo Abrão. O que foi fazer lá visto que o processo havia sido suspenso em 2007? Segundo a assessoria do Ministério da Justiça, migrou por uma questão de segurança. O argumento é de que pelo setor, onde ficam os documentos destinados à análise para concessão de anistia, passam mais de 100 pessoas por dia. E assim pode haver... vazamento.

A papelada foi deslocada em fevereiro, pouco antes da então ministra se desincompatibilizar para concorrer à Presidência. O arquivo detalha a vida de Dilma durante o período militar e reivindica reparos econômicos pelo período em que foi perseguida.

Quanto ela pede? O ministério não soube informar.

Todo vapor

Incansável, Tomie Ohtake trabalha há 15 meses para expor, em novembro, mais de 20 obras no Instituto Tomie Ohtake. Na semana em que a artista completa 97 anos.

220 volts

Mesmo sem incentivo fiscal, o carro elétrico promete gerar boa briga entre as montadoras nos próximos meses. A Mitsubishi apresenta a Lula, dia 20, em Brasília, o protótipo que pretende fabricar no Brasil. A Ford, por sua vez, se mexe para importar o Fusion Hybrido, modelo que roda com combustível e eletricidade. A GM ainda não tem data para trazer o Volt, que começa a vender nos EUA. Já Fiat, desenvolve projeto experimental com Itaipu.

Não e não

Não há dívidas do primeiro turno, segundo José Henrique Reis Lobo. "Os orçamentos e pagamentos de despesas foram feitos prevendo dois turnos. E a eleição não terminou", ponderou ontem.

O coordenador da campanha de Serra avisa que só se poderá falar em dívida se, ao final do segundo turno, a arrecadação não cobrir os compromissos nos prazos combinados.

Contra o tempo

Sem ter conseguido aprovar, até hoje, a prestação de contas da campanha presidencial de 2006, Alckmin precisa agora fechar o balanço destas eleições. Até o dia 2, como determina o TRE para candidatos que se elegeram no primeiro turno.

Nota só

E a revista The Economist saiu, ontem, pela segunda vez, apostando suas fichas em Dilma.

A favor da solução

Em manifesto sobre aborto, Rosângela Talib, da ONG Católicas pelo Direito de Decidir, defende que os candidatos à Presidência deixem o "viés moral e religioso da discussão" e apresentem propostas de política pública.

E justifica: "A favor da vida, todos somos. Principalmente das mulheres que perdem as suas fazendo abortos ilegais. Nenhuma mulher faz aborto porque quer".

Menos ruim?

O mercado financeiro não gosta de Serra. Mas pelo jeito, gosta ainda menos de Dilma. Foram só as pesquisas melhorarem para o tucano que as ações da Petrobrás começaram a subir esta semana.

Plim Plim

Bruno Barreto começa a filmar, dia 25, sua primeira série para TV brasileira - mais precisamente para a TV Globo.

O diretor, que já trabalhou em 1994 para TNT americana, programou a dramatização de quatro músicas de Chico Buarque divididas em quatro capítulos diferentes.

Plim Plim 2

Tadeu Jugle será responsável pela direção de Construção e Roberto Talma por Mil Perdões. Barreto trabalhará com um mix de duas canções: Folhetim e As Vitrines.

Sai, Satanás

E em tempos de reza brava, o arcebispo militar Dom Osvino Both benzeu, quarta, Murilo Barboza, da Infraero, em seu escritório na nova sede da estatal. Medo da privatização?

Caninos

Fãs da saga vampiresca Crepúsculo, se preparem. Parte do próximo longa será filmado no Rio, com produtora carioca. Juram que não convidarão Serra.



Na frente

Fernando Moreira Salles lança o livro de poemas A Chave do Mar. Terça, na Cultura do Conjunto Nacional.

Eliane Gamal recebe Michelle Rondelli, da Jakob Schlaepfer, para bate papo sobre design e tecnologia em tecidos. Hoje, na Safira Sedas.

Depois de turnê pelos EUA, o Quarteto de Cordas de SP estreia agora em Damasco, Síria.

Glaucia Nahsser lançou este mês o CD Vambora.

Não, não foi loira meiga que perguntou na academia Cia. Atlética. "Nossa, que será que esses mineiros foram fazer em buraco no Chile?". 

WASHINGTON NOVAES

Não é só o aborto, a vida está em volta
Washington Novaes 
O Estado de S.Paulo 15/10/10


Parece pouco realista a discussão que corre em boa parte da comunicação e na internet baseada no pressuposto de que as posições dos dois candidatos à Presidência da República a respeito do aborto - e suas repercussões nas áreas de eleitores evangélicos e católicos - serão o fator determinante para a transferência, no segundo turno, de votos dos que escolheram a terceira candidata, Marina Silva, no primeiro turno. Também parece pouco fundamentada a visão dos que se surpreenderam com o volume de votos obtido no primeiro turno por uma candidatura "ambientalista".

São visões que minimizam a importância que boa parte do eleitorado e da sociedade já confere às questões vistas por esse ângulo. E que já estavam patentes há algum tempo, pelo menos desde a reunião da Convenção do Clima em Copenhague, em dezembro. Importância que levou à capital dinamarquesa, para mostrar sua fidelidade às soluções ambientais, os três candidatos à Presidência, que ali fizeram pronunciamentos enfáticos sobre a gravidade dos eventos e as posições assumidas pelo governo brasileiro. Tudo tão claro que levou o autor destas linhas a escrever neste espaço, em 18 de dezembro: "O Brasil não será o mesmo após esta reunião, qualquer que seja o desfecho. Mudanças climáticas e meio ambiente tenderão a deslocar-se para o centro do palco, principalmente na campanha eleitoral."

Quem acompanhava o noticiário de Copenhague não tinha como fugir a essa conclusão. Anunciava-se ali que em 2008 as mudanças climáticas haviam deixado 200 milhões de vítimas no mundo e mais de 200 mil mortos. Dizia a Agência Internacional de Energia (AIE) que seriam necessários investimentos de US$ 10,5 trilhões para substituir combustíveis fósseis e mais US$ 26,5 trilhões em novas tecnologias de energias renováveis. Mas qualquer acordo continuava difícil, com a Índia, que já emitia 4 bilhões de toneladas anuais de carbono, lembrando que precisava prover de energia mais 400 milhões de pessoas e praticamente só dispunha de carvão para isso. Além do mais, suas emissões de poluentes, de 1,27 tonelada média anual por habitante, correspondiam a pouco mais de 25% da emissão média por habitante no mundo (4,82 toneladas; no Brasil, entre 10 e 11 toneladas/ano). A China fazia coro: precisava urbanizar mais 100 milhões de pessoas sem energia; não podia prescindir do carvão; suas emissões, já as mais volumosas do mundo, poderiam duplicar até 2050. Contra-argumentava a AIE que no ritmo e nos formatos de então (que ainda não mudaram) as emissões aumentariam mais de 40% até 2030, já que o aumento da demanda por energia no período seria de 76%."A criação está ameaçada", proclamava o papa Bento XVI.

Quem leu a edição de terça-feira (12/10) deste jornal - quando estas linhas estavam sendo escritas - terá visto o quanto essas questões são importantes neste momento no País e exigem, de governantes e candidatos, visões e atos consequentes com esse panorama. As expectativas da safra agrícola de 2010-2011 estão ameaçadas de séria redução em consequência de problemas climáticos, que se traduzirão em secas intensas na Região Sul e chuvas excepcionais no Nordeste e Norte - diz o editorial econômico do dia (B2). Às vésperas do início da reunião da Convenção da Diversidade Biológica, no Japão, a biodiversidade brasileira, a mais rica do planeta, continua a ser uma "desconhecida" para nossa administração pública - quando deveria ser uma das bases do futuro, já que dela poderão vir novos medicamentos, novos alimentos, novos materiais para substituir os que se esgotarem.

Caso muito grave apontado é o dos recursos marinhos, em que os próprios documentos oficiais (Revizee) mostram que 80% das espécies pescadas comercialmente estão sobrexploradas ou no limite - no momento em que o Ministério da Pesca anuncia que vai multiplicar por dez o volume pescado. "A gestão pesqueira no Brasil está um caos", disse o pesquisador José Angel Perez, da Universidade do Vale do Itajaí. E não há perspectiva próxima de que o quadro se altere, seja nas condições de clima e sobreúso de recursos, seja na capacidade de o Brasil investir adequadamente em ciência e tecnologia voltadas para essa área, principalmente da biodiversidade.

É evidente que diante de um quadro de tal gravidade - com os relatórios internacionais ainda dizendo que as emissões de poluentes nos próximos dez anos ultrapassarão em mais de 30% os limites máximos recomendados - a sociedade brasileira, em sua maioria, está preocupada, desejosa de saber o que os candidatos à Presidência propõem para essas e muitas outras questões. Como a de nossa matriz energética: vamos seguir o que dizem os cientistas, implantando programas de conservação e eficiência energética e impedindo perdas brutais nas linhas de transmissão? Ou vamos insistir em projetos "vergonhosos" (com têm dito especialistas) de mega-hidrelétricas na Amazônia e na instalação de usinas termoelétricas, altamente poluidoras? Vamos levar a sério o complicado problema das emissões de metano por nosso rebanho bovino? Vamos encarar o dramático problema do transporte nas grandes cidades, de sua poluição, do desperdício de horas de vida e de trabalho?

Tudo isso tem de vir à mesa - juntamente com as questões da "guerra fiscal" e da reforma tributária, de uma reforma de Previdência que olhe de frente a questão (sem tentar pôr a culpa onde ela não está); e também com as aflitivas questões do trabalho e da distribuição da renda -, ainda mais agora, com o estudo do Ipea (Estado, 12/10) a mostrar que a taxa de desemprego dos 20% mais pobres da população subiu de 20,7% para 26,27%, enquanto o desemprego total caiu de 11,4% para 6,7% (e isso tudo tem que ver com os problemas da educação e qualificação da mão de obra).

É preciso mudar a visão eleitoral: as preocupações do País são muito mais amplas e complexas do que querem fazer crer muitos diagnósticos.

RUY CASTRO

Conversões tardias 
Ruy Castro
FOLHA DE SÃO PAULO - 15/10/10

Ao acompanhar a súbita conversão de Dilma Rousseff e José Serra à vida espiritual – visitam igrejas, não perdem uma romaria, “postam” fotos de sua primeira comunhão e usam o Santo Nome com um à vontade que faria inveja ao próprio Cristo –, confesso que já me sinto condenado às labaredas quando passar desta para melhor.
Ao contrário de Dilma e Serra, que têm o que mostrar, eu não poderia reconstruir um passado tão pio. Meu pai, como maçom, era bastante anticlerical. Donde nunca fiz a primeira comunhão, nem as comunhões seguintes, e as únicas missas a que já assisti foram as de sétimo dia – coisa que, aliás, nos últimos anos, tenho feito mais do que gostaria. No colégio, era dispensado da aula de religião.
Da mesma forma, nunca assisti a cultos evangélicos, a não ser em filmes americanos tipo “Entre Deus e o Pecado” ou “Imitação da Vida”. É verdade que, às vezes, tenho de escutar a pregação dos pastores porque, com o sistema de amplificação de seus templos, eles se fazem ouvir a quarteirões de distância. Também nunca fui a uma sessão espírita e, para que não se diga que minha ignorância se limita às religiões convencionais, acrescento que o mais perto que já cheguei do candomblé foi num Réveillon carioca dos anos 60, quando Copacabana só atraía alguns milhares de pessoas, não milhões.
Esse distanciamento da religião e da divindade não me tornou melhor do que ninguém, embora deva ter me poupado de algumas culpas e expiações. Mas não me eximiu de responsabilidades, como a de tentar não fazer mal a ninguém e, se possível, fazer o bem. E gosto de saber que não sou de mentir mais do que o aceitável – o que, para mim, é fácil, já que não sou político.
Dilma e Serra devem ser tão religiosos quanto eu. Mas talvez eu peque menos, porque não preciso copidescar minha biografia.

VINICIUS TORRES FREIRE

Real, dólar, kiwi e Serra
VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SÃO PAULO - 15/10/10


Governo pensa em nova intervenção no câmbio; mercado faz mistura doida de eleição com taxa de juro



SIM, O GOVERNO pode tirar da sua caixa de ferramentas cambiais medidas que encareçam o custo e aumentem o risco de fazer negócios com dólar na BM&F. Isto é, entre outras coisas, cogita dar um jeito de aumentar a "margem" de garantia para operações de câmbio na Bolsa (grosso modo, um depósito variável e proporcional ao valor de base do negócio em questão).
Gentes do governo (Banco Central incluído) dizem que não têm a menor ideia de quando tal medida seria tomada. Tal mudança "não funciona sozinha". Seria acompanhada de "outras". Quais? Silêncio.
Enfatizam que "medidas adicionais" seriam tomadas depois de "uma avaliação completa" do efeito do aumento do imposto sobre aplicações financeiras de não residentes ("estrangeiros"), o incremento da alíquota do IOF de 2% para 4%.
Segundo outros integrantes do governo, menos amigos de intervenções, tal avaliação dificilmente ocorreria antes de "eventos importantes": a reunião do banco central dos EUA, o Fed, no início de novembro, e a reunião dos países do G20, nos dias 11 e 12 na Coreia do Sul.
Não se deve decidir coisa alguma na reunião do G20, mas deve haver pelo menos alguma conversa, ainda que hipócrita, sobre "cooperação internacional" em relação a taxas de câmbio. No mínimo, será possível "sentir o clima" no que diz respeito ao futuro das "guerras cambiais", por enquanto mais escaramuças do que batalhas, com exceção do caso dos Estados Unidos e da China.
O pessoal do governo tem, pois, ideias ainda contraditórias sobre o que fazer do real forte. Pode também estar soltando balões de ensaio a fim de causar insegurança no mercado e evitar no grito mais apreciação cambial (o que não funciona muito mais que um dia ou horas).
EUA e China, os valentões cambiais do planeta, causam o presente alvoroço monetário mundial.
O dólar desce a ladeira porque governo e Fed despejam dinheiro na economia meio moribunda e também porque os americanos não poupam. A China cola sua moeda no dólar, mantendo-a muito desvalorizada, o que estimula ainda mais suas exportações. Assim, a China "furta" mercados, "compra demanda" para seus produtos. Esse "assim" não é lá muito preciso, pois a China exporta "demais" porque poupa: tem muito excedente (o que, aliás, permite manter o yuan desvalorizado).
Como os valentões cambiais não resolvem sua simbiose sinistra, o excesso de dinheiro "impresso" pelos países ricos a fim de tentar ressuscitar suas economias flui para o resto do planeta. As demais moedas relevantes se valorizam. Pode haver bolhas financeiras ou imobiliárias -na Ásia, há inflação imobiliária.
Dado o tamanho de EUA e China, fica difícil imaginar medida isolada que dê jeito no real forte. Seria preciso uma combinação de medidas "regulatórias" com um grande corte de gastos do governo, seguido de baixa de juros. Ainda assim, é preciso pagar para ver o efeito.
Os juros futuros caíram ontem na praça. Dizem que foi o "efeito Serra", a subida do tucano em pesquisa divulgada ontem. "Serra presidente" reduziria o gasto público e, assim, os juros cairiam, diz gente do mercado. Parece delírio, até porque Serra tem prometido estourar os gastos da Previdência. Como é delírio, é pois possível que o mercado acredite mesmo no que diz.

MARCOS SÁ CORRÊA

Mateiro por ofício, quilombola por acaso 
MARCOS SÁ CORRÊA
O GLOBO - 15/10/10

As perneiras de couro, contra picadas de cobra, são inseparáveis do ritual de ingresso na Linha Martins. Mas vêm do estoque cheirando a mofo, apesar da discreta espanada que lhe deu o guia, antes de entregá-la. E não adianta dizer que sabe andar no mato, não tem medo de cobra ou faz calor.

É a norma, Miro responde.

Ele se chama Almiro Marcelino Pereira.

Mas avisou de véspera que não adiantava procurá-lo por esse nome nos confins do parque nacional com o município de São Miguel do Iguaçu, onde uma estrada de terra magra como um aceiro costeia a floresta e a soja: "Aqui, todo mundo só conhece Miro." A divisa do parque com o município é um corte reto, traçado a máquina.

E tão estreito, que a sombra das copas se projeta na margem das plantações. É seu único anteparo contra o sol que cai sobre os campos como uma praga dos céus. Aprender o apelido é indispensável porque sem Miro não se pisa na Linha Martins.

Não basta procurá-lo diretamente no portão de entrada, porque ali ele vai pouco. É um escritório caprichado, feito com toras de eucalipto.

Tem pórtico na frente, varanda nos fundos, virada para floresta, e até enfermaria. Mas turista é a coisa que Miro menos vê na Linha Martins, desde que passou a operá-la lá vão mais de cinco anos.

Onça, sim, é visita que não lhe falta.

Cada avistamento de onça, pintada ou não, está metodicamente inscrito, com dia, hora e local, na planilha da administração. O resto da fauna não merece tamanha consideração.

Miro perdeu a conta das varas de porcos do mato, dos bandos de macacos, das antas e das jaguatiricas com que topou em suas andanças, capinando regularmente uma trilha que, por falta de uso, está sob o risco permanente de invasão pelo mato.

A prática tirou-lhe o pavor que tinha das jararacas, cascavéis e outras serpentes que lhe atravessam habitualmente o caminho.

Mas as perneiras continuam sagradas. Miro cresceu do lado de lá da cerca, sem nunca se meter no mato. Criou-se num fundo de fazenda loteado em pequenos sítios de um alqueire, a maioria comprada por negros, em geral vindos de fora. São 25 pessoas.

O bastante para, em terra de louros, virar a Vila dos Pretos.

Como tal, uma comissão de Curitiba reconheceu-a como Comunidade Quilombola da Sanga Funda.

Com o título vieram promessas de mais terras, sementes gratuitas e outras prerrogativas oficiais de quilombo. Nem tudo saiu. Nem por isso Miro deprecia as vantagens de virar quilombola. "As pessoas assim nos tratam com mais consideração", ele garante.

A picada corta o parque de um lado a outro, em menos de quatro quilômetros, a menor distância entre seus limites. Já se pensou em extirpar essa verruga florestal da unidade de conservação, encravada como está numa fronteira agrícola sempre em avanço. A demarcação definitiva preservoua. E a Linha Martins foi uma compensação, para calar as críticas de que o parque fica de costas para quem mora longe de seus portões.

Nisso, fracassou. Ela recebe raros visitantes E da vizinhança, até hoje, não veio ninguém. Só o prefeito de São Miguel do Iguaçu passou por lá na inauguração, sem parar para ver o que havia além do pórtico. Miro, no entanto, mantém a picada pronta para o que der e vier. Aplica ao pé da letra o regulamento para grupos, mesmo se atende um visitante que lhe sugere, à falta de testemunhas, esquecer aquela história de calçar perneiras. É um mateiro cioso e tarimbado, que só conheceu o mato na Linha Martins. Mas vive num país que só consegue enxergálo como quilombola

MARCOS SÁ CORRÊA é jornalista.

CLÁUDIO HUMBERTO

'Empate técnico' abre tempos de cólera no PT
O tempo fechou, no comitê de Dilma Rousseff (PT), ontem, com a divulgação da pesquisa CNT/Sensus apontando empate técnico com José Serra (PSDB), nadisputa do segundo turno: 46,2 x 42,7%. Por ordem de Lula, o ministro da Propaganda, Franklin Martins, deu piti no comitê exigindo “pancadaria” no tucano. Antonio Palocci e o marqueteiro João Santana tentaram ponderar, e o tempo fechou.

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“Não temos do que reclamar. Estamos na frente”
MICHEL TEMER, VICE DE DILMA, PARA QUEM O EMPATE TÉCNICO É “FORÇAÇÃO DE MÃO”

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TÁ FEIA A COISA
Razões para pânico: a distância entre Dilma e Serra caiu de oito para seis e ontem para apenas quatro pontos percentuais (CNT/Sensus).

CALADO!
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, há dias deixou de tuitar: após entrevista admitindo erros no primeiro turno, levou uma bronca federal.

GELEIRA CHILENA
Os mineiros do Chile são pé-quente. Já imaginou Lula “dando uma forcinha” in loco, caso Dilma fosse eleita no primeiro turno? Toc-toc.

DESVIO
Dilma cancelou um comício com Lula hoje em Londrina (PR), onde estará o tucano José Serra com o governador Beto Richa (PSDB).

EMPRESA FICA EM 7º, MAS LEVA LICITAÇÃO NO TCU
O Tribunal de Contas da União fiscaliza licitações e o uso dos recursos públicos, mas quem fiscaliza o TCU? A pergunta não se cala para seis licitantes no TCU, desclassificados um a um até ser declarada vitoriosa a empresa que ficou em sétimo, na disputa pelo contrato de R$ 436,2 mil para manutenção de jardinagem. A vencedora, Florart Paisagismo Ltda, que coincidência, já presta serviços há cinco anos para o TCU.

JEITINHO
O TCU desclassificou as seis licitantes sob alegações bobas, mas a vencedora teve a chance de “ajustar” e recompor sua proposta.

MUITO ESTRANHO
Um “Atestado de Capacitação Operacional do Crea”, que não existe, estava entre as exigências eliminatórias na licitação do
TCU.

DESCULPA
O TCU informou que a proposta vencedora concordou em fechar seu contrato por um valor 7,51% menor que o valor estimado. Ah, bom.

DESPREPARO
A candidata do PSC ao governo do DF, Weslian Roriz, fugiu do debate, ontem, com seu adversário Agnelo Queiroz (PT). Em carta à Band, ela alegou que não teve tempo para se preparar. Imaginem para governar.

A FICHA QUE CAI E...
D. Weslian e o vice Jofran Frejat, contaram horário eleitoral que numa madrugada “caiu a ficha” e Joaquim Roriz desistiu de disputar o governo do DF. Só não explicaram qual ficha caiu: a limpa ou a suja?

...A INSÔNIA QUE VEM
No seu relato, Jofran conta que, caída a ficha, Roriz ligou pra ele ainda de madrugada. “Jofran, você está acordado?” Ele: “Claro, governador. Eu sou cirurgião!...” Como confiar em cirurgião que não dorme?

BAIXARIA INVESTIGADA
A OAB abriu processo disciplinar contra Clauber Madureira Guedes, advogado acusado de oferecer R$ 200 mil a um homem para fazer na TV falsa acusação a Agnelo Queiroz (PT), candidato ao governo do DF.

GRANDE PERDA
Outro ministro do Supremo Tribunal Federal que pode antecipar sua aposentadoria, lamentam advogados de Brasília, é o decano Celso de Mello, cujas esplêndidasdecisões fazem história no STF.

ATAQUE DESNECESSÁRIO
Até petistas do Piauí reprovaram o ataque feroz de Lula aos senadores Mão Santa (PSC) e Heráclito Fortes (DEM), derrotados dia 3, durante o comício de Dilma em Teresina. Foi como chutar cachorro morto, dizem.

UMA VEZ SINDICALISTA...
Ex-bancário, o ex-ministro da Previdência Ricardo Berzoini, que pôs na fila velhinhos de 90 anos, festejou a “força da categoria”, na greve que infernizou os clientes. Mas os bancos nunca foram tão felizes com Lula.

MOINHOS DE VENTO
Derrotado ao Senado, o ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM) acha que Marina Silva alavancará o PV se entrar no 2º Turno. “Síndrome de Dom Quixote acaba com ele abraçado ao seu cavalo e a Sancha Pança.”

UMA BOA IDEIA
Deve ter sido Lula quem agendou o encontro “pacificador” de Dilma com os líderes evangélicos ontem. Foram exatamente 51...

PODER SEM PUDOR
MINISTRO DIURÉTICO
Mário Andreazza era ministro do Interior e visitava projetos de irrigação em Petrolina (PE). A programação foi longa, corrida, somente interrompida pelo almoço na usina de açúcar Mandaçu. De repente, o aflito Andreazza abandona o cordão de puxa-sacos e parte célere para o sanitário. Como ninguém sabia para onde ele se dirigia, todos o seguiram. Até serem interceptados por um atento segurança, com sua voz de comando:
- Senhores, por favor... o ministro vai urinar! - e ainda foi mais enfático - Xixi, mijar!...