terça-feira, fevereiro 02, 2010

FERNANDO DE BARROS E SILVA

Choque de biografias

FOLHA DE SÃO PAULO - 02/02/10


SÃO PAULO - O discurso eleitoral do PT já se fixou em torno da comparação entre os governos de Lula e FHC. Simplificado ao máximo, ele insiste na ideia de que "eles" (tucanos) governavam para os ricos, e "nós" (petistas) governamos para os pobres (ou para todos).
Essa estratégia está em curso e foi usada de maneira ostensiva no programa de TV petista, no final do ano passado. Dizer, à moda tucana, que o mundo real é mais complexo ou que tudo na vida é "um processo" pode até sensibilizar a USP, mas dificilmente vai atrair os votos que importam.
O mote do contra-ataque que o PSDB ensaia na verdade é outro. Interessa aos tucanos contrastar as biografias, não os governos. Serra contra Dilma, e não Lula contra FHC. É o que fez no domingo o cientista político Sergio Fausto, diretor-executivo do iFHC, no artigo "Liderança à altura", publicado em "O Estado de S. Paulo".
Lá, Fausto diz que Serra, ao contrário de Dilma, é alguém "cuja liderança não terá de ser forjada a golpes de marketing eleitoral", pois já "precede a sua candidatura". O tucano teria, além da legitimidade formal para governar, que se conquista nas urnas, uma "legitimidade substantiva", que "só a biografia política pode conferir".
Sobre Dilma, o tucano questiona: "Que cargos eletivos disputou? Quando e onde foi testada nas habilidades que se requerem de uma pessoa que almeja ocupar o principal cargo político do país?". Diante da temeridade de enfrentar Lula, o PSDB busca descredenciar sua pupila. Vejam -dizem eles- o "artificialismo" dessa candidatura, que nasce da escassez de nomes no PT.
É um argumento válido. Mas alguém deve perguntar se o fenômeno Gilberto Kassab não é uma liderança sem "legitimidade substantiva", forjada "a golpes de marketing"? A não ser que os tucanos digam que a Prefeitura de São Paulo é desimportante e qualquer um pode ocupá-la, ainda precisam defender a escolha da "Dilma de Serra", inclusive debaixo d'água.

NAS ENTRELINHAS

Especialistas em casuísmos

Alon Feuerwerker
Correio Braziliense - 02/02/2010

Lula está loucamente em campanha “informal” por Dilma, inaugurando qualquer rascunho de obra e falando bem de si próprio todo dia. E os líderes da oposição, estão fazendo o quê? A mesma coisa


É divertido assistir ao PSDB reclamar dia sim outro também contra a antecipação da campanha. A diversão fica por conta de um detalhe: no poder, o PT não cometeu casuísmos, não alterou uma vírgula das leis eleitorais para beneficiar-se. Nem precisou. Se o partido situacionista colhe os frutos de um arcabouço deformado e injusto, moldado para favorecer o continuísmo, deve gratidão especial ao PSDB, o verdadeiro pai da criança.

A começar da reeleição. Qual é a história dela entre nós? Depois do impeachment de Fernando Collor, a revisão constitucional acabou em fiasco. Um dos poucos temas aprovados foi reduzir o mandato presidencial de cinco para quatro anos. Quem era o favorito então para ganhar a corrida do ano seguinte? Luiz Inácio Lula da Silva.

Mas vieram o Plano Real e a invencível candidatura de Fernando Henrique Cardoso. Instalados no Planalto, os tucanos trataram de continuar ali mais um quadriênio, com regras curiosas. O ocupante do Executivo pode pleitear um tempo extra na cadeira, sem precisar sair dela. Já quem o desafia é obrigado a desincompatibilizar-se.

O mesmo vale para vereadores, deputados e senadores, que podem lutar por mais um mandato sem renunciar. E têm o privilégio de concorrer com desafiantes que precisam obrigatoriamente estar desligados da máquina estatal. Não é uma beleza? Além disso, no poder os tucanos trataram de reduzir os dias reservados à campanha eleitoral no rádio e na TV.

Quando essas maravilhas foram incorporadas à legislação, o PSDB ocupava a Presidência da República e os governos dos principais estados, incluído o “Triângulo das Bermudas” da política brasileira: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Eis por que simplesmente não dá para levar a sério a choradeira.

O sistema eleitoral apresenta deformações? Sim. Há esperança de que o próximo governo tome a iniciativa de corrigi-las, para legar ao país uma moldura mais democrática? Esperança remota. Infelizmente, o aperfeiçoamento institucional não é uma preocupação dos nossos políticos. Talvez porque lhes falte tempo, ocupados que estão em espremer os miolos para encontrar o caminho da perpetuação.

“Casuísmo” é uma palavra nascida nos anos 70 do século passado, quando o regime militar alterou seguidamente as regras eleitorais para tentar evitar a chegada da oposição ao poder. No fim deu errado, porque o PMDB acabou derrotando o governo, mesmo com todos os truques. Na política, nada resiste à força da maioria. Pode levar um tempo, mas ela acaba prevalecendo.

Qual é o problema atual da oposição brasileira? É exatamente construir uma nova maioria. Ou então, por inércia, as urnas acabarão referendando a maioria que existe, e que sustenta o governo Lula. Como a oposição não parece ter a mínima ideia de por onde começar a tarefa, recorre ao formalismo. Sim, Lula está loucamente em campanha “informal” por Dilma Rousseff, inaugurando qualquer rascunho de obra e falando bem de si próprio todo dia. E os líderes da oposição, estão fazendo o quê? A mesma coisa.

Apenas, talvez, com menos competência.

Pesquisas
Em nenhum outro país as pesquisas eleitorais consomem o tanto de imprensa que lhes é dedicado no Brasil. Deve haver alguma explicação. Uma, conspiratória, é que enquanto se discutem as pesquisas não se discute o essencial: o que cada candidato quer fazer no governo.

O cenário eleitoral no Brasil é curioso. Para boa parte do eleitorado potencial da oposição — e da base social desta —, o ideal a partir de 2011 seria um governo igualzinho ao de Lula, só que sem o PT. Nem é por resistência aos programas sociais, hoje consensuais por convicção ou conveniência. É mais por causa da dúvida sobre os reais compromissos estratégicos do partido com a democracia representativa e a economia de mercado. E não necessariamente nessa ordem.

Daí por que o nome de Henrique Meirelles pode agregar valor eleitoral a Dilma. Ele traria eventualmente também algum desgaste, caso a oposição decidisse colocar em debate o modelo econômico de escravidão financeira, farra cambial e baixo crescimento. Mas quem disse que a oposição está interessada em ir por aí? Ela parece mais empenhada é em vender-se como confiável à turma de sempre.

RODRIGO CONSTANTINO

Ecos de Massachusetts

O GLOBO - 02/02/2010


Roboão, filho de Salomão, sucedeu a seu pai no reino dos judeus aproximadamente em 930 a.C. As dez tribos do norte, coletivamente denominadas Israel, se relatavam descontentes com as pesadas taxações impostas já no tempo do Rei Salomão. Roboão foi procurado por uma delegação de representantes de Israel, que solicitou o abrandamento da ríspida servidão imposta por seu pai. Entretanto, ele não aceitou a proposta e, ao contrário, endureceu ainda mais com as tribos. Estava declarada a guerra, que durante décadas não teve um dia de intervalo sequer. Essas lutas prolongadas enfraqueceram os dois lados, abrindo caminho para a invasão dos egípcios. A ganância de um governante abriu uma cicatriz de quase três mil anos no povo judeu, como relata a historiadora Barbara Tuchman em “A marcha da insensatez”.

Ao longo da história, inúmeras rebeliões ocorreram como reação à tentativa de governos expandirem seus tentáculos sobre o bolso e as liberdades dos indivíduos. A mais famosa e bem-sucedida delas foi a Revolução Americana, desencadeada pela revolta com o aumento de impostos. A abusiva Lei do Selo, de 1765, foi o estopim para tal conflito. Os ingleses seguiram com novos impostos, como o imposto Townshend e o imposto sobre o chá, que levou à famosa Festa do Chá, em Boston, 1773. O espírito de liberdade do povo americano acabou falando mais alto, e, em 1776, eles finalmente conquistaram a independência.

Atualmente, esse espírito adormecido pode estar despertando como reação ao avanço do governo Obama.

As crises sempre foram usadas por governantes como pretexto para a expansão do Leviatã. Durante o governo Bush não foi diferente, e a ameaça terrorista serviu para a criação do “Patriot Act”, um claro desrespeito às liberdades individuais. Obama aproveitou a crise financeira, em boa parte criada por medidas do próprio governo, para expandi-lo de forma assustadora.

Os planos multibilionários de resgates, a estatização de empresas, o aumento da regulação e a explosão do déficit fiscal, tudo isso despertou a revolta de muitos americanos cientes de que o preço da liberdade é a eterna vigilância. Os Estados Unidos, afinal, foram construídos com base na desconfiança em relação ao governo.

A derrota humilhante dos Democratas em Massachusetts, tradicional reduto dos defensores do “big government”, pode ter representado um ponto de virada. A gota d’água foi a proposta de reforma na saúde, que vai custar caro ao povo. Coincidiu com o primeiro aniversário do governo Obama, marcado por acentuada queda de popularidade. A força política mais vibrante no momento é justamente um movimento contra impostos que resgata a lembrança da Festa do Chá. Será que os americanos finalmente acordaram da ilusão de que o governo pode resolver todos os problemas através de mais gastos? Será que uma carga tributária perto de 30% da produção nacional disparou o alerta? Os brasileiros também já se rebelaram contra o abuso de impostos no passado. A Inconfidência Mineira foi o mais famoso movimento desta natureza.

A “derrama” era uma taxação compulsória que obrigava a população a completar uma cota de ouro determinada pela coroa portuguesa. Os mineiros eram obrigados a pagar o quinto real sobre a produção de ouro, ou seja, 20% de imposto. Tiradentes acabou enforcado, e a metrópole conseguiu abortar a revolta separatista.

Hoje, os brasileiros não são mais súditos de Portugal, mas sim de Brasília.

Somos obrigados a pagar quase 40% de imposto. Bem que poderíamos escutar os ecos de Massachusetts...

BENJAMIN STEINBRUCH

Selo de qualidade

Folha de S. Paulo - 02/02/2010


A realidade que emerge no pós-crise, retratada em Davos, indica que vivemos novos tempos

SÃO MUITO significativos os ecos de Davos. Um ano de crise global fez desaparecer toda a arrogância do primeiro mundo, que sempre desdenhou os países emergentes. Agora, os deficits fiscais, as dívidas públicas incontroláveis e até as atitudes populistas dos governos são características dos países desenvolvidos, incluindo os Estados Unidos, o Japão e as tradicionais nações europeias.
Enquanto isso, os emergentes, entre eles o Brasil, gozam de enorme credibilidade e prestígio. Os quatro Bric -Brasil, Rússia, Índia e China- acumulam reservas somadas de US$ 3 trilhões e se transformaram em grandes credores internacionais. A China é maior de todos, com US$ 2,4 trilhões guardados. "O Brasil é hoje a última das nossas preocupações", testemunhou Charles Dallara, representante dos grandes bancos, do Instituto de Finanças Internacionais.
Quem diria. Poucos anos atrás, o Brasil era considerado um grande risco para os investidores globais.
Até 30 de abril de 2008, o país ainda não tinha o grau de investimento concedido pelas agências mundiais de rating, indicando que oferecia risco de não honrar seus compromissos financeiros. Uma das agências relutou até setembro do ano passado para dar a classificação ao Brasil.
Ironicamente, agora o risco vem do primeiro mundo. Nouriel Roubini, o célebre economista americano que previu a crise de setembro de 2008, agora antevê que o risco de calote vem de países como Irlanda, Grécia, Itália, Reino Unido e até Estados Unidos, de Estados como Califórnia e Alabama. Kenneth Rogoff, professor de Harvard, também cita a Grécia, mas inclui na lista Hungria, Ucrânia e Letônia.
Não dá para acatar sem ressalvas essas previsões apocalípticas. Afinal, um ano atrás, o mesmo Roubini, por exemplo, profetizava que o mundo ainda estaria em recessão em 2010. E pelo visto, consideradas as estimativas do Fundo Monetário Internacional, a economia global vai crescer cerca de 3,9% neste ano.
De qualquer forma, a realidade que emerge no pós-crise, retratada na comunidade econômica dos países ricos, em Davos, indica que vivemos novos tempos.
As previsões feitas pelo famoso trabalho da Goldman Sacks sobre a emergência dos Bric foi mais do que profética. Segundo o trabalho, a China ultrapassaria o Japão, em produção econômica, em 2016. Isso já espantou muita gente em 2003, quando o trabalho foi publicado. Mas a ultrapassagem chinesa se deu bem antes do previsto. O PIB chinês superou o japonês em 2009, com um valor estimado em US$ 4,9 trilhões.
A China também se tornou o maior exportador do mundo, tomando o lugar da Alemanha.
Por que ocorre isso com os Bric? O que os distingue? Em três palavras, a resposta é: capacidade de crescer.
Essa competência, demonstrada claramente ao longo da última década, e reforçada durante a atual crise global, deu aos emergentes um selo de qualidade.
O Brasil poderia até ter sido mais virtuoso nesse quesito se não mantivesse durante todo esse período uma política de juros equivocada, que impediu o país de deslanchar em razão dos custos financeiros exorbitantes. Ainda na semana passada, o Brasil retomou a liderança mundial no ranking dos países com maior juro real do mundo, com 4% ao ano. E mais: o Banco Central ameaça aumentar ainda mais a taxa básica, atualmente em 8,75%. Não faz sentido.

BENJAMIN STEINBRUCH, 56, empresário, é diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, presidente do conselho de administração da empresa e primeiro vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Sonae inicia obras de mais três shoppings

FOLHA DE SÃO PAULO - 02/02/10


"Com a crise no Velho Continente, é muito bom ter uma posição no Brasil", disse Paulo Azevedo, CEO do grupo português Sonae, em entrevista à Folha, durante o Fórum Econômico Mundial, encerrado domingo, na Suíça.
A companhia começa nos próximos meses obras de três novos shoppings em território brasileiro: em Goiânia (GO), Londrina (PR) e Uberlândia (MG). Os investimentos são da ordem de R$ 700 milhões e os centros comerciais deverão ser inaugurados daqui a cerca de 18 meses, segundo o empresário.
A Sonae Sierra acaba de concluir a expansão e a reforma, a um custo de R$ 75 milhões, dos shoppings Parque D. Pedro, de Campinas (SP), e Metrópole, em São Bernardo do Campo (SP). O grupo tem dez shoppings no Brasil e 42 na Europa.
Azevedo ressalta ainda a operação em telecomunicações no país. A WeDo, consultoria na área de sistemas, que vende softwares, já atende 260 empresas no Brasil, disse.
Na corretagem de seguros, onde o Sonae tem parceria com o grupo Suzano, na seguradora Lazam-MDS, Azevedo afirma ver espaço para ampliar ainda mais a sua atuação.
A Lazam-MDS comprou recentemente duas corretoras no Brasil, uma no Sul e outra no Rio de Janeiro.
O empresário disse que o grupo estuda outras oportunidades no segmento, mas que ainda não pode divulgá-las.
"Em todo o mundo, as três gigantes americanas do setor estão em primeiro lugar. Já alteramos esse quadro no Brasil."

ESTRANGEIRO
A brasileira Spring Wireless, especializada em software para uso em aparelhos móveis, quer expandir operações fora do país neste ano. "Nosso plano de aquisições agora está mais focado em nível global, onde temos participação de mercado de 13% a 15%", diz Marcelo Condé, presidente da empresa, que após receber aporte de capital de US$ 63 milhões da Goldman Sachs e New Enterprise Associates, adquiriu a Okto, provedora brasileira de soluções de mensagem, em 2008. Para este ano, Condé tem em vista duas empresas fora do Brasil, com as quais já está em negociação. A Spring pretende investir até US$ 40 milhões neste ano. "Aqui no Brasil já temos de 70% a 75% do mercado, só vamos comprar dentro do país se aparecer uma oportunidade interessante. Seria mais oportunístico do que estratégico. A ideia é ganhar "market share" internacionalmente." A empresa tem escritórios na América Latina, EUA, Europa e Ásia.

SETE MINUTOS 1
O governo federal lançou em janeiro uma campanha chamada "7 anos em 7 minutos", que vai reunir, pela primeira vez, uma declaração de cada um dos ministros sobre seus feitos no governo Lula para serem veiculados no blog do Planalto. Os filmes terão cerca de sete minutos cada um, tempo compatível com a maioria dos vídeos do YouTube.

SETE MINUTOS 2
O discurso do ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento), que está programado para ser veiculado depois do Carnaval, vai abordar as exportações do Brasil aos EUA exaltando o fato de o Brasil ter reduzido sua dependência em relação aos países desenvolvidos. Em 2002, os EUA receberam 25% das exportações brasileiras. Em 2009, o número caiu para 10%, diz o ministro, em sua declaração.

NO PALCO
TAM e Ivete Sangalo irão anunciar na quinta uma parceria de longo prazo. A ação, com campanha e patrocínio de shows, deve durar 14 meses e abrange TAM Linhas Aéreas, TAM Viagens e Multiplus Fidelidade.

BAGAGEM
A Apex-Brasil viaja nesta semana à Eslovênia, em busca de negócios para o Brasil nos setores de alimentos e bebidas, construção civil, TI e biocombustíveis.

NO DENTISTA
A Redecard quer aumentar a participação do meio eletrônico de pagamento na área de saúde. No Congresso Internacional de Odontologia de SP, nesta semana, a empresa oferecerá facilidades ao profissional do setor: isenção temporária de aluguel da máquina e taxa administrativa a partir de 2%.

OBRAS PARADAS
As chuvas atrapalharam o andamento das obras e levaram à demissão de 703 trabalhadores da construção pesada em dezembro no Estado de São Paulo. De acordo com o Sinicesp (sindicato da construção pesada), o nível de emprego caiu 1,06% em dezembro. Para janeiro, é esperado um novo corte de vagas. No ano passado inteiro, porém, foram abertos 2.151 postos de trabalho, o que representa alta de 3,4% no nível de emprego. No final de 2009, a construção pesada empregava 65.922 trabalhadores.

com JOANA CUNHA e ALESSANDRA KIANEK

MÔNICA BERGAMO

Para turistas

Folha de S.Paulo - 02/02/2010


Apenas 19% dos moradores de Salvador participam como foliões do Carnaval da cidade, segundo pesquisa das secretarias da Cultura e do Planejamento do Estado da Bahia, que será divulgada amanhã. Entre eles, a maioria (62%) prefere sair na chamada "pipoca", ou seja, fora dos blocos fechados que cobram por um abadá e cordão de isolamento.

CARNAVAL LOCAL
Para agradar aos integrantes da "pipoca", a Secretaria de Cultura escalou atrações ecléticas para shows gratuitos. A lista inclui Pitty, Elza Soares, Chico César e Luiz Caldas.

SÓ EM 2012
A transformação do atual prédio da Reitoria da USP em moradia estudantil levará ao menos dois anos para começar. Esse é o tempo que a universidade tomará para reformar o prédio vizinho, para onde moverá todo o seu pessoal, deixando a sede livre para a criação de residências -finalidade para a qual o imóvel foi originalmente construído.

CASA NOVA
O gabinete do reitor João Grandino Rodas foi o primeiro da mudança -começa a funcionar nesta semana no sexto andar do novo endereço.

BATISMO 1
E a Faculdade de Direito do Largo São Francisco vai dar um nome a seu pátio: o do professor Goffredo da Silva Telles Jr., que morreu no ano passado. Ganhará placa ou estátua em sua homenagem.

BATISMO 2
Mais polêmica causou o batismo de duas novas salas com os nomes de Pedro Conde (1922-2003) e José Martins Pinheiro Neto (1917-2005), cujos herdeiros doaram, no total, mais de R$ 2 milhões para a construção dos espaços. Alguns professores protestaram contra a homenagem sob patrocínio, o que fez a Arcadas (associação de ex-alunos) suspender por quatro meses a busca de parcerias semelhantes.

OUTRO CARA
Enquanto prepara uma caravana para "bombar" "Lula, o Filho do Brasil" no interior do Brasil, o produtor Luiz Carlos Barreto articula o lançamento do filme no hemisfério Norte. Negocia a exibição em Portugal, Espanha, México, França, Inglaterra e nos países escandinavos. "O cara virou uma personalidade internacional. E como lá, possivelmente, o filme não influenciará em eleição nenhuma, vamos sofrer menos preconceito", diz Barreto.

LULAIÉVSKI
E o ator Rui Ricardo Diaz, que viveu Lula no cinema, começa a ensaiar em março o monólogo "Um Ato de Humanidade", "inspirado na obra de Dostoiévski". Vai captar recursos para estrear em julho.

D.O.M. EM OBRAS
O restaurante D.O.M., do chef Alex Atala, fechará para reforma entre os dias 13 e 22. Uma das principais mudanças vai ser a redução da lotação da casa, de 70 para 50 pessoas. "O D.O.M. sempre foi apertadinho, com uma mesa colada na outra", diz Atala. A casa afirma que os preços do cardápio não serão reajustados.

PIOVANI ADVERTE 1
Luana Piovani dubla uma camisinha na nova campanha contra a Aids que o Ministério da Saúde lança no dia 6. Nos três filmes promocionais voltados para garotos homossexuais e garotas, de 13 a 19 anos, um preservativo falante (em animação 3-D) pede aos jovens que não seja "esquecido".

PIOVANI ADVERTE 2
A camisinha diz coisas como: "Ele tá caidinho na sua. E já que a noite vai ser boa, não se esqueça de mim, viu? Vai que ele esqueceu a dele. Agora vai lá, arrasa, uhu!". Luana não cobrou cachê para a campanha, da agência Master.

CARAVANA
O hospital A.C.Camargo vai receber, em abril, 140 pesquisadores estrangeiros para um curso de duas semanas sobre a aplicação de pesquisas acadêmicas no dia a dia da medicina.

CURTO-CIRCUITO
O GRUPO de tango gatoNegro se apresenta hoje, às 22h, no Grazie a Dio, na Vila Madalena. Classificação etária: 18 anos.
A ARTISTA PLÁSTICA Patrícia Woll inaugura a exposição "Quadrados", hoje, às 19h, no bar Balcão, nos Jardins.
O LIVRO de receitas "Delícias do Brasil", do chef e apresentador Edu Guedes, tem lançamento hoje, a partir das 19h, na livraria Saraiva do shopping Morumbi.
O FORUM Intersetorial de Controle de Câncer de Mama, organizado pela ONG American Cancer Society, acontece hoje e amanhã em São Paulo.
A ORQUESTRA IMPERIAL realiza baile pré-Carnaval no Circo Voador, no Rio, no dia 11, a partir das 21h, com discotecagem do DJ Marlboro após o show. Classificação etária: 18 anos.
GUIDO MANTEGA e Henrique Meirelles são os convidados de João Doria Jr. no seminário "Brasil: Preparado para Crescer", hoje, a partir das 7h30, no Caesar Park Faria Lima.

REGINA ALVAREZ

Piso e teto

O GLOBO - 02/02/10


O aumento iminente da taxa básica de juros como ação preventiva do Banco Central para conter a demanda é visto com naturalidade por muitos economistas.

O principal argumento é que as ações do BC precisam de tempo para produzir resultados e o que se vê à frente é uma demanda superaquecida, crescendo em um ritmo acima do PIB, que precisa ser contida, pois representa risco futuro de inflação.

Assim, dizem esses especialistas, é melhor que o BC tome as medidas cabíveis para impedir que o fantasma da inflação volte a nos assombrar.

Melhor seria que o país estivesse preparado para crescer sem risco de volta da inflação. Que a economia seguisse uma trajetória de crescimento sustentado, sem recuos e sem receios. Mas não é isso que deve acontecer.

Teremos um 2010 com crescimento em torno de 6%, mas em 2011 essa taxa deve recuar para algo em torno de 4,5%. A demanda aquecida é problema pela falta de investimentos que sustentem o crescimento da economia, sem pressões inflacionárias.

Ao governo caberia criar as condições para o crescimento sustentado, mas a política fiscal vai no sentido oposto.

O economista Raul Velloso constatou que as contas fechadas de 2009 só confirmam o problema para o qual já alertara em meados do ano passado. Na crise, o governo elevou o ritmo de crescimento dos gastos correntes e reduziu o dos investimentos.

Quando o certo seria ter feito o contrário. Os investimentos federais, que em novembro de 2008 correspondiam a 6,2% dos gastos correntes, fecharam o ano em 6,1%.

Fernando Montero, economistachefe da Convenção Corretora, destaca que os investimentos correm atrás da demanda, quando deveriam estar à frente: — Está claro que falta ao país capacidade interna de poupança para crescer de forma sustentada. Faltava antes e falta mais agora.

O aumento iminente da Selic só confirma que não criamos condições para crescer de forma sustentada. O piso dos juros é uma das taxas mais altas do planeta. E o teto de crescimento muito aquém das nossas necessidades.

Plano B

O governo vai tentar de tudo para liquidar a fatura do modelo de partilha do pré-sal na Câmara, concluindo a votação do projeto antes do carnaval.

Uma hipótese cogitada nos bastidores do Congresso é o uso de uma manobra regimental para derrubar o destaque do deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), atenuando, assim, o desgaste dos parlamentares da base que são do Nordeste.

A proposta de Ibsen é dividir os royalties entre todos os estados brasileiros, o que implica perdas para o Rio de Janeiro e Espírito Santo, mas beneficiaria os demais.

A manobra regimental consiste no encaminhamento da votação de forma que, no momento de discutir o destaque do deputado Ibsen Pinheiro, não seja mais possível pedir verificação de quórum.

O destaque seria rejeitado por votação simbólica, sem nominar os parlamentares que votarem com o governo.

No fim do ano, a divisão da base abriu espaço para a aprovação da emenda de Ibsen no plenário da Câmara, e o governo, assustado, preferiu adiar a votação para 2010.

Hora da verdade

A ONU anunciou ontem que 55 países reafirmaram suas metas voluntárias para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Foi um passo à frente na luta contra o aquecimento global, após o fracasso nas negociações de Copenhague, durante da COP-15, em dezembro passado. O professor da USP José Goldemberg, especialista no assunto, explicou que o desafio agora será estudar cada uma das ações propostas para saber como será feito o monitoramento do corte de emissões: “Após o fracasso de Copenhague, havia o receio de que os países recuassem e não reafirmassem perante a ONU o compromisso dos cortes. Agora é preciso saber como mensurar esses cortes de emissões, principalmente em países como a China, onde existe pouca transparência”, explicou.

Bons ventos

Depois da contratação de 1.800 MW no leilão de energia eólica realizado em dezembro, a Associação Brasileira de Energia Eólica espera que o governo mantenha a contratação de, pelo menos, mais 1.000 MW por ano, para manter o setor aquecido. A expectativa é conseguir nos próximos 10 anos ocupar entre 6% a 8% da matriz energética do país.

Seria um crescimento forte em relação ao patamar atual, de 1%, mas ainda muito baixo na comparação com outros países, como Dinamarca (22%), Espanha (16%), Portugal (13%). A China aumenta sua oferta de energia eólica em 8.000 MW por ano.

NOVA CENTRAL: Estão andando bem as conversas entre líderes empresariais para a criação da Central Nacional dos Empreendedores (CNE).

COM ALVARO GRIBEL

TODA MÍDIA - NELSON DE SÁ

Empate técnico

FOLHA DE SÃO PAULO - 02/02/10


Começou no meio do dia e avançou até a noite, nas submanchetes do UOL e do G1 e nas manchetes do iG, do Terra, da Reuters Brasil. No primeiro enunciado do UOL, como nos outros portais, "Pesquisa aponta empate entre José Serra e Dilma Rousseff". Também no UOL, o blog de Fernando Rodrigues sublinhou que o levantamento trazia "uma notícia muito boa para o PT", o empate técnico, "e outra ruim", que o empate só existe quando Ciro Gomes está na lista.
No site da Confederação Nacional do Transporte (CNT), o relatório do Sensus ressalta na "Conclusão" que Dilma Rousseff "aparece em primeiro lugar pela primeira vez na pesquisa espontânea".

No início da noite, a pesquisa foi trocada, dos sites aos telejornais, pelas novas enchentes em São Paulo.

NÃO PODE PARAR
Na manchete do Terra, fim da tarde, "Após melhora em pesquisa, Lula diz a Dilma que trabalho não pode parar". Ele "comemorou reservadamente" e teria dito à ministra, segundo um assessor:
"Estamos melhorando. Não podemos parar de trabalhar. Temos que continuar."

TRANSFERÊNCIAS
Na manchete da Reuters Brasil, fim da tarde, "Dilma sobe por economia e transferência de voto". Segundo o Sensus, "parece que Dilma passa a extrapolar o limite da transferência de Lula".
O Terra ouviu, do presidente do PT, que "há transferência de Serra para Dilma".

TEMPOS RUINS
Ouvido pelo Terra Magazine, o presidente do PSDB afirmou, sobre a pesquisa Sensus, que "os números não são tão significativos assim". Avaliou que "a rejeição do governador aumentou principalmente por conta do momento delicado que ele está enfrentando por causa das chuvas. A chuva aumenta a rejeição do eleitorado".
Por outro lado, o blog Radar postou que "na cúpula da Globo há consenso de que "Tempos Modernos" foi um erro, que dificilmente será resolvido". A novela das sete, que se passa em São Paulo, mas sem enchentes e sem moradores de rua, está com média de audiência inferior à da novela das seis. "No sábado, marcou 16 pontos, um dos piores resultados da história, se não o pior."

LULA FRACASSA
Quase imediatamente, a pesquisa Sensus surgiu no topo das buscas de Brasil no Google News. Dilma "tem ganhos", ela que é "apoiada por Lula", mas o "candidato da oposição lidera". Porém "nenhum dos dois mudaria substancialmente a política econômica de Lula".
Por outro lado, a BBC Brasil relatou e portais destacaram que "Lula fracassa nas bilheterias, afirma "El País'". O correspondente diz que os atores são "magníficos", o filme "é emocionante", mas "não convenceu por vários motivos: os brasileiros gostam do Lula de verdade, na rua, em palanque, arregaçando as mangas, suando e gritando coisas como "vou tirar o país da merda'".

SHELL+COSAN VS. PETROBRAS
Na manchete do "Valor" de papel, "Cosan e Shell se unem no etanol e na distribuição", criando a terceira maior distribuidora de combustíveis do país, com as bandeiras Esso (Cosan) e Shell. Ecoou por sites e agências daqui e do exterior. Na home do "Financial Times", "Shell cria joint venture de US$ 12 bilhões no Brasil".
Um dia antes, também pelo mundo, "Petrobras planeja construir alcoolduto" de US$ 2 bilhões no Brasil, com a japonesa Mitsui Co. E ontem à noite, na manchete do portal iG, o blog de Guilherme Barros informou que a "Petrobras vai comprar oito usinas de álcool no país".

"COSAN & SENZALA"
"Faz tempo que o grupo Cosan é acusado de se beneficiar das condições degradantes impostas aos trabalhadores do corte da cana", escreveu Elio Gaspari na Folha, há três semanas, com o título acima. Até entrou na "lista suja" da "condição análoga à escravidão", mas conseguiu liminar. Acima, ontem no "WSJ", "uma camponesa corta cana na Usina Bonfim, da Cosan", em São Paulo

O JOGO DOS EUA?
A estatal Agência Brasil destacou que o novo embaixador dos EUA, Thomas Shannon, "apresenta credenciais" a Lula na quinta. E que, "para o governo brasileiro, a escolha de Shannon é motivo de comemoração".
Por outro lado, o colunista do "Guardian" Mark Weisbrot, do liberal Center for Economic and Policy Research, de Washington, escreve contra "O jogo dos EUA na América Latina". Questiona ações em Honduras e Haiti e ressalta que a "derrota do partido de Lula seria uma vitória para o Departamento de Estado". Diz que "os EUA, na verdade, já intervieram recentemente na política brasileira, em 2005, organizando conferência" para influenciar a reforma política, como revelou a Folha.

JANIO DE FREITAS

Passar do tempo

FOLHA DE SÃO PAULO - 02/02/2010

Janio de Freitas
"Reconhecer a legitimidade da Lei da Anistia não significa apagar o passado." Nem sair dele, pelo que diz e pretende o novo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Em seu parecer contrário à ação em que a Ordem dos Advogados do Brasil nega, perante o Supremo Tribunal Federal, o poder da Lei da Anistia de acobertar agentes do Estado que torturaram e mataram presos, Roberto Gurgel funda-se em uma posição anti-histórica. Revela ter, ou ao menos adota nas circunstâncias, uma concepção estática do tempo.
Diz seu parecer, como mencionado por Evandro Éboli para "O Globo", que a anistia foi antecedida de um longo debate com participação de vários setores da sociedade civil. O que de fato ocorreu. Transcreve um pronunciamento do Conselho Federal da OAB à época, assinado pelo ex-procurador-geral e ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence, em apoio enfático à anistia como formulada. Mas Gurgel vai ao encontro de outras assinaturas, postas em um manifesto de artistas pela anistia então aceita. Para daí extrair sua conclusão:
"Acatar a tese [da OAB] para desconstituir a anistia como concebida no final da década de 70 seria romper com o compromisso feito naquele contexto histórico". A tese da OAB não é essa, mas digamos que a recusa à anistia para torturadores e homicidas de presos signifique rompimento com o "compromisso" amplo, "feito naquele contexto histórico".
A Constituição é fruto também de um dado contexto histórico. O debate que envolveu sua elaboração foi muito mais longo e muito mais intenso do que o motivado pela anistia. O valor da Constituição como compromisso histórico é de alcance nacional, não se compara ao estreito alcance jurídico da Lei da Anistia. Chamada de Lei Maior, a Constituição já sofreu, no entanto, numerosas reconsiderações, algumas frontalmente opostas ao prescrito pelo texto resultante do "amplo debate" nacional de sua criação.
As leis correspondem ao seu tempo. Não são estáticas, porque as sociedades não o são. O que quer dizer que também não o são os "contextos". Logo, o que faz "contextos históricos" não é serem permanentes e imutáveis, mas exatamente o oposto: expressarem circunstâncias. A história, vista como tempo a desen- rolar-se, é feita de transitoriedades.
O Brasil tem uma concepção particular de lei, diferente, por exemplo, do Chile, da Argentina, do Uruguai, cujas leis de anistia acompanharam as mudanças do tempo e da sociedade que fazem as respectivas histórias? Ou talvez, nos 30 anos passados desde que concessões para uma anistia se justificavam, a sociedade brasileira não tenha mudado, sua democracia não tenha avançado, o senso de direito e justiça não se tenha aprimorado aqui -como alguns parecem supor e outros desejam.

ARI CUNHA

Lula se cuida


Correio Braziliense - 02/02/2010

Indisposição física por excesso de trabalho fez o presidente Lula suspender atividades laborais. Contrariado, fez exame no hospital do Recife. Transferido para S. Paulo fez nova bateria. Ficou constatado estresse. O jeito foi o serviço médico proibir a viagem para Davos. Seus representantes receberam a honraria, comentada por jornais de todos os países. Uns contra, outros a favor. Destaque para o editorial do jornal comunista de Paris Le Monde cobrindo o Brasil de glórias e o presidente de elogios. Segundo o presidente Lula, muitos ministros deixam o cargo para concorrer a outros cargos públicos. Mas isso não vai impedi-lo de coordenar, dirigir ou gritar cobrando resultados. O comandante deve marcar presença, conclui.

A frase que foi pronunciada

“Há bares quem vêm para o bem.”

Título bem-humorado de bar no encontro de quadras comerciais na 709 da Asa Norte.

Palácio do Planalto

  • Completando 50 anos, o Palácio do Planalto perdeu o encanto original. Funcionários medem a importância pela proximidade ao presidente. Virou casa de tabique e paredes contra a arquitetura, mesmo com o número ilimitado de anexos. Ideal seria liberar a área dos elevadores, restabelecendo a vista para a cidade.

    Haiti
  • Nenhum plano pode ser criado de pronto para refazer a estrutura do Haiti. Destruído por longos anos, o país heroico de outrora ficou entregue à sanha dos que roubaram as riquezas que possuía.

    Carnaval
  • Em várias capitais estão sendo adotadas medidas para que não haja carnaval de rua. Em Florianópolis, será proibido. O projeto é evitar aglomerações. Nuvem de doenças ronda o céu catarinense, recomendando zelo pelo carnaval. Bailes em clubes estão liberados, visto serem melhor controlados.

    Cuba
  • Hoje é aniversário de Eduardo Dantas Ramos. Anos passados, comemoramos em Cuba. Cidade velha foi nossa preferência. Companheiros ficavam no hotel. Com Dantas Ramos fizemos muitas visitas de valor. Uma foi ao Centro Profissional de Medicina, onde conhecemos coisas maravilhosas. Outra foi à fábrica de charuto, que é feito nas coxas. Negras e mulatas davam consistência física ao agrado dos fumantes. Pagávamos pedágio para colher as fotos. Foi divertida a comemoração desse aniversário do Eduardo, protegido por Iemanjá, cujo dia hoje se comemora.

    Seca
  • Clima tórrido de Brasília tem seus encantos. Nesta temporada, árvores se cobrem de flores. As cores são as mais variadas. São a estampa da estação no Planalto, que registra todas as cores.

    In memoriam
  • Homenagem da coluna a Walter Silva, o conhecido Pica-pau. Ícone da música popular brasileira, fez o que gostava durante toda a vida. Não teve o agradecimento de muita gente que lhe deve a fama, nem o reconhecimento merecido depois de longa estrada percorrida. Mesmo assim, como toda gente competente, sua marca fica na história da MPB.

    Sucesso
  • Instalado o ponto eletrônico no Senado Federal. Ajustes nos primeiros dias. Agora, só faltam a Câmara dos Deputados, o Executivo, os governos estaduais e municipais, as assembleias legislativas e o Judiciário.

    Simpatia
  • Cidade de Deus é verde! A novidade é que o diretor do filme brasileiro quer colaborar com o partido de Marina Silva. Será o responsável pela consultoria do programa de TV do partido.

    Mudanças
  • Senado se mobiliza para aumentar a pena de traficantes de drogas. O projeto já foi votado na CCJ, falta o parecer do senador Jarbas Vasconcelos. As consequências do uso do craque estão assustando as autoridades.

  • História de Brasília

    O presidente Jânio Quadros receberá um memorial dos líderes sindicais de todo o país, que se reuniram em São Paulo. Cuidado, presidente! A maioria é composta daqueles pelegos que resistem ainda, desde o tempo da ditadura, quando recebiam passagem e estada para elogiar o governo. Os trabalhadores mesmo estão nas fábricas, produzindo para o nosso conforto. Esses líderes negociam votos nas eleições, dinheiro nas necessidades e sorrisos nas aparências. (Publicado em 24/2/1961)

    MARCOS NOBRE

    A hora do STJ

    FOLHA DE SÃO PAULO - 02/02/10


    PRIMEIRO, JOSÉ Sarney ficou.
    Depois, o STF resolveu rasgar a liberdade de imprensa, mantendo a censura ao jornal "O Estado de S. Paulo" em relação a Fernando Sarney e ao grupo político de seu pai. Agora, esse fechamento a vácuo de Brasília pode se estender por todo o sistema político.
    Em menos de 45 dias, o STJ suspendeu os processos judiciais ligados a duas das mais importantes operações da Polícia Federal em uma década. Hoje, ao voltar do recesso, o STJdeve começar a examinar o mérito da suspensão da Operação Castelo de Areia.
    As investigações obtiveram indícios consistentes e inéditos de todos os elos da cadeia que liga corruptores e corrompidos, obra pública e empreiteira privada. O potencial de destruição política dessas ações é tão grande que ninguém menos do que o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, após uma reunião com Lula, aceitou defender a empresa Camargo Corrêa, alvo da operação. O mínimo que se pode esperar é que a decisão do STJ não acabe objetivamente colaborando com esse gigantesco jogo de preservação de carreiras políticas que, dito de maneira direta, é simplesmente contra a democracia.
    Não bastasse estar em jogo a proteção de parte substancial da elite política, esse julgamento é também um episódio decisivo de uma luta política interna ao próprio Judiciário, envolvendo os tribunais superiores e inferiores e o Ministério Público. STF e STJ são e devem mesmo ser instâncias que uniformizam o entendimento judicial.
    Mas esse papel não deve ser confundido com subjugar as instâncias inferiores e o MP, bloqueando o surgimento de novas interpretações e de procedimentos inovadores. STF e STJ não devem se colocar na posição de órgãos fiscalizadores e disciplinadores de instâncias inferiores e do MP. Para isso existem as respectivas corregedorias, o CNJ e o CNMP.
    A independência e a criatividade de decisões de instâncias inferiores foram muitas vezes tábua de salvação. Basta pensar, por exemplo, nos desbloqueios de contas correntes que autorizaram durante o famigerado Plano Collor, de 1990, impedindo que a economia travasse. O mesmo Collor que foi posteriormente objeto de investigação liderada pelo MP.
    O que teria acontecido se os tribunais superiores tivessem bloqueado essas ações por parte das instâncias inferiores e do MP? É a pergunta que o STJ deve se fazer agora ao julgar os processos da Operação Castelo de Areia. Para que, no final, não acabe objetivamente amordaçando o Judiciário e se tornando oficina de blindagem da política oficial.

    EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

    O reinventor do mundo

    O Estado de S. Paulo - 02/02/2010


    Impedido por um surto de hipertensão de viajar a Davos para receber o Prêmio Estadista Global, o presidente Lula delegou ao chanceler Celso Amorim a leitura do discurso de agradecimento pela láurea recebida do Fórum Econômico Global, na última sexta-feira. Com isso, tiveram repercussão menor do que mereciam as palavras proferidas diante de um auditório também esvaziado pela ausência do designado estadista. Pena, porque "nunca antes" em Davos se assistiu a uma exibição de megalomania tão digna de figurar no Livro Guinness de Recordes. Nem conhecidos adoradores de si próprios, como o venezuelano Hugo Chávez e o líbio Muammar Kadafi, chegaram às alturas da apoteose mental que o brasileiro galgou ao cobrir de glórias o seu governo e de críticas o mundo inteiro.

    "Sete anos depois (de anunciar em Davos o que faria como presidente) posso olhar nos olhos de cada um de vocês e, mais que isso, nos olhos do meu povo e dizer que o Brasil, mesmo com todas as dificuldades, fez a sua parte", congratulou-se. Enquanto isso, "o que aconteceu com o mundo nos últimos sete anos? Podemos dizer que o mundo, igual ao Brasil, também melhorou"? Apenas melhorará, ensinou, quando "reinventarmos o mundo e suas instituições", decerto segundo o modelo lulista que - deu a entender - consiste na "recuperação do papel de governar". Como foi possível essa recuperação no Brasil se pode avaliar por outras declarações do presidente, no dia seguinte à leitura do texto em que se canonizou como o primeiro entre os iguais na condução dos destinos do globo. Deixando o hospital em São Paulo onde passara, aparentemente com êxito, por uma bateria de exames, declarou-se pronto "para entrar em campo".

    Naturalmente, referia-se às maratonas a que se submete no País e no exterior - e que justificariam chamá-lo de presidente frequent flyer. No ano passado, gastou 83 dias circulando pelo Brasil e 91 dias por 31 países. No mês passado, foi a 7 Estados. De fevereiro a julho irá a 22 países, da América Central à China, dos Estados Unidos à Rússia, de Israel ao Irã. Lula explica as viagens domésticas em nome da recuperação do papel de governar: elas se justificariam pela simples razão de que, sem elas, o governo estanca. "Quem engorda o porco é o olho do dono", argumentou, transformando em suíno o boi do velho ditado. E aí humilhou os seus colaboradores: "Se o dono não estiver olhando para as coisas acontecerem, elas não acontecem. Se o presidente não ficar em cima, não ficar cobrando, não ficar viajando, as coisas são mais difíceis."

    É claro que o recurso à teoria da governança itinerante, haja o que nela houver de verdade, é pouco mais do que uma engambelação. Lula não se desloca exaustivamente pelo território para fazer a sua administração funcionar. (Como ela funciona - ou não funciona - está no editorial desta página, Incompetência para investir.) Ele o faz para engordar a candidatura da ministra Dilma Rousseff, associando a sua imagem à dele e a de ambos ao que seria a estupenda coleção de realizações desse governo que faz tudo direito. Lula sabe que voa contra o tempo. A partir de abril, quando já não for ministra, Dilma Rousseff - ou "Dilma do chefe", como se ouviu de prefeitos pernambucanos na semana passada - terá de se apartar do seu patrocinador, passando uma temporada no limbo: longe dos comícios administrativos que ele continuará a fazer e ainda sem poder subir aos próprios palanques (oficialmente, a campanha começa em julho). Dilma tem ido bem nas pesquisas. Manterá a tendência quando não tiver Lula a seu lado?

    As suas aparições solo não devem baixar a pressão de Lula. Semanas atrás, disse que "gostaria muito de levar os brasileiros ao paraíso". Na última sexta-feira, enquanto o chefe repousava em São Bernardo, Dilma disse que "o presidente precisa de um sucessor a sua altura e eu gostaria de ser essa sucessora", apressando-se a emendar: "Não sou hoje." Além disso, falou da felicidade de ser avó. Mas esses são problemas da dupla e de sua gente. O do País é saber quem governa quando Brasília fica a descoberto. A resposta-padrão de Lula era "a ministra-chefe da Casa Civil". Ele vai precisar de outra, quando continuar viajando e ela imergir no seu curso preparatório de candidata. A verdade é que não há quem exerça no Planalto o papel de governar que Lula se preparara para louvar de viva-voz em Davos, no maior espetáculo de soberba de sua presidência.

    PAULO RENATO SOUZA

    O dever de falar a verdade

    O Estado de S. Paulo - 02/02/2010


    Falar a verdade, não falsear informações não é uma qualidade. É obrigação. Vale para a nossa vida pessoal e mais ainda para a vida pública. Mentir não pode ser considerado uma simples esperteza, um pequeno truque, uma "tática" para ganhar uma discussão. Ou uma eleição.

    Recentemente, usando um ato administrativo como palanque eleitoral, a candidata a presidente Dilma Rousseff afirmou que os tucanos não dão importância ao ensino técnico profissionalizante. Em contraste, citou as intenções do atual governo de criar novas escolas técnicas. Omitiu e falseou dados. Mentiu.

    Basta analisar os números sobre a expansão do ensino técnico federal, desde o início do governo Lula, e compará-los com o desempenho de apenas um Estado da Federação, no mesmo período. Segundo as informações do Ministério da Educação, em 2003 o número de alunos matriculados nas escolas técnicas federais era levemente superior ao da rede de escolas técnicas de São Paulo: 79 mil no Brasil inteiro e 78 mil nas escolas técnicas estaduais paulistas. Seis anos depois, em 2009, o Estado de São Paulo registrava 123 mil alunos nas suas escolas técnicas, ante apenas 87 mil nas escolas federais. Assim, entre 2003 e 2009, a expansão das matrículas no governo federal foi de apenas 9%. Nesse mesmo período, o ensino técnico público paulista cresceu 58%, sob o comando de dois governadores do PSDB - Geraldo Alckmin e José Serra.

    Uma vilania repetida desde a campanha eleitoral de 2006 afirma que o governo Fernando Henrique Cardoso teria proibido por lei a expansão do ensino técnico federal no País. Como ministro da Educação que cuidou desse programa, posso afirmar: mentira pura. A Lei 9.649, citada como "prova" pelos mentirosos, dizia que novas escolas técnicas deveriam ser criadas pela União sempre em parceria com os Estados, o setor produtivo ou entidades não-governamentais.

    Essas parcerias tinham duas vantagens. Primeiro, garantir uma vinculação maior e mais ágil entre as escolas técnicas e o dinamismo dos mercados de trabalho locais, onde os empregos são efetivamente gerados. Segundo, era evidente que, em geral, nossas escolas técnicas federais ofereciam um bom curso de nível médio, que preparava,

    gratuitamente, os filhos da classe média alta para ingressar na universidade, mas não atendiam nem aos filhos das famílias mais pobres nem às necessidades de formar técnicos de nível médio para o mercado de trabalho. Por incrível que pareça, o modelo tradicional favorecia os filhos dos ricos e prejudicava os filhos dos pobres.

    Criamos o Programa de Expansão da Educação Profissional (Proep) e obtivemos financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Além de criar novas escolas técnicas estaduais e comunitárias, canalizamos investimentos para modernizar as escolas técnicas federais existentes, com equipamentos e laboratórios. Em razão desses investimentos as matrículas nas escolas federais cresceram 41% apenas nos dois últimos anos do governo FHC, marca quase cinco vezes maior do que a alcançada em seis anos de governo Lula. É preciso esclarecer de uma vez por todas que expandir o ensino não exige sempre criar novas instituições. Muitas vezes, basta aumentar a capacidade das existentes.

    Por si sós, esses fatos e números reiteram a falta de compromisso da candidata oficial com a verdade.

    Na mesma linha, em recente debate radiofônico, o presidente nacional do PT acusou o governo anterior de "privatizar" o ensino técnico. Nada mais falso. Entre 1998 e 2002, aprovamos 336 projetos de escolas técnicas, sendo 136 para o segmento estadual, 135 para o comunitário e 65 para as escolas técnicas federais. Ou seja, 60% dos projetos financiados pelo Proep se destinavam à criação ou modernização de escolas técnicas públicas, federais ou estaduais. O ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra, do PT, pode lembrar os inúmeros projetos de escolas técnicas estaduais que financiamos e inauguramos juntos durante seu mandato.

    Os projetos do segmento comunitário visavam à criação, com o apoio financeiro da União, de escolas administradas por entidades sem nenhuma finalidade de lucro, tais como centrais sindicais - a CUT entre elas -, sindicatos patronais e de trabalhadores, fundações municipais e entidades eminentemente filantrópicas e culturais, como o Projeto Pracatum, na Bahia. Nada disso, portanto, pode ser associado à fantasia de "privatizar" o ensino técnico.

    A partir de janeiro de 2003, primeiro mês do governo Lula, o Proep foi bruscamente interrompido. O presidente nem deve ter sabido disso na época. Obras ficaram inacabadas e muitos projetos nem sequer foram iniciados. Em 2004 o Ministério da Educação devolveu ao BID US$ 94 milhões, não utilizados!

    Como seria difícil explicar, na campanha eleitoral de 2006, por que havia parado o programa de expansão do ensino técnico, o governo federal retomou os 32 projetos do Proep (de um total de 232 interrompidos). Num passe de mágica, promoveu sua "federalização", criando "novas" escolas federais ou "novas" unidades nas existentes. Embrulho novo em presente antigo. Isso foi tudo o que o Ministério da Educação fez pelo ensino técnico em seus quatro primeiros anos de gestão, fato que a ministra Dilma, na hipótese mais benigna, parece ignorar.

    Agora, em fim de governo, busca-se recuperar o tempo perdido lançando projetos a toque de caixa, no velho modelo de escolas técnicas que ofereciam ensino médio para os ricos e muito pouco ensino técnico para os pobres. Não é o melhor que o País poderia ter, mas, ainda assim, é melhor do que nada.

    Quem muito fala dos outros é porque tem pouco a falar de si. Mas quem deseja o respeito da população e pretende submeter-se ao julgamento das urnas tem o dever de pelo menos começar a falar a verdade sobre os outros e sobre si mesma.

    Paulo Renato Souza, ex-ministro da Educação, deputado federal, é secretário de Educação do Estado de São Paulo

    MERVAL PEREIRA

    Humanizar o capitalismo

    O GLOBO - 02/02/10


    Desde a montagem da programação do 40oFórum Econômico Mundial ficou clara a intenção de seus organizadores de mostrar a face humanizada do capitalismo, ainda envolvido na maior crise desde 1929. A preocupação em mesclar assuntos técnicos com debates sobre felicidade, boa alimentação ou aperfeiçoamento através da arte, que sempre esteve presente na agenda do Fórum, este ano ficou mais evidente ainda.

    O próprio mote do encontro — “repensar, redesenhar, reconstruir” — fez com que a tragédia provocada pelo terremoto no Haiti ganhasse relevância no encontro, e um dos motores do Fórum Econômico, que é a troca de informações entre os participantes, em encontros de negócios, ou simples conversas que podem vir a gerar negócios mais adiante, foi usado para estimular não doações, mas investimentos no Haiti.

    O anúncio de que a Fundação Melinda e Bill Gates vai investir nada menos de US$ 10 bilhões de dólares nos próximos dez anos para uma ampla campanha internacional de vacinação ganhou o maior destaque nos noticiários internos do Fórum, como a ressaltar o objetivo de “repensar, redesenhar, reconstruir” o mundo a partir de suas mazelas.

    Como o próprio comunicado oficial do Fórum destacou, “reconstruir o Haiti vai fazer o mundo mais próspero, vacinação de crianças no mundo em desenvolvimento significa um mundo mais saudável”.

    O Fórum destacou também a inter-relação entre a luta contra o desemprego, contra a miséria global e a favor da preservação do meio ambiente como “essencial” para garantir a recuperação da economia a longo prazo e evitar futuras crises.

    A escolha do presidente Lula para ser a primeira personalidade a receber o prêmio de “Estadista Global” tem a ver com essa preocupação social do Fórum Econômico, que, desse ponto de vista, tem demonstrado que é mais capaz de propiciar um ambiente de debate em busca de uma redefinição do capitalismo internacional do que o Fórum Social.

    Criado em 2001 para se contrapor a Davos e mostrar que “um outro mundo é possível”, nem todos os anos consegue realizar o encontro, e quando o faz se divide não apenas em diversos lugares, mas em diversas linhagens ideológicas.

    Essa dispersão de energia e vontades já foi criticada até mesmo pelo presidente Lula, que pediu mais foco nos temas a serem discutidos no Fórum Social, mas sem êxito.

    Em Davos, predominou esse ano o sentimento de que a recuperação ainda é frágil, e que a prosperidade tem que ser reconstruída em cima de valores.

    Até mesmo decisões técnicas, como a retirada dos subsídios e dos pacotes de estímulo à economia pelos governos, terão que se submeter à percepção dos cidadãos, como observou bem Christine Lagarde, ministra da Economia, Indústria e Emprego da França.

    Ao comentar os temores do diretor-geral do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, quanto ao momento certo de retirar tais subsídios — “Se sairmos muito tarde, a dívida dos governos pode ficar insustentável, mas se sairmos muito cedo, a crise pode se revigorar ” —, a ministra francesa acrescentou que os líderes terão também que lidar com “a frustração dos seus cidadãos durante esse processo”.

    A situação nos Estados Unidos é exemplar dessa ambiguidade da crise. Mesmo com uma melhoria nos números oficiais da economia, um em cada cinco americanos entre 25 e 54 anos está desempregado e, mesmo com a recuperação, um em sete ou oito desses cidadãos continuará desempregado.

    O que fez o diretor do C o n s e l h o N a c i o n a l d e E c o n o m i a d o s E s t a d o s Unidos, Larry Summers, definir a situação como sendo de “uma melhora estatística, mas uma recessão humana”.

    O fato de que a recuperação econômica está sendo mais rápida no mundo em desenvolvimento, enquanto que nos Estados Unidos e na Europa ela se dá de maneira mais lenta e difícil, é outro fator a desafiar os “senhores do Universo”.

    Mostra como a atual crise é distinta das anteriores, e que o mundo necessita abrir espaços para além do G-8 nos organismos internacionais de decisão.

    Ao mesmo tempo que a recuperação econômica é o objetivo geral, houve um consenso em torno de como alcançá-la: o novo modelo de crescimento é de baixo carbono, declarou Dominique Strauss-Kahn, diretor-geral do FMI, ao anunciar um plano de US$ 100 bilhões para promover o “crescimento verde”.

    O tom moralista das conclusões dos debates pode ser resumido pela declaração de Rowan D. Williams, arcebispo de Canterbury, no Reino Unido, destacada no site oficial do Fórum Econômico Mundial.

    Ele exortou os participantes do Fórum a assumirem responsabilidade coletiva para o futuro sendo individualmente responsáveis hoje “Responsabilidade para o futuro significa ser responsável com uma visão de humanidade que nos estimula e engrandece”.

    O presidente do Deutsch Bank, Joseph Ackermann, definiu bem a preocupação generalizada com a perda de confiança do cidadão no sistema financeiro: “Se você perde a confiança da sociedade, não pode responder em termos técnicos, mas em termos morais”.

    Mesmo assim, Ackermann foi um dos grandes banqueiros presentes ao encontro que se colocaram contra uma nova regulação do sistema financeiro internacional, contrapondo-se à proposta dos líderes políticos, especialmente o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

    PAINEL DA FOLHA

    Dupla função

    RENATA LO PRETE
    FOLHA DE SÃO PAULO - 02/02/10

    Divulgada na esteira de um Vox Populi também favorável a Dilma Rousseff, a pesquisa CNT/ Sensus na qual a candidata do PT aparece na zona do empate técnico com José Serra foi usada ontem para alimentar dois discursos caros ao governo. Um deles é o de que o tucano ainda pode "amarelar", optando pela segurança da reeleição ao governo paulista -não obstante o fato de que outro cenário do mesmo levantamento lhe dá vitória no primeiro turno. O segundo discurso é o da polarização consolidada, que tornaria natural a esperada retirada de Ciro Gomes (PSB) do páreo. "Mais um pouco ele estará empatado com Marina", prevê um cardeal da campanha de Dilma.



    Passou. O Planalto não se impressiona com o fato de Ciro surgir, em um dos cenários da Sensus, como elemento garantidor do segundo turno. Alega-se ali que o crescimento de Dilma e a progressiva desidratação do deputado em breve mudarão esse quadro. "A saída do Ciro não representa mais risco nenhum", diz um integrante do comando da campanha petista.

    Embaralhado. Os anexos da pesquisa Vox Populi enviados ao TSE, que incluem as cartelas apresentadas aos entrevistados pelo instituto, trazem o nome de Serra e a sigla PSDB "espelhados", dificultando seu reconhecimento.

    Lupa. Tucanos protocolaram petição na Justiça Eleitoral para ter acesso ao "sistema de fiscalização e controle" do instituto, sob o argumento de que as letras invertidas teriam prejudicado seu candidato.

    Pai da matéria. Em Sorocaba, Serra não quis falar sobre política, preferindo reclamar da vitória do Corinthians sobre o Palmeiras no domingo. "O Roberto Carlos foi expulso, mas acabou substituído pela sorte e pelo juiz", protestou o governador.

    Agora vai. Aliados de Tarso Genro (Justiça), pré-candidato ao governo gaúcho, apostam que a visita de Lula ao Estado, nesta sexta-feira, venha a marcar a despedida do ministro da Esplanada.

    Duas canoas. Apesar do apoio declarado pelo PDT a Dilma, o diretório gaúcho do partido está dividido entre endossar a candidatura ao governo de José Fogaça (PMDB), de quem herdará a Prefeitura de Porto Alegre, ou a tucana Yeda Crusius, se ela de fato tentar a reeleição. No sábado, a sigla assumiu o comando da Assembleia.

    Mínimos detalhes. Executivos do grupo Cosan visitaram Dilma ontem na Casa Civil para apresentar um relato da fusão com a Shell.

    Chamada. Em busca de resultados mais vistosos, Lula vai convocar os ministros envolvidos no Territórios da Cidadania para cobrar maior engajamento no programa, que até hoje patina. A agenda do presidente deve incluir em breve visita a um dos territórios, na região Nordeste.

    Frugal. O PMDB oferece jantar hoje ao novo líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT), que acaba de se submeter a uma cirurgia para perder peso.

    Pop 1. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), indicou que pretende ceder à pressão da opinião pública e incluir na pauta, já na próxima semana, o projeto que exige "ficha limpa" dos políticos como pré-requisito para candidaturas.

    Pop 2. Apresentado em setembro passado com o respaldo de 1,3 milhão de assinaturas, o texto prevê que condenados em primeira ou única instância por crimes graves não possam disputar. Mas, se realmente for a voto, a tendência é de a restrição ser aliviada, tornando inelegíveis apenas os que tenham sido punidos por uma decisão colegiada de segunda instância.

    com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

    Tiroteio

    "Talvez nem a Dilma queira em seu palanque alguém que foi acusado pela Procuradoria da República de chefiar a quadrilha do mensalão."

    Do senador ACM JÚNIOR (DEM-BA), sobre José Dirceu, segundo quem a eventual eleição de Dilma será "o terceiro mandato de Lula", que então voltaria em 2014.

    Contraponto

    Follow Friday Em visita na sexta passada à Campus Party, megaevento de tecnologia realizado em São Paulo, Dilma Rousseff foi cobrada por não ter ainda aderido ao Twitter.
    -O Serra já está lá...- cutucou alguém na plateia.
    -Mas eu entendo tudo, porque sou cercada de "tuiteiros"- rebateu a ministra, citando os colegas Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Paulo Bernardo (Planejamento), duas presenças assíduas no microblog.
    O público quis saber mais, e Dilma emendou:
    -Aliás, um dia vou aprender a "tuitar" tão rápido quanto eles debaixo da mesa durante as reuniões!