quarta-feira, agosto 18, 2010

RUY CASTRO


Grandes nomes

RUY CASTRO


FOLHA DE SÃO PAULO - 18/08/10


A notícia da fusão entre a Lan, empresa aérea chilena, e a TAM é alvissareira. Principalmente se reduzir a poluição sonora a níveis toleráveis nos voos da companhia brasileira. O problema é o nome da nova empresa: Latam. Por algum motivo, não é um nome que evoque excesso de firmeza e solidez quando se pensa em fuselagens bombardeadas por raios e chuva de granizo a 11 mil metros. 
Mas podia ser pior. Uma empresa aérea que vi há pouco na Espanha atende pelo nome de Lesma. Apesar do nome, parece próspera – talvez porque, em castelhano, o simpático caracol não se chame lesma, mas 'babosa', e a palavra não seja sinônimo de demora e lentidão, como entre nós. 
Batizar um produto ou empresa é mesmo difícil. O que dizer, por exemplo, de uma agência de turismo chamada Imatur? Ou de uma firma de construção civil chamada Terminal? Ou de um remédio para hipertensão chamado Capoten? Por sorte, esses produtos e empresas superaram a desconfiança que seus nomes poderiam causar e estão, me parece, firmes no mercado. Mas a Latam, assim chamada, que se cuide para não bater o pino. 
Um amigo, dono de um sebo aqui no Rio, me presenteou outro dia com uma pequena, mas deliciosa, coleção de caixas de fósforo e lápis de propaganda de empresas aéreas dos anos 50 e 60. São objetos que, um dia, alguém colecionou para seu próprio prazer, sem imaginar que, no futuro, se converteriam em fósseis de uma época. 
Lá estão várias e poderosas companhias, com seus então grandes nomes: TWA, PanAm, Panair, Cruzeiro do Sul, Aerovias Brasil, Nacional, Real Aerovias, Loide Aéreo, Vasp e, naturalmente, a Varig. Os lápis, com seus grafites intactos, ainda são capazes de escrever. Mas, assim como os aviões dessas empresas, que nunca mais voaram sob suas bandeiras de origem, os fósforos não acendem mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário