sábado, agosto 21, 2010

PAINEL DA FOLHA

Efeito cascata
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 21/08/10

Ao consolidar a perspectiva de desfecho da eleição no primeiro turno, os 17 pontos abertos por Dilma Rousseff (PT) no novo Datafolha tendem a impactar de imediato a arrecadação de recursos para a campanha de José Serra (PSDB) e dificultar ainda mais sua exposição na propaganda eleitoral nos Estados, além de engrossar o coro dos aliados que já recriminam publicamente o candidato e a condução da campanha.
Mas é incerto que essas queixas resultem em mudança radical no discurso do candidato ou na propaganda. Mais até do que na campanha de Geraldo Alckmin em 2006, o conteúdo da TV não é assunto sobre o qual os aliados tenham poder de decisão.


Seguro Serra gravou uma fala de 12 segundos pedindo voto no 45, o número do PSDB, para ser exibida no horário eleitoral de candidatos a deputado. A vinheta tem sido a única saída para driblar a ausência do candidato na propaganda televisiva em vários Estados.

Porta de saída A expressão "se eu não me engano", cada vez mais empregada por Dilma Rousseff em discursos e entrevistas, veio para ficar. Ontem, na passagem por Vitória, ela disse que não é uma "enciclopédia ambulante" e que a imprensa cobra qualquer "numerozinho" errado, daí a tática de deixar margem para recuo.

Herança Dilma também falou sobre o "eu acho", outra expressão que ela introduz antes de quase toda afirmação. Muita gente já a aconselhou a abandonar o cacoete, contou ontem a candidata, para logo depois dizer que não o fará. "Aprendi quando era criança em Minas e não vou parar de falar."

#pronto falei Depois de comparar Dilma a Tiradentes - "ele colocou a cabeça a prêmio por um sonho, você também", o senador Magno Malta (PR-ES) afirmou que quem rejeita a petista o faz por achar que é Lula quem iria governar. Para constrangimento geral, acrescentou: "Quem dera fosse isso".

Oremos 1 A campanha do PT produziu material voltado aos evangélicos enumerando "13 motivos para o cristão votar em Dilma". Segundo o texto, "ela tem feito a opção clara de governar focada no crescimento e no desenvolvimento, olhando pelos pobres e menos favorecidos, a mesma do evangelho do Senhor Jesus Cristo".

Oremos 2 O panfleto prega que Dilma se comprometeu a "delegar ao Congresso o debate sobre o Plano Nacional de Direitos Humanos", que fez barulho ao trazer, entre outros pontos, a defesa do aborto. Outra razão citada para escolher Dilma: "Ela é humilde e conhece o sofrimento, a dor e a necessidade do ser humano".

Sujou Em sessão realizada anteontem, o TRE paulista decidiu pela primeira vez que a rejeição de contas é suficiente para enquadrar candidatos na Lei da Ficha Limpa. O tribunal indeferiu, por unanimidade, o registro de Chiquinho do Zaíra (PMN), que disputa vaga na Câmara dos Deputados e entrou na mira do Tribunal de Contas quando dirigia a companhia de saneamento de Mauá.

Luz vermelha Passível de recurso ao TSE, a decisão cria jurisprudência aguardada com angústia por candidatos que já ocuparam prefeituras, presidências de Câmaras e autarquias. Havia dúvida quanto à interpretação da Lei de Inelegibilidade.

Regra 3 Sem apresentar as certidões necessárias ao cumprimento da Lei da Ficha Limpa, Toni Curiati renunciou à candidatura ao Senado pelo PP-SP. O substituto deverá ser o advogado e jornalista Sérgio Redó.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELLI

tiroteio

Desculpe, Serra, mas infelizmente a garupa do presidente Lula já está ocupada.
DO DEPUTADO JOÃO PAULO CUNHA (PT-SP), ironizando o uso da imagem de Lula na propaganda do candidato tucano, que, em entrevista na bancada do "Jornal Nacional", criticou indiretamente a adversária Dilma ao dizer que "o próximo presidente vai governar e não pode ir na garupa".

contraponto

O outro

Em 11 de julho, aniversário de Netinho de Paula (PC do B), Marta Suplicy (PT) telefonou para o companheiro de chapa ao Senado. Atarefada, a ex-prefeita saiu disparando votos de felicidades e sucesso nas urnas, até ser interrompida pela voz do outro lado da linha:
-Marta, não é este o telefone... -disse José Police Neto (PSDB), que assim como o pagodeiro é vereador e também conhecido como Netinho.
-A gente conversa melhor depois, tá?
Com um torpedo, o tucano esclareceu o engano.

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