quinta-feira, março 04, 2010

ILIMAR FRANCO

A licença de Lula

O Globo - 04/03/2010


O presidente Lula pretende se licenciar do cargo, nos meses de agosto e setembro, para participar ativamente da campanha de Dilma Rousseff. Com a licença, o presidente Lula quer evitar problemas com a Justiça Eleitoral e se dedicar integralmente à tarefa de eleger seu sucessor. O período e o afastamento vão ser ditados pela necessidade política.

Com isso, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que não disputa as eleições, voltará temporariamente à Presidência da República.

Agenda para a travessia do deserto

A coordenação da campanha de Dilma Rousseff está preocupada com sua visibilidade nos meses de abril e maio, considerados delicados, porque ela estará fora do governo e não poderá se expor a tiracolo do presidente, como agora. Para preencher o vazio, até as convenções partidárias de junho, a coordenação está articulando eventos com partidos, empresários, trabalhadores e movimentos sociais em várias regiões do país. A intenção é ocupar a mídia regional.

Na primeira semana de abril, por exemplo, Dilma receberá o apoio do PR, que fará convenção dia 5, e do PC do B, que está organizando um ato para o dia 8.

“O Lula quer impor um plebiscito despolitizado.
Todo mundo agora quer bajular o Lula”
— Ciro Gomes, deputado federal (PSB-CE), que gostaria de ter o apoio de Lula para ser candidato à Presidência da República

EU, HEIN!? A bancada do PSDB no Senado pediu ontem ao governador Aécio Neves que converse com José Serra para convencê-lo a assumir desde já sua candidatura a presidente. “Eu não posso pressioná-lo, porque não quero ser pressionado (a ser vice)”, respondeu Aécio. Os senadores não conseguiram se reunir com Serra, que chegou atrasado ao Senado e saiu correndo depois do discurso em homenagem a Tancredo Neves.

Pede para o Serra
Afirmação do líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), tentando se desvencilhar de um policial paulista que cobrava a votação da PEC 300/08 anteontem: “Você tem é que pedir ao Serra para aumentar o seu salário”.

Bancada mantida
Depois da reação dos estados que seriam prejudicados, o TSE decidiu manter a composição da Câmara dos Deputados.
Se fosse aplicada minuta com atualização populacional do IBGE, o Rio perderia dois deputados federais a partir de 2011.

Briga por diretoria da ANA
O PMDB quer reapresentar o nome de Paulo Vieira para uma diretoria da Agência Nacional de Águas. Ele foi rejeitado pelo Senado em dezembro. Vieira é apadrinhado do ex-ministro José Dirceu. Na época, os funcionários da ANA queriam a técnica Gisela Forattini. Agora, o vice José Alencar (PRB) entrou em campo para emplacar no cargo o geólogo Luiz Amore, que coordenou o projeto de proteção do Aquífero Guarani.

Marconi tenta se livrar de Lúcia Vânia
Candidato ao governo de Goiás, o senador Marconi Perillo (PSDB) está tentando rifar a senadora Lúcia Vânia (PSDBGO), pré-candidata à reeleição, em troca do apoio do PTB. Ele ofereceu uma vaga para o Senado em sua chapa ao proprietário do grupo Friboi, José Batista Júnior. A outra vaga é do senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Marconi tentou fazer o mesmo em 2002, quando pretendia que o atual presidente do BC, Henrique Meirelles, disputasse o Senado.

O PRESIDENTE Lula desistiu de empurrar o presidente do BC, Henrique Meirelles, para ser o vice de Dilma Rousseff, representando o PMDB.

UM AMIGO do presidente atribuiu a decisão à reação do PMDB: “Não pode pensar só na campanha, tem que pensar no apoio ao próximo governo”.

A DIREÇÃO nacional do DEM bate duro na candidatura do prefeito Beto Richa ao governo do Paraná. O partido apoia o senador Osmar Dias (PDT) e diz que, se ele fosse o candidato da oposição, o PT ficaria isolado no sexto colégio eleitoral do país.

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