quinta-feira, fevereiro 18, 2010

FERNANDA KRAKOVICS

Inércia tucana

O Globo - 18/02/10


Apesar da postura de candidato durante o carnaval, a cúpula do PSDB está cada vez mais impaciente com a resistência do governador José Serra em se assumir como tal desde já. Essa irritação deve atingir seu ápice no sábado, com o lançamento oficial da pré-candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República, e os esperados ataques à oposição.

Serra gera insegurança no PSDB

Lideranças tucanas reclamam que o comportamento de Serra gera insegurança no próprio partido e nos aliados, porque alimenta a expectativa de que ele pode desistir da disputa lá na frente. “E a gente fica nesse debate de quem vai ser o vice, qual é o melhor momento para o Serra se lançar, se o artigo do Fernando Henrique foi adequado, e não defende o nosso projeto, não responde ao PT”, afirma integrante da cúpula do PSDB.

Durante sua passagem por Recife e Salvador, no carnaval, aliados e correligionários estimularam Serra a antecipar o lançamento de sua candidatura, mas ele ouviu calado.

Nos próximos dias, Serra deve ter uma conversa com o governador Aécio Neves.

"O PT tem uma postura intelectualmente desonesta, de demonizar o adversário. Não é o nosso estilo” — Arnaldo Madeira, deputado federal (PSDB-SP)

ADESÃO. No sábado de carnaval, o líder do DEM, deputado Paulo Bornhausen (SC), ao centro na foto, saiu com o número do PT, o 13, estampado na camiseta, para alegria do deputado Vignatti (PT-SC), à esquerda. Mas ele não mudou de lado, nem estava fantasiado de petista. Era a 13aedição de uma feijoada tradicional em Florianópolis. O primeiro embate do novo líder do DEM com o PT será na votação dos projetos do pré-sal.

Ideológicos

O ex-ministro Delfim Netto fará parte do grupo de trabalho formado pelo PMDB para formular um programa de governo a ser proposto à candidata Dilma Rousseff (PT). Os peemedebistas tentam afastar a imagem de fisiológicos.

Tucanês

Diante de sua intenção de fazer mudanças na assessoria técnica, o novo líder do PT, deputado Fernando Ferro (PE), foi questionado se queria fazer “um choque de gestão”. “Não, de jeito nenhum! Senão eu seria incinerado”, disse ele.

Lula vai receber Paulo Octávio

Antes de receber o governador em exercício do Distrito Federal, Paulo Octávio, o presidente Lula quer conversar com o ministro Luiz Paulo Barreto (Justiça) e com o advogado-geral da União, Luís Adams, para ter um retrato claro da situação. A preocupação do Palácio do Planalto é manter uma relação institucional com quem estiver dirigindo o Distrito Federal e apoiar o funcionamento das instituições.

O papel do PT no governo

Em entrevista ao blog de José Dirceu, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, aposta que, em um governo de Dilma Rousseff, o partido teria um papel maior. Ele ressalta a diferença de perfil entre Dilma e Lula, ressaltando a capacidade de liderança do presidente e o fato de ele ser fundador do PT.

“Por conta dessa diferença, há uma oportunidade para que o PT exerça um protagonismo no seu governo (de Dilma)”, disse Dutra. Na elaboração do programa de governo da ministra, o partido já tentou dar um viés mais à esquerda.

PÉ QUENTE? Assessores brincavam ontem com a ministra Dilma Rousseff que ela é pé quente. O desfile da Unidos da Tijuca, campeã do Carnaval, foi o que a ministra acompanhou por inteiro na Sapucaí.

RACHA. Apesar de ter declarado que não continuaria na liderança do PSDB, o senador Arthur Virgílio (AM) resiste a entregar o cargo a Álvaro Dias (PR).

BLOCO PIRATA. Driblando o choque de ordem do prefeito Eduardo Paes, blocos que não tiveram autorização para desfilar neste Carnaval saíram “clandestinos” e arrastaram multidões no Rio.

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