sexta-feira, fevereiro 26, 2010

ELIANE CANTANHÊDE

Burns, Hillary, Obama

FOLHA DE SÃO PAULO - 26/02/10


BRASÍLIA - O secretário da Justiça, Eric Holder, veio ontem. O subsecretário de Estado, William Burns, vem hoje. A secretária, Hillary Clinton, virá na terça. E o presidente Barack Obama, provavelmente ainda neste semestre.
Os EUA invadem Brasília, mas com boas intenções. Vamos ser diplomáticos e esquecer que o inferno está cheio delas para focar uma agenda recheada de adjetivos, como "positiva" e "propositiva".
Como essas viagens sempre incluem outros países, é claro que lá pelas tantas eles vão discutir Venezuela, Colômbia, os novos presidentes do Chile e do Uruguai. "Peanuts". A questão hoje é o Irã.
O que estará em pauta, nas reuniões com Burns e Hillary, é "o valor e a eficácia" de ampliar as sanções, como me disse o secretário-geral do Itamaraty, Antonio Patriota, ex-embaixador em Washington.
Os EUA acham que as sanções vão acuar Ahmadinejad. O Brasil está convencido de que provocarão mais radicalização.
Pode haver, porém, consenso em dois outros temas. O Brasil vai admitir maior flexibilização ao reconhecer o novo presidente de Honduras, "Pepe" Lobo, que os EUA apoiaram desde o início, e vai tentar fechar com os americanos o que Patriota chama de "projetos estruturantes" para o Haiti: investimentos comuns na infraestrutura, na indústria, na educação, na saúde.
"Last, but not least", Cuba. A ideia inicial era discutir avanços contra o bloqueio, mas agora não há como fugir da morte do prisioneiro político Orlando Zapata Tamayo, 42, que coincidiu com a visita de Lula à ilha e traz para a agenda do continente a questão dos direitos humanos. Estou curiosa para saber o que o Brasil tem a dizer.
No mais, as relações Brasil-EUA vão muito bem, obrigado, mas os dois países têm de discutir os subsídios americanos ao algodão, com a correspondente retaliação brasileira, mais aquele assunto que paira no ar: os caças da FAB

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