segunda-feira, janeiro 04, 2010

RUY CASTRO

Genealogia dos Máicons

FOLHA DE SÃO PAULO - 04/01/10

RIO DE JANEIRO - Outro dia, discutindo os razoáveis méritos do jogador Máicon, lateral do Inter de Milão e da seleção brasileira, surpreendi-me falando Máicon para cá e Máicon para lá, como se fosse o nome mais tradicional do mundo -algo assim como Abílio, Belmiro ou Coriolano, cujas origens históricas podem ser traçadas desde o século 5 ou antes.
Já tinha me esquecido de como, há anos, ao ouvir pela primeira vez o nome Máicon -que não se referia ao Máicon citado acima, mas a outro de que não me lembro-, achei que o interlocutor se enganara ou meu ouvido é que entortara. Sem dúvida, pensei, ele queria dizer Michael. Hoje, com tantos Máicons explícitos e assumidos à nossa volta, em blogs, twitters, facebooks, na música caipira e no futebol -raro o clube que não tem ao menos um-, o nome já se incorporou à língua.
Como terá começado essa onda? Fico imaginando o primeiro pai que entrou num cartório para registrar o filho como Michael e cantou o nome para o escrivão. Ou o pai o pronunciou errado e o escrivão o seguiu no erro, ou o pronunciou certo, mas o escrivão escorregou ao escrever. Enfim, ali nasceu o primeiro Máicon. Mas como terá nascido o segundo? E o terceiro, o quarto e os milhares de outros?
Como não existe nenhum Máicon maior de 30 anos, imagino que o processo se deu quando o jovem Michael Jackson começava a empolgar futuras jovens mães e a fazer com que elas dessem o seu nome aos filhos. Se bem que o principal Máicon da atualidade, o do Inter e da seleção, seja uma homenagem a outro Michael. Vide seu nome completo: Máicon Douglas Sisenando.
Mas não seja por isso. Se você procurar por um absurdo e improvável Máicon Jackson, referindo-se ao dançarino americano morto há pouco, lá estará ele, firme, no infalível Google.

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