sábado, janeiro 09, 2010

PAINEL DA FOLHA

Prefácio

SILVIO NAVARRO (interino)

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/01/10


A despeito da comissão da verdade, que desagradou aos militares, o terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos, criticado por setores do governo, pela Igreja e tratado como peça de esquerda, aborda os mesmos "temas tabus" da versão anterior, assinada por Fernando Henrique Cardoso em maio de 2002.
Constam do documento tucano "apoiar a regulamentação da parceria civil entre pessoas do mesmo sexo", alterar o
Código Penal para promover "alargamento dos permissivos para a prática do aborto legal", criar o Conselho de Comunicação Social e implementar um "controle democrático das concessões de rádio e TV", além de "progressividade fiscal onerando latifúndios urbanos e áreas subutilizadas".



Carimbado. Alvo da polêmica, o decreto que dá aval à terceira fase do Programa de Direitos Humanos leva a assinatura de Lula, 26 ministros e dois secretários-executivos.

Distância. Já Franklin Martins (Comunicação Social), que participou das discussões sobre o programa, pediu para que seu nome não constasse da lista. Argumentou que a proposta precisava ser "amadurecida".

Recado. No site da Secretaria de Direitos Humanos, o ministro Paulo Vanucchi (Direitos Humanos) diz que uma redação inicial foi exposta "durante meses" na internet para suscitar "aperfeiçoamentos e novas sugestões".

Padrinhos. Em 21 de dezembro, quando o decreto foi assinado, Vanucchi afirmou que se tratava de uma "realização concreta e uma prova inquestionável de engajamento completo do governo".

Teclado. Nelson Jobim (Justiça) e Vanucchi debateram via e-mail as divergências sobre o texto nas semanas que antecederam a cerimônia de assinatura do decreto. Ambos estavam viajando na época.

Direito cigano. No capítulo em que fala do acesso à moradia para a população de baixa renda e grupos vulnerabilizados, o texto determina a garantia de "realização de acampamentos ciganos em todo o território nacional" para preservar tradições.

Geni. Durval Barbosa, o gravador-geral do mensalão candango, já enfrenta 13 processos, a maioria de quem se sentiu ofendido pelas revelações. Mas a lista não inclui o governador José Roberto Arruda nem o vice Paulo Octávio.

Na área. Apontado por Durval Barbosa como um dos arrecadadores do mensalão, Fábio Simão, ex-chefe de gabinete de Arruda, tem sido visto com frequência na sede do governo do Distrito Federal. Segundo a Polícia Federal, o dinheiro de propina foi achado na antiga sala dele.

Caso antigo. Não é de hoje que o PT tem uma queda pelos Rafale. Quando a compra de caças esteve em pauta no governo FHC, deputados do partido com trânsito no Planalto fizeram o possível para tentar interceder em favor da empresa francesa Dassault.

Bazar. O Senado editou uma portaria suspendendo o fornecimento de papel "de todos os tipos e tamanhos e demais materiais de expediente às unidades parlamentares e administrativas" da Casa até o dia 31. Motivo: apesar do recesso legislativo, janeiro, o mês do material escolar, era também o mês de recorde de gastos com papelaria na Casa.

Cifras. Na disputa para tentar viabilizar seu nome no PT para concorrer ao governo de Minas, o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) foi um dos campeões na execução orçamentária na Esplanada -96,5%.

No ar. Bombardeado por não permitir comentários de internautas, o Blog do Planalto comemora ter sido acessado em 104 países desde sua criação, em 31 de agosto.

Tiroteio

"A escolha dos caças segue a fórmula do PT de governar: desprezo profissional, ideologia confusa e desperdício de dinheiro público."


Do deputado ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB-SP), sobre a preferência do governo pelos caças franceses a despeito do relatório da Aeronáutica favorável ao concorrente sueco.

Contraponto

Trava língua Ao lado do presidente Lula para inaugurar obras do PAC em dezembro, o ministro Márcio Fortes (Cidades) tentava, com sérias dificuldades, defender a "balneabilização das praias brasileiras" num discurso no Maranhão.
- As nossas praias têm de ser baneada... balneazis...
Tentou uma, duas, três vezes, sem sucesso, acertar a pronúncia. Interrompeu a fala, respirou e desabafou:
- Bal-ne-a-bi-li-za-das!
Aliviado, o ministro ensaiou uma risada com o próprio embaraço, mas a plateia permaneceu calada sem entender o significado da complexa proposta.

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