sábado, dezembro 26, 2009

PAINEL DA FOLHA

Cunha Lima, o outro

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 26/12/09


A Justiça da Paraíba julga no próximo dia 7 recurso do ex-deputado federal Ronaldo Cunha Lima (PSDB), que há dois anos renunciou ao mandato para perder o foro privilegiado e assim fugir de julgamento no Supremo pelo atentado a tiros, em 1993, contra o ex-governador Tarcísio Burity. O tucano quer agora afastar o juiz estadual que brecou tentativas de anular provas já aceitas pelas cortes superiores.
Em 2007, a renúncia de Cunha Lima (pai de Cássio, governador cassado) foi definida como "escárnio" pelo ministro Joaquim Barbosa e apontada pelo ministro Cezar Peluso como precedente para réus do mensalão. Trata-se, porém, de hipótese distante, pois o mensalão deverá ser julgado apenas em 2011.



Sondagem. Os advogados de José Genoino (PT-SP), Luiz Fernando Pacheco, e de João Paulo Cunha (PT-SP), Alberto Toron, negam que seus clientes pretendam seguir o exemplo de Cunha Lima. Mas Pacheco diz ter sido procurado por defensores de outros réus do mensalão, que especularam sobre "a chance de forçar a ida do processo para a primeira instância".

Na mesma. O promotor paraibano Francisco Sarmento acredita que Cunha Lima irá a júri popular em 2010, pois não encontrou na Justiça local ambiente para postergar a ação penal. O juiz Marcos William Oliveira fulminou as manobras que fariam a ação recomeçar do zero.

Argumento. O advogado de Cunha Lima, Luciano Pires, alega que em 1993 seu cliente deveria ter sido investigado pelo Superior Tribunal de Justiça, e não por delegado.

Topa? Na Assembleia paulista, um deputado do PT brinca com colega do PSB: "A gente até pode apoiar o Ciro Gomes para governador. Eu não sei é se vocês apoiam". A bancada do PSB é unha e carne com o governo tucano.

Em baixa. Até pelas declarações do próprio, o projeto Ciro-SP está definhando a olhos vistos. Mesmo a ala mais maleável do PT local avalia hoje que, se Lula quiser mesmo remover o deputado da disputa presidencial, terá de lhe dar outro destino, seja ele a vice de Dilma (e durma-se com o barulho do PMDB!) ou o retorno ao ministério no último ano de governo.

Tela quente. O PT acionou o Ministério Público Eleitoral acusando José Serra de fazer campanha antecipada numa série de entrevistas a programas populares de TV.

Duas mulheres. Pressionado pelo Planalto e pelo núcleo governista de seu partido, Garibaldi Alves (PMDB-RN) diz que, "por ora", está "inclinado a apoiar Dilma" nacionalmente, ainda que pretenda se reeleger senador abraçado à candidatura da oposicionista Rosalba Carlini (DEM) ao governo potiguar.

Um pé lá... Há quem veja estímulo do governador Eduardo Campos (PSB-PE) à candidatura ao Senado de Fernando Bezerra Coelho (PSB), secretário de Desenvolvimento Econômico.

...outro cá. Como uma das duas vagas da chapa ao Senado é de João Paulo (PT) e ninguém tasca, o incômodo recai sobre o deputado Armando Monteiro Neto (PTB), também aliado de Eduardo Campos e candidato declarado.

Má fase. Presidente da CNI, Monteiro Neto anda às voltas com o escândalo que derrubou o petebista Silvio Costa Filho da Secretaria de Turismo por suspeita de superfaturamento de contratos.

A conferir. Na esteira do anúncio de Gilmar Mendes de que CNJ irá monitorar, a partir de 2010, não só a população dos presídios como também os presos em delegacias, Sérgio Cabral (PMDB) disse ao presidente do STF que planeja acabar com essa modalidade de detenção no Rio ainda em seu atual mandato.

com SÍLVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

Nós tivemos que engolir o apoio a Newton Cardoso e ficamos calados.

Do deputado petista VIRGÍLIO GUIMARÃES, aliado de Fernando Pimentel, em resposta ao grupo de Patrus Ananias, que critica as alianças do ex-prefeito de BH; em 2006, o ministro pediu voto para o ex-governador peemedebista, que concorria ao Senado; Pimentel e Patrus disputam a vaga do PT na eleição para o governo de Minas.

Contraponto

Questão de princípio A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara discutia, na semana passada, projeto que autoriza o governo a doar três aviões Tucanos T-27 ao Paraguai. A certa altura, Régis de Oliveira (PSC-SP) identificou erro na formalização do pedido ao Congresso. Consultado, Flávio Dino (PC do B-MA) deu seu parecer e aproveitou para brincar:
-De fato, devo reconhecer que esse erro existe, mas faço questão de deixar bem claro que sou e sempre serei a favor da exportação de tucanos!
Diante do riso dos colegas, Dino acrescentou:
-Aliás, apenas lamento que sejam três, e não todos!

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