quinta-feira, dezembro 24, 2009

PAINEL DA FOLHA

Empurrãozinho

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 24/12/09

Embora saibam que a debacle do governo gaúcho será um constrangimento em 2010, muitos no PSDB ficaram quase satisfeitos com os 5% obtidos no Datafolha por Yeda Crusius, lanterna em sua própria sucessão. O partido, que vem tentando sem sucesso convencê-la a abdicar da reeleição, acha que ganhou novo argumento, pois os números contrariam a promessa, esgrimida pela governadora, de uma recuperação pós-enterro do impeachment na Assembleia.
Ninguém espera nada no curto prazo, mas, na esteira da pesquisa, mesmo tucanos mais próximos a Ieda passaram a apostar, "ali para fevereiro ou março", num "gesto" que permita ao PSDB dar a seu candidato a presidente o palanque de José Fogaça (PMDB), empatado na liderança com Tarso Genro (PT).


Reprise. Não obstante os 30% de Tarso Genro, petistas instalados no governo federal viram o Datafolha com alguma apreensão. Acham que é preciso forjar alianças o quanto antes, sob pena de se repetir um roteiro conhecido no Rio Grande do Sul: todos contra o PT no segundo turno.

A conferir. Tarso circulou pelo jantar de fim de ano do primeiro escalão, anteontem, informando aos convivas que deixará o Ministério da Justiça no início de fevereiro para se dedicar à campanha. Auxiliares de Lula, porém, dizem que o presidente ainda não deu sinal verde a ninguém.

Sou eu! Eduardo Suplicy concluiu que se encaixa perfeitamente no perfil defendido por Lula para disputar o governo de São Paulo. Segundo o presidente, o PT peca por não "repetir candidato". O senador concorreu em 1986.

Fase dois. Observação de um adversário: com dois dígitos no Datafolha, o ainda desconhecido vice de Aécio Neves, Antonio Anastasia (PSDB), já não pode mais ser considerado um poste na disputa pelo governo de Minas.

Transgênico. A ex-petista Marina Silva, pré-candidata a presidente pelo PV, reiterou ontem em Rio Branco que apoiará Tião Viana (PT) para o governo do Acre. Ao participar de um culto com pastores evangélicos, a senadora fez questão de dizer que viajou ao Estado às próprias custas.

Nada ainda. Para o juiz federal Jorge Costa, especialista em crimes financeiros, Daniel Dantas não conseguirá desbloquear contas no exterior com a liminar do ministro Arnaldo Esteves Lima. "O bloqueio decorreu de acordo internacional. Enquanto não for invalidada a decisão do juiz De Sanctis, ficam preservados os seus efeitos".

Memória. Em 2008, Daniel Dantas não conseguiu suspender a Satiagraha no recesso doJudiciário. Ao julgar pedido de liminar contra a decisão contrária do ministro Esteves Lima, doSTJ, o ministro Cezar Peluso, do STF, não viu urgência para decidir a matéria durante as férias forenses.

Chaves. O TJ-SP fez ontem cerimônia para receber o prédio que no passado foi do Hilton Hotel, na avenida Ipiranga. Em 2007, no final da gestão anterior do TJ, houve inauguração, com o prefeito Gilberto Kassab e o secretário estadual de Justiça, Luiz Antonio Marrey. O imóvel será ocupado em fevereiro.

Resenha. Entre as autoridades que encontrou durante a passagem pelo Brasil, a única mencionada por Arturo Valenzuela em seu Twitter foi José Serra. Esnobado pelo chanceler Celso Amorim, o secretário-adjunto de Estado dos EUA para a América Latina considerou "ótima" a reunião com o tucano. Os dois se conhecem desde a época em que Serra viveu no Chile.

Sem fim. Os tucanos Carlos Sampaio e Duarte Nogueira ainda disputam a liderança da minoria na Câmara. O novo líder da bancada do PSDB, João Almeida, diz: "Não haverá decisão antes de fevereiro".
com SÍLVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio


Primeiro, pegaram o que eu disse e foram procurar pelo em ovo. Agora, colocaram chifre em cabeça de cavalo. Sempre fui e continuo a ser candidato ao Senado.
De ALOIZIO MERCADANTE, contestando quem interpretou sua declaração sobre Ciro Gomes ter "tomado o pau de arara na direção errada" como tentativa do senador de se colocar na disputa pelo governo de SP.

Contraponto

Já vi esse filme


Enquanto outros ministros desfrutavam da conversa amena no jantar de final de ano com Lula, Alexandre Padilha (Relações Institucionais) entrava e saía o tempo todo da sala, envolvido que estava na votação do Orçamento de 2010, àquela hora em curso no Congresso.
Presente à confraternização, José Múcio, que até outubro ocupava a cadeira de Padilha e hoje leva vida mais tranquila como ministro do TCU, observava a correria e, na enésima vez em que o sucessor correu para atender o telefone, comentou rindo:
-Sou capaz de dizer exatamente quem está ligando e qual é o valor da emenda!

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