quarta-feira, novembro 18, 2009

PAINEL DA FOLHA

Ensaio de orquestra

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 18/11/09

Na leitura dos tucanos mais próximos de José Serra, as peças todas se encaixam: o correligionário Aécio Neves e Ciro Gomes (PSB), que ontem trocaram elogios em Belo Horizonte, e os ‘demos’ Rodrigo e Cesar Maia, que agora atiram contra o governador de São Paulo um dia sim e outro também, estão juntos num movimento coordenado para levá-lo a desistir da candidatura à Presidência, que cairia no colo de Aécio.

Este nega. “Por mais que tentem me intrigar com o Serra, nós estaremos juntos em 2010. Quem apostar no contrário vai se dar mal.” Mas e a beligerância de Ciro, que ontem chamou Serra de ‘coiso’? “É um problema”, reconhece Aécio. “Mas eu sempre prefiro buscar a convergência no que interessa ao país.”

Paisagem - Quem conversou com Serra relata que este pretende fazer o possível e o impossível para não reagir publicamente nem ao encontro em Belo Horizonte nem ao bombardeio dos Maias.


Auto-ajuda - Na avaliação de um grão-tucano otimista, “a coisa ainda vai piorar mais para depois melhorar”.


Tic-tac - Mesmo a banda do DEM próxima a Rodrigo Maia acha que filho e pai há muito passaram do ponto. “Eles resolveram colocar uma bomba no casco do navio em que estão viajando”, diz um aliado.


Em resumo - Para Rodrigo, presidente do partido, o problema é a sombra de Gilberto Kassab. Para Cesar, trata-se da ausência de um palanque sólido no Rio para viabilizar sua candidatura ao Senado.

Bronca 1 - Em jantar anteontem com Marina Silva, lideranças do PV cobraram da candidata o fato de ter desaparecido e permitido que a eleição ‘voltasse a ficar plebiscitária’ justamente no momento em que Dilma Rousseff (PT) e Serra passaram a duelar em torno do meio ambiente, agenda da senadora.


Bronca 2 - Marina acolheu parte das críticas, mas fez menção à escassa estrutura de sua pré-campanha e ao fato de que o PV havia decidido não transformá-la numa candidata monotemática. Por enquanto, ficou combinado que ela fará pelo menos um discurso por semana no Senado.


Cabeça feita - Ainda no jantar do PV, Fernando Gabeira reiterou que disputará o Senado, não o governo do Rio.


Emergência 1 - O presidente do PT, Ricardo Berzoini, foi chamado ao Rio para aplacar os ânimos entre os grupos do deputado Luiz Sérgio e do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, que disputam o diretório local. O primeiro é pró-aliança com o PMDB de Sérgio Cabral. Lindberg quer o governo.


Emergência 2 - Luiz Sérgio afirma contar com o apoio de oito dos dez prefeitos do PT no Estado. “Ele está blefando para não desanimar sua tropa”, rebate Lindberg.

Que tal? - Vereadores paulistanos do PSDB tentam convencer o ex-correligionário Gabriel Chalita, desde anteontem no ar em inserções do PSB, a entregar seu posto na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Dizem que não se trata de “nada pessoal”, e sim de “ordem de cima”. Chalita não topa.


Minha filha! - A entrevista coletiva de Dilma pós-apagão ainda rende. Ontem, em reunião da bancada do PT, vários deputados criticaram o desempenho da candidata.

Despacho - Articulador político do Planalto, o ministro Alexandre Padilha enviou aos líderes de partidos governistas no Congresso convite para a pré-estreia de “Lula, o filho do Brasil”, ontem em Brasília.

Tiroteio

É algo sem base real, um factoide. Se Aécio for candidato a senador, e Ciro a presidente ou a governador, eles estarão separados.

Do deputado tucano ARNALDO MADEIRA (SP), sobre o fato de o correligionário Aécio Neves ter dito que gostaria de estar no mesmo projeto político de Ciro Gomes (PSB).

Diga “x’!


Guido Mantega participava dias atrás de audiência na comissão especial da Câmara que trata do projeto de capitalização da Petrobras, dentro do marco regulatório do pré-sal, quando uma voz invadiu o sistema de som:


- Um sorriso, mais um, vamos lá!

Os deputados se entreolharam intrigados. Na dúvida, o ministro da Fazenda abriu um largo sorriso. Logo em seguida, alguém explicou que se tratava de áudio vazado de um estúdio fotográfico improvisado numa sala próxima, mas Mantega não perdeu o rebolado:


- Até que eu fui bem, vai...

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