segunda-feira, junho 01, 2009

PAINEL

Encontro de contas

RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/06/09

Palacianos preocupados com a elevação da temperatura entre PT e PMDB sugerem um ponto de partida para as negociações regionais: um se comprometeria a apoiar o candidato do outro nos Estados em que já governam -o PT comanda 5; o PMDB, 9. Pelo mapeamento do Planalto, essa jogada só seria difícil de executar no Acre (PT) e em Santa Catarina (PMDB).
Para colocar água na fervura, assessores de Lula lembram que o PT já fez um gesto de boa vontade ao proibir definições de seus candidatos nos Estados antes de fevereiro de 2010 -o PMDB, porém, gostaria de antecipar decisões em seu favor, e não de postergá-las. De todo modo, "cabe aos que têm responsabilidade reduzir ao máximo essa tensão", diz um governista.




Potencial 1. A reação média dos petistas ao novo Datafolha é composta de duas partes. A primeira enfatiza o crescimento de Dilma Rousseff e minimiza a divisão do eleitorado em relação à ideia de terceiro mandato, pois "isso simplesmente não existe". 

Potencial 2. Na segunda parte da resposta, os petistas cuidam de lembrar que o apoio ao terceiro mandato atingiu metade do eleitorado sem que Lula tenha mexido uma palha nessa direção. "Imagine se tivesse", afirma um líder do partido. 

Fim de feira. Um ministro põe em dúvida a alegada disposição de Lula para substituir todos os ocupantes da Esplanada que disputarão a eleição de 2010 por seus respectivos secretários-executivos. "Serão 14 candidatos. Não dá para atravessar a campanha sem nenhum político no governo", observa. 

Atalho. Diante do congestionamento de candidatos ao Senado por Pernambuco, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, tem dito a aliados que pode desistir da reeleição para coordenar as campanhas tucanas. Nesse caso, concorreria a uma vaga na Câmara. 

Junta médica. A equipe que tenta salvar algo da agonizante reforma política, sobretudo a questão do financiamento público de campanha, é comandada por Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), Flávio Dino (PC do B-MA) e Henrique Fontana (PT-RS). O prognóstico é dos piores. 

Pollyanna. O TSE resolveu instalar um link em seu site para que partidos e candidatos declarem "sobras de campanha". O mecanismo já vale para informações sobre as eleições municipais de 2008.

Questão pessoal. Do PT ao PSDB, a menção ao nome de José Sérgio Gabrielli é invariavelmente acompanhada do adjetivo "arrogante". Até mesmo no governo, muitos consideram que a atitude do presidente da Petrobras em suas tratativas com os senadores acabou contribuindo para a criação da CPI. 

Roberto Carlos? Como Arthur Virgílio (PSDB-AM) prometeu na tribuna "mudar de nome" caso algum dos petistas da CPI atue para evitar investigações sobre a Petrobras, a brincadeira agora na bancada tucana é listar opções para rebatizar o líder. 

A seguir. A CPI da Petrobras nem começou a funcionar e o governo já foi avisado de que outra comissão, para investigar irregularidades no Dnit, está prestes a sair do forno. Trata-se de mais uma retaliação da oposição pelo fato de ter sido alijada dos postos de comando da investigação sobre a estatal. 

Estrangeiro. Dos 41 briefings feitos à imprensa pelo porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, desde o início de 2008, 35 versaram sobre a agenda internacional de Lula. Basicamente, ele relata a programação do presidente no exterior. Não raro, menos de cinco jornalistas aparecem para acompanhar suas apresentações.

Tiroteio

"A eleição foi tão antecipada que já estamos no segundo turno: é Dilma e Serra. O resto é especulação." 

Do ministro JOSÉ MÚCIO MONTEIRO (Relações Institucionais), sobre a ideia de terceiro mandato ou de "plano B" para a candidatura petista.


com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Contraponto

Profissão de fé Com adversários em todos os partidos e sem acordo para votação, a reforma política era debatida sem entusiasmo no plenário da Câmara, na quarta-feira, quando Chico Alencar (PSOL-RJ) provocou o colega Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), um dos pais da proposta:
-É melhor enterrar logo este cadáver insepulto!
Flávio Dino (PC do B-MA) entrou na conversa:
-Mas Chico, logo você, que é tão católico, não acredita na ressurreição dos mortos?
Alencar pensou um pouco e vaticinou:
-Olha, o milagre pode até acontecer, mas com certeza não será nesta legislatura...

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