quarta-feira, junho 17, 2009

PAINEL DA FOLHA

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RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 17/06/09

Não foi por deferência a Eduardo Suplicy (PT-SP) nem em nome da transparência que José Sarney (PMDB-AP) incluiu em seu discurso a ideia de divulgar na internet os salários dos servidores do Senado.
Tal menção foi discutida previamente com aliados e encaixada com o propósito de intimidar funcionários de carreira que se opuseram, em meses recentes, ao domínio da turma de Agaciel Maia. O grupo de Sarney atribui aos descontentes a revelação de desmandos cometidos pelo ex-diretor-geral com a bênção de seguidas Mesas Diretoras. Como revide pelos vazamentos, quer impedir que o substituto do desgastado Alexandre Gazineo saia dos quadros de carreira da Casa.

Novilíngua - A senha foi dada nas entrevistas de Agaciel. Agora, na contramão das evidências, Sarney e aliados insistem em repetir que ‘não houve atos secretos’.

Nomes 1 - Um bom caminho para começar a investigar os atos secretos é ouvir os funcionários da diretoria de RH. Mais especificamente, Franklin Paes Landim, responsável pelo setor de publicações.

Nomes 2 - O mecanismo dos atos secretos só podia funcionar com a anuência de Agaciel, Gazineo e João Carlos Zoghbi (como diretor de RH, o responsável por engavetar as decisões ad infinitum). Há vários servidores no RH dispostos a depor.

De tudo - Entre os atos mantidos sob sigilo há até a criação de novos cargos -algo que não pode ser feito nem por ato administrativo público, mas apenas por resolução.

Roupa suja - Depois de discursar, Sarney foi falar com Tião Viana (PT-AC), que não o havia cumprimentado. Reclamou do petista por ter atacado Roseana. Tião rebateu atribuindo a Sarney o vazamento da conta do celular usado por sua filha. Ao final, juraram ‘respeito mútuo’.

Plim-plim - O momento em que Sarney interrompeu a fala de Aloizio Mercadante (PT-SP) sobre a crise para anunciar a presença de comitiva do Parlamento francês foi apelidado pelos senadores de ‘nossos comerciais, por favor’.

Ato secreto - Os procuradores do município de São Paulo ameaçam entrar com mandado de segurança contra a decisão do prefeito Gilberto Kassab (DEM) de tornar públicos todos os salários da administração paulistana. Há casos de procuradores com remuneração acima do teto.

Por que parou? - Representantes do Ministério Público de SP cobram do governo federal posição sobre acordo negociado com o Deutsche Bank em torno de supostas contas de Paulo Maluf. O banco alemão pagaria U$ 5 milhões ao Brasil para evitar sua eventual inclusão no rol de investigados pelas transações financeiras do hoje deputado.

Parou por quê? - Para entrar em vigor nos moldes em que foi negociado, o acerto precisa de aval das esferas municipal, estadual e federal. Só falta o endosso da União.

Tô fora - Em reunião das centrais sindicais, a Conlutas tentou arrancar documento unificado de apoio à greve na USP. CUT, Força e outras participantes não toparam. Limitaram-se a lançar, individualmente, notas de protesto à ação da polícia no campus.

Tiroteio

O presidente Sarney ainda não entendeu a gravidade da crise, e está administrando um remédio muito fraco para combatê-la.

De RENATO CASAGRANDE (PSB-ES), sobre o discurso feito pelo presidente do Senado em resposta a uma série de acusações.

Contraponto

Gente como a gente

De bom humor ao conceder ontem uma entrevista coletiva em Brasília sobre o andamento das obras do PAC, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, volta e meia se esquecia de falar perto do microfone. A cada início de resposta, os repórteres tinham de pedir:
-No microfone, por favor, ministra!
Ela atendia, mas logo em seguida se esquecia da recomendação. Até que avistou um jornalista com um microfone sem fio instalado dentro do bolso da camisa. Dilma interrompeu seu raciocínio e anunciou:
-Eu quero um modelito desses! Ou um bolso na camisa! Muito mais prático, gente!

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