sexta-feira, junho 12, 2009

PAINEL DA FOLHA

Operação Uruguai

RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO

Os senadores que passaram pela Mesa Diretora nas últimas legislaturas estão em pânico diante da ameaça de serem responsabilizados pelos recém-descobertos atos secretos da Casa. Juridicamente, de nada adiantará alegar desconhecimento.
O jeito será achar uma saída política, apontando um bode expiatório para pagar pelos desmandos. Tudo indica que ele será o atual diretor-geral, Alexandre Gazineo, que assinou muitas das decisões jamais publicadas -e que, portanto, não poderá dizer que não sabia de nada. Como já estava com a cabeça a prêmio, dificilmente Gazineo manterá o cargo herdado de Agaciel Maia, o grande arquiteto da estrutura paralela que vigorou por mais de uma década no Senado.




Neutralidade. A comissão de sindicância criada para apurar a existência e a quantidade de atos secretos é chefiada por Doris Marize Romariz Peixoto, atual diretora-adjunta da Casa, que era chefe de gabinete de Roseana Sarney (PMDB-MA) até ela assumir o governo do Maranhão.

Pá de cal. A avaliação de senadores próximos a ambos é que a confirmação da existência de atos não-publicados no Senado terminou de azedar a relação entre o presidente, José Sarney (PMDB-AP), e o primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI).

Todo-poderoso. De um senador que já ocupou cargo na cúpula da Casa, sobre a desenvoltura com que o ex-diretor-geral Agaciel Maia assinava nomeações e exonerações: "Ele instaurou uma Mesa Diretora do B no Senado".

Nem aí. Não bastasse a afluência de nomes de peso do Senado ao casamento da filha de Agaciel Maia bem no dia em que vieram à luz os atos secretos da Casa, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), ainda usou carro oficial para ir à igreja. Quando viu jornalistas, seu motorista foi trocar de veículo.

Cena 34. Dentro do teatro da CPI da Petrobras, a insistência da oposição em manter, por alguns dias, a relatoria da comissão das ONGs também faz parte do roteiro. Os próprios tucanos dizem que o período dará ao líder Arthur Virgílio (AM) uma visibilidade positiva, sempre útil na temporada pré-eleitoral.

Lá e cá. Virgílio reunirá a bancada tucana na terça-feira. A expectativa é que ele anuncie que abre mão de relatar a CPI das ONGs em troca do início imediato dos trabalhos na da Petrobras.

Conta outra. Ministros que encontraram Lula e José Serra ao final do longo encontro a sós da dupla, anteontem, ficaram com a impressão de que Rodoanel e outros assuntos administrativos não ocuparam mais que 10% da pauta.

Precursora. O chanceler israelense, Avigdor Liberman, virá ao Brasil em julho para preparar a esperada visita de Lula a Israel no fim do ano.

Importado. Não bastasse a forte chapa que está montando com nomes paulistas, o DEM lançará o ex-deputado Saulo Queiroz (MS) candidato à Câmara por São Paulo, com apoio da prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera.

Brinde. Andrea Matarazzo e Walter Feldmann, que estavam estremecidos desde a campanha municipal, selaram a paz ontem em almoço no restaurante La Casserole.

Faquir. Vários quilos mais magro após cirurgia redutora do estômago, Demóstenes Torres (DEM-GO) tem levado os senadores da CCJ à loucura: não interrompe as sessões para o almoço, esticando os trabalhos até o meio da tarde.

Vai pegar. A divulgação dos custos de anúncios de candidatos em jornais e a restrição à quantidade de propaganda nesses veículos, hoje ilimitada, são os pontos mais polêmicos da reforma eleitoral em discussão na Câmara.

com VERA MAGALHÃES e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"São declarações de desprezo à opinião pública que levam a opinião pública a desprezar o Congresso."

Do senador CRISTOVAM BUARQUE (PDT-DF), sobre o colega Epitácio Cafeteira (PTB-MA) que, ao justificar emprego dado ao neto de José Sarney disse que contrata quem quer e que "não sabia que tinha de pedir autorização da imprensa".

Contraponto

CPIs 2.0 Manuela D'Ávila criou um link em seu perfil na rede social Facebook para uma petição online em favor da instalação de CPI na Assembleia gaúcha sobre as suspeitas que atingem o governo da tucana Yeda Crusius. E conclamou:
-Vamos apurar as denúncias de corrupção!
Um dos amigos virtuais da jovem deputada do PC do B imediatamente replicou:
-Tem uma pra CPI da Petrobras também?
Manuela, cujo partido controla a Agência Nacional do Petróleo, respondeu com outra pergunta:
-Tem um fato determinado nessa?
E logo engatou um papo mais ao estilo da Web 2.0:
- Tudo bem contigo?

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