quinta-feira, maio 14, 2009

PAINEL

Agora é com você

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 14/05/09

A presença de Henrique Meirelles ao lado de Guido Mantega no anúncio da mudança nas regras da caderneta de poupança foi exigência de Lula. Nas palavras de um auxiliar que acompanhou as negociações sobre a taxação dos grandes poupadores, a ideia é "comprometer" o presidente do Banco Central com a sinalização de que a taxa básica de juros agora vai cair mais.
Na reunião do conselho político que antecedeu a entrevista coletiva sobre a nova remuneração da caderneta, o recado foi explícito. "Agora o Meirelles vai poder acordar inspirado, olhar pela janela com um sol bonito e reduzir a Selic em até dois pontos", disse o ministro da Fazenda, arrancando gargalhada dos demais presentes e um riso amarelo do titular do BC.



Nunca antes. Além de martelar a tecla de que a mudança preserva 99% dos correntistas da poupança, Lula insistiu que os líderes aliados têm de vender as novas regras como um "bom problema": existe apenas porque a caderneta está rendendo bem.

Sai pra lá. Dilma Rousseff foi preservada propositalmente de exposição num tema espinhoso como a intervenção na poupança. No mesmo horário, a ministra participou de reunião do PAC, e, em seguida, da solenidade que franqueou acesso aos documentos da ditadura.

Paisagem. Embora o tema guarde total relação com sua pasta, Tarso Genro (Justiça) teve papel de figurante no evento no Planalto sobre a abertura dos arquivos.

Desenho 1. Em recente conversa, Lula defendeu a seguinte composição para as eleições de 2010 no Rio Grande do Sul: Tarso Genro (PT) para o governo, com Sérgio Zambiasi (PTB) de vice; Paulo Paim (PT) e mais um nome do PMDB para o Senado.

Desenho 2. Já uma ala mais aliancista (ou menos "tarsista") do PT propõe: Germano Rigotto (PMDB) para o governo, com Zambiasi de vice; Paim e um peemedebista para o Senado. Mas e Tarso? Iria para o Supremo.

Nunca mais. De Arturo Valenzuela, recém-designado homem de Obama para a América Latina, sobre mandatos em série: "Num sistema presidencialista, deveria poder reeleger-se o presidente uma só vez de forma sucessiva e não voltar nunca, nunca, nunca mais (...) para permitir que surjam novos líderes". Logo agora que o terceiro mandato voltou a ser assunto no Congresso brasileiro.

Meteorologia. A bancada do PSDB na Câmara, que dois anos atrás foi responsável por derrotar o voto em lista fechada com financiamento público de campanha, mudou de posição. Em reunião na terça, a maioria se manifestou favorável aos dois mecanismos, que voltaram à pauta.

Termos. Novo relator do processo contra Edmar Moreira, Nazareno Fonteles (PT-PI) fez acordo com os demais integrantes do Conselho de Ética para: 1) concluir o caso rapidamente; 2) não pedir nada além de uma suspensão.

Imediato. No primeiro dia de funcionamento do novo sistema de fiscalização de horas extras no Senado, houve queda vertiginosa no número de funcionários que marcaram ponto depois das 18h.

Estratégico. Remanescente do grupo do ex-diretor-geral Agaciel Maia, o chefe do Arquivo, Francisco Mauricio da Paz, também preside a Comissão de IR, que reúne cópia das declarações de todos os servidores do Senado.

Fundo do baú. Num mutirão para limpar a pauta da CCJ do Senado, chegou-se ontem a um requerimento de 2006 em que Arthur Virgílio (PSDB-AM) pedia "voto de lembrança" para Regina Duarte, que em 2002 "previu o malogro do governo Lula". Demóstenes Torres (DEM-GO) deu parecer favorável. 


com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"É um jogo de empurra. Que estão trabalhando por um terceiro mandato ou, no mínimo, por uma prorrogação todo mundo sabe." 

Do senador HERÁCLITO FORTES (DEM-PI), sobre sinais de que parlamentares da base governista articulam nos bastidores uma emenda para permitir que Lula dispute novamente em 2010.

Contraponto

Roda da fortuna A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte realizava sessão especial no município de Apodi, no sábado passado, quando o deputado Gilson Moura (PV), também apresentador de televisão, apresentou-se para discursar. Nascido na região, ele falava à plateia sobre sua trajetória:
-Saí daqui montado num jumento, passei fome e sede...
Diante de narrativa tão emocionante, o colega Nélter Queiroz (PMDB) resolveu pedir um aparte:
-Quero parabenizar o nobre colega pela brilhante ascensão na vida! Saiu daqui montado num jumento, e agora retornou numa picape novinha em folha!

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