quinta-feira, maio 21, 2009

BRASÍLIA - DF

Caixa de Pandora

 Denise Rothemburg
Correio Braziliense - 21/05/2009
 

Aflitos e meio sem chão por causa da doença da ministra Dilma Rousseff e das incertezas sobre 2010, o PMDB e alguns partidos da base aliada partiram para os mais diversos experimentos, bem no estilo se colar, colou... O que mais assusta a oposição hoje é o referendo popular por mais uma reeleição, nos moldes do que foi aprovado pelos senadores da Colômbia em favor do presidente Álvaro Uribe. Uribe, assim como o presidente Lula, é popular. “Hoje, essa proposta é uma iniciativa isolada. Amanhã, eu não sei”, diz o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), que ontem reuniu parte da bancada peemedebista em sua casa para discutir 2010. O mesmo fez o PSB. 

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Por enquanto, a única voz do PMDB que prefere esperar para ver como fica é o líder no Senado, Renan Calheiros (AL). “Essa questão não está posta. As demandas são outras”, diz Renan, que hoje está mais preocupado em monitorar a CPI da Petrobras para, mais à frente, deflagrar seus movimentos rumo a 2010. No Senado, o referendo e a proposta de reduzir o prazo de filiação partidária de um ano para seis meses, outro ensaio da Câmara, têm mais resistências do que simpatia. Lá, não passa tão fácil quanto foi na Colômbia de Uribe e, asseguram os senadores, tumultuam o já efervescente clima da política.


 Lula não quer eleger senadores. Ele quer é se eleger imperador 

Do senador Marconi Perillo (PSDB-GO), ao comentar que a proposta de terceiro mandato, com ou sem referendo, não passa na Casa


Apelos

O ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz procurou o comando nacional do PMDB para ver se consegue evitar que o partido apoie qualquer candidatura ao governo local da legenda. 

Briga baiana

A CPI da Petrobras promete terminar nos terreiros de mãe menininha. É que começa a ganhar corpo, com uma certa torcida acanhada de parte do PMDB no Senado, a entrega da presidência da comissão ao senador ACM Júnior (DEM-BA). Em tempo: os presidentes da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e o da Agência Nacional do Petróleo, Haroldo Lima, são baianos e adversários do DEM no estado. 

Livre para voar

O PMDB do Pará entregou ontem todos os cargos no governo de Ana Júlia (PT). A saída foi antecipada por esta coluna há duas semanas. Começou a diáspora. 

Promessa é dívida

Cabos eleitorais engajados na eleição de Michel Temer (PMDB-SP) à Presidência da Câmara, deputados do DEM e PSDB têm se queixado da distribuição de relatorias de medidas provisórias. Dos nove relatores designados na gestão do peemedebista, cinco foram do PMDB, três do PT e uma dos tucanos. Na campanha, Temer prometera promover o rodízio de partidos no cargos. 

No cafezinho

 
 

Estresse na base/ O senador Inácio Arruda (foto) está uma arara com o líder do PTB, Gim Argello (DF), a quem atribui ideia de incluir a ANP como foco da CPI. Nos bastidores, há quem diga que essa briga tem tudo a ver com o processo que o PCdoB moveu no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar cassar o mandato de Roriz e, por tabela, do suplente Argello, que assumiu após a renúncia do titular. “Fogo amigo não dá”, diz Inácio à coluna. 

Formiguinhas/ A direção nacional do PSDB começou a orientar a militância nos estados a colher informações sobre patrocínios e investimentos suspeitos da Petrobras em municípios. A lógica é a seguinte: a população pode não compreender o bilionário custo de uma refinaria, mas entende se um patrocínio a uma festa junina foi bem investido. O material terá como destino a CPI da Petrobras no Senado. 

Ninguém me ouve/ O deputado Gerson Péres (PMDB-PA) discorria longamente ontem, na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ), sobre as taxas cobradas pelos cartórios. Distraído, o relator da proposta e eterno candidato ao Prêmio Nobel da Paz, Pastor Manoel Ferreira (PTB-RJ), não ouviu o colega lhe chamar a atenção. “Professor Ferreira! Eu até assinei para que ganhasse o Prêmio Nobel, mas o senhor nem me dá bola!” 

O que é isso, companheiro?!/ Pouco simpático à ideia de eleição por lista fechada, o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) levou à bancada tucana uma proposta alternativa: um limitador de gastos para a campanha e a obrigação de que cada candidato destine 20% da arrecadação da própria campanha para o partido socializar entre outros postulantes. Com bom humor, a turma reagiu: “Pô, Otávio! Virou comunista?!”

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