quarta-feira, abril 29, 2009

PAINEL

Gestão de crise

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 29/04/09

O ex-diretor do Senado João Carlos Zoghbi, cuja "ama de leite" recebeu recursos de banco que opera crédito consignado na Casa, procurou senadores próximos para negociar punição branda, em lugar de demissão sumária. Entre os que tentam ajudá-lo estão Edison Lobão (PMDB-MA), hoje ministro de Minas e Energia, Efraim Morais (DEM-PB) e Romeu Tuma (PTB-SP). Os dois últimos, quando na primeira-secretaria, assinaram uma série de contratos formulados por Zoghbi que agora vão cair na sindicância.
Com a chancela de Zogbi, o limite legal de 30% dos vencimentos para concessão de crédito foi camuflado, e servidores assumiram dívidas mensais de mais de 70% do valor de seus contracheques.




Fora. O Cruzeiro do Sul, que repassou R$ 2,3 milhões para a Contact, em nome de "laranjas" de Zoghbi, descredenciou a empresa. A Contact atuava como correspondente bancária de oito instituições financeiras no Senado. 

Rede. Além do Senado, o Banco Cruzeiro do Sul opera crédito consignado no TCU. Metade da folha de inativos tem alguma margem de endividamento. Em 2008, o banco patrocinou exame periódico de saúde aos servidores. 

Sem bônus. O ato da presidência do Senado que criou o grupo técnico, composto por consultores legislativos e de Orçamento, para assessorar os senadores da comissão de crise econômica estabelece que não haverá remuneração extraordinária de seus membros, diferentemente da praxe nesse tipo de designação. 

Pegadinha. Visivelmente congestionado, Delcídio Amaral (PT-MS) passou o dia de ontem cumprimentando senadores e jornalistas para, em seguida, brincar: "Acabo de voltar do México. Acho que peguei gripe suína". 

Contra. Investidores estrangeiros que participaram do Brazil Summit, em Nova York, manifestaram preocupação com o projeto, recém-votado no Senado, que renegocia o pagamento de dívidas de precatórios. Governadores e prefeitos, Gilberto Kassab (DEM) à frente, fizeram lobby pela aprovação da medida.

Sem fio. Na reunião que selou o fim da farra aérea, a cúpula da Câmara foi alertada pelos técnicos para os abusos nas contas telefônicas dos gabinetes com chamadas para o exterior. Foram mencionados casos de linhas que ultrapassam R$ 5.000 mensais. Ficou acertado que a Mesa Diretora irá deliberar pelo bloqueio de interurbanos, distribuindo senhas aos gabinetes. 

Férias garantidas. Apesar de restringir o uso da cota de passagens a deputados e assessores, as regras não exigem a devolução à Câmara das milhagens adquiridas com bilhetes pagos pela Casa. O entendimento jurídico é que se trata de promoção da companhia aérea ao usuário. 

Consórcio. Mais uma modalidade de burla à verba indenizatória pronta para vir à tona: sob a rubrica de aluguel de veículos, deputados fecham contratos de leasing com concessionárias e, ao final, ficam com os carros. 

Puxadinho. O quarto-secretário da Câmara, Nelson Marquezelli (PTB-SP), preparou projeto que prevê a extinção do auxílio-moradia. Como no momento há 432 apartamentos disponíveis para 513 deputados, a ideia é "dividir em dois" os imóveis de quatro dormitórios. 

Visita à Folha. João Crestana, presidente do Secovi SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo), visitou ontem aFolha. Estava acompanhado de Romeu Chap Chap, presidente do Conselho Consultivo, Paulo Germanos, conselheiro, e Ricardo Viveiros, assessor de comunicação.

Tiroteio 

"Seria desrespeito a oposição usar a doença da ministra para atingir sua candidatura. Mas também é o fim do mundo o presidente usar o câncer como plataforma eleitoral." 

Do deputado JUTAHY JÚNIOR (PDSB-BA) sobre a declaração de Lula, durante ato público em Manaus, de que a ministra deve "rezar", porque o povo "precisa dela" e irá ajudá-la a superar o tratamento.

Contraponto 

Prova de fogo

O PT realizou no ano passado uma reunião da bancada federal para discutir o sistema de voto em lista partidária. Fervoroso defensor da ideia, o pernambucano Pedro Eugênio se inscreveu para falar. Como de hábito em encontros petistas, a discussão foi se alongando, e a dada altura Pedro Eugênio, com a paciência quase no fim, questionou o presidente do partido, Ricardo Berzoini. Queria saber quantos ainda falariam antes de chegar sua vez.
-Pedro, te tirei da lista. Não dá mais tempo...
O deputado reagiu:
-Acabo de fechar posição contra a lista. Se para discutir a proposta a direção já me exclui, imagine quando chegar a hora de decidir quem serão os candidatos!

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