quinta-feira, março 12, 2009

CLÓVIS ROSSI

Recompensar o fracasso

Folha de São Paulo - 12/03/09

LONDRES - Duas iniciativas que deveriam merecer a atenção do serviço público brasileiro: 1 - O Reino Unido está lançando um endereço na internet para que os usuários de alguns serviços públicos se manifestem sobre a atenção recebida (ou a falta dela).
A ideia é um pouco imitar resenhas de livro que aparecem, por exemplo, na Amazon.com. Quem quer comprar um livro pode, antes, ler o que dizem dele. Por que não ler o que dizem usuários de clínicos gerais e serviços policiais, dois dos setores que estarão na linha de frente da experiência?
Explica o primeiro-ministro Gordon Brown: "Alguma coisa está errada quando negócios on-line têm padrões de transparência mais elevados do que serviços públicos pelos quais pagamos e apoiamos".
As escolas também entrarão no esquema, de tal forma que a satisfação dos pais de alunos passará a ser parte importante da avaliação delas -e dos professores.
É bom explicar que, no Reino Unido, ninguém vai diretamente a um médico especialista. Tem que passar, antes, por um clínico geral, claro que do NHS (a sigla em inglês para Serviço Nacional de Saúde, público). Daí a importância da opinião dos pacientes sobre quem os atende em primeiro lugar.
2 - O programa de aperfeiçoamento da educação dos Estados Unidos, lançado anteontem pelo presidente Barack Obama, apoia-se em uma frase que me parece irretocável: "Se a um professor é dada uma oportunidade, ou duas, ou três, e ele continua sem melhorar, não há desculpa para que essa pessoa siga educando. Rechaço um sistema que recompense o fracasso".
Se você pensou na penca de professores nota zero que continuam "educando" em São Paulo, saiba que eu pensei a mesmíssima coisa ao ler a frase de Obama.
Já não passou da hora de o serviço público brasileiro buscar -e recompensar- o sucesso?

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