A Advocacia-Geral da União pulverizou o artigo da Lei Complementar 173 que congelava os salários do funcionalismo até o final de 2021. Fez isso ao conceder promoções em massa aos advogados do seu quadro. Por antiguidade ou merecimento, foram guindados ao topo da carreira 606 advogados.
Com esse mimo coletivo, a corporação tornou-se uma tribo sui generis, 92% feita de caciques. Dos 3.738 advogados dos quadros da AGU, 3.489 atingiram o ápice da carreira, com contracheque mensal de R$ 27,3 mil.
Alega-se que está tudo dentro da lei. Subverte-se até o brocardo latino. Nada de dura lex, sed lex (a lei é dura, mas é a lei). Vigora o dura lex, sed látex (a lei é dura, mas estica). A AGU abriu uma porteira por onde passarão boiadas.
Em termos estritamente fiscais, o bonde da alegria da AGU é um despautério. Do ponto de vista administrativo, o excesso de pajés é um convite à acomodação. Sob a ótica dos brasileiros que pagam a conta é um tapa na cara.