terça-feira, fevereiro 02, 2016

O laranjal do Guarujá - GUILHERME FIUZA

REVISTA ÉPOCA

A mais honesta de todas as vivas almas anda penando um bocado. O famoso tríplex de Lula que não é de Lula, no Guarujá, entrou na mira da Lava Jato. Sérgio Moro e sua turma são mesmo uns golpistas: por que suspeitar de um entroncamento entre Bancoop, OAS, Vaccari, offshores de operadores do petrolão e Lula? Ou melhor, corrigindo: Lula não tem nada com isso. E as outras almas cheiram a talco. A Operação Triplo X da Polícia Federal só pode ser uma conspiração da direita contra o governo popular — para citar a frase imortal do companheiro Delúbio no mensalão.

As coincidências é que atrapalham a revolução progressista. O tríplex vizinho ao de Lula que não é de Lula pertence a Nelci Warken, acusada de estelionato no escândalo da Bancoop junto com o companheiro João Vaccari. Nelci já está presa pela Operação Triplo X, apontada como laranja do esquema. Ela tem offshores criadas pelo mesmo escritório que constituiu as offshores de operadores do petrolão, como Pedro Barusco, E os investigadores descobriram que outros apartamentos do mesmo conjunto Solaris, no Guarujá, pertencem igualmente a laranjas. O tríplex de Lula que não é de Lula está plantado, desgraçadamente, no meio desse laranjal. E muito azar.

A Lava Jato descobriu que um diretor da OAS foi mobilizado exclusivamente para comprar os armários de R$ 300 mil do tríplex de Lula que não é de Lula. Para uma das maiores empreiteiras do país mobilizar um diretor na missão grandiosa de comprar armários, o cliente deve ser mesmo muito importante. Talvez um xeique árabe ou um desses ditadores bilionários de países miseráveis. Lula é apenas um humilde filho do Brasil, não pode ter sido para ele.

Foi no meio dessa confusão que o ex-presidente e tutor de Dilma Rousseff declarou, para desfazer qualquer dúvida, que não existe uma viva alma mais honesta” que ele. Estão vendo, seus golpistas? Vocês acham que a mais elevada entre as almas honestas aceitaria morar no laranjal do Guarujá? Como essa alma se sentiria em meio àquele entra e sai de picaretas de aluguel? No mínimo, nem se atreveria a descer para um banho de mar com as sandálias da humildade. Vai que você abre a porta do elevador e dá de cara com uma das cunhadas do Vaccari? Ou com a companheira Nelci offshore? As almas puras são vulneráveis às emoções radicais. Para viver enclausurado, melhor ficar em São Bernardo mesmo.

E aí lá vêm as coincidências mórbidas: qual era um dos focos centrais dos mandados de prisão da Operação Triplo X? Justamente São Bernardo. Só pode ser perseguição. Se a polícia está investigando apartamentos no Guarujá, o que foi fazer no ABC, que nem praia tem? Essa elite branca não deixa a classe operária em paz. De tanto procurar, a PF encontrou não só a companheira Nelci Warken, como um rabo do propinoduto ligando a OAS ao doleiro Alberto Youssef, operador do petrolão. Esse dinheiro viajava pela mesma rede de offshores criada para atender prepostos do PT como Renato Duque.

Essa turma boa que a Lava Jato já mostrou estar no guarda-chuva de João Vaccari e José Dirceu (as vivas almas que já foram presas) compõe o presépio do assalto companheiro ao Estado brasileiro — com o qual a mais honesta das almas não tem nada a ver. Lula nem sabe direito quem são esses aloprados. O lobista Milton Pascowitch, por exemplo, que levou Dirceu à prisão com sua delação sobre as propinas da Engevix, acaba de revelar que entregou R$ 10 milhões em espécie ao Diretório Nacional do PT, numa maleta de rodinhas. E R$ 4 milhões em propina na veia da campanha que elegeu Dilma Rousseff em 2010. Se alguém contar ao guardião da suprema honestidade quem é essa tal de Dilma, ele prende e arrebenta.

O Brasil caiu sete posições no ranking da corrupção (infelizmente o 1° colocado é o menos corrupto, senão teria sido uma incrível ascensão). Tudo isso graças a um governo podre que ninguém sabe de quem é, graças a um partido picareta que ninguém sabe a quem obedece, graças a um sistema de pilhagem que brotou do nada numa floresta de almas luminosas como as estrelinhas que carregam no peito.

Não dá para entender por que a elite cultural brasileira não manifesta seu apoio também ao companheiro Zika. Só porque ele não tem um tríplex?


Macri e o samba-da-petista-doida - KIM KATAGUIRI

FOLHA DE SP - 02/02

Parrilla
Um dia após assumir a presidência, Macri reuniu-se com candidatos que o enfrentaram nas eleições. Também fez um churrasco para 24 governadores. Excelente maneira de se fazer amigos. Ainda mais quando o corte é argentino. Isso mostra que ele sabe que, num momento de crise, é importante unir as forças políticas do país.

A culpa é deles!
Enquanto isso, o PT de Dilma, no Brasil, utiliza seu tempo de TV para atacar figuras da oposição. Seus defensores, verdadeiros buldogues do governismo, polarizam o debate político berrando insistentemente seus bordões de ódio. Ao invés do diálogo, o discurso de "nós contra eles".

Cobrar menos, arrecadar mais
Macri mostra que é possível fazer ajustes diminuindo impostos. Reduziu de 35% para 30% o imposto de exportação da soja e acabou com o mesmo imposto para carne, milho, trigo, girassol e para as chamadas "economias regionais". Em pouquíssimo tempo, o setor agrícola celebrou um aumento de 100% nas receitas.

Para compensar a diminuição de impostos, o presidente argentino corta gastos e dá exemplo. Cristina Kirchner e sua equipe sempre utilizaram carros importados de luxo. Macri os substituiu por modelos nacionais e mais modestos. Abriu mão de seu salário. O dinheiro será doado para um restaurante comunitário que serve 1.800 pessoas diariamente num bairro pobre de Buenos Aires. Sem cortar gastos, seria demagogia; cortando-os, vira um exemplo.

Menos exemplo, mais cobrança
Já a solução encontrada por Dilma Rousseff é aumentar os gastos e propor novos impostos. Apesar de ter se posicionado contra a CPMF antes das eleições, a presidente agora trata o imposto como uma espécie de panaceia. Felizmente ainda não tem votos para aprova-la. Em 2014, o governo Dilma bateu recorde em gastos secretos com cartões corporativos: R$ 8,7 milhões, o maior valor desde 2001. Neste ano, quase todos os Ministérios preveem aumento de custeio.

Crise para quem?
Em uma de suas idas a Nova York no ano passado, Dilma levou diversos ministros, secretários e até a filha. Todos ficaram num dos hotéis mais luxuosos da cidade. Quando a presidente foi a Paris para participar da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, torraram-se R$ 200 mil com hospedagem e R$ 90 mil com aluguel de carros.

Nem a coxinha ficou de fora do aumento de gastos da presidente. Neste ano, haverá um aumento de 40% nos gastos com pães, biscoitos e salgadinhos que abastecem o Palácio do Planalto. Repito uma das perguntas preferidas dos petistas: "Crise pra quem?".

Imprensa livre
Macri derrubou um dos símbolos da política kirchnerista, a lei contra a concentração dos meios de comunicação audiovisuais, que obrigava o principal veículo da imprensa, o Clarín, a diminuir seu investimento na área. Liberdade de imprensa.

Imprensa golpista!
No Brasil, vândalos depredaram a sede do grupo Abril, que edita a revista Veja. O ataque foi uma reação a uma matéria que denunciou que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula "sabiam de tudo" em relação ao petrolão. Além disso, o governo insiste em querer regular a imprensa, ou, como líderes do PT dizem, "democratizar a mídia".

Hermanos decolando
O presidente argentino foi ao Fórum Econômico Mundial, em Davos. Viajou com sua equipe num avião comercial. Voltou de lá com a garantia do presidente da Coca-Cola de que a Argentina receberá um investimento de US$ 1 bilhão.

Discurso e cofres vazios
Dilma não foi ao encontro. No seu lugar, compareceu o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, que fez alguns discursos sobre "mudanças estruturais" que "precisam ser discutidas" e defendeu a recriação da CPMF. Voltou com tapinhas nas costas.

Nova liderança
O governo de Macri ajuda até o nosso pais. Recentemente, a Argentina chegou a um acordo com seus sócios (Brasil, Uruguai, Paraguai e inclusive Venezuela) para impulsionar as negociações com União Europeia, Japão, Canadá, Rússia e Índia.

Fala que eu te escuto
Macri também erra. Nomeou por decreto dois juízes da Corte Suprema, alegando que seria importante ocupar cadeiras vagas. A lei argentina permite, mas a democracia se ofende. Duramente criticado, voltou atrás. Erra e se corrige.

Tudo invenção dos golpistas
Já a nossa presidente, cujos erros são incontáveis, nunca recua. Prefere chamar seus críticos de "golpistas" e agir como se Brasil estivesse uma maravilha.

Amigos da Rainha
"Ah, mas esse mauricinho neoliberal com certeza tirou a comida da mesa dos pobres!". Será? Macri não mexeu em programas sociais e até aumentou valores repassados por alguns deles. No Brasil, também é possível fazer cortes substanciais sem cortar um centavo do Bolsa Família, que, apesar de toda a propaganda oficial, recebe muito menos recursos do que o Bolsa Empreiteira, o Bolsa Juros, o Bolsa BNDES e o Bolsa Amigos da Rainha.

Eficiente, não exótico
O presidente argentino defende a austeridade no discurso e, tudo indica, a pratica como política de governo. À diferença do uruguaio José Mujica, parece querer convencer pela eficiência, não pelo exotismo.

Meta aberta
Dilma, em seus discursos, defende um tal ajuste fiscal. Saúda a mandioca, lamenta não poder estocar vento e promete dobrar a meta indefinida. Na prática, vive uma vida de luxo e aprova a gastança generalizada de seus ministérios. A hipocrisia não a preocupa. É só passar a conta para o pagador de impostos.

Bolso esquerdo só tem peixe
Macri fez sua campanha dançando –e bem, diga-se. Dilma fez sua campanha mentindo. O que mais se aproxima da presidente no mundo da música é o funk ostentação. Sem a parte do "funk". E com o detalhe do uso de dinheiro público.

Dança
A Argentina é a terra do tango. Dramático. Trágico até. Macri parece preferir a alegria da cúmbia. No Brasil de Dilma, é carnaval o ano todo. O governo toca o samba-da-petista-doida. Nós dançamos.

O inimigo do Brasil - RODRIGO CONSTANTINO

O GLOBO - 02/02

São cerca de 30 anos em que Lula age contra os interesses nacionais, prejudicando o país, perpetuando nossas misérias e corroendo nossas instituições republicanas



“Quem espera que o diabo ande pelo mundo com chifres será sempre sua presa.” (Schopenhauer)

Menino de família pobre chega do Nordeste e acaba se tornando operário no ABC paulista, até virar líder de um partido de esquerda temido pelas “elites”. Insiste em virar presidente e, após três tentativas fracassadas, consegue, para finalmente realizar o sonho da “justiça social”. É uma narrativa sedutora demais, não só para “intelectuais” inspirados em Rousseau que precisam de mascotes para aplacar suas angústias existenciais; mas para muita gente.

Agora a máscara de Lula caiu para a maioria. Mas muitos repetem que ele foi corrompido pelo poder, que sua “pureza” se perdeu. Novamente, trata-se de uma narrativa sedutora, para que os românticos possam preservar as ilusões. Lula não mudou tanto no poder; este apenas revelou sua essência. A própria sede insaciável pelo poder demonstrava o que estava por trás, e não era o desejo de ajudar os pobres.

Alguns podem achar que isso é chutar cachorro morto, mas discordo. Primeiro, pois já faço tais críticas há mais de década; segundo porque Lula ainda não está morto politicamente. Continua vivo, ameaçando voltar em 2018, causando estragos ao país, o que parece ser sua grande vocação.

Senão, vejamos: já no começo da vida de metalúrgico, Lula percebeu que trabalhar dava... trabalho. Preferiu o caminho das bravatas, incitando greves, tentando paralisar o país como se a pressão sindical fosse mesmo benéfica aos trabalhadores. Mas todas as “conquistas trabalhistas” verdadeiras são fruto do avanço capitalista, não de máfias sindicais inspiradas na luta de classes marxista. Basta comparar a qualidade de vida dos trabalhadores de países mais liberais com a dos brasileiros, que vivem numa verdadeira república sindical.

Depois, com o PT, Lula descobriu novamente o caminho do “quanto pior, melhor”. Quanto mais seu partido atrapalhava o país, melhor era para seu projeto pessoal de poder. O PT lutou contra todas as reformas importantes das últimas décadas. Plano Real, que derrotou a inflação (agora de volta); Lei de Responsabilidade Fiscal, que tentou trazer o bom senso de qualquer dona de casa para a gestão pública; privatizações, que tornaram os serviços melhores e bem mais acessíveis (linha telefônica era declarada como patrimônio no Imposto de Renda); etc.

Quando finalmente chegou ao poder, Lula teve um lapso de bom senso e preservou as conquistas que seu partido tinha dificultado ou quase impedido. Mas foi por pouco tempo. Logo seu lado populista falou mais alto, e um oportunismo pérfido fez com que todos os pilares fossem derrubados em prol de seu projeto de poder. Tivemos o mensalão, depois o petrolão, e seu governo “fez o diabo” para que sua criatura fosse eleita e reeleita. Todos sabiam quem realmente mandava.

Sim, é verdade que a economia cresceu bem por um período, mas, como os economistas sérios cansaram de avisar, isso se deu a despeito de Lula, não por causa dele. Não houve “avanços sociais” como boa parte da imprensa ainda insiste. O que aconteceu foi o fenômeno China, puxando o preço das commodities e enchendo os cofres do governo. Lula pegou esse bilhete de loteria e usou para a compra de votos, para fomentar uma bolha artificial, para endividar o Estado e as famílias brasileiras.

Em resumo, são cerca de 30 anos em que Luiz Inácio Lula da Silva age contra os interesses nacionais, prejudicando o Brasil, perpetuando nossas misérias e corroendo nossas instituições republicanas. E não pense que é exagero: o poder de um indivíduo, para o bem ou para o mal, não pode ser desprezado. Thatcher e Reagan fizeram muito para salvar seus respectivos países, enquanto Fidel Castro, camarada de Lula, destruiu e escravizou uma nação inteira por mais de meio século!

Nada disso seria possível, vale notar, sem a ajuda dos “intelectuais”, que sempre alimentaram o monstro. E isso inclui Fernando Henrique Cardoso. O sociólogo deixou seu lado marxista falar mais alto e ficou animado com a chegada do “homem do povo” ao poder. Mesmo depois de ser massacrado pela campanha de difamação petista, continuou com postura pusilânime, sem reagir à altura. A falta de uma oposição verdadeira deixou o caminho livre para as mentiras e o cinismo de Lula e seu PT.

Agora o ex-presidente pode acabar preso. Está todo enrolado com a Justiça. Seria um momento histórico para o país: do messianismo populista ao cárcere. Tenho certeza de que o Brasil iria parar, e as ruas seriam tomadas por gente esperançosa. Lula não virou; ele sempre foi o inimigo do Brasil.

A farsa desmontada - EDITORIAL O ESTADÃO

ESTADÃO - 02/02

Se em relação a Luiz Inácio Lula da Silva a Operação Lava Jato e afins não conseguirem revelar nada mais do que até agora veio a público, já estará mais do que demonstrado um traço importante do comportamento do ex-presidente que o desqualifica como homem público incorruptível ou, como ele próprio se definiu, a “alma mais honesta” do País: a promiscuidade com empresários corruptos como o ex-presidente da construtora OAS, condenado a 16 anos de reclusão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa no escândalo da Petrobrás.

Pressionado, Lula confessou, em nota divulgada por seu instituto, o que já se tornara indesmentível: fez uma visita, em 2014, a “uma unidade disponível para venda no condomínio”, o famoso tríplex do Edifício Solaris, no Guarujá, acompanhado de Marisa Letícia e de Léo Pinheiro, então firme no comando de sua empreiteira, que havia assumido a construção do prédio. Após a visita – segundo a nota, sob o título Os documentos do Guarujá: desmontando a farsa –, o casal concluiu que o apartamento “não se adequava às necessidades e características da família, nas condições em que se encontrava”. Aparentemente, para satisfazer o casal, Léo Pinheiro mandou fazer novas reformas, que foram fiscalizadas, ainda segundo a nota, em outra visita de Marisa Letícia, desta vez acompanhada do filho Fábio Luís.

Não é necessário especular sobre os motivos que teriam levado a OAS a assumir a construção do Solaris após a quebra da Bancoop nem as razões que teriam convencido a família Lula da Silva a desistir da ideia de ter um luxuoso apartamento naquele prédio. A pergunta para a qual Lula não tem resposta é a seguinte: por que, afinal, Léo Pinheiro se dispôs a apresentar pessoalmente ao ilustre casal a reforma que sua construtora havia realizado no tríplex e, quando foi informado de que o imóvel “não se adequava às necessidades” de uma família exigente, ordenou nova reforma, que a própria ex-primeira-dama viria a conferir pessoalmente pelo menos uma vez?

As razões de Léo Pinheiro são fáceis de imaginar. Lula, na condição de ex-presidente da República e maior líder do partido que continuava no poder, já havia desembolsado boa soma para a aquisição do imóvel e, mais que isso, merecia a deferência especial da presença do dono da construtora na singela apresentação da unidade reformada. E Pinheiro acertou, pois os Lula da Silva efetivamente se interessaram pelo negócio, já que o generoso anfitrião do encontro garantiu que o deixaria nos trinques. Só desistiram dele, meses mais tarde, no segundo semestre do ano passado, depois que a imprensa passou a publicar, segundo a nota, “notícias infundadas, boatos e ilações que romperam a privacidade necessária ao uso familiar do apartamento”, seja lá o que isso queira dizer.

As razões de Lula, homem público com ambições que não esconde, é que interessam aos brasileiros. Não se trata de questionar a lisura do negócio em que a família se envolveu. Trata-se de constatar que Lula, que sempre demonstrou desprezo pelos rigores éticos da “moral burguesa”, se permitiu expor publicamente uma relação promíscua com um empresário desonesto – relação que, a bem da verdade, precede de muito o caso do tal tríplex – interessado em transformar “laços de amizade” em ativos financeiros.

A relação espúria Lula-Léo Pinheiro se reproduz em muitas outras do gênero que povoam o ambiente de promiscuidade entre política e negócios, com uma infinidade de “amigos do peito do presidente”. Ela é a própria essência do secular e corrupto sistema patrimonialista que trava o desenvolvimento do País. Um sistema que, pelas injustiças que tende a provocar – o caso Bancoop é um magnífico exemplo –, sempre esteve na mira do PT enquanto era oposição. Um sistema ao qual Lula e seus seguidores se renderam sem o menor constrangimento há 13 anos, sob o argumento falacioso de que, para fazer bem ao povo, é preciso garantir a “governabilidade” a qualquer custo. Essa é a verdadeira farsa que a Lava Jato está desmontando. Lula e seus fiéis escudeiros, tendo à frente o notório José Dirceu, sempre se apresentaram como heróis ao povo brasileiro. Nunca passaram de homens comuns, daqueles que se deixam corromper pelas circunstâncias. Ao contrário deles, heróis mudam as circunstâncias e conservam suas virtudes. Lula e a tigrada nunca foram nem serão heróis – não passam de homens ordinários. Ordinaríssimos.