sexta-feira, outubro 24, 2014

Youssef: “O Planalto sabia de de tudo!” Delegado: “Quem do Planalto?” Youssef: “Lula e Dilma” - REVISTA VEJA

Petrobras

Youssef: “O Planalto sabia de de tudo!” Delegado: “Quem do Planalto?” Youssef: “Lula e Dilma”

O doleiro Alberto Youssef afirma em depoimento à Polícia Federal que o ex e a atual presidente da República não só conheciam como também usavam o esquema de corrupção na Petrobras

Robson Bonin
EM VÍDEO - As declarações de Youssef sobre Lula e Dilma foram prestadas na presença de um delegado, um procurador da República e do advogado
EM VÍDEO - As declarações de Youssef sobre Lula e Dilma foram prestadas na presença de um delegado, um procurador da República e do advogado (Ilustração Lézio Jr./VEJA)
A Carta ao Leitor desta edição termina com uma observação altamente relevante a respeito do dever jornalístico de publicar a reportagem a seguir às vésperas da votação em segundo turno das eleições presidenciais: “Basta imaginar a temeridade que seria não publicá-la para avaliar a gravidade e a necessidade do cumprimento desse dever”. VEJA não publica reportagens com a intenção de diminuir ou aumentar as chances de vitória desse ou daquele candidato. VEJApublica fatos com o objetivo de aumentar o grau de informação de seus leitores sobre eventos relevantes, que, como se sabe, não escolhem o momento para acontecer. Os episódios narrados nesta reportagem foram relatados por seu autor, o doleiro Alberto Youssef, e anexados a seu processo de delação premiada. Cedo ou tarde os depoimentos de Youssef virão a público em seu trajeto na Justiça rumo ao Supremo Tribunal Federal (STF), foro adequado para o julgamento de parlamentares e autoridades citados por ele e contra os quais garantiu às autoridades ter provas. Só então se poderá ter certeza jurídica de que as pessoas acusadas são ou não culpadas.
Na última terça-feira, o doleiro Alberto Youssef entrou na sala de interrogatórios da Polícia Federal em Curitiba para prestar mais um depoimento em seu processo de delação premiada. Como faz desde o dia 29 de setembro, sentou-se ao lado de seu advogado, colocou os braços sobre a mesa, olhou para a câmera posicionada à sua frente e se pôs à disposição das autoridades para contar tudo o que fez, viu e ouviu enquanto comandou um esquema de lavagem de dinheiro suspeito de movimentar 10 bilhões de reais. A temporada na cadeia produziu mudanças profundas em Youssef. Encarcerado des­de março, o doleiro está bem mais magro, tem o rosto pálido, a cabeça raspada e não cultiva mais a barba. O estado de espírito também é outro. Antes afeito às sombras e ao silêncio, Youssef mostra desassombro para denunciar, apontar e distribuir responsabilidades na camarilha que assaltou durante quase uma década os cofres da Petrobras. Com a autoridade de quem atuava como o banco clandestino do esquema, ele adicionou novos personagens à trama criminosa, que agora atinge o topo da República.
Comparsa de Youssef na pilhagem da maior empresa brasileira, o ex-diretor Paulo Roberto Costa já declarara aos policiais e procuradores que nos governos do PT a estatal foi usada para financiar as campanhas do partido e comprar a fidelidade de legendas aliadas. Parte da lista de corrompidos já veio a público. Faltava clarear o lado dos corruptores. Na ter­ça-feira, Youssef apre­sentou o pon­­to até agora mais “estarrecedor” — para usar uma expressão cara à pre­sidente Dilma Rous­seff — de sua delação premiada. Perguntado sobre o nível de comprometimento de autoridades no esquema de corrupção na Petrobras, o doleiro foi taxativo:
— O Planalto sabia de tudo!
— Mas quem no Planalto? — perguntou o delegado.
— Lula e Dilma — respondeu o doleiro.
Para conseguir os benefícios de um acordo de delação premiada, o criminoso atrai para si o ônus da prova. É de seu interesse, portanto, que não falsifique os fatos. Essa é a regra que Yous­sef aceitou. O doleiro não apresentou — e nem lhe foram pedidas — provas do que disse. Por enquanto, nesta fase do processo, o que mais interessa aos delegados é ter certeza de que o de­poente atuou diretamente ou pelo menos presenciou ilegalidades. Ou seja, querem estar certos de que não lidam com um fabulador ou alguém interessado apenas em ganhar tempo for­necendo pistas falsas e fazendo acu­sações ao léu. Youssef está se saindo bem e, a exemplo do que se passou com Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras, tudo indica que seu processo de delação premiada será homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na semana passada, ele aumentou de cerca de trinta para cinquenta o número de políticos e autoridades que se valiam da corrupção na Petrobras para financiar suas campanhas eleitorais. Aos investigadores, Youssef detalhou seu papel de caixa do esquema, sua rotina de visitas aos gabinetes poderosos no Executivo e no Legislativo para tratar, em bom português, das operações de lavagem de dinheiro sujo obtido em transações tenebrosas na estatal. Cabia a ele expatriar e trazer de volta o dinheiro quando os envolvidos precisassem.
Uma vez feito o acordo, Youssef terá de entregar o que prometeu na fa­se atual da investigação. Ele já con­tou que pagava em nome do PT mesadas de 100 000 a 150 000 reais a parlamentares aliados ao partido no Congresso. Citou nominalmente a ex-mi­nistra da Casa Civil Gleisi Hoff­mann, a quem ele teria repassado 1 mi­lhão de reais em 2010. Youssef disse que o dinheiro foi entregue em um shopping de Curitiba. A senadora ne­gou ter sido beneficiada.
Entre as muitas outras histórias consideradas convincentes pelos investigadores e que ajudam a determinar a alta posição do doleiro no esquema — e, consequentemente, sua relevância pa­ra a investigação —, estão lembranças de discussões telefônicas entre Lula e o ex-deputado José Janene, à época líder do PP, sobre a nomeação de operadores do partido para cargos estratégicos do governo. Youssef relatou um episódio ocorrido, segundo ele, no fim do governo Lula. De acordo com o doleiro, ele foi convocado pelo então presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, para acalmar uma empresa de publicidade que ameaçava explodir o esquema de corrupção na estatal. A empresa quei­xa­va-­se de que, depois de pagar de forma antecipada a propina aos políticos, tive­ra seu contrato rescindido. Homem da confiança de Lula, Gabrielli, segundo o doleiro, determinou a Youssef que captasse 1 milhão de reais entre as empreiteiras que participavam do petrolão a fim de comprar o silêncio da empresa de publicidade. E assim foi feito.
Gabrielli poderia ter realizado toda essa manobra sem que Lula soubesse? O fato de ter ocorrido no governo Dilma é uma prova de que ela estava conivente com as lambanças da turma da estatal? Obviamente, não se pode condenar Lula e Dilma com base apenas nessa narrativa. Não é disso que se trata. Youssef simplesmente convenceu os investigadores de que tem condições de obter provas do que afirmou a respeito de a operação não poder ter existido sem o conhecimento de Lula e Dilma — seja pelos valores envolvidos, seja pelo contato constante de Paulo Roberto Costa com ambos, seja pelas operações de câmbio que fazia em favor de aliados do PT e de tesoureiros do partido, seja, principalmente, pelo fato de que altos cargos da Petrobras envolvidos no esquema mudavam de dono a partir de ordens do Planalto.
Os policiais estão impressionados com a fartura de detalhes narrados por Youssef com base, por enquanto, em sua memória. “O Vaccari está enterrado”, comentou um dos interrogadores, referindo-se ao que o do­leiro já narrou sobre sua parceria com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto. O doleiro se comprometeu a mostrar documentos que comprovam pelo menos dois pagamentos a Vaccari. O dinheiro, desviado dos cofres da Petrobras, teria sido repassado a partir de transações simuladas entre clientes do banco clandestino de Youssef e uma empresa de fachada criada por Vaccari. O doleiro preso disse que as provas desses e de outros pagamentos estão guardadas em um arquivo com mais de 10 000 notas fiscais que serão apresentadas por ele como evidências. Nesse tesouro do crime organizado, segundo Youssef, está a prova de uma das revelações mais extraordinárias prometidas por ele, sobre a qual já falou aos investigadores: o número das contas secretas do PT que ele operava em nome do partido em paraísos fiscais. Youssef se comprometeu a ajudar a PF a localizar as datas e os valores das operações que teria feito por instrução da cúpula do PT.
Depois da homologação da de­lação premiada, que parece assegurada pelo que ele disse até a semana passada, Youssef terá de apresentar à Justiça mais do que versões de episódios públicos envolvendo a presidente. Pela posição-chave de Youssef no esquema, os investigadores estão con­fiantes em que ele produzirá as provas necessárias para a investigação prosseguir. Na semana que vem, Alberto Youssef terá a oportunidade de relatar um episódio ocorrido em março deste ano, poucos dias antes de ser preso. Youssef dirá que um integrante da ­coor­­denação da campanha presidencial do PT que ele conhecia pelo nome de “Felipe” lhe telefonou para marcar um encontro pessoal e adiantou o assunto: repatriar 20 milhões de reais que seriam usados na cam­panha presidencial de Dilma Rous­seff. Depois de verificar a origem do telefonema, Youssef marcou o encontro que nunca se concretizou por ele ter se tornado hóspede da Polícia Federal em Curitiba. Procurados, os defensores do doleiro não quiseram comentar as revelações de Youssef, justificando que o processo corre em segredo de Justiça. Pelo que já contou e pelo que promete ainda entregar aos investigadores, Youssef está materializando sua amea­ça velada feita dias atrás de que iria “chocar o país”.
DINHEIRO PARA O PT 
Lula Marques/Folhapress/VEJA
Alberto Youssef também voltou a detalhar os negócios que mantinha com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, homem forte da campanha de Dilma e conselheiro da Itaipu Binacional. Além de tratar dos interesses partidários com o dirigente petista, o doleiro confi rmou aos investigadores ter feito pelo menos duas grandes transferências de recursos a Vaccari. O dinheiro, de acordo com o relato, foi repassado a partir de uma simulação de negócios entre grandes companhias e uma empresa-fantasma registrada em nome de laranjas mas criada pelo próprio Vaccari para ocultar as operações. Ele nega

ENTREGA NO SHOPPING
Sérgio Lima/Folhapress/VEJA
Alberto Youssef confirmou aos investigadores o que disse o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa sobre o dinheiro desviado da estatal para a campanha da exministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT-PR) ao Senado, em 2010. Segundo ele, o repasse dos recursos para a senadora petista, no valor de 1 milhão de reais, foi executado em quatro parcelas. As entregas de dinheiro foram feitas em um shopping center no centro de Curitiba. Intermediários enviados por ambos entregaram e receberam os pacotes. Em nota, a senadora disse que não recebeu nenhuma doação de campanha nem conhece Paulo Roberto Costa ou Alberto Youssef

ELE TAMBÉM SABIA
Sérgio Lima/Folhapress/VEJA
Durante o segundo mandato de Lula, o doleiro contou que foi chamado pelo presidente da Petrobras, José sergio Gabrielli, para tratar de um assunto que preocupava o Planalto. Uma das empresas com contratos de publicidade na estatal ameaçava revelar o esquema de cobrança de pedágio. Motivo: depois de pagar propina antecipadamente, a empresa teve seu contrato rescindido. Ameaçado pelo proprietário, Gabrielli pediu ao doleiro que captasse 1 milhão de reais com as empreiteiras do esquema e devolvesse a quantia à empresa de publicidade. Gabrielli não quis se pronunciar

CONTAS SECRETAS NO EXTERIOR
VEJA
Desde que Duda Mendonça, o marqueteiro da campanha de Lula em 2002, admitiu na CPI dos Correios ter recebido pagamentos de campanha no exterior (10 milhões de dólares), pairam sobre o partido suspeitas concretas da existência de dinheiro escondido em paraísos fi scais. Para os interrogadores de Alberto Youssef, no entanto, essas dúvidas estão começando a se transformar em certeza. O doleiro não apenas confi rmou a existência das contas do PT no exterior como se diz capaz de ajudar a identifi cá-las, fornecendo detalhes de operações realizadas, o número e a localização de algumas delas.

UM PERSONAGEM AINDA OCULTO
VEJA
O doleiro narrou a um interlocutor que seu esquema criminoso por pouco não atuou na campanha presidencial deste ano. Nos primeiros dias de março, Youssef recebeu a ligação de um homem, identifi cado por ele apenas como “Felipe”, integrante da cúpula de campanha do PT. Ele queria os serviços de Youssef para repatriar 20 milhões de reais que seriam usados no caixa eleitoral. Youssef disse que chegou a marcar uma segunda conversa para tratar da operação, mas o negócio não foi adiante porque ele foi preso dias depois. Esse trecho ainda não foi formalizado às autoridades.

Crédito: Broglio/AP/VEJA
ATÉ A MÁFIA FALOU - Tommaso Buscetta, o primeiro mafi oso a fazer delação premiada. Na Sicília, seu sobrenome virou xingamento
​Quem delata pode mentir?
Alexandre Hisayasu
A delação premiada tem uma regra de ouro: quem a pleiteia não pode mentir. Se, em qualquer momento, fi car provado que o delator não contou a verdade, os benefícios que recebeu como parte do acordo, como a liberdade provisória, são imediatamente suspensos e ele fica sujeito a ter sua pena de prisão aumentada em até quatro anos.
Para ter validade, a delação premiada precisa ser combinada com o Ministério Público e homologada pela Justiça. O doleiro Alberto Youssef assinou o acordo com o MP no fi m de setembro. Desde então, vem dando depoimentos diários aos procuradores que investigam o caso Petrobras. Se suas informações forem consideradas relevantes e consistentes, a Justiça - nesse caso, o Supremo Tribunal Federal, já que o doleiro mencionou políticos - homologará o acordo e Youssef será posto em liberdade, como já ocorreu com outro delator envolvido no mesmo caso, Paulo Roberto Costa. O ex-diretor da Petrobras deu detalhes ao Ministério Público e à Polícia Federal sobre o funcionamento do esquema milionário de pagamento de propinas que funcionava na estatal e benefi ciava políticos de partidos da base aliada do governo. Ele já deixou a cadeia e aguarda o julgamento em liberdade. O doleiro continua preso.
Até o ano passado, a lei brasileira previa que o delator só poderia usufruir os benefícios do acordo de delação ao fi m do processo com o qual havia colaborado - e se o juiz assim decidisse. Ou seja, apenas depois que aqueles que ele tivesse incriminado fossem julgados é que a Justiça resolveria se o delator mereceria ganhar a liberdade. Desde agosto de 2013, no entanto, esses benefícios passaram a valer imediatamente depois da homologação do acordo. “Foi uma forma de estimular a prática. Você deixa de punir o peixe pequeno para pegar o grande”, diz o promotor Arthur Lemos Júnior, que participou da elaboração da nova lei.
Mais famoso - e prolífero - delator da história recente, o mafi oso Tommaso Buscetta levou à cadeia cerca de 300 comparsas. Preso no Brasil em 1983, fechou acordo com a Justiça italiana e foi peça-chave na Operação Mãos Limpas, responsável pelo desmonte da máfi a siciliana. Depois disso, conseguiu proteção para ele e a família e viveu livre nos Estados Unidos até sua morte, em 2000.

Tudo junto e desregrado - DORA KRAMER

 


O ESTADÃO - 24/10


Na última segunda-feira a repórter Tânia Monteiro fez as contas: há exatos 31 dias a presidente Dilma Rousseff não pisava no Palácio do Planalto. Hoje faz 35 e há muito mais tempo que isso não se tem notícia de um ato dela que não seja como candidata à reeleição.

O mais grave é que não parece fazer falta. Ou pior: só vamos saber disso depois da eleição, quando o País voltar a funcionar - se é que voltará - ao ritmo normal. Quando, por exemplo, o governo liberar os números sobre economia, desempenho do ensino público, desmatamento e pobreza no País, cuja divulgação foi adiada para não afetar a votação da presidente, considerando indicações de que os resultados seriam negativos.

Já os dados positivos sobre o baixo índice de desemprego não sofreram adiamento; foram divulgados ontem. Problema algum não fosse o fato apontado pela Folha de S. Paulo de que as outras estatísticas tinham datas previstas para serem conhecidas entre os meses de agosto e outubro. Ficaram para novembro.

Às diversas peculiaridades da presente campanha eleitoral é de se acrescentar a eliminação por completo da separação entre as agendas da presidente e da candidata. Até a eleição passada, ainda havia alguma preocupação em se manter as aparências. Agora não. Dilma Rousseff ultimamente só foi vista em dependências oficiais ou no exercício da função presidencial quando lhe interessou o uso da prerrogativa. Por exemplo, para dar entrevistas no Palácio da Alvorada, cenário a ela favorável, ou para usar a tribuna da ONU como palanque.

Sem falar em toda a estrutura que deve cercar um chefe de nação. Agora, quando o postulante se afasta completamente de suas funções e passa apenas a se dedicar à campanha em tempo integral, a coisa muda de figura. Está tudo desregulado e em contraposição aos preceitos da impessoalidade, da transparência e da probidade exigidos de todo funcionário público, a começar por aquele que preside a República.

Seria esse tipo de coisa defeito do instituto da reeleição? Não necessariamente. Mas é um dado que poderia ser ponto de partida para se pensar em instituir a obrigatoriedade do afastamento temporário aos postulantes de um novo mandato, como ocorre em caso de desincompatibilização seis meses antes para disputa de cargos diferentes.

Pesquisas. Sobre a dianteira de Dilma no Ibope e Datafolha não há mistério: ponto para o marqueteiro João Santana. A vantagem obtida é obviamente fruto da campanha negativa. Até porque não aconteceu nada na última semana além de ataques.

Mútuos. A questão é que Aécio Neves sendo muito menos conhecido é mais permeável a eles, pois aquela faixa do eleitorado que havia aderido sem muita convicção tende a ser mais sensível às maledicências e a mudar o voto com mais facilidade. Em eleição acirrada, tal montante nem precisa ser muito numeroso.

Correção. Assessoria de imprensa dos Correios envia o seguinte e-mail: "Com relação ao texto 'De oito a 80', esclarecemos que nenhuma agência dos Correios foi transformada em comitê eleitoral por qualquer candidato ou partido. A rede de agências dedica-se unicamente à prestação de serviços aos clientes, fato que pode ser verificado por todo cidadão brasileiro, já que as unidades são de acesso público. Caso a colunista tenha provas da afirmação realizada, solicitamos comunicar aos Correios para que seja realizada apuração sobre os fatos".

Realmente, a referência feita não estava correta. O uso não foi de agências. Mas de funcionários. Pelo menos em Minas Gerais onde, conforme disse o deputado Durval Angelo em reunião na presença do presidente da empresa, o PT conseguiu bom desempenho no Estado porque "tem dedo forte dos petistas nos Correios".

Histeria - MIRANDA SÁ

 


BLOG DO MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br )


“A eficiência da propaganda política depende dos métodos aplicados, não das doutrinas ensinadas”
Aldous Huxley


Há muita preocupação nos círculos mais esclarecidos pela pressão da propaganda lulo-petismo induzindo os brasileiros a se curvarem ao nocivo “socialismo bolivariano”. A insistente doutrinação do PT-governo desenha sonhos maravilhosos, trazendo oculto o pesadelo em que já vivem os venezuelanos.

Nesse cenário alucinado, o que mais impressiona é o grupo psicopata galgado ao poder, através das lutas internas nos sindicatos apelegados, condicionado a dar golpes baixos, cometer crimes e maquinar traições. Entre eles, a histeria é dominante.

O mais inquietante é a marca da corrupção econômica, educacional, empresarial e política, nesta campanha eleitoral. O lulo-petismo faz a doutrinação de uma “sociedade igualitária e justa” tentando impregnar histericamente os jovens com a fraude.

A Histeria, como se sabe, vem do grego ὑστέρα, “útero”, e o termo médico “hysterikos” foi criado por Hipócrates – o “Pai da Medicina”. As civilizações antigas já conheciam tais manifestações enfermiças conferiu-as somente às mulheres, chegando a diagnosticar que se tratava de um deslocamento ou lesão do útero, provocando reações psíquicas semelhantes à loucura.

Mais tarde, Freud entrou nessa canoa furada e achou que a histeria era causada por problemas sexuais, uma psiconeurose originária de conflitos emocionais inconscientes, com sintomas de dissociação mental.

Freud foi ultrapassado, e hoje se sabe que não é unicamente a mulher detentora desta doença. Cientistas atuais admitem a histeria como feminina ou masculina; e o renomado psicanalista e psiquiatra argentino J.D. Nasio afirma que “o sujeito histérico não é homem ou mulher, mas a dor da insatisfação”. Assim, é prescrita e tratada como a psicose da depressão.

Perdoem-me por essa incursão enxerida pela Medicina, quando vejo no Brasil um quadro psicótico de criminalidade: Psicopatas ocupantes do poder praticam atos condenáveis, estelionato, corrupção, tráfico de drogas, formação de quadrilhas e desfalques nas instituições governamentais.

Nos seus Estudos Psiquiátricos, o médico baiano Isaias Paim, registra que “entre os políticos de influência existe um número considerável de histéricos, psicopatas tão poderosos que se tornam inalcançáveis pelas leis punitivas…”

Como a psicopatia histérica não pode ser apenas atribuída à mulher, se estende também aos homens da alta hierarquia lulo-petista… E como o neuropsiquiatra Charcot-Marie-Tooth qualificando o alcoolismo como uma das causas da histeria masculina, não é só Dilma uma psicótica, também os maiorais do partido e o seu superego Lula, enquadram-se ambos nesta qualificação.

Na campanha eleitoral que se desenrola, vê-se em Lula e Dilma a dor da insatisfação histérica, responsável por seus desvios de conduta, mentindo, difamando e injuriando, empregando os métodos dos pelegos e da ideologia ultrapassada, atirada ao lixo nos países civilizados.

Fazendo esta análise, não temos outra escolha na encruzilhada que deparamos, senão o caminho da libertação dos males que se abateram sobre o País. Não há dois rumos a seguir: ou curvar-se diante da psicopatia lulo-petista ou incorporar-se à frente da união nacional votando em Aécio Neves, um político sem dor nem insatisfação, jovial e alegre, com quem o Brasil certamente se livrará do petismo doentio e voltará a sorrir!

Para mudar o software - CELSO LAFER

 


O GLOBO - 24/10

Ficou claro que a maioria não deseja a continuidade dos bugs e malfeitos do modo de governar do PT


No século XVIII, o relógio tornou-se paradigma de organização do Estado, tomando o lugar de metáforas mais singelas do poder político, como a do pastor ou a do timoneiro. Representava a ideia de uma máquina apta a organizar a vida da comunidade política com as virtudes da regularidade, cabendo ao governante apenas zelar pelo seu contínuo funcionamento.

Este paradigma tornou-se obsoleto com a complexidade crescente das sociedades contemporâneas, que exigem mudanças e adaptação para enfrentar sempre novos desafios. Por isso, o paradigma do relógio é substituído pelo do computador, uma metáfora dos nervos da governança, como sugere Karl Deutsch. Lida com a “entrada” do fluxo de demandas, administrando-as com seus programas e gerando, deste modo, os resultados da ação governamental — a “saída” —, permitindo avaliar, ao mesmo tempo, por aproximações sucessivas, a maior ou menor necessidade dos updates da reprogramação.

É esta a questão das eleições presidenciais do segundo turno. Elas são a oportunidade para o eleitorado avaliar se chegou a hora de atualizar o software do governo.

No primeiro turno, cerca de cem milhões dos 142 milhões de eleitores registrados se negaram a manter o software atual: este foi o total de votos em candidatos da oposição, nulos, em branco e abstenções.

Ficou claro que a maioria não deseja a continuidade dos bugs e malfeitos do modo de governar do PT, que, após 12 anos, dá claras indicações de “fadiga dos materiais”. Daí a importância de alternância democrática, com a eleição de Aécio Neves, para uma renovação apta a lidar com os desafios do Brasil.

A campanha eleitoral e a história revelam a qualidade dos candidatos e dos partidos. Ambas mostram que a candidatura Aécio está voltada para somar, e a de Dilma, para dividir. Dilma explicita o DNA do PT, que toma a rejeição como ódio, assume a má-fé da fantasia das suas virtudes e desqualifica os seus opositores com a mentirosa “asfixia dos rótulos” para evocar um verso de Paulo Bomfim.

Aécio toma o sentimento oposicionista como estímulo para fazer mais e melhor em termos de estabilidade e desenvolvimento econômicos, políticas de inclusão social, sustentabilidade ambiental, infraestrutura, qualidade de gestão, direitos humanos, inteireza ética.

A história mostra que Dilma, que só concorreu a um cargo público na vida, é capaz de dividir. No poder, alienou sucessivamente partidos da sua base aliada, líderes do seu próprio partido e a maioria dos empresários.

A trajetória de Aécio comprova sua capacidade de somar. Em 2001, foi eleito presidente da Câmara dos Deputados com mais votos do que os dos seus três adversários. Em 2002, elegeu-se governador de Minas no primeiro turno com 57% dos votos e se reelegeu em 2006 com 73%.

O Brasil em 2014 precisa somar, não dividir. Por isso é tão importante votar em Aécio Neves no domingo.

Quatro anos num domingo - FERNANDO GABEIRA

 


O ESTADO DE S.PAULO - 24/10

A campanha chega ao fim com o grande debate de hoje. Alguns temas ficaram de fora. Do Rio Piracicaba à nascente do São Francisco, na Serra da Canastra, encontrei vestígios da grande seca, talvez a maior dos últimos 50 anos no Sudeste. Ignoro o que os candidatos pretendem fazer a respeito. Não falam em recuperação de rios, fortalecimento dos comitês de bacia, nada que lembre uma política de recursos hídricos. Apenas se culpam.

Não sei se todos têm a sensação de que há uma distância entre o País dos debates e o da vida real. Creio que a distância às vezes é ampliada pelo próprio debate, que deveria encurtá-la.

Jean Piaget escreveu muito sobre inteligência infantil. Ele descrevia um tipo de linguagem que prevalece numa faixa de idade: a linguagem egocêntrica. Nela não importa necessariamente fazer sentido, muito menos comunicar-se com o outro.

Apesar dos debates sem mediação, foi impossível estabelecer um fio da meada. Dilma comportou-se como se fosse uma candidata da oposição em Minas Gerais. Após o debate no SBT sua memória falhou em alguns momentos. Depois de tropeçar na palavra inequívoca, ela capitulou em mobilidade urbana, pediu um pouco de água, sentou-se para descansar. O que se passa no cérebro de Dilma, como se articulam nela uma camada do córtex com uma região do hipocampo, criando ou embotando a memória, é uma análise que farei depois de pesquisar o tema.

Dilma está se transformando numa equilibrista que entra em cena mesmo sem ter completado o período de formação. No caso da Petrobrás, a opção do governo era negar as denúncias: são apenas vazamentos clandestinos. No campo do feminismo, Dilma projetou imagem dura ao ironizar o choro de Marina Silva, bombardeada pelas mentiras do PT: o cargo de presidente não é para coitadinhas, afirmou.

Quando soube que um ex-dirigente do PSDB, Sérgio Guerra, também foi acusado de receber propinas no escândalo da Petrobrás, Dilma passou a acreditar nas denúncias. E afirmou: houve desvios. O fluxo de denúncias não acabara. Depois de Sérgio Guerra, aparecia em cena o nome de Gleisi Hoffman, ex-chefe da Casa Civil no governo Dilma. Nesse caso, a presidente voltou a duvidar e pedir precauções. Ficou evidente que as denúncias valem quando envolvem o adversário, mas são levianas e perigosas quando envolvem o governo.

Depois do piripaco de Dilma, Lula e outros insinuaram que Aécio agride mulheres e isso pode ter influenciado a performance dela. Marina tinha de apanhar sem choro, pois a "Presidência não é para coitadinhos".

O escândalo da Petrobrás, embora possa ter envolvido gente da oposição, é de principal responsabilidade do governo. A empresa está sendo investigada nos EUA. Lá, por exemplo, a lei é clara e responsabiliza também os dirigentes da empresa, mesmo que não tenham tocado no dinheiro.

O choro da Marina massacrada é fraqueza; a crise de Dilma, uma consequência do machismo. Eles reinventam o mundo à sua maneira. Passada a eleição, em vez de ficar remexendo a essência macunaímica do PT, talvez fosse necessária uma avaliação mais profunda de como uma experiência histórica termina na porta da delegacia.

Análises sobre a trajetória da esquerda no século passado ocuparam grandes historiadores. Tony Judt dedicou parte de seu trabalho aos intelectuais franceses e seus equívocos. No caso europeu, as hesitações diante do stalinismo conduzem um dos fios da meada. Aqui, no Brasil, não creio que o stalinismo tenha o mesmo peso. O fio da meada é a relação com a ditadura cubana, a admiração por um regime falido e o silêncio inquietante sobre seus crimes.

A trajetória da esquerda brasileira no governo mudou. Goulart foi derrubado pelos militares que alegavam combater a subversão e a corrupção. A corrupção era algo mais simbólico no seu discurso. Envoltos na guerra fria, os militares queriam, principalmente, derrotar o comunismo. Essa passagem de uma resistência à ditadura militar, o trânsito das páginas políticas para as policiais, essa mudança de ala nas penitenciárias é uma guinada na história da esquerda.

Tanto se falou em Goebbels, o homem da comunicação de Hitler, que a tática de repetir a mentira passou a ser até elogiada por alguns. O encontro da tática do PT com Goebbels não é acidental. Assim como o encontro das Farc com o tráfico de drogas também não o foi.

Quando desaparecem os objetivos estratégicos, quando o único alento é ganhar o poder, desaparece também a fronteira entre política e crime. Não te prendem mais em quartéis, mas na delegacia da esquina; já não se ergue o punho cerrado pelo futuro da humanidade, mas para garantir o banho de sol; não se comemoram grandes viradas históricas, mas o ingresso no regime de prisão albergue.

A transformação de uma força política num compacto muro de cinismo, o trânsito de ideias, aparentemente, generosas para a delinquência intelectual - tudo isso configura uma fascinante matéria de estudo.

Não sei se teria a isenção para cumprir a tarefa: ela mexe comigo, com a história pessoal, com as ilusões que me moveram no século passado. Mas alguém escreverá a história do nosso passado imperfeito, como Tony Judt fez com a intelectualidade francesa do pós-guerra.

No continente já estamos no socialismo do século 21. Em Caracas não se racionam mais os produtos básicos com cadernetas, mas com as impressões digitais. De Cuba para a Venezuela houve um salto tecnológico no interior do mesmo atraso.

Mas a sedução do modelo ainda não foi abalada na esquerda brasileira. O verdadeiro século 21, de certa forma, não chegou. Quem sabe, domingo?

Um exame profundo dessa longa trajetória histórica pode começar, se o PT perder. Se vencer, será preciso concentrar a energia na vigilância cotidiana e preservar alguma esperança no Brasil.

Vitoriosos depois do assalto à Petrobrás, os petistas logo estariam sonhando com o assalto aos céus.


Tendências e denúncias - MERVAL PEREIRA

 


O GLOBO - 24/10
As duas pesquisas divulgadas ontem, que colocam pela primeira vez acima da margem de erro a distância entre a presidente Dilma e o candidato do PSDB, Aécio Neves, têm resultados parecidos, mas chegam a eles com medidas completamente distintas, o que pode fazer toda a diferença.

Para o Ibope, Dilma teve um crescimento de 6 pontos percentuais, enquanto Aécio caiu 4 pontos, e a diferença entre os dois é de 8 pontos. Já paia o Datafolha, a presidente subiu 1 ponto e Aécio caiu 1, o que aumentou a distância entre os dois de 4 paia 6 pontos. As duas pesquisas apontam uma tendência de crescimento da candidata à reeleição Dilma Rousseff, mas a velocidade dessa aceleração é distinta, com o Ibope sinalizando uma melhoria em todas as regiões do país e em todas as classes sociais.

Já o Datafolha registra diferenças pelas regiões, com apenas um destaque: Aécio perdeu 6 pontos no Sul do país. No Sudeste, por exemplo, onde Dilma havia subido 5 pontos na última pesquisa, principal razão de ter ultrapassado numericamente Aécio, dessa vez foi Aécio quem subiu 1 ponto enquanto Dilma perdeu 1.

No Nordeste, onde Dilma é hegemônica, o resultado ficou igual, com a presidente caindo 1 ponto e o candidato da oposição subindo 1. No Centro-Oeste, Aécio Neves caiu 3 pontos e no Norte a presidente Dilma subiu 4 pontos, reforçando sua liderança.

Segundo o Ibope, as intenções de voto em Dilma crescem em todos os segmentos analisados, mas alguns merecem especial atenção do instituto de pesquisas: as menções à atual presidente crescem 9 pontos entre os jovens, onde tinha baixo desempenho atingindo 46%; ao passo que Aécio vai de 49% para 45%. Entre eleitores que cursaram até a 4a série, Dilma cresce 12 pontos, enquanto Aécio diminui 9 pontos neste grupo.

No Nordeste, o Ibope encontra praticamente o mesmo número do Datafolha (64% e 68%), mas registra um aumento de 12 pontos paia Dilma e uma queda de 10 pontos de Aécio. No Sul, há uma diferença grande entre as duas pesquisas: no Ibope, Dilma tem 46%, e para o Datafolha, 33%. Já Aécio tem para o Ibope agora 45%, caindo de 53%, enquanto Dilma passa de 32% e chega a 46%, empatando com o adversário.

O Ibope diz que as menções a Dilma também crescem "expressivamente" entre eleitores com renda familiar até 1 salário, indo de 54% para 69% - neste grupo, Aécio cai de 34% para 22%. Apesar de todas as divergências entre os dois institutos, a tendência parece estar no crescimento da presidente Dilma, a caminho da reeleição.

Restarão ainda dois dias até a eleição, e um debate fundamental hoje à noite na Rede Globo, que colocará os indecisos para fazer perguntas aos candidatos. Pode ser a última chance de Aécio convencê-los de que é a melhor escolha.

O debate será fortemente impactado pela edição especial da revista "Veja" que circula a partir de hoje em caráter excepcional, revelando o depoimento do doleiro Alberto Youssef no processo de delação premiada incriminando a presidente Dilma e o ex-presidente Lula nos desvios da Petrobras.

Segundo a revista, o doleiro garantiu diretamente que os dois sabiam o que estava acontecendo na estatal brasileira e para que servia pelo menos parte do dinheiro desviado. Como na delação premiada é preciso provar as denúncias para que os benefícios dela se concretizem, o decorrer do processo mostrará se existem condições de incluir a atual e o ex-presidente em um processo criminal.

Nesse caso, o impeachment da presidente será inevitável, caso ela seja reeleita no domingo. Corremos o risco de estarmos condenados a uma crise institucional das grandes com membros do Congresso, governadores e até a presidente eleita envolvidos em um processo criminal mais grave do que o mensalão.

A situação eleitoral parece estar se definindo a favor da presidente Dilma, a não ser que as revelações do doleiro Yousseff atinjam o eleitorado no que pode ser definida como a última bala de prata da oposição. Há a possibilidade também de o eleitorado considerar essa uma mera manobra política e simplesmente não levar em conta o depoimento. Só o futuro dirá se essa é a melhor maneira de encarar os graves desvios que estão sendo denunciados por um ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, e pelo doleiro Alberto Yousseff.

Brasil esta à margem de sistema produtivo mundial - EDITORIAL O GLOBO

 


O GLOBO - 24/10

Mal situada em ranking sobre integração a cadeias globais de produção, economia brasileira se isola e abre mão de conseguir elevar produtividade e de crescer


Na ditadura militar, com ênfase no governo Ernesto Geisel, o país se tornou ainda mais protecionista, a fim de realizar o sonho de contar com uma indústria de base própria, para substituir as importações de insumos petroquímicos, de máquinas e equipamentos.

Uma formidável massa de dinheiro público foi destinada a este projeto estratégico, lastreado em uma ampla reserva de mercado. O desfecho foi um estrondoso fracasso.

Constituiu-se, na história republicana do país, uma das maiores transferências de renda do contribuinte para um pequeno número de empresários, os “campeões nacionais” daquela época. Quase quarenta anos depois, num governo do PT, na outra ponta do espectro ideológico, o país comete o mesmo erro: ergue mais barreiras protecionistas, restabelece a ideia de reserva de mercado, também com a vã ideia de aumentar o “conteúdo” local da produção de sua indústria. Colherá o mesmo fracasso.

Como o mundo é outro, bem mais globalizado, o equívoco se torna mais visível. É o que está registrado no relatório anual da Organização Mundial do Comércio (OMC), dirigida pelo brasileiro Roberto Azevêdo, divulgado segunda-feira.

Nele, a brasileira é uma das últimas colocadas numa relação das economias mais integradas a cadeias globais de produção. Enquanto apenas 40% das importações brasileiras são de componentes de bens a serem exportados, este índice chega a 75% em Taiwan, a primeira colocada neste ranking em que o Brasil se encontra na 27ª posição. Até a China, de economia ainda muito centralizada, um capitalismo selvagem de estado sob uma ditadura comunista, está mais bem situada que o Brasil, no 20º lugar.

O próprio Azevêdo lamenta, porque, como diz, participar dessas cadeias globais aumenta a produtividade e, por decorrência, o crescimento econômico. Tudo aquilo que escasseia no país nos tempos que correm.

Na raiz deste equívoco está o erro crasso da política externa de aprofundar a dependência do Mercosul, bloco comercial hoje alimentado muito mais por ideologia do que por interesses nacionais legítimos.

Sem se abrir a acordos bilaterais de comércio, o Brasil subordina as exportações de produtos manufaturados ao destino de economias como a argentina — atemorizante, como se sabe. E não consegue índices de produtividade para entrar em outros mercados, nada que a taxa de câmbio consiga resolver.

Entende-se por que o Global Trade Alert, entidade que acompanha medidas de política comercial pelo mundo, coloque o Brasil como o quarto país com maior número de medidas protecionistas decretadas desde 2008, abaixo apenas da Rússia, Índia e, nenhuma surpresa, a aliada Argentina. Péssima companhia e futuro preocupante.

Os números amordaçados - EDITORIAL O ESTADÃO

 


O ESTADO DE S.PAULO -24/10

A sonegação começou pelos dados mais recentes sobre a desigualdade de renda no País, apurados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Ministério do Planejamento. Em sintonia com os interesses eleitorais da presidente Dilma Rousseff, a cúpula do órgão adiou para depois do segundo turno a divulgação dos números que contrariam a propaganda da candidata sobre a queda continuada da diferença de rendimentos entre os mais ricos e os mais pobres. Em protesto contra a censura, que fere frontalmente o direito de acesso dos brasileiros a informações de natureza pública, um dos diretores da entidade, Herton Ellery Araújo, pediu exoneração do seu cargo. Foi seguido pelo vice-coordenador da sua área, Marcelo Medeiros.

Segundo o titular do instituto, Sergei Soares, o trancamento não teria sido ordenado pelo governo. "Foi uma decisão nossa." É muito possível: no Estado enfeudado pelo PT, servidor esperto é o que se antecipa ao que sabe ser a vontade do amo. O amo é conhecido por sua paranoia, embora nas atuais circunstâncias o temor é bem capaz de ter fundamento. O risco real e presente de Dilma ser derrotada no tira-teima de depois de amanhã pelo tucano Aécio Neves decerto pôs o seu apparat em alerta máximo para impedir que, levada à disputa, qualquer novidade adversa ao seu projeto de poder possa tirar votos, por poucos que sejam, de sua porta-estandarte. Eis por que, à mordaça no Ipea, outras foram aplicadas em setores tão diversos como o Ministério da Educação e da Receita Federal, de que se falará adiante.

O caso do instituto merece ser visto bem de perto por dois motivos que se entrelaçam: a importância dos seus levantamentos sobre o perfil social da população e, nesse estudo específico, pela inovação que permitiu aos seus pesquisadores chegar a verdades inconvenientes para a retórica petista. O primeiro ponto é óbvio: o padrão de distribuição da riqueza nacional neste país que padece para descalçar as botas de chumbo da histórica e vergonhosa desigualdade que nos caracteriza está no centro das atenções desde a redemocratização, a ponto de ter sido uma das preocupações dominantes dos constituintes de 1988. Já a citada inovação, que consistiu em incorporar informações do Fisco aos dados convencionais, fez o Ipea concluir que a desigualdade não só é mais alta do que estimava, como ainda se estabilizou entre 2006 e 2012, segundo o pesquisador Marcelo Medeiros, citado pelo jornal Valor.

O Ipea sustenta que a legislação eleitoral proíbe que se tornem públicos, entre outros, dados capazes de influir nas decisões de voto. Trata-se de uma patranha. O fato é que, dentro da perversa lógica petista de que as informações em posse do Estado devem servir a seus ocupantes - ou para ser divulgadas com espalhafato, quando positivas, ou para ser trancafiadas, quando potencialmente perturbadoras para as perspectivas eleitorais da chefe deles todos -, faz sentido, por exemplo, o arrocho do resultado da arrecadação federal em setembro. Por manter a tendência minguante dos números anteriores, é mais uma prova da crônica situação enfermiça da economia, provocada não pela retração das atividades em escala internacional, como alega a presidente, mas pela incompetência e os zigue-zagues de seu governo.

Para um governo que também quer fazer crer que faz tudo e mais alguma coisa pela educação fundamental no País, melhor deixar guardados os últimos resultados do Ideb - a aferição em âmbito nacional, a cada dois anos, com mais de 7 milhões de estudantes, dos conhecimentos de português e matemática do alunado do ensino básico. O exame mais recente data de agosto de 2013. Responsável pela prova, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), do Ministério da Educação, nega a intenção de escamotear a verdade: a publicação estaria demorando porque os dados do exame precisam ser apresentados de forma tal a facilitar a sua compreensão pelas escolas. Se essa alegação pretende ser sofisticada, a da Receita para a não divulgação da arrecadação de setembro é de um cinismo atroz: os servidores responsáveis por dar publicidade aos números estão absorvidos esta semana com atividades de planejamento.

Petrobras tem tem que ser passada a limpo - EDITORIAL CORREIO BRAZIIENSE

 


CORREIO BRAZILIENSE - 24/10
Manchetes com denúncias contra a Petrobras tornaram-se indesejada rotina. Banalizadas, deixam de surpreender. A empresa saiu das páginas de economia e entrou nas policiais. Megaesquema de corrupção foi-se revelando em etapas até desaguar na Operação Lava-Jato, deflagrada pela Polícia Federal em 17 de março deste ano.
Ao aceitar acordo de delação premiada, Paulo Roberto Costa abriu a caixa de Pandora. De lá saíram cenas picantes, que vão além dos maus negócios, como a perda de refinarias na Bolívia e a compra de Pasadena nos Estados Unidos. O ex-diretor da estatal contou pormenores do megaesquema de desvio de dinheiro para pagar propina a políticos do PT, do PMDB e do PP.

Pouco se sabe do muito que o ex-diretor da estatal trouxe à tona. Mas os valores referidos são tais que não admitem ser ignorados. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), guardiã do mercado de capitais brasileiro, fez o que lhe competia fazer. Abriu inquérito administrativo para investigar a petroleira que já foi orgulho verde-amarelo e uma das empresas mais respeitadas do mundo. Apura se a corrupção acarretou perda para os acionistas.

A CVM agiu depois que a Securities and Exchange Commission (SEC) iniciou apuração sobre a conduta da Petrobras. Como tem papéis negociados na Bolsa de Nova York, a estatal brasileira está submetida ao órgão regulador do mercado financeiro dos Estados Unidos. É sério. Caso as irregularidades sejam comprovadas, vislumbra-se cenário sombrio.

A empresa poderá responder seja por desvios no mercado acionário, seja criminalmente. Poderá, também, ser punida com o pagamento de multas. Segundo as leis estadunidenses, corrupção, mesmo ocorrida fora do território americano, é passível de punição. No caso, porque prejudica acionistas que confiaram na lisura das ações negociadas.

Espera-se que as investigações cheguem às últimas consequências e que os responsáveis sejam punidos. As comissões internas constituídas para averiguar irregularidades devem fazer o que lhes compete com isenção, sem espírito de corpo. Também a Polícia Federal precisa concluir o trabalho com a seriedade que lhe caracteriza a atuação. O Congresso e os demais órgãos de fiscalização têm, também, de fazer a sua parte.

Passado o tsunami que lançou um mar de lama sobre a empresa que faz parte da história dos 200 milhões de brasileiros de norte a sul do país, a Petrobras deve reconquistar a credibilidade de que sempre gozou - com gestores capazes, lisura nas transações e avanços tecnológicos. Em suma: a petroleira tem de entrar no século 21 e fazer a leitura correta do tempo.

Contrabando legislativo - EDITORIAL FOLHA DE SP

 


FOHA DE SP - 24/10


Deputados e senadores, em especial os mais vividos, sabem o quanto pode ser custosa, em termos políticos, a defesa de um projeto de lei que afronte o interesse público. Sempre que podem, portanto, valem-se de expedientes sorrateiros para tentar encobrir seus propósitos inconfessáveis.

Poucos instrumentos legislativos prestam-se mais a esse tipo de embuste do que as medidas provisórias --cujo abuso pelo Executivo, aliás, já representa uma distorção.

Editada em sua versão original pela Presidência da República, essa peça normativa responde, cada vez mais apenas na teoria, a demandas urgentes e relevantes, tendo por isso tramitação prioritária.

Nessa prioridade inúmeros congressistas enxergam uma oportunidade. Aproveitando-se da inércia de uma medida provisória qualquer, nela embutem as mais diversas propostas, desde aquelas que não alcançariam consenso em uma das Casas até as que jamais mereceriam o apoio da população.

O exemplo mais recente da anomalia está na medida provisória 651, assinada pela Presidência em 9 de julho. Quando chegou ao Congresso, tinha 51 artigos e tratava do Refis, programa que reduz juros e parcela dívidas tributárias. Ao ser aprovada pela Câmara na semana passada, contava 114 artigos e versava sobre tudo e mais um pouco.

Nesse contrabando entrou um dispositivo malicioso. Por sugestão do senador Gim Argello (PTB-DF), o deputado Newton Lima (PT-SP) incluiu no texto regra que anistia parte das dívidas de condenados por desvio de recursos públicos.

Se a lei passar assim como está, gestores e empresas que tenham cometido irregularidades poderão ganhar o benefício de pagar o que devem com exclusão de juros e multas, em parcelas que podem se prolongar por até 15 anos.

Não é pouco o que está em jogo. Somente em 2013, a Advocacia-Geral da União, responsável por cobrar dívidas após condenação judicial ou administrativa, iniciou 2.109 processos com vistas a receber pouco mais de R$ 1 bilhão.

De acordo com o próprio Newton Lima, a emenda não prosperará. Ainda que a medida provisória ganhe o aval do Senado, o que parece provável, o trecho indecoroso será vetado pela presidente Dilma Rousseff (PT), afirma. Pode ser. Mas convém vigiar de perto.


Reformas decepcionam e cubanos se lançam ao mar - EDITORIAL O GLOBO

 


O GLOBO - 24/10

Oceano volta a ficar coalhado de ‘balseros’, e ‘The New York Times’ pede que EUA encerrem embargo econômico de mais de 50 anos, restabelecendo relações com a ilha



Cuba tem frequentado o noticiário nas últimas semanas em grande parte pelo papel destacado do seu governo no combate à epidemia de ebola, tendo enviado até agora 256 profissionais de saúde à África. Em editorial, o “New York Times” não poupou elogios à iniciativa de Havana, e o governo americano saudou a “oportunidade de colaborar” com Cuba nessa frente. Em artigo intitulado “A hora do dever”, o próprio Fidel Castro escreveu: “Vamos cooperar com gosto com o pessoal americano.”

Em outro editorial, o “New York Times” chamou a atenção para Cuba ao exortar firmemente o governo americano a “restabelecer relações diplomáticas e acabar com um embargo (econômico) insensato” de mais de 50 anos. Segundo o jornal, o presidente Obama “deve aproveitar a oportunidade para dar fim a uma longa era de inimizade”. Significativamente, Fidel, em sua coluna no jornal oficial “Granma”, republicou quase todos os parágrafos do texto, mesmo os que faziam críticas ao governo cubano, como no caso dos prisioneiros políticos.

Para os cubanos, porém, o que sobra é a dura realidade de sempre. A Venezuela, a mecenas que substituiu a URSS na ajuda à ilha, está em crise profunda e a mesada escasseia. As reformas de liberalização econômica restrita, introduzidas desde 2008 por Raúl Castro, parecem não dar o resultado esperado. A situação em Cuba piorou e os 144km que a separam da Flórida ressurgiram como chamariz em busca de melhores dias.

O oceano voltou a ficar coalhado de rudimentares e frágeis embarcações em que osbalseros arriscam suas vidas, e muitos as perdem, para alcançar os EUA. Pelas regras em vigor, se conseguirem chegar a uma praia americana, são acolhidos. Se forem abordados pela Guarda Costeira americana antes disso, são enviados de volta. Nos 12 meses até 30 de setembro, segundo o próprio “Times”, cerca de 25 mil cubanos chegaram aos EUA. O número total dos que tentaram dobrou nos últimos dois anos. O fluxo traz à memória dois episódios que são uma referência: a crise dos balseros, de 1994, quando Fidel permitiu a saída em massa em resposta aos esforços americanos para coibir a imigração ilegal. Cerca de 47 mil cubanos deixaram a ilha. Entre 15 de abril e 31 de outubro de 1980, ocorreu o êxodo pelo porto de Mariel, precipitado por uma desaceleração da economia cubana. Mais de 125 mil cubanos emigraram, osmarielitos.

O novo êxodo mostra que a abertura econômica não está sendo suficiente para tirar Cuba do buraco. Havana precisa dar passos concretos para flexibilizar o regime e começar a construir instituições democráticas.

Com isto, os EUA suspenderão o embargo, e uma era de prosperidade pode se abrir para o povo cubano. Investimentos, inalcançáveis hoje pelo o país, acorrerão em busca de um mercado de gente ansiosa para satisfazer a sede de modernidade e integração à economia global.

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

CARTÕES CORPORATIVOS EM 2014: R$ 46,2 MILHÕES

Até setembro deste ano, a conta dos cartões corporativos do governo Dilma ultrapassou R$ 46,2 milhões. Entre julho e setembro, quando a campanha pela reeleição começou, a conta subiu mais de R$ 12 milhões. Só a Presidência da República gastou mais de R$ 15,5 milhões. Outros R$ 14 milhões são escondidos sob a alegação de “sigilo”. O Ministério da Justiça, via Polícia Federal, já usou quase R$ 11 milhões.

TOTAL QUE ASSUSTA

Desde janeiro de 2003, quando foi criado no primeiro ano do governo Lula, até setembro de 2014, foram gastos R$ 581 milhões com cartões.

EM ANO ELEITORAL

Durante as eleições, o governo torrou R$ 4 milhões/mês com cartões, sem contar outubro. E só divulgou dados com dois meses de atraso.

CUIDADO COM O GRAMPO

Só a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) gastou R$ 7,73 milhões com cartões corporativos. Mais que 38 dos 39 ministérios.

PRIMO POBRE

Em meio à gastança, o gabinete do vice, Michel Temer, pagou despesas “sigilosas” de R$ 87 mil com cartões corporativos, de julho a setembro.

ESQUECERAM ROSE

Até mesmo adversários de Dilma deixaram de lembrar na campanha alguns dos escândalos mais cabeludos do atual governo, envolvendo a própria Presidência da República. É o caso da ex-chefe de gabinete presidencial Rosemary Noronha, a “Rose”, amiga íntima de Lula, que sumiu do noticiário. Ela é ré por formação de quadrilha, enriquecimento ilícito, tudo sob “segredo de Justiça”.

OLHA O GRAMPO!

Alertados por policiais federais, os principais membros do staff de Aécio Neves trocam de celular quase diariamente, tentando driblar o grampo.

DESAPONTAMENTO

A estratégia de destruir reputações, na disputa com Marina e Aécio, corrói na imprensa europeia a imagem de Lula, seu principal ideólogo.

LÁ, O JOGO VIROU

Se a revista independente The Economist recomenda voto em Aécio, o também inglês Financial Times denuncia a “tática da difamação” do PT.

CHANCELER MARINA

Levantamento interno revelou que o Itamaraty deve votar em peso em Aécio Neves. Cansados do bullying de Dilma, os diplomatas torcem por um futuro chanceler politicamente forte, para recuperar o prestígio e autoestima da Casa. Marina Silva é o nome preferido dos diplomatas.

MEDO DA REBORDOSA

Apesar da atuação desassombrada no mensalão e das promessas de protagonismo político, o ministro aposentado Joaquim Barbosa reluta tornar público seu apoio a Aécio Neves. Parece ter medo da rebordosa.

SAIU CARO PARA NÓS

Enfrentando grave pindaíba, a Polícia Federal foi buscar em seu possante jato o traficante que prendeu em Boa Vista (RR). Já que o destino final do bandido é Bogotá, o contribuinte agradeceria se a PF telefonasse à polícia de lá para vir buscar sua encomenda indesejada.

CLIMA ELEITORAL

Após recomendar voto em Aécio, a The Economist viu seu site invadido por petistas e tucanos batendo boca – em inglês – sobre a mais independente publicação de economia do mundo.

TRATAMENTO VIP

A trapalhada das autoridades de saúde pública e vigilância sanitária de Brasília, que confundiram diarreia com ebola, deu ideia a segurados tão maltratados no SUS. Se disser que tem ebola, recebe tratamento vip.

TRANSPORTE PIRATA

A campanha de Rodrigo Rollemberg (PSB) ao governo do DF acionou a PM de Goiás e a Polícia Rodoviária Federal contra o mega esquema de transporte irregular de eleitores, domingo. O esquema estaria sendo organizado pela turma de Joaquim Roriz, expert no assunto.

MAIS UMA PARCELA

A empresa pública Terracap, publicou no Diário Oficial do DF, aditivos no valor de R$ 55 milhões. Segundo o governo, o dinheiro será utilizado para o pagamento de uma parcela da obra do estádio Mané Garrincha.

IRRELEVÂNCIA REAL

Sem muito o que fazer na vida, o príncipe Charles declarou guerra aos esquilos cinzas para salvar a espécie vermelha. Até assinou um “acordo dos esquilos” com empregados de bosques da Escócia.

PERGUNTA NO CAIXA

Onde estava a Receita Federal que não via “dinheiro a jato” da corrupção pingando milhões todo dia na conta do doleiro Youssef?


PODER SEM PUDOR

SR. NOME DE RUA

Em 1918, o presidente Venceslau Brás passou o cargo ao sucessor, Rodrigues Alves, e voltou a morar em Itajubá (MG), até falecer meio século depois. Muitos anos após chegar à cidade natal, seu carro se envolveu em um acidente. Ele se certificou que as duas pessoas do outro veículo estavam bem e assumiu a responsabilidade:

- Eu pago o conserto. Procurem Venceslau Brás...

- ...que número? - respondeu uma das vítimas.