O ESTADO DE S.PAULO - 03/10
Os mais jovens talvez nunca tenham ouvido a expressão "curral eleitoral". Nem "voto de cabresto". O que será isso?, perguntaria a menina de 15 anos ao avô.
Quando foi proclamada a República, a Constituição federal brasileira tardou em prever a figura do voto secreto e, com isso, as primeiras eleições no País se realizaram por um sistema que permitia identificar a pessoa em quem o eleitor votava. Realmente, naqueles tempos nada saudosos, o eleitor levava consigo um pedaço de papel com o nome de seu candidato e o depositava na urna, permitindo que os coronéis da época entregassem a cada um de seus empregados uma cédula já preenchida.
E lá seguia o eleitor de cabresto para cumprir o dever de votar naquele político de quem era dependente.
Graças a esse sistema nada democrático, ganharam força as expressões "voto de cabresto" e "curral eleitoral", porque, sobretudo no Nordeste, os políticos mais poderosos adotavam essa conduta para garantir os seus votos. Sim, a grande maioria dos eleitores, por dependerem economicamente desses "coronéis", recebia pelo voto um pagamento de diversas formas - comida, roupas, casa para morar e até mesmo dinheiro.
Curiosamente, esse costume se arraigou de tal forma em nosso sistema de escolha dos governantes que hoje temos talvez o maior curral eleitoral de todos os tempos. Há uma diferença: na sua fase inicial, os eleitores "de cabresto" recebiam o pagamento do próprio político ao qual estavam submetidos, mas hoje, no enorme curral eleitoral do presente, quem paga a esses eleitores somos nós.
Nisso talvez resida a conhecida esperteza do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - como sempre, uma esperteza para o mal. Tendo Lula percebido que é bom em cada eleição poder contar com um curral eleitoral obediente e confiável, ele carreou esforços (e o nosso dinheiro) para pagar a esses eleitores na forma disfarçada de Bolsa Família e outras benesses governamentais.
Por incrível que pareça, essas pessoas, que não recebem a necessária instrução e por isso mesmo são mais fáceis de se deixar conduzir, se tornaram dependentes economicamente do atual governo e representam a grande força da candidata oficial, Dilma Rousseff. Não será exagero admitir que tais eleitores poderão decidir a eleição deste domingo, pois representam uma massa de votos que os pesquisadores calculam em até 40 milhões.
As pesquisas têm demonstrado que nas áreas de pessoas de melhor instrução (a educação liberta), a candidata oficial não detém tão grande apoio. Mas quando envolve dependentes do Bolsa Família, a adesão à sua candidatura é quase unânime.
Isso equivale a dizer que o nosso dinheiro, aquele que é coletado dos impostos pagos por cada um de nós, está servindo para beneficiar o projeto político de um grupo que chegou ao poder, gostou disso ao extremo e não quer mais sair (até porque, se sair, sabe que os riscos de uma devassa serão incalculáveis).
Esses eleitores de cabresto estão comprando geladeiras, televisões, comendo melhor, e isso, sem nenhuma dúvida, é melhor do que viver na faixa da pobreza extrema. Mas como recebem de graça, sem que tenham realizado nenhum trabalho que mereça a devida retribuição, torna-se elementar o paternalismo, inimigo antagônico do livre desenvolvimento.
Sem dúvida alguma, os programas sociais das Bolsas Família e outros deveriam ter sido complementados por outras providências que proporcionassem efetivo desenvolvimento educacional e econômico e, enfim, libertassem os assistidos, ao invés de deixá-los numa dependência que é contrária ao interesse do País. Carentes de instrução e sem alcançar a liberdade que o saber proporciona, permanecem socialmente anestesiados e sempre esperando o dia de receber os valores do governo federal.
Para essas pessoas, fatos de extrema relevância como o mensalão e a farra com o nosso dinheiro na Petrobrás, por exemplo, nem sempre têm relevância, nem são objeto de preocupação. O que as preocupa mesmo é o dia de receber o dinheirinho do patrão governo, porque, afinal, é necessário pagar a prestação da geladeira, da televisão e mesmo do primeiro automóvel. Dois anos atrás houve o rumor de que não seria feito tal pagamento e isso provocou uma enorme correria aos bancos, somente acalmada com a abertura dos caixas para que cada um o recebesse.
É muito triste observar que essas pessoas votam muito mais com o estômago do que com a cabeça. Superar tal poder eleitoral é tarefa muito difícil para os candidatos da oposição, pelo círculo vicioso suicida: se condenam e denunciam a sistemática eleitoreira do tipo Bolsa Família, isso significa renunciar a esses milhões de votos; por outro lado, se aceitam e dizem que vão manter esse programa assistencial, no caso de eleitos, acabam convalidando a prática que fortalece a candidata oficial.
Criou-se no País, portanto, por força dessa conduta condenável, uma forma de realizar eleições que premia exatamente a pessoa que deveria ser punida por usar dinheiro público em seu próprio favor. É possível que tal sistema, contrário ao próprio País, só venha a ser repelido a partir do momento em que o aprimoramento educacional e o desenvolvimento econômico libertarem esses milhões de brasileiros da dependência quase escrava de um governo contrário aos princípios morais e de respeito à verdadeira democracia.
Mas como não são feitos na área da educação tais esforços e investimentos, criou-se a impressão de haver o propósito de deixar tudo como está porque, afinal, esses eleitores são fáceis de manobrar. Enfim, parecemos estar condenados a viver num país que vai a cada dia encolhendo, ao invés de crescer.
sexta-feira, outubro 03, 2014
Detalhes eleitorais - MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 03/10
Em momentos tensos como os da reta final desta eleição presidencial, em que se disputa ainda quem vai para o segundo turno ou, no limite, se a disputa termina já no primeiro turno com a reeleição da presidente Dilma, as teorias da conspiração andam soltas e, junto com muitas desconfianças indevidas (se as urnas eletrônicas são seguras é uma pergunta muito comum nestes últimos dias), surgem ações, como a dos Correios a favor do PT, que justificam o alerta que está sendo dado.
A confissão do deputado petista de que "há o dedo" dos militantes petistas dos Correios na subida de intenção de votos da presidente Dilma em Minas é de uma clareza exemplar, e o presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, ouvindo tudo aquilo calado, como se estivesse recebendo um elogio. No fundo, era um elogio mesmo o que o deputado estava fazendo.
O aparelhamento dos Correios pelo PT parece ter efeitos disseminados pelo país, prejudicando principalmente candidatos a deputado federal de outros partidos em diversos estados. O PSDB está recebendo informações de candidatos de outros partidos que também estão se considerando afetados por essa estranha falha seletiva dos Correios.
Fatores extracampo podem afetar o resultado da eleição, ainda mais quando a nossa Justiça Eleitoral, como todo o aparelho judicial, é lenta. Os repetidos casos de governadores que são cassados depois de exercerem a maior parte de seus mandatos não nos deixam mentir.
Aliás, caminhamos para uma grave crise institucional no próximo governo, seja qual for o eleito. O processo em curso da delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Yousseff vai colocar no caminho da cadeia uma leva de políticos e autoridades que serão eleitos dentro de poucos dias. A acreditar nas palavras do ministro Teori Zavascki, são deputados, senadores e governadores que se locupletaram com as verbas da Petrobras.
Disse o ministro do supremo tribunal Federal, ao chancelar o acordo de delação premiada, que há nos depoimentos de Paulo Roberto indicações de "vantagens econômicas ilícitas oriundas dos cofres públicos" (...) "distribuídas entre diversos agentes públicos e particulares" Confirmando o noticiário que tem saído na imprensa, Zavascki disse que "(...) há elementos indicativos, a partir dos termos do depoimento, de possível envolvimento de várias autoridades detentoras de prerrogativa de foro perante tribunais superiores, inclusive de parlamentares federais".
Além do STF, portanto, governadores que têm foro no Superior Tribunal de Justiça (STJ) estão na lista dos denunciados. Esse é um tema que continuará pautando os debates políticos nesta eleição e que pode afetar o resultado dela caso surjam novos vazamentos dos depoimentos.
Outro fato que pode afetar o resultado final da eleição, especialmente na definição de quem será o adversário da presidente Dilma no segundo turno, é a estrutura partidária, o que favorece o candidato tucano, Aécio Neves. Referindo-se à eleição de 1989, de que ele participou como um dos apoios políticos do então candidato Collor de Mello, o dirigente nacional do PTC Daniel Tourinho acha que a candidata do PSB, Marina Silva, em razão da fragilidade da sua estrutura partidária, deverá perder algo em torno de 4% dos votos no dia da eleição, e, em sentido inverso, o candidato do PSDB, com uma estrutura partidária muito mais capilarizada, deverá crescer cerca de 4%.
Ele lembra a eleição de 1989, quando, logo após a apuração do primeiro turno, a primeira pesquisa dava a Collor uma vantagem de 15 pontos percentuais frente a Lula. À véspera da eleição, porém, essa diferença estava reduzida a 1%. Ou seja, um quadro claro de ascensão de Lula e queda de Collor. Ao final da apuração dos votos do segundo turno, o resultado apontava a vitória de Collor com 5% de votos a mais do que Lula.
Para ele, a fragilidade da estrutura partidária da candidatura de Lula àquele tempo ante a que dava apoio a Collor fez a diferença.
A confissão do deputado petista de que "há o dedo" dos militantes petistas dos Correios na subida de intenção de votos da presidente Dilma em Minas é de uma clareza exemplar, e o presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, ouvindo tudo aquilo calado, como se estivesse recebendo um elogio. No fundo, era um elogio mesmo o que o deputado estava fazendo.
O aparelhamento dos Correios pelo PT parece ter efeitos disseminados pelo país, prejudicando principalmente candidatos a deputado federal de outros partidos em diversos estados. O PSDB está recebendo informações de candidatos de outros partidos que também estão se considerando afetados por essa estranha falha seletiva dos Correios.
Fatores extracampo podem afetar o resultado da eleição, ainda mais quando a nossa Justiça Eleitoral, como todo o aparelho judicial, é lenta. Os repetidos casos de governadores que são cassados depois de exercerem a maior parte de seus mandatos não nos deixam mentir.
Aliás, caminhamos para uma grave crise institucional no próximo governo, seja qual for o eleito. O processo em curso da delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Yousseff vai colocar no caminho da cadeia uma leva de políticos e autoridades que serão eleitos dentro de poucos dias. A acreditar nas palavras do ministro Teori Zavascki, são deputados, senadores e governadores que se locupletaram com as verbas da Petrobras.
Disse o ministro do supremo tribunal Federal, ao chancelar o acordo de delação premiada, que há nos depoimentos de Paulo Roberto indicações de "vantagens econômicas ilícitas oriundas dos cofres públicos" (...) "distribuídas entre diversos agentes públicos e particulares" Confirmando o noticiário que tem saído na imprensa, Zavascki disse que "(...) há elementos indicativos, a partir dos termos do depoimento, de possível envolvimento de várias autoridades detentoras de prerrogativa de foro perante tribunais superiores, inclusive de parlamentares federais".
Além do STF, portanto, governadores que têm foro no Superior Tribunal de Justiça (STJ) estão na lista dos denunciados. Esse é um tema que continuará pautando os debates políticos nesta eleição e que pode afetar o resultado dela caso surjam novos vazamentos dos depoimentos.
Outro fato que pode afetar o resultado final da eleição, especialmente na definição de quem será o adversário da presidente Dilma no segundo turno, é a estrutura partidária, o que favorece o candidato tucano, Aécio Neves. Referindo-se à eleição de 1989, de que ele participou como um dos apoios políticos do então candidato Collor de Mello, o dirigente nacional do PTC Daniel Tourinho acha que a candidata do PSB, Marina Silva, em razão da fragilidade da sua estrutura partidária, deverá perder algo em torno de 4% dos votos no dia da eleição, e, em sentido inverso, o candidato do PSDB, com uma estrutura partidária muito mais capilarizada, deverá crescer cerca de 4%.
Ele lembra a eleição de 1989, quando, logo após a apuração do primeiro turno, a primeira pesquisa dava a Collor uma vantagem de 15 pontos percentuais frente a Lula. À véspera da eleição, porém, essa diferença estava reduzida a 1%. Ou seja, um quadro claro de ascensão de Lula e queda de Collor. Ao final da apuração dos votos do segundo turno, o resultado apontava a vitória de Collor com 5% de votos a mais do que Lula.
Para ele, a fragilidade da estrutura partidária da candidatura de Lula àquele tempo ante a que dava apoio a Collor fez a diferença.
A navalha de Hanlon - MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE
A FAVOR DO TRIPÉ ECONÔMICO, VOTO AÉCIO 45
"Jamais atribua à malícia aquilo que pode ser adequadamente explicado pela estupidez", frase epônima (atribuída a Robert J. Hanlon) que ilustra perfeitamente como se devem considerar os desmandos da economia brasileira. Acham que a degradante situação fiscal do Brasil resulta das artimanhas astutas de Arno Augustin? Pensam que Guido Mantega é maroto quando afirma que a súbita desvalorização do real é fruto do fortalecimento do dólar mundo afora? Pensem novamente. Pensem em Hanlon.
O Brasil registrou o pior resultado fiscal para o mês de agosto na história. Estamos firmemente entranhados no território do déficit primário, coisa do passado, estilo anos 90, com um crescimento dos gastos públicos de quase 30% no mês. Vá lá que a presidente Dilma não goste de austeridade, fala mal da austeridade para quem quiser ouvir, inclusive para a chanceler alemã, Angela Merkel, num inominável gesto de falta de malícia. Mas não precisávamos ir tão longe, não era necessário nos colocarmos tão próximos da queda, cada vez mais perto do rebaixamento da classificação de risco. Ou precisávamos? Confesso que já não sei, tamanha a confusão da economia brasileira.
Sem muito o que dizer de diferente neste artigo publicado às vésperas do primeiro turno - pesadelo para qualquer colunista -, andei relendo o que escrevi neste espaço nos últimos quatro anos. A conclusão: a bagunça econômica certamente não se deve a qualquer malícia ou esperteza do governo. Foram atos sequenciais de... bem, chamemos de "falta de bom senso". Augustin, o chefe do Tesouro, diz que é possível alcançar a meta fiscal de 2014 e que os resultados apresentados não são tão ruins quanto parecem. Falta de bom senso exemplar.
O Brasil tem um rombo nas contas públicas. O Brasil também tem um rombo nas contas externas. Como constatou o FMI no mais recente World Economic Outlook (WEO), tínhamos um superávit na conta corrente de 1,3% do PIB em 2006, que se transformou em déficit de 3,6% do PIB em 2013. Isso equivale a US$ 81 bilhões,valor que, em termos absolutos, só fica atrás dos EUA e do Reino Unido, países diretamente afetados pela crise financeira de 2008. Países que, além de apresentarem claros sinais de recuperação, têm moedas ainda consideradas fortes, moedas de reserva internacionais - o dólar, a libra. Quem quer reais às vésperas das eleições brasileiras?
O FMI também destacou que, com um déficit externo dessa magnitude, o Brasil aproxima-se da zona de perigo, aquela em que qualquer soluço nos mercados globais pode se transformar em fuga de recursos do país. Ou seja, em mais desvalorização do real e uso ainda mais amplo das reservas internacionais para conter o enfraquecimento da moeda. Com a inflação no nível em que está, flertando sistematicamente com o teto do regime de metas, 6,5%, o Banco Central não pode se dar ao luxo de fazer outra coisa. Não chegamos até aqui por malícia.
Fica estabelecido, pois, que enfrentamos situação conhecida como "déficits gêmeos": um rombo nas contas públicas, outro na conta corrente. Agora, vejam o que mais o FMI tem a dizer. Num dos capítulos analíticos do recém-divulgado WEO, há sólidas evidências de que o investimento público em infraestrutura aumenta o nível de atividade tanto no curto quanto no longo prazo. Isso sugere que, para países que têm muita necessidade de infraestrutura a fim de alcançar patamares mais elevados de crescimento, não há melhor momento do que o atual, quando as taxas de juros internacionais são baixas e assim devem permanecer. Nessas condições, projetos de investimento financiados por endividamento público podem ter grandes efeitos sobre o crescimento sem aumentar muito a relação dívida/PIB. Contudo, é preciso contar com recursos da poupança pública, o que não temos.
O Brasil desperdiçou inúmeras possibilidades nos últimos anos que poderiam ter posto o País em outro patamar de crescimento, de solidez. Jogou fora a chance de aumentar o investimento público com recursos da poupança inexistente do governo.
É muita malícia, não?
A urna de domingo e os ladrões - REINALDO AZEVEDO
LUGAR DE PETISTA É NO CAMBURÃO!
VOTE AÉCIO 45
Paulo Roberto Costa era apenas um tipo comum. Jamais seria incluído numa lista de mais influentes nem era chefe de nada. Não levava jeito para "capo di tutti i capi". Permaneceu por nove anos à frente da diretoria de Abastecimento da Petrobras. Chegou pelas mãos do PP e, bom rapaz, foi logo adotado pelo PT e pelo PMDB.
Lula, que sempre soube empregar o diminutivo com grande eficiência, o chamava de "Paulinho". Há "Paulinhos" à mancheia nas outras estatais, nos fundos de pensão, nas autarquias, na alta administração federal, em toda parte. Os "Paulinhos" sem rosto são mais influentes na República do Babalorixá de Banânia do que os eunucos no Império Persa.
Costa está em prisão domiciliar, ornado por uma tornozeleira eletrônica. No acordo de delação premiada, aceitou devolver aos cofres públicos espantosos R$ 70 milhões. É o que admite ter capturado, em proveito próprio, como operador do esquema criminoso, suprapartidário e governista, incrustado na estatal. Ele separava para si, note-se, apenas uma pequeníssima parcela do saque. Quanto levavam seus "chefes"?
Um termo de comparação: o mensalão, segundo Roberto Gurgel, ex-procurador-geral da República, distribuiu R$ 141 milhões em propina. No petrolão, um corrupto menor assume que a, digamos, taxa de administração da canalhice lhe rendeu o correspondente a 50% do que movimentou um dos maiores esquemas de corrupção da história do país.
Dado o tamanho do Estado no Brasil, é forçoso concluir que vivemos sob a permanente rapinagem de uma súcia. Se uma empresa como a Petrobras não dispõe de um sistema de "compliance" que a torne imune a práticas dessa natureza, pode-se imaginar a desenvoltura com que atua a bandidagem em áreas bem menos expostas à curiosidade pública e desobrigadas de fazer ao menos a mímica da boa governança corporativa.
Não obstante, o estatismo goza de grande prestígio no Brasil, especialmente junto a acadêmicos, artistas e jornalistas, que ajudam, sim, a formar opinião e a plasmar consensos. Os escândalos na Petrobras se tornaram tema de campanha –e nem poderia ser diferente. Mas nós os estamos debatendo como se fossem apenas casos de polícia, e esta é a sua face menos importante. O assalto organizado à Petrobras é um caso de política.
Há quatro eleições já, incluindo a deste ano, o petismo sufoca o país com a sua ladainha estatista, que só interessa à burguesia sindical do capital alheio e, portanto, aos aparelhos que garantem a influência e o poder do próprio... petismo.
Os verdadeiros espoliadores do Brasil, a "classe" de fato dominante, são justamente aqueles que saem por aí a falar em nome da igualdade e da justiça social. Praticam a forma mais porca e perversa do discurso ideológico, que é a do mascaramento da verdade. Quando é que voltaremos a ter uma candidatura viável, com a coragem de dizer os nomes daqueles que nos assaltam e condenam?
Ah, sim: na vigência do esquema criminoso, a Petrobras financiava boa parte da "consciência crítica" da "arte brasileira". Afinal, os desdentados, miseráveis e barrigudinhos produzidos por esse modelo merecem ao menos as metáforas pedestres –de esquerda, claro!– expelidas por "artistas" financiados. É de dar nojo.
Três personagens e um país à deriva - BOLÍVAR LAMOUNIER
VOTO AÉCIO 45
Se eleito, Aécio terá algumas prioridades inescapáveis. É imperativo desmontar a 'herança maldita' deixada por Lula e Dilma Rousseff
A ordem em que os três principais candidatos à Presidência da República têm aparecido nas pesquisas parece-me ser o inverso de suas capacidades e do que deles se pode esperar de positivo para o Brasil.
Dilma Rousseff chegou ao Planalto como atriz num dos muitos enredos maliciosos que Lula é capaz de conceber. Com seus próprios recursos ela dificilmente se elegeria vereadora em Porto Alegre ou em Belo Horizonte. Lula "vendeu-a" como uma exímia conhecedora da máquina pública e a grande gestora de projetos que daria continuidade às "grandes conquistas" de seu próprio governo.
Tendo já cumprido um segundo mandato, Lula não iria se desgastar numa luta interna, muito menos emprestar sua popularidade a um candidato político. Queria um candidato que lhe devotasse uma fidelidade canina, o melhor "poste" que pudesse encontrar.
Na campanha e nos debates, ela quase nada precisaria falar; dos votos encarregar-se-iam Lula e os marqueteiros. Foi assim que o Brasil viveu um dos maiores paradoxos eleitorais de que se tem notícia. Nas democracias, candidatos sabem que suas chances de sucesso dependem de se tornarem conhecidos do maior número possível de eleitores. Com Dilma, deu-se o oposto: seu sucesso deveu-se à quase total clandestinidade em que ela se manteve.
Sob muitos aspectos, Marina Silva é o oposto de Dilma. Não creio que ela se prestasse a uma farsa eleitoral. Suas ideias parecem-me se constituir, parte por elaboração própria, parte por uma saudável utilização dos órgãos auriculares.
Apesar dessas qualidades, tinha certeza que o status de favorita que ela chegou a atingir não se sustentaria. Resultara de uma situação extraordinária que se diluiria. O desaparecimento de Eduardo Campos e a comoção dele decorrente catapultaram-na para a segunda posição.
O súbito aumento do apoio a Marina deveu-se à simpatia com que ela passou a ser vista por eleitores que, de outra forma, não a veriam como opção; à reativação e a uma tentativa de canalização mais positiva do manancial de votos contra Dilma e Serra que ela mobilizara em 2010; e à sensação de que ela passara a encarnar uma concepção idealizada de política com possibilidade real de chegar ao Planalto.
Ao envolvê-la numa aura de vencedora, os elementos mencionados proporcionaram-lhe a indispensável interlocução com grupos sociais que até a morte de Campos a viam como problema. Facilitaram a substituição da acanhada plataforma de 2010 por uma mais ampla e realista, respaldada por economistas competentes.
As últimas pesquisas mostram Aécio Neves na terceira posição. Admitindo que as intenções de voto em Dilma e as de votar em branco ou nulo estão mais ou menos consolidadas, Aécio precisa "tomar" de Marina só mais alguns pontos para ultrapassá-la. Difícil é; impossível, não. Se for ao segundo turno, terá o mesmo tempo de TV que Dilma e será visto como uma alternativa real ao oficialismo petista.
Na segunda (29), os agentes econômicos reagiram à melhora de Dilma nas pesquisas avisando que a reeleição será um desastre. As ações da Petrobras despencaram 10%. Corteses como são, Lula e Dilma deveriam pedir desculpas à analista do Santander cuja demissão exigiram por ter tido a "ousadia" de fazer uma previsão nessa mesma linha.
Se eleito, Aécio Neves terá prioridades inescapáveis. Em termos gerais, é imperativo desmontar a "herança maldita" deixada por Lula e Dilma. Reverter o clima de desmoralização que tomou conta do país desde 2003, a aceitação passiva da incompetência e da falta de responsabilidade, a condução ideológica e amadorística da política econômica e a tibieza no combate à corrupção.
Urge restabelecer o império da lei, a validade dos contratos, o valor das instituições e a independência entre os Poderes. Na política externa, Lula e Dilma deram seguidas mostras de obtusidade, no melhor estilo terceiro-mundista. Mas foram além: praticaram ativamente uma opção preferencial por regimes populistas e ditaduras, sabe Deus se como fruto de alguma convicção ou só no juvenil afã de marcar posições antiamericanas.
Dilma e a Polícia Federal - EDITORIAL O ESTADÃO
LUGAR DE PETISTA É NO CAMBURÃO! VOTE AÉCIO 45
Para tentar impedir que o escândalo do mensalão e as denúncias de corrupção contra o governo respinguem sobre sua campanha pela reeleição, a presidente Dilma Rousseff vem alegando que concedeu à Polícia Federal (PF) total liberdade para investigar as denúncias de corrupção na Petrobrás, inclusive orientando-a a instaurar inquéritos criminais e a adotar medidas para acabar com o uso de caixa 2 pelos partidos políticos e esquemas de lavagem de dinheiro para financiar campanhas eleitorais.
O argumento foi usado por ela em um dos últimos debates entre os presidenciáveis. "Eu dei autonomia à PF para prender o senhor Paulo Roberto e os doleiros todos", afirmou na ocasião. O mesmo argumento também foi repetido nos programas do PT durante o horário eleitoral, que deram a entender ter sido Dilma a primeira inquilina do Palácio do Planalto a ter colocado a PF a serviço do combate à corrupção e dos ilícitos cometidos em empresas estatais.
A propaganda do PT é enganosa e a fala de Dilma carece de consistência técnico-jurídica, deixando claro o quanto ela desconhece a Constituição que há quatro anos jurou cumprir. Em palestra para cerca de 200 estudantes e professores de direito de uma universidade de Brasília, quando discorreu por mais de uma hora sobre reforma política, financiamento de campanha eleitoral, compra de votos, corrupção e fortalecimento do regime democrático, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa enfatizou esse ponto.
"Não é a presidente da República que manda prender. Ela tem, no máximo, poderes para não interferir na atuação do órgão", disse Joaquim Barbosa, confessando-se "surpreso" com o desconhecimento generalizado de direito constitucional por parte dos políticos - inclusive Dilma.
Essa foi uma crítica sutil às afirmações não só da presidente da República, mas também a recentes declarações do vice-presidente, Michel Temer, e do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Eles haviam protestado contra a vistoria, por agentes da PF, de um avião da campanha do senador Edison Lobão Filho, candidato ao governo do Maranhão e filho do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, acusando a corporação de ter sido "instrumentalizada para atingir candidaturas legitimamente constituídas".
Na ocasião, Dilma - que hoje elogia as ações da PF - criticou a corporação. "Qualquer órgão integrado por pessoas pode cometer um erro. Mas autonomia não significa autonomia para cometer coisas incorretas. Uma das coisas que a gente tem que garantir, principalmente em processos eleitorais, é que órgãos governamentais não sejam usados em proveito de um ou outro candidato", afirmou Dilma, com sua maneira tortuosa de se expressar, e de certo modo endossando a tese de que a ação de busca e apreensão executada pela PF teria tido o objetivo de "constranger" e "intimidar" políticos peemedebistas maranhenses.
Na realidade, como afirma o ex-ministro Joaquim Barbosa, a Polícia Federal é um órgão de Estado e não precisa de qualquer autorização presidencial para exercer suas atribuições funcionais. Pela Constituição, ela tem competência para promover investigações independentes, mesmo quando os investigados sejam políticos da base do governo ou mesmo integrantes da administração direta e indireta. Em outras palavras, a autonomia da Polícia Federal não é administrativa nem financeira. É uma autonomia funcional. E se seus delegados e agentes deixarem de agir, em casos de denúncias de algum ilícito, incorrem em crime de responsabilidade.
Por isso, quando a presidente da República alegou no debate entre os presidenciáveis que estimulou a PF a investigar as denúncias de corrupção na Petrobrás, "o que não acontecia nos governos anteriores", ela contrariou a verdade.
Seu comitê eleitoral ainda tentou refutar as críticas de Barbosa, distribuindo uma nota em que alega que as palavras de Dilma acerca dos "atos de atuação legal da PF" estariam sofrendo "interpretações maliciosas e inverídicas". Maliciosa é, mais uma vez, a insistência da assessoria de Dilma em desmentir as bobagens que ela fala.
Aparelhamento sem pudor - EDITORIAL O ESTADÃO
CONTRA O APARELHAMENTO DO ESTADO, VOTO AÉCIO 45
Os Correios já foram uma das estatais mais admiradas, pela qualidade e capilaridade dos seus serviços. Era um símbolo inequívoco da unidade do País, aproximando a sua população, do Oiapoque ao Chuí. Mas o aparelhamento promovido pelo PT na última década desfez esse símbolo e a cada dia reescreve a história da estatal, transformando-a num mero cabo eleitoral. O episódio mais recente dessa triste história é um vídeo obtido com exclusividade pelo Estado, no qual o deputado estadual mineiro Durval Ângelo (PT) expressa satisfação e orgulho pelos bons serviços prestados pelos Correios à campanha petista em Minas Gerais, pelo apoio tanto à candidata à reeleição Dilma Rousseff como ao candidato a governador Fernando Pimentel.
O conhecido aparelhamento da administração pública promovido pelo PT recebeu nova prova - histórica -, agora em vídeo. Uma prova que não pode ser negada nem contestada. O vídeo em questão é similar aos vídeos - infelizmente, bastante conhecidos dos brasileiros - que flagram um corrupto recebendo, por exemplo, uma mala de dinheiro. No caso dos Correios, é a prova incontestável do uso de uma empresa estatal - que deveria servir ao público - em benefício de um partido.
Na reunião gravada, tudo é dito abertamente, sem qualquer escrúpulo, sem qualquer pudor. Diz o deputado petista: "Se hoje nós temos a capilaridade da campanha do (Fernando) Pimentel e da Dilma em toda Minas Gerais, isso é graças a essa equipe dos Correios".
Para que não pairasse dúvida do grau de importância da reunião, o próprio presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, está lá presente, como testemunha do aparelhamento. Da mesma forma que um presidente de uma empresa privada ouve dos seus gerentes os bons resultados operacionais da empresa, Wagner Pinheiro ouve de Durval Ângelo os bons resultados da ação dos Correios em prol das campanhas de Dilma e de Fernando Pimentel no Estado de Minas Gerais. "Se hoje nós estamos com 40% em Minas Gerais, tem dedo forte dos petistas dos Correios", diz Durval, acintosamente.
Diante da revelação feita pelo Estado, o presidente dos Correios emitiu uma nota na qual afirma que "os Correios não estão contribuindo com a campanha de qualquer candidato". Justifica-se dizendo que "a reunião não ocorreu durante o expediente e a empresa não custeou despesas relacionadas a ela". É como dizer que um deputado não recebeu propina como deputado porque não era no seu horário de trabalho.
No vídeo, o deputado pede a Pinheiro que faça a direção nacional do PT saber dos bons serviços prestados pela estatal. "Queremos que você leve à direção nacional do PT, que eu também faço parte do diretório, mas também à direção nacional da campanha da Dilma a grande contribuição que os Correios estão fazendo". O vídeo explicita assim não apenas o aparelhamento, mas como é feita a coordenação do aparelhamento e como o PT não brinca no poder. Instala-se e cobra resultados - e os camaradas têm grande zelo em mostrar os resultados obtidos. Que não fique nas sombras o empenho deles no aparelhamento.
Durval não podia ser mais explícito: "No dia da reunião que tivemos no hotel (da qual participou Pimentel), o Helvécio Magalhães (coordenador da campanha do petista) falou: vou me reunir com a equipe ainda esta semana e liberar a infraestrutura. E se hoje nós temos a capilaridade da campanha do Pimentel e da Dilma em toda Minas Gerais, isso é graças a essa equipe dos Correios". Diante da repercussão do caso, Durval explicou que "liberar a infraestrutura" era uma referência a funcionários petistas dos Correios que pediam férias para fazer campanha. O vídeo mostra o contrário: o uso da máquina pública, e não do tempo livre privado, para fazer campanha.
O que se vê no vídeo é uma espécie de sentimento do dever cumprido. Mas o parlamentar petista alerta: aquilo ainda não era uma prestação de contas completa. Esta virá após a eleição de Dilma e Pimentel, na qual - pelas suas palavras - a estatal está fortemente empenhada. É o aparelhamento sem pudor e sem escrúpulos.
Aparelhos atuam nas eleições e na corrupção - EDITORIAL O GLOBO
CONTRA O APARELHAMENTO DO ESTADO, VOTO AÉCIO 45
Usam-se fundos de pensão de estatais em altas negociatas, mas não se ouvem reclamações das vítimas, talvez por uma estranha solidariedade ideológica
Prestes a completar 12 anos de Planalto, o PT, ou facções dele, vê-se envolvido em alguns casos emblemáticos de uma característica relevante desse longo período no poder, a montagem de aparelhos do partido na máquina pública.
A invejável disciplina e empenho petistas na defesa da visão de mundo do partido se reflete no exercício do perigoso princípio de que “os fins justificam os meios”. Com este pano de fundo é que foi engendrado o mensalão, abastecido com dinheiro público desviado sem pudores para comprar apoio político-parlamentar ao primeiro governo Lula.
Os últimos meses têm sido férteis em casos nada abonadores derivados da atuação de aparelhos petistas. O que operou desde o primeiro governo Lula na Petrobras, num conluio entre sindicalistas, políticos e empreiteiros, apenas começa a ser conhecido com vazamentos de partes de longos depoimentos prestados sob acordo de delação premiada pelo ex-diretor da empresa Paulo Roberto Costa.
O doleiro desse e outros esquemas, Alberto Youssef, fez o mesmo acordo com a Justiça e deve contribuir com informações também esclarecedoras deste que talvez seja o maior escândalo, em cifras, dos últimos tempos.
Soube-se há pouco da atuação enviesada dos Correios, em Minas, para privilegiar as candidaturas de Dilma e de Fernando Pimentel, esta ao governo do estado, na distribuição de peças de propaganda eleitoral.
Desvendada pelo jornal “O Estado de S.Paulo”, a história também é exemplar da atuação de aparelhos petistas, cujo resultado é a “privatização” dessas estatais por interesses partidários. E como a eleição presidencial tem sido a mais dura enfrentada pelo PT desde a vitória de Lula em 2002, todo este aparato de militantes instalados dentro da máquina do Estado — funcionários concursados ou não — trabalha nestes dias com empenho extra. Há muita coisa em jogo nas urnas — além do poder em si, empregos e dinheiro.
Na mesma linha dos golpes dados na Petrobras, há o uso criminoso de fundos de pensão de funcionários de empresas públicas, em altas negociatas, diante do silêncio do braço sindical petista e, por tabela, dos funcionários.
O próprio Youssef e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, são citados em investigações sobre malfeitos com dinheiro da Petros, fundo dos empregados da Petrobras, e Postalis, não por acaso o fundo dos Correios. Há várias operações de que resultam prejuízos para os fundos e, claro, lucros para os operadores.
Pouco ou nada se sabe de reclamações contra esses virtuais assaltos aos fundos. Talvez o silêncio se explique por alguma estranha solidariedade ideológica. Na Petrobras, há quem não critique a gestão no mínimo temerária de José Sérgio Gabrielli, em cuja administração Paulo Roberto fez a festa, por considerá-lo um “nacionalista”. Mais uma vez, fins justificam meios.
Prestes a completar 12 anos de Planalto, o PT, ou facções dele, vê-se envolvido em alguns casos emblemáticos de uma característica relevante desse longo período no poder, a montagem de aparelhos do partido na máquina pública.
A invejável disciplina e empenho petistas na defesa da visão de mundo do partido se reflete no exercício do perigoso princípio de que “os fins justificam os meios”. Com este pano de fundo é que foi engendrado o mensalão, abastecido com dinheiro público desviado sem pudores para comprar apoio político-parlamentar ao primeiro governo Lula.
Os últimos meses têm sido férteis em casos nada abonadores derivados da atuação de aparelhos petistas. O que operou desde o primeiro governo Lula na Petrobras, num conluio entre sindicalistas, políticos e empreiteiros, apenas começa a ser conhecido com vazamentos de partes de longos depoimentos prestados sob acordo de delação premiada pelo ex-diretor da empresa Paulo Roberto Costa.
O doleiro desse e outros esquemas, Alberto Youssef, fez o mesmo acordo com a Justiça e deve contribuir com informações também esclarecedoras deste que talvez seja o maior escândalo, em cifras, dos últimos tempos.
Soube-se há pouco da atuação enviesada dos Correios, em Minas, para privilegiar as candidaturas de Dilma e de Fernando Pimentel, esta ao governo do estado, na distribuição de peças de propaganda eleitoral.
Desvendada pelo jornal “O Estado de S.Paulo”, a história também é exemplar da atuação de aparelhos petistas, cujo resultado é a “privatização” dessas estatais por interesses partidários. E como a eleição presidencial tem sido a mais dura enfrentada pelo PT desde a vitória de Lula em 2002, todo este aparato de militantes instalados dentro da máquina do Estado — funcionários concursados ou não — trabalha nestes dias com empenho extra. Há muita coisa em jogo nas urnas — além do poder em si, empregos e dinheiro.
Na mesma linha dos golpes dados na Petrobras, há o uso criminoso de fundos de pensão de funcionários de empresas públicas, em altas negociatas, diante do silêncio do braço sindical petista e, por tabela, dos funcionários.
O próprio Youssef e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, são citados em investigações sobre malfeitos com dinheiro da Petros, fundo dos empregados da Petrobras, e Postalis, não por acaso o fundo dos Correios. Há várias operações de que resultam prejuízos para os fundos e, claro, lucros para os operadores.
Pouco ou nada se sabe de reclamações contra esses virtuais assaltos aos fundos. Talvez o silêncio se explique por alguma estranha solidariedade ideológica. Na Petrobras, há quem não critique a gestão no mínimo temerária de José Sérgio Gabrielli, em cuja administração Paulo Roberto fez a festa, por considerá-lo um “nacionalista”. Mais uma vez, fins justificam meios.