FOLHA DE SP - 17/12
A queda do apartheid não começou com a saída de Mandela da prisão, mas com a queda do Muro
1. Com a morte de Mandela, confesso que passei horas e horas a ler sobre o senhor. Mas nenhum texto me impressionou tanto --na sua imbecilidade e ignorância-- como o elogio cético que Slavoj Zizek dedicou a Madiba no "Guardian".
Verdade que Zizek nunca desilude. Mas o texto atinge novos patamares de mendacidade intelectual quando informa o auditório de que Mandela morreu um homem amargo.
Uma afirmação dessas, vinda de um enfermeiro, teria o seu valor. Mas o objetivo de Zizek é político, não clínico: Mandela morreu amargo porque a promessa de uma África do Sul resplandecente não se cumpriu.
Até aqui, nada a dizer: a pobreza, a violência e o crime continuam a fazer parte do cotidiano do país. Mas para Zizek essas falhas devem-se à "traição" que Mandela cometeu sobre os seus ideais "socialistas", sucumbindo às sereias do capitalismo.
Nesse sentido, Mandela representa bem o destino da esquerda contemporânea, diz Zizek: na oposição a um regime iníquo, a esquerda promete maravilhas sem fim; quando chega ao poder, abre a porta ao compromisso "burguês".
A ignorância de Zizek começa logo aqui: ao não entender que o derrube do apartheid começou por um ato de compromisso. Que o mesmo é dizer: Mandela pousaria as armas e o regime começaria a tratá-lo com outra brandura.
Isso pode soar ofensivo para quem vive no jardim infantil da política e divide o mundo entre índios e cowboys. Não soou ofensivo para Mandela nem para a ala mais moderada do ANC.
Mas há mais: acusar Mandela de atraiçoar os seus ideais "socialistas" é ignorar a importância que o fim desses ideais teve para derrubar o próprio regime.
A queda do apartheid, ao contrário do que imagina Zizek, não começou com a saída de Mandela da prisão em 1990. Começou um ano antes, quando um certo Muro de Berlim foi reduzido a escombros. Com o desaparecimento da ameaça ideológica de Moscou, a elite branca não apenas deixou de temer a transição para um regime democrático pleno --como, no limite, o permitiu.
Finalmente, Zizek pergunta: não será possível ir além do legado tímido de Mandela sem cair no extremismo totalitário de Robert Mugabe, o vizinho do Zimbábue que arruinou o seu país?
Curiosamente, Zizek nem se apercebe da contradição da pergunta: Mugabe destruiu o país porque seguiu a cartilha "socialista" que Zizek acusa Mandela de ter renegado.
O resultado desse programa de "coletivização dos meios de produção" determinou que um dos mais prósperos países africanos seja hoje um caso internacional de fome, miséria e, claro, guerra civil larvar de negros contra brancos. Ou, pelo menos, contra os brancos que ainda restam por lá.
Quando será que Zizek cresce e desaparece?
2. A culpa é de John Lennon: quando o ex-Beatle começou a dissertar sobre os grandes temas do mundo, o mundo prestou atenção e a moda estava lançada.
Bizarro: eu gosto da minha empregada doméstica. Mas não presto atenção ao que ela diz sobre, por exemplo, o aquecimento global ou a crise das dívidas soberanas na Europa. Por que motivo devemos prestar atenção ao que dizem os músicos sobre assuntos que eles grotescamente desconhecem?
Roger Waters é um caso recente: o líder do Pink Floyd considerou Israel um Estado perfeitamente comparável à Alemanha nazista. Motivo? A forma como trata os palestinos de Gaza e da Cisjordânia. Roger Waters só não explicou direito se também falava dos campos de extermínio e dos fornos crematórios que existem em Tel Aviv.
Ponto prévio: você, leitor, pode não concordar com a política de Israel; pode condenar vivamente a construção de assentamentos na Cisjordânia; e pode até atribuir todas as culpas do mundo aos judeus pelo fracasso das sucessivas negociações entre Israel e a autoridade palestina. Está no seu direito e na posse razoável das suas faculdades mentais.
Mas quando alguém compara Israel com a Alemanha de Hitler --o mais infame regime da história, que fabricou a morte sistemática de milhões de judeus e outras minorias e foi responsável pela maior catástrofe militar do século 20 --essa comparação não é apenas ofensiva para a "memória das vítimas", como dizem os poetas.
A comparação é ofensiva para você, leitor, tratado como um idiota ignorante por outro idiota ignorante.
terça-feira, dezembro 17, 2013
Eu e Frank Sinatra - ARNALDO JABOR
O Estado de S.Paulo - 17/12
Semana passada foi meu aniversário. E descobri que Frank Sinatra nasceu no mesmo dia que eu, 12 de dezembro, aniversário também de homens ilustres como Ludwig Van Beethoven, do escritor Gustave Flaubert e do meu amigo e rival "Bagrinho", campeão de "embaixadinhas" na praia. Quando eu nasci, o Frank Sinatra estava estreando no Paramount Theatre em Nova York, com os brotinhos histéricos querendo comê-lo vivo, entre lágrimas de paixão.
Ele faria 98 anos. Quando fui morar nos USA, numa cidadezinha da Flórida, Sinatra moldava minha personalidade adolescente. Nessa época, ele se recuperava do alucinado casamento com a deslumbrante Ava Gardner, e estava lançando seus discos mais 'swinging', com orquestrações do grande Nelson Riddle para a Capitol.
Eu já era seu fã desde que ele se separou da Ava Gardner. Logo depois, ela veio ao Rio e quis 'dar' para um cantor da Rádio Nacional que, apavorado, brochou e ela quebrou o quarto todo do hotel. Naquele tempo, as estrelas vinham ao Brasil quebrar hotéis. Orson Welles quebrou o Copa, Ava quebrou o Glória e nós babávamos de orgulho: "Fulano veio aqui e arrebentou tudo!", exultávamos, como bons colonizados.
"Eu não brocharia!", bradou de fronte alta o mestre Bené, o pipoqueiro, meu professor de sexo. E arrematou em português castiço: "O que me dói é sabê-las mal comidas!".
Pois bem, quando eu chego aos USA, eu era o rapaz perfeito para 'não fazer' sucesso na América. Magro, lendo poesia, não combinava com aqueles delinquentes juvenis que estavam na moda, com cabelos à Elvis, jaquetas de couro, facas de mola ('switch-blades'), que eles usavam no doce esporte das porradas. Eu vi que precisava arranjar uma personalidade. E foi o Frank. Sua inesquecível briga com Ernest Borgnine em A Um Passo da Eternidade, quando o magro soldadinho arrebenta uma cadeira na cabeça do sargentão fortíssimo, me marcou a alma. Passei a ostentar um frio distanciamento, uma falsa fleuma, imitando o jeito do meu ídolo. Fascinava-me a tranquilidade que ele emprestava às suas personagens no cinema. Lembro-me de seu olhar calmo, puro, azul, em Young at Heart, um olhar de coragem e desencanto, com uma interpretação sóbria que fugia dos trejeitos neuróticos do Actor's Studio. Eu não gostava dele em papéis mais trêfegos, como em On the Town. Eu o queria triste, como eu, desolado, com a capa nos ombros, gravata aberta, cigarro entre os dedos. Com os delinquentes juvenis que me cercavam na 'soda fountain' isso funcionou razoavelmente, pois os garotões me achavam um estranho 'nerd' útil, já que eu lhes dava generosa 'cola' em 'spelling', pois soletrava melhor que eles, engasgados nas palavras de raiz latina.
Já com as meninas, meu tipo funcionou menos. Tive três namoradas: Emily, Brenda e Melinda. Elas se impressionavam com meu mistério de estrangeiro, minha aparente frieza de macho vivido, um 'scent' de Humphrey Bogart que eu também soubera acrescentar a meus gestos, o que no Brasil me valeria o apodo de "mascarado", charme comum nos anos 50, descrito por esse termo em desuso, mas muito útil para nomear contemporâneos. Com as meninas, eu fazia um sucesso inicial e logo depois perdia pontos, devido à minha vocação para virgem romântico, que se apaixonava com facilidade. Emily (a ruiva que andava a cavalo) me 'descurtiu', quando eu cantei I Got You Under My Skin em seu ouvido. Melinda, loura aguada com seios enormes sob o 'sweater', perdeu o amor por mim quando me emocionei ao fim de An Affair to Remember, com Cary Grant e Deborah Kerr, no cine Matanzas. A linda Brenda (mais 'pirada', sexy e talvez não mais virgem - como saberei?), simplesmente sumiu com Warren Caputo, italiano forte e mau que tinha um carro 'hot rod' com pneus de trator. E eu me identifiquei com a famosa dor de corno de Sinatra, abandonado por Ava que tinha ido dar para um toureiro na Espanha e quebrar o hotel no Rio, não comida, para nossa vergonha.
Continuei seguindo o Frank Sinatra e fiquei deslumbrado quando estreou o Ocean's Eleven e surgiu o 'Rat Pack' ('a turminha dos ratos'), como eram chamados os alegres 'playboys' de Las Vegas: ele, Dean Martin, Joe Bishop, Sammy Davis e Peter Lawford. Era o máximo, aqueles gozadores de terninho e uísque na mão, sacaneando os americanos caretas dos 60.
Aí, o Frank já perdera aquela aura lírica do início e virara outro tipo de herói - o cínico comedor de: Lauren Bacall, Marilyn, Jill St. John, Kim Novak, Mia e muitas outras. Depois, ele se meteu em negócios com a Máfia. Muitos se desapontaram. Eu, não. Eu queria ser da 'gang' do Lucky Luciano e do Sam Giancana de Chicago, queria ter poder, ser mau com os inimigos e leal aos amigos. (Dizem que, quando o Woody Allen se separou da Mia Farrow, o Sinatra perguntou se ela queria que quebrassem as pernas dele.) Hoje, sei que nunca atingirei o paraíso de participar de uma festinha do 'rat pack' com todas aquelas mulheres boas ('broads') na suíte presidencial do Sands Hotel, em Vegas. Nunca chegarei lá.
Até o dia em que tive - aí sim - uma séria decepção, melhor dizendo, uma ferida narcísica incurável. Foi quando Sinatra preferiu Tom Jobim a mim. Ele conseguira o que eu tanto queria na vida. Chamado a Los Angeles pelo telefone do bar Veloso, Tom privou com ele e apareceu naquelas imagens que me gelaram a alma, dando gargalhadas e tocando violão no estúdio de gravação. Que felicidade naquelas fotos - os dois lindos fazendo música. Tão grande foi minha inveja que, quando Sinatra veio ao Brasil, eu não fui ao Maracanã. Ninguém notou minha ausência, mas eu não fui e vi na televisão, depois, o que eu tinha perdido. Era tarde demais. Nunca mais eu veria Frank Sinatra em carne e osso, cantando The Lady Is a Tramp, como no imortal Pal Joey.
E hoje, só me resta esta vida sem as luzes de Las Vegas. E no meu aniversário pensei: se até o Frank Sinatra morreu, que será de mim?
Semana passada foi meu aniversário. E descobri que Frank Sinatra nasceu no mesmo dia que eu, 12 de dezembro, aniversário também de homens ilustres como Ludwig Van Beethoven, do escritor Gustave Flaubert e do meu amigo e rival "Bagrinho", campeão de "embaixadinhas" na praia. Quando eu nasci, o Frank Sinatra estava estreando no Paramount Theatre em Nova York, com os brotinhos histéricos querendo comê-lo vivo, entre lágrimas de paixão.
Ele faria 98 anos. Quando fui morar nos USA, numa cidadezinha da Flórida, Sinatra moldava minha personalidade adolescente. Nessa época, ele se recuperava do alucinado casamento com a deslumbrante Ava Gardner, e estava lançando seus discos mais 'swinging', com orquestrações do grande Nelson Riddle para a Capitol.
Eu já era seu fã desde que ele se separou da Ava Gardner. Logo depois, ela veio ao Rio e quis 'dar' para um cantor da Rádio Nacional que, apavorado, brochou e ela quebrou o quarto todo do hotel. Naquele tempo, as estrelas vinham ao Brasil quebrar hotéis. Orson Welles quebrou o Copa, Ava quebrou o Glória e nós babávamos de orgulho: "Fulano veio aqui e arrebentou tudo!", exultávamos, como bons colonizados.
"Eu não brocharia!", bradou de fronte alta o mestre Bené, o pipoqueiro, meu professor de sexo. E arrematou em português castiço: "O que me dói é sabê-las mal comidas!".
Pois bem, quando eu chego aos USA, eu era o rapaz perfeito para 'não fazer' sucesso na América. Magro, lendo poesia, não combinava com aqueles delinquentes juvenis que estavam na moda, com cabelos à Elvis, jaquetas de couro, facas de mola ('switch-blades'), que eles usavam no doce esporte das porradas. Eu vi que precisava arranjar uma personalidade. E foi o Frank. Sua inesquecível briga com Ernest Borgnine em A Um Passo da Eternidade, quando o magro soldadinho arrebenta uma cadeira na cabeça do sargentão fortíssimo, me marcou a alma. Passei a ostentar um frio distanciamento, uma falsa fleuma, imitando o jeito do meu ídolo. Fascinava-me a tranquilidade que ele emprestava às suas personagens no cinema. Lembro-me de seu olhar calmo, puro, azul, em Young at Heart, um olhar de coragem e desencanto, com uma interpretação sóbria que fugia dos trejeitos neuróticos do Actor's Studio. Eu não gostava dele em papéis mais trêfegos, como em On the Town. Eu o queria triste, como eu, desolado, com a capa nos ombros, gravata aberta, cigarro entre os dedos. Com os delinquentes juvenis que me cercavam na 'soda fountain' isso funcionou razoavelmente, pois os garotões me achavam um estranho 'nerd' útil, já que eu lhes dava generosa 'cola' em 'spelling', pois soletrava melhor que eles, engasgados nas palavras de raiz latina.
Já com as meninas, meu tipo funcionou menos. Tive três namoradas: Emily, Brenda e Melinda. Elas se impressionavam com meu mistério de estrangeiro, minha aparente frieza de macho vivido, um 'scent' de Humphrey Bogart que eu também soubera acrescentar a meus gestos, o que no Brasil me valeria o apodo de "mascarado", charme comum nos anos 50, descrito por esse termo em desuso, mas muito útil para nomear contemporâneos. Com as meninas, eu fazia um sucesso inicial e logo depois perdia pontos, devido à minha vocação para virgem romântico, que se apaixonava com facilidade. Emily (a ruiva que andava a cavalo) me 'descurtiu', quando eu cantei I Got You Under My Skin em seu ouvido. Melinda, loura aguada com seios enormes sob o 'sweater', perdeu o amor por mim quando me emocionei ao fim de An Affair to Remember, com Cary Grant e Deborah Kerr, no cine Matanzas. A linda Brenda (mais 'pirada', sexy e talvez não mais virgem - como saberei?), simplesmente sumiu com Warren Caputo, italiano forte e mau que tinha um carro 'hot rod' com pneus de trator. E eu me identifiquei com a famosa dor de corno de Sinatra, abandonado por Ava que tinha ido dar para um toureiro na Espanha e quebrar o hotel no Rio, não comida, para nossa vergonha.
Continuei seguindo o Frank Sinatra e fiquei deslumbrado quando estreou o Ocean's Eleven e surgiu o 'Rat Pack' ('a turminha dos ratos'), como eram chamados os alegres 'playboys' de Las Vegas: ele, Dean Martin, Joe Bishop, Sammy Davis e Peter Lawford. Era o máximo, aqueles gozadores de terninho e uísque na mão, sacaneando os americanos caretas dos 60.
Aí, o Frank já perdera aquela aura lírica do início e virara outro tipo de herói - o cínico comedor de: Lauren Bacall, Marilyn, Jill St. John, Kim Novak, Mia e muitas outras. Depois, ele se meteu em negócios com a Máfia. Muitos se desapontaram. Eu, não. Eu queria ser da 'gang' do Lucky Luciano e do Sam Giancana de Chicago, queria ter poder, ser mau com os inimigos e leal aos amigos. (Dizem que, quando o Woody Allen se separou da Mia Farrow, o Sinatra perguntou se ela queria que quebrassem as pernas dele.) Hoje, sei que nunca atingirei o paraíso de participar de uma festinha do 'rat pack' com todas aquelas mulheres boas ('broads') na suíte presidencial do Sands Hotel, em Vegas. Nunca chegarei lá.
Até o dia em que tive - aí sim - uma séria decepção, melhor dizendo, uma ferida narcísica incurável. Foi quando Sinatra preferiu Tom Jobim a mim. Ele conseguira o que eu tanto queria na vida. Chamado a Los Angeles pelo telefone do bar Veloso, Tom privou com ele e apareceu naquelas imagens que me gelaram a alma, dando gargalhadas e tocando violão no estúdio de gravação. Que felicidade naquelas fotos - os dois lindos fazendo música. Tão grande foi minha inveja que, quando Sinatra veio ao Brasil, eu não fui ao Maracanã. Ninguém notou minha ausência, mas eu não fui e vi na televisão, depois, o que eu tinha perdido. Era tarde demais. Nunca mais eu veria Frank Sinatra em carne e osso, cantando The Lady Is a Tramp, como no imortal Pal Joey.
E hoje, só me resta esta vida sem as luzes de Las Vegas. E no meu aniversário pensei: se até o Frank Sinatra morreu, que será de mim?
São Paulo! Propinetone de Natal! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 17/12
'Bolívia lança panetone fabricado com farinha de folha de coca.' Ueba! É o Pónetone! Ou Panecoca
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! A Ditadura do Panetone! Ninguém aguenta mais panetone. Nem porteiro de prédio aguenta mais panetone! Panetone dá azia! Rarará! E São Paulo acaba de lançar o PROPINETONE! Panetone fabricado com farinha de propina! São Paulo não é mais terra da garoa, é terra da propina!
E eu já disse que o homem mais rico do Brasil é o Pina. Tudo vai pro Pina! E esta: "Bolívia lança panetone fabricado com farinha de folha de coca". Ueba! É o Pónetone! O panetone do helicóptero, o pónetone! Ou Panecoca. Você come um pedaço e dança em cima da mesa e vomita na sogra! Rarará!
E um amigo está em Nova York e disse que só tem brasileiro comprando e tirando foto com o Papai Noel. Que também é brasileiro. Outro brasileiro! Nova York: consumidores brasileiros tiram foto com o Papai Noel brasileiro! É a crise! Rarará!
E eu já comprei o meu presente de Natal para o Fluminense: "Vire a Mesa", da Estrela! E ganhe grátis um tapete gigante! E o cartaz na padaria: "O pão pode ser francês, mas a padaria será sempre Portuguesa". Rarará!
E atenção! O site Kibeloco acaba de revelar as manchetes para 2030. Como será o Brasil em 2030? Política: "Bancada Presidiária é maioria no Congresso". Bancada da Papuda! Cotidiano: "Aviões farão rodízio a partir de segunda-feira". E aí o Haddad cria faixa exclusiva para aviões. Rarará.
Esportes: "Eurico Miranda compra Vasco e Fluminense e faz o VASFLU". Eurico Miranda é aquela almôndega suada! "Brasil vende Acre, Rondônia e parte do Amapá para pagar dívidas da Copa 2014". Eu acho que vai vender Santa Catarina, Goiás e parte da Argentina!
Entretenimento: "Recuperador de virgindade é sucesso entre ex-BBBs". Objeto mais inútil e machista! "Polêmica: nova Globeleza é sueca". Efeito Fernanda Lima na Fifa! Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
Os Predestinados! Secretária de saúde de Vargem Grande, Maranhão: Shirlânia das Dores. Deve ser a parteira do Sarney! E adorei este nome: Shirlânia! "Ai, doutora, tô com uma dor na shirlânia". Rarará.
E direto de Viamão, Rio Grande do Sul, o dono da funerária se chama Teco Terra. Liga pra funerária que o Teco enTerra! Rarará.
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
'Bolívia lança panetone fabricado com farinha de folha de coca.' Ueba! É o Pónetone! Ou Panecoca
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! A Ditadura do Panetone! Ninguém aguenta mais panetone. Nem porteiro de prédio aguenta mais panetone! Panetone dá azia! Rarará! E São Paulo acaba de lançar o PROPINETONE! Panetone fabricado com farinha de propina! São Paulo não é mais terra da garoa, é terra da propina!
E eu já disse que o homem mais rico do Brasil é o Pina. Tudo vai pro Pina! E esta: "Bolívia lança panetone fabricado com farinha de folha de coca". Ueba! É o Pónetone! O panetone do helicóptero, o pónetone! Ou Panecoca. Você come um pedaço e dança em cima da mesa e vomita na sogra! Rarará!
E um amigo está em Nova York e disse que só tem brasileiro comprando e tirando foto com o Papai Noel. Que também é brasileiro. Outro brasileiro! Nova York: consumidores brasileiros tiram foto com o Papai Noel brasileiro! É a crise! Rarará!
E eu já comprei o meu presente de Natal para o Fluminense: "Vire a Mesa", da Estrela! E ganhe grátis um tapete gigante! E o cartaz na padaria: "O pão pode ser francês, mas a padaria será sempre Portuguesa". Rarará!
E atenção! O site Kibeloco acaba de revelar as manchetes para 2030. Como será o Brasil em 2030? Política: "Bancada Presidiária é maioria no Congresso". Bancada da Papuda! Cotidiano: "Aviões farão rodízio a partir de segunda-feira". E aí o Haddad cria faixa exclusiva para aviões. Rarará.
Esportes: "Eurico Miranda compra Vasco e Fluminense e faz o VASFLU". Eurico Miranda é aquela almôndega suada! "Brasil vende Acre, Rondônia e parte do Amapá para pagar dívidas da Copa 2014". Eu acho que vai vender Santa Catarina, Goiás e parte da Argentina!
Entretenimento: "Recuperador de virgindade é sucesso entre ex-BBBs". Objeto mais inútil e machista! "Polêmica: nova Globeleza é sueca". Efeito Fernanda Lima na Fifa! Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
Os Predestinados! Secretária de saúde de Vargem Grande, Maranhão: Shirlânia das Dores. Deve ser a parteira do Sarney! E adorei este nome: Shirlânia! "Ai, doutora, tô com uma dor na shirlânia". Rarará.
E direto de Viamão, Rio Grande do Sul, o dono da funerária se chama Teco Terra. Liga pra funerária que o Teco enTerra! Rarará.
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Direito ao livre acesso - HUGO LEONARDO PENNA BARBOSA
O GLOBO - 17/12
Imagine querer ir a um lugar e não conseguir. Imagine não ter acesso a um determinado local, porque não há uma única rampa, ponte ou qualquer outro meio. Seria, para dizer o mínimo, frustrante. Agora, imagine se o local que desejássemos acessar fosse um prédio público, como, por exemplo, uma escola, um hospital, um escritório do governo. Pois essa é a realidade que teima em persistir em nosso país, em pleno século XXI, para aqueles que têm algum tipo de deficiência.
Pois bem, é fato incontestável que a grande maioria dos prédios públicos no Brasil não garante acessibilidade a essas pessoas. É fato, ainda, que o Ministério Público e inúmeras instituições voltadas ao atendimento do portador de deficiência travam verdadeiras batalhas contra o Poder Público com o escopo de ver tais barreiras removidas e, com isso, garantir-lhes a cidadania. Ninguém mais quer ser carregado no colo, mas sim ter o cumprimento de seus direitos.
Como de costume, a Administração Pública sempre se valeu do argumento de que o Judiciário não pode determinar como gastar o dinheiro público, sob pena de caracterizar invasão naquilo que se convencionou chamar de separação de poderes. Trata-se, como defendem alguns, de uma questão de “mérito administrativo”, ou seja, o governante tem discricionariedade para eleger suas prioridades e gastar o dinheiro público como bem entender. Como sempre se viu os deficientes nunca fizeram parte dessa preocupação.
O Supremo Tribunal Federal, em decisão proferida recentemente, começa a mudar esse cenário. A partir de louvável voto do ministro Marco Aurélio Mello, a 1ª Turma do STF, por unanimidade, determinou que o Estado de São Paulo adapte o acesso ao prédio onde está localizada uma unidade de ensino, bem assim, promova as modificações necessárias em banheiros e demais dependências a ponto de também garantir sua utilização por pessoas com deficiência.
Parece que o STF apenas reconheceu algo elementar. E foi. O problema é que os tribunais, até então, dificilmente reconheciam que o acesso das pessoas com deficiência aos prédios públicos representa uma garantia inserida na Carta Constitucional e, pasmem, incontáveis são as decisões judiciais ignoradas pela Administração Pública, sob aquele vetusto argumento que acaba de ser rechaçado pelo Supremo, qual seja, o governante tem discricionariedade para eleger suas prioridades e gastar o dinheiro público como bem entender.
A batalha, como se vê, não acabou. Necessário, ainda, que o Poder Judiciário não dê a guerra por encerrada, pois, repita-se, muito provavelmente, diante de um juiz acomodado, a Administração Pública se aproveitará mantendo sua inércia, alijando da verdadeira cidadania as pessoas com deficiência.
Quiçá um dia essa questão será tão elementar que uma decisão como essa, proferida pela mais alta Corte de nosso país, não mais será por nós recebida como louvável, mas como óbvia e mesmo desnecessária.
Imagine querer ir a um lugar e não conseguir. Imagine não ter acesso a um determinado local, porque não há uma única rampa, ponte ou qualquer outro meio. Seria, para dizer o mínimo, frustrante. Agora, imagine se o local que desejássemos acessar fosse um prédio público, como, por exemplo, uma escola, um hospital, um escritório do governo. Pois essa é a realidade que teima em persistir em nosso país, em pleno século XXI, para aqueles que têm algum tipo de deficiência.
Pois bem, é fato incontestável que a grande maioria dos prédios públicos no Brasil não garante acessibilidade a essas pessoas. É fato, ainda, que o Ministério Público e inúmeras instituições voltadas ao atendimento do portador de deficiência travam verdadeiras batalhas contra o Poder Público com o escopo de ver tais barreiras removidas e, com isso, garantir-lhes a cidadania. Ninguém mais quer ser carregado no colo, mas sim ter o cumprimento de seus direitos.
Como de costume, a Administração Pública sempre se valeu do argumento de que o Judiciário não pode determinar como gastar o dinheiro público, sob pena de caracterizar invasão naquilo que se convencionou chamar de separação de poderes. Trata-se, como defendem alguns, de uma questão de “mérito administrativo”, ou seja, o governante tem discricionariedade para eleger suas prioridades e gastar o dinheiro público como bem entender. Como sempre se viu os deficientes nunca fizeram parte dessa preocupação.
O Supremo Tribunal Federal, em decisão proferida recentemente, começa a mudar esse cenário. A partir de louvável voto do ministro Marco Aurélio Mello, a 1ª Turma do STF, por unanimidade, determinou que o Estado de São Paulo adapte o acesso ao prédio onde está localizada uma unidade de ensino, bem assim, promova as modificações necessárias em banheiros e demais dependências a ponto de também garantir sua utilização por pessoas com deficiência.
Parece que o STF apenas reconheceu algo elementar. E foi. O problema é que os tribunais, até então, dificilmente reconheciam que o acesso das pessoas com deficiência aos prédios públicos representa uma garantia inserida na Carta Constitucional e, pasmem, incontáveis são as decisões judiciais ignoradas pela Administração Pública, sob aquele vetusto argumento que acaba de ser rechaçado pelo Supremo, qual seja, o governante tem discricionariedade para eleger suas prioridades e gastar o dinheiro público como bem entender.
A batalha, como se vê, não acabou. Necessário, ainda, que o Poder Judiciário não dê a guerra por encerrada, pois, repita-se, muito provavelmente, diante de um juiz acomodado, a Administração Pública se aproveitará mantendo sua inércia, alijando da verdadeira cidadania as pessoas com deficiência.
Quiçá um dia essa questão será tão elementar que uma decisão como essa, proferida pela mais alta Corte de nosso país, não mais será por nós recebida como louvável, mas como óbvia e mesmo desnecessária.
A cor da moda - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 17/12
Pela primeira vez, a rede de joalheria Monte Carlo, criada em 1982, usa uma modelo negra na sua campanha. Trata-se da mineira Carmelita Mendes, 24 anos, 1,78 metro (foto).
Segundo Patrícia Balbi, diretora de marketing da grife, ela foi escolhida para mostrar a cara do Brasil:
— Os negros fazem parte do nosso país. Na moda, todo mundo só coloca as Giseles da vida. Nossa empresa quer democratizar a joia.
Sucesso no luxo...
A campanha foi um sucesso com o público. “Nas lojas, as pessoas comentam, elogiam”, diz Patrícia.
E foi ótima para Carmelita. Segundo Patrícia, a modelo foi convidada para desfilar para uma outra joalheria de alto luxo.
AlO, Beltrame!
Carlos Eduardo Barbosa, líder comunitário da Rocinha, teve a sua casa invadida por policiais no sábado, às 16h40m. Ele diz que ficou deitado no chão com uma arma na cabeça. O caso está na 15ª DP.
Foi ele quem denunciou o sumiço do pedreiro Amarildo.
Bolsa Fidel
Prefeitos do interior do Rio, para onde foram mandados os médicos cubanos, além de casa, comida e roupa lavada, pagam “por fora” uma média de R$1 mil aos profissionais.
É que o governo cubano, como se sabe, embolsa a maior parte do salário de R$ 10 mil.
No mais
Durante o voo para Johanesburgo, nenhum dos quatro ex-presidentes a bordo — Lula, FH, Collor e Sarney — pegou no sono. Foi uma maneira de evitar ser alvo do falatório dos outros.
Galeão, sempre ele
O voo 1918 (Rio-Florianópolis) da Gol, que saiu do Galeão-Tom Jobim, na manhã de ontem, atrasou quase uma hora por causa da... turma de raios X. Os funcionários cruzaram os braços e quando um passageiro reclamou...
— Estamos sem 13º, sem férias e com salários atrasados — disse um deles.
Nisso, acredite, os passageiros, sem qualquer revista, passaram na marra.
Muy amigo
Na festa de casamento da filha do ex-deputado Sigmaringa Seixas, no Rio, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, brincava que Zé Dirceu agora é seu vizinho. É que a casa de Kakay em Brasília fica perto da Papuda.
Ah, bom!
Réveillon baiano
A festa de réveillon em Salvador, veja só, vai durar quatro dias. Terá shows de Gal Costa, Anitta, Cláudia Leitte, Daniela Mercury, Paralamas do Sucesso e, na virada do ano, Gil e Caetano, cantarão juntos, em frente ao Mercado Modelo.
Boa parte da festança, organizada por Flora Gil, é patrocinada por Coca-Cola e Schincariol, além do governo da Bahia e da prefeitura de Salvador.
Política no Rio
Encontro político no Rio, em pleno verão, tem estas coisas.
Aécio Neves reuniu, ontem, em seu apartamento carioca, Fernando Gabeira e Bernardinho.
O técnico de vôlei foi para o encontro de bicicleta, e Gabeira apareceu de bermuda.
Baixaria no society
Uma madame do Biarritz, aquele edifício com arquitetura art déco tombado no Flamengo, no Rio, há tempos vem hostilizando os empregados de uma vizinha.
Mas, no fim de semana, ela ultrapassou os limites. Chamou o motorista e a empregada doméstica da vizinha de vagabundos. Os dois vão processá-la por danos morais.
POxa, Latino!
O cantor Latino almoçava no Barra Grill, ontem, quando duas crianças mineiras, que passavam férias no Rio, foram até a sua mesa pedir pra tirar uma foto, educadamente.
Latino, que estava sozinho, respondeu com um bom e sonoro “não”.
Esfriamento conjugal
Sabe qual é o novo serviço prestado pela Igreja Universal? Resolver problemas de “esfriamento conjugal”.
A placa está exposta no templo da igreja no Centro do Rio.
Pela primeira vez, a rede de joalheria Monte Carlo, criada em 1982, usa uma modelo negra na sua campanha. Trata-se da mineira Carmelita Mendes, 24 anos, 1,78 metro (foto).
Segundo Patrícia Balbi, diretora de marketing da grife, ela foi escolhida para mostrar a cara do Brasil:
— Os negros fazem parte do nosso país. Na moda, todo mundo só coloca as Giseles da vida. Nossa empresa quer democratizar a joia.
Sucesso no luxo...
A campanha foi um sucesso com o público. “Nas lojas, as pessoas comentam, elogiam”, diz Patrícia.
E foi ótima para Carmelita. Segundo Patrícia, a modelo foi convidada para desfilar para uma outra joalheria de alto luxo.
AlO, Beltrame!
Carlos Eduardo Barbosa, líder comunitário da Rocinha, teve a sua casa invadida por policiais no sábado, às 16h40m. Ele diz que ficou deitado no chão com uma arma na cabeça. O caso está na 15ª DP.
Foi ele quem denunciou o sumiço do pedreiro Amarildo.
Bolsa Fidel
Prefeitos do interior do Rio, para onde foram mandados os médicos cubanos, além de casa, comida e roupa lavada, pagam “por fora” uma média de R$1 mil aos profissionais.
É que o governo cubano, como se sabe, embolsa a maior parte do salário de R$ 10 mil.
No mais
Durante o voo para Johanesburgo, nenhum dos quatro ex-presidentes a bordo — Lula, FH, Collor e Sarney — pegou no sono. Foi uma maneira de evitar ser alvo do falatório dos outros.
Galeão, sempre ele
O voo 1918 (Rio-Florianópolis) da Gol, que saiu do Galeão-Tom Jobim, na manhã de ontem, atrasou quase uma hora por causa da... turma de raios X. Os funcionários cruzaram os braços e quando um passageiro reclamou...
— Estamos sem 13º, sem férias e com salários atrasados — disse um deles.
Nisso, acredite, os passageiros, sem qualquer revista, passaram na marra.
Muy amigo
Na festa de casamento da filha do ex-deputado Sigmaringa Seixas, no Rio, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, brincava que Zé Dirceu agora é seu vizinho. É que a casa de Kakay em Brasília fica perto da Papuda.
Ah, bom!
Réveillon baiano
A festa de réveillon em Salvador, veja só, vai durar quatro dias. Terá shows de Gal Costa, Anitta, Cláudia Leitte, Daniela Mercury, Paralamas do Sucesso e, na virada do ano, Gil e Caetano, cantarão juntos, em frente ao Mercado Modelo.
Boa parte da festança, organizada por Flora Gil, é patrocinada por Coca-Cola e Schincariol, além do governo da Bahia e da prefeitura de Salvador.
Política no Rio
Encontro político no Rio, em pleno verão, tem estas coisas.
Aécio Neves reuniu, ontem, em seu apartamento carioca, Fernando Gabeira e Bernardinho.
O técnico de vôlei foi para o encontro de bicicleta, e Gabeira apareceu de bermuda.
Baixaria no society
Uma madame do Biarritz, aquele edifício com arquitetura art déco tombado no Flamengo, no Rio, há tempos vem hostilizando os empregados de uma vizinha.
Mas, no fim de semana, ela ultrapassou os limites. Chamou o motorista e a empregada doméstica da vizinha de vagabundos. Os dois vão processá-la por danos morais.
POxa, Latino!
O cantor Latino almoçava no Barra Grill, ontem, quando duas crianças mineiras, que passavam férias no Rio, foram até a sua mesa pedir pra tirar uma foto, educadamente.
Latino, que estava sozinho, respondeu com um bom e sonoro “não”.
Esfriamento conjugal
Sabe qual é o novo serviço prestado pela Igreja Universal? Resolver problemas de “esfriamento conjugal”.
A placa está exposta no templo da igreja no Centro do Rio.
NARIZ VERMELHO - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 17/12
O Alana, instituto de defesa dos direitos da infância, enviou carta a secretarias de educação em dez Estados com alerta sobre apresentações de Ronald McDonald, o personagem-símbolo do McDonald's, em escolas. Diz que os shows são prejudiciais às crianças. Neles o palhaço fala, segundo a empresa, sobre temas educativos, como "respeito ao meio ambiente, valorização da amizade e da vida ativa".
NARIZ VERMELHO 2
Para o Alana, trata-se de propaganda disfarçada. O caso está nos ministérios da Educação e da Justiça. A rede de fast food não comenta.
RITO ETERNO
A proibição de que empresas possam contribuir financeiramente com candidatos às eleições pode não vingar no STF (Supremo Tribunal Federal). Mesmo com maioria praticamente garantida de apoio entre os 11 ministros, a proposta corre o risco de ser adiada por tempo indeterminado.
CALENDÁRIO
O freio deve ser acionado a partir de um novo pedido de vista de um dos ministros contrários à ideia. A votação iria então para "as calendas", de acordo com magistrado ouvido pela coluna.
CALENDÁRIO 2
Teori Zavascki, o primeiro a pedir vista, pode devolver o processo em breve. Outros dois ministros devem apoiar, na sequência, a proibição de empresas financiarem eleições: Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski --que tem dúvidas, mas tende a concordar com o veto. Com isso, estaria formada a maioria. Um novo pedido de vista impediria a proclamação do resultado, que só pode ser oficializado depois que os 11 magistrados votarem.
BOLSO
A Ancine e o Ministério da Cultura anunciam hoje a destinação de R$ 400 milhões para a produção audiovisual. Os recursos vão para o Fundo Setorial do Audiovisual. Segundo a agência, é um volume quatro vezes maior do que o disponibilizado em anos anteriores.
DIÁRIO AMOROSO
O livro recém-lançado pelo casal Daniela Mercury e Malu Verçosa já foi para a segunda tiragem. Os primeiros 9.000 exemplares de "Uma História de Amor" esgotaram em uma semana no estoque da editora LeYa. Mais 9.000 foram impressos para atender aos novos pedidos.
FICHA LIMPA
O Limpa Nome Online bateu recorde de acessos e negociações de dívidas, em outubro, quando 1,5 milhão visitaram o site para renegociar pendências. Cerca de 300 mil consumidores foram beneficiados com condições especiais oferecidas pelo primeiro Feirão Virtual da Serasa Experian. Destes, 80 mil conseguiram renegociar e pagar as suas dívidas, num total de R$ 400 milhões.
TANGO À BRASILEIRA
A participação de Jesus Luz no "Ballando con le Stelle", a versão italiana da "Dança dos Famosos", rendeu ao brasileiro uma paixão. Depois de encerrar a participação no programa, o ex de Madonna assumiu o namoro com sua treinadora, Agnese Junkure, 26. O casal foi capa da revista de fofoca italiana "Visto", na qual ela declarou: "Com as pernas bailávamos, com os olhos nos amávamos".
AVISO SONORO
José Celso Martinez Corrêa interrompeu a peça "Cacilda!!!!" anteontem e deu bronca em uma espectadora que mexia no telefone. "O celular está destruindo o teatro", afirmou o ator e dramaturgo do Teatro Oficina. A moça guardou o aparelho, enquanto Corrêa dizia: "As pessoas estão se esquecendo de ver as coisas ao vivo".
ESTIVE AQUI
A empresária Bia Antony e a primeira-dama da cidade de São Paulo, Ana Estela Haddad, com a filha, Ana Carolina, estiveram no festival Circuito Banco do Brasil, que teve shows de Stevie Wonder, Criolo e Marcelo Jeneci, entre outros. O músico Lucas Silveira, com a namorada Karen Jonz, a ex-jogadora de vôlei Virna, o presidente eleito do Tribunal de Justiça (TJ-SP), José Renato Nalini, e o diretor de marketing do banco, Hayton da Rocha, também assistiram às apresentações.
BAILE MODERNO
Camila Pitanga foi a DJ da noite na festa Bailinho, promovida por Rodrigo Penna, na sexta. A atriz Bianca Comparato e a empresária Sheila Ramos compareceram ao evento, que também contou com a presença de Marco Amaral, diretor-geral do hotel Tivoli, e Renaud Pfeifer, gerente de marketing.
CURTO-CIRCUITO
Roberta Sá se apresenta com a Orquestra Sinfônica da USP hoje, às 18h, na Cidade Universitária. Livre.
Luiza Brunet faz noite de autógrafos do livro "Luiza", de Laura Malin, hoje, a partir das 18h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
Na Livraria da Vila do JK Iguatemi, Carolina Ferraz lança "Na Cozinha com Carolina", hoje, às 18h30.
O Prêmio Brasil Olímpico, do COB, será entregue hoje aos melhores atletas do ano, no Teatro Bradesco.
Isabeli Fontana lança linha de óculos hoje na Sunglass Hut do JK Iguatemi.
Mauricio de Sousa recebe hoje homenagem do Consulado do Japão em SP.
A vinícola Concha y Toro promove degustação hoje na Ville du Vin em Moema.
O Alana, instituto de defesa dos direitos da infância, enviou carta a secretarias de educação em dez Estados com alerta sobre apresentações de Ronald McDonald, o personagem-símbolo do McDonald's, em escolas. Diz que os shows são prejudiciais às crianças. Neles o palhaço fala, segundo a empresa, sobre temas educativos, como "respeito ao meio ambiente, valorização da amizade e da vida ativa".
NARIZ VERMELHO 2
Para o Alana, trata-se de propaganda disfarçada. O caso está nos ministérios da Educação e da Justiça. A rede de fast food não comenta.
RITO ETERNO
A proibição de que empresas possam contribuir financeiramente com candidatos às eleições pode não vingar no STF (Supremo Tribunal Federal). Mesmo com maioria praticamente garantida de apoio entre os 11 ministros, a proposta corre o risco de ser adiada por tempo indeterminado.
CALENDÁRIO
O freio deve ser acionado a partir de um novo pedido de vista de um dos ministros contrários à ideia. A votação iria então para "as calendas", de acordo com magistrado ouvido pela coluna.
CALENDÁRIO 2
Teori Zavascki, o primeiro a pedir vista, pode devolver o processo em breve. Outros dois ministros devem apoiar, na sequência, a proibição de empresas financiarem eleições: Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski --que tem dúvidas, mas tende a concordar com o veto. Com isso, estaria formada a maioria. Um novo pedido de vista impediria a proclamação do resultado, que só pode ser oficializado depois que os 11 magistrados votarem.
BOLSO
A Ancine e o Ministério da Cultura anunciam hoje a destinação de R$ 400 milhões para a produção audiovisual. Os recursos vão para o Fundo Setorial do Audiovisual. Segundo a agência, é um volume quatro vezes maior do que o disponibilizado em anos anteriores.
DIÁRIO AMOROSO
O livro recém-lançado pelo casal Daniela Mercury e Malu Verçosa já foi para a segunda tiragem. Os primeiros 9.000 exemplares de "Uma História de Amor" esgotaram em uma semana no estoque da editora LeYa. Mais 9.000 foram impressos para atender aos novos pedidos.
FICHA LIMPA
O Limpa Nome Online bateu recorde de acessos e negociações de dívidas, em outubro, quando 1,5 milhão visitaram o site para renegociar pendências. Cerca de 300 mil consumidores foram beneficiados com condições especiais oferecidas pelo primeiro Feirão Virtual da Serasa Experian. Destes, 80 mil conseguiram renegociar e pagar as suas dívidas, num total de R$ 400 milhões.
TANGO À BRASILEIRA
A participação de Jesus Luz no "Ballando con le Stelle", a versão italiana da "Dança dos Famosos", rendeu ao brasileiro uma paixão. Depois de encerrar a participação no programa, o ex de Madonna assumiu o namoro com sua treinadora, Agnese Junkure, 26. O casal foi capa da revista de fofoca italiana "Visto", na qual ela declarou: "Com as pernas bailávamos, com os olhos nos amávamos".
AVISO SONORO
José Celso Martinez Corrêa interrompeu a peça "Cacilda!!!!" anteontem e deu bronca em uma espectadora que mexia no telefone. "O celular está destruindo o teatro", afirmou o ator e dramaturgo do Teatro Oficina. A moça guardou o aparelho, enquanto Corrêa dizia: "As pessoas estão se esquecendo de ver as coisas ao vivo".
ESTIVE AQUI
A empresária Bia Antony e a primeira-dama da cidade de São Paulo, Ana Estela Haddad, com a filha, Ana Carolina, estiveram no festival Circuito Banco do Brasil, que teve shows de Stevie Wonder, Criolo e Marcelo Jeneci, entre outros. O músico Lucas Silveira, com a namorada Karen Jonz, a ex-jogadora de vôlei Virna, o presidente eleito do Tribunal de Justiça (TJ-SP), José Renato Nalini, e o diretor de marketing do banco, Hayton da Rocha, também assistiram às apresentações.
BAILE MODERNO
Camila Pitanga foi a DJ da noite na festa Bailinho, promovida por Rodrigo Penna, na sexta. A atriz Bianca Comparato e a empresária Sheila Ramos compareceram ao evento, que também contou com a presença de Marco Amaral, diretor-geral do hotel Tivoli, e Renaud Pfeifer, gerente de marketing.
CURTO-CIRCUITO
Roberta Sá se apresenta com a Orquestra Sinfônica da USP hoje, às 18h, na Cidade Universitária. Livre.
Luiza Brunet faz noite de autógrafos do livro "Luiza", de Laura Malin, hoje, a partir das 18h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
Na Livraria da Vila do JK Iguatemi, Carolina Ferraz lança "Na Cozinha com Carolina", hoje, às 18h30.
O Prêmio Brasil Olímpico, do COB, será entregue hoje aos melhores atletas do ano, no Teatro Bradesco.
Isabeli Fontana lança linha de óculos hoje na Sunglass Hut do JK Iguatemi.
Mauricio de Sousa recebe hoje homenagem do Consulado do Japão em SP.
A vinícola Concha y Toro promove degustação hoje na Ville du Vin em Moema.
O projeto Berzoini - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 17/12
A ala majoritária do PT mudou de rumo no meio da articulação para fazer do deputado Ricardo Berzoini (SP) ministro. O plano inicial era colocá-lo no Ministério das Comunicações, por ser um firme defensor da proposta de regulação da mídia. Como os petistas perderam a esperança de derrubar o ministro Paulo Bernardo, Berzoini é vendido para a Secretaria de Relações Institucionais.
A linha ideológica dos tucanos
O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, anuncia hoje os 12 princípios que vão nortear a construção de seu programa de governo. Entre esses está a crítica ao intervencionismo na economia; à postura de confronto com o STF; e à intenção de adotar medidas legislativas para tentar controlar as empresas de comunicação.
Um dos princípios mais importantes diz respeito aos limites dos programas sociais. Um tucano que teve acesso a uma das versões do texto diz que este sustenta que é preciso libertar os cidadãos da tutela do Estado, para que eles possam caminhar com suas próprias pernas. O conceito central do documento é o da "mudança"
"O PT não quer apoiar o PMDB no Rio alegando desgaste de Cabral. E quer nosso apoio em Brasília, onde o governador petista é o segundo pior (sic) avaliado do país"
Eduardo Cunha, Líder do PMDB na Câmara (RJ)
O vice
Caso o PT mantenha sua disposição de lançar o senador Lindbergh Farias como candidato ao govemo do Rio, o governador Sérgio Cabral já tem um nome para ser o vice na chapa de Luiz Fernando Pezão: o senador Francisco Domelles (PP).
A vez do Nordeste
O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB), e o ministro da Previdência, Garibaldi Alves, fazem gestões para que a presidente Dilma nomeie o desembargador Luiz Alberto Gurgel Farias para o STJ. Sustentam que Dilma nomeou dez ministros para o STJ, sendo que nenhum deles do Nordeste. Os Alves querem um potiguar no Tribunal.
A novela continua
O governo americano fez sondagens sobre um novo convite à presidente Dilma para visita oficial em 2014. Ficou a incerteza. O governo Dilma quer um compromisso, do presidente Obama, de que o Brasil não será mais alvo de espionagem.
Divisão no PSDB mineiro
O secretário Danilo de Castro (MG) quer decidir já o candidato do PSDB ao governo mineiro. Seu nome é o de Pimenta da Veiga, tendo como vice o presidente da Assembleia, Dinis Pinheiro (PP). O outro postulante, o deputado Marcus Pestana, quer adiar qualquer decisão. Sua intenção é jogar para a frente, na expectativa de atrair o PMDB.
A mão estendida
Os líderes do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), e do PT, José Guimarães (CE), elogiam a decisão da presidente Dilma de não vetar a LDO. Avaliam que se trata de um grande gesto de confiança em sua base parlamentar.
A terceira via
O PPS comemora o desempenho de sua candidata no Maranhão. Eliziane Gama aparece em 2o lugar (25,8%), num dos cenários de pesquisa Vox Populi. Está empatada com o candidato do PMDB (24,8%). Flávio Dino (PCdoB) lidera.
O líder do governo na câmara, Arlindo Chinaglia (PT), nega ter dançado funk na festa de fim de ano do PT. Diz que ficou apenas 30 minutos no evento.
A ala majoritária do PT mudou de rumo no meio da articulação para fazer do deputado Ricardo Berzoini (SP) ministro. O plano inicial era colocá-lo no Ministério das Comunicações, por ser um firme defensor da proposta de regulação da mídia. Como os petistas perderam a esperança de derrubar o ministro Paulo Bernardo, Berzoini é vendido para a Secretaria de Relações Institucionais.
A linha ideológica dos tucanos
O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, anuncia hoje os 12 princípios que vão nortear a construção de seu programa de governo. Entre esses está a crítica ao intervencionismo na economia; à postura de confronto com o STF; e à intenção de adotar medidas legislativas para tentar controlar as empresas de comunicação.
Um dos princípios mais importantes diz respeito aos limites dos programas sociais. Um tucano que teve acesso a uma das versões do texto diz que este sustenta que é preciso libertar os cidadãos da tutela do Estado, para que eles possam caminhar com suas próprias pernas. O conceito central do documento é o da "mudança"
"O PT não quer apoiar o PMDB no Rio alegando desgaste de Cabral. E quer nosso apoio em Brasília, onde o governador petista é o segundo pior (sic) avaliado do país"
Eduardo Cunha, Líder do PMDB na Câmara (RJ)
O vice
Caso o PT mantenha sua disposição de lançar o senador Lindbergh Farias como candidato ao govemo do Rio, o governador Sérgio Cabral já tem um nome para ser o vice na chapa de Luiz Fernando Pezão: o senador Francisco Domelles (PP).
A vez do Nordeste
O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB), e o ministro da Previdência, Garibaldi Alves, fazem gestões para que a presidente Dilma nomeie o desembargador Luiz Alberto Gurgel Farias para o STJ. Sustentam que Dilma nomeou dez ministros para o STJ, sendo que nenhum deles do Nordeste. Os Alves querem um potiguar no Tribunal.
A novela continua
O governo americano fez sondagens sobre um novo convite à presidente Dilma para visita oficial em 2014. Ficou a incerteza. O governo Dilma quer um compromisso, do presidente Obama, de que o Brasil não será mais alvo de espionagem.
Divisão no PSDB mineiro
O secretário Danilo de Castro (MG) quer decidir já o candidato do PSDB ao governo mineiro. Seu nome é o de Pimenta da Veiga, tendo como vice o presidente da Assembleia, Dinis Pinheiro (PP). O outro postulante, o deputado Marcus Pestana, quer adiar qualquer decisão. Sua intenção é jogar para a frente, na expectativa de atrair o PMDB.
A mão estendida
Os líderes do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), e do PT, José Guimarães (CE), elogiam a decisão da presidente Dilma de não vetar a LDO. Avaliam que se trata de um grande gesto de confiança em sua base parlamentar.
A terceira via
O PPS comemora o desempenho de sua candidata no Maranhão. Eliziane Gama aparece em 2o lugar (25,8%), num dos cenários de pesquisa Vox Populi. Está empatada com o candidato do PMDB (24,8%). Flávio Dino (PCdoB) lidera.
O líder do governo na câmara, Arlindo Chinaglia (PT), nega ter dançado funk na festa de fim de ano do PT. Diz que ficou apenas 30 minutos no evento.
Estaca zero - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 17/12
A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) deve cancelar a concorrência de R$ 3,8 bilhões para a construção de piscinões vencida por um consórcio integrado pela Técnica, subsidiária da Delta. O governo não quer que o segundo colocado vença a disputa, porque a proposta é R$ 1 bilhão mais cara que o preço apresentado pela Técnica. Alckmin também quer evitar questionamentos à disputa, depois que o Tribunal de Contas recomendou a exclusão da empresa das licitações do Estado.
Defesa Em conversa na última sexta-feira, Alckmin cobrou de secretários uma reação mais forte às acusações de propina no escândalo do cartel do metrô.
Ataque Integrantes do governo consideraram precipitada a declaração de Aécio Neves (PSDB) de que, se ficar provada corrupção, os acusados devem ir para a cadeira.
Bom menino Às vésperas de um ano eleitoral conturbado, Alckmin vai almoçar na véspera de Natal em um restaurante popular da rede Bom Prato, do governo paulista. Cada refeição custa R$ 1.
Surpresa A Prefeitura de São Paulo pretende esperar até o último minuto para recorrer da decisão do Tribunal de Justiça paulista que suspendeu o aumento do IPTU no município. A ideia é apresentar o recurso ao STF ou ao STJ às vésperas do recesso, que começa na sexta-feira.
Tapetão Irritados, petistas apontam que o PMDB de Skaf votou a favor do reajuste do IPTU na Câmara paulistana e, agora, o presidente da Fiesp e pré-candidato a governador usa a entidade para obter ganhos políticos com a suspensão do aumento.
Calendário O PT paulista levará Alexandre Padilha (Saúde) a uma série de caravanas por São Paulo a partir de fevereiro, após sua provável saída do ministério em janeiro. Lula deverá participar da primeira etapa, prevista para a região de Barretos.
Dominado 1 Dilma Rousseff vai acrescentar a liberação de quase R$ 2 bilhões em mobilidade urbana no Recife ao pacote de bondades que anunciará hoje em Pernambuco, base eleitoral de Eduardo Campos. Desse total, metade é dinheiro federal a fundo perdido.
Dominado 2 A intenção é mostrar que o crescimento econômico do Estado, eixo do discurso do governador e presidenciável do PSB para se tornar conhecido, seria em grande parte fruto dos investimentos federais.
Rede Após muito mistério, a presidente decidiu passar o Réveillon na Bahia.
Não é... A Ordem dos Advogados do Brasil tomou ciência ontem de resposta do presidente do Tribunal de Justiça do DF, Dácio Vieira, ao Conselho Nacional de Justiça no pedido de providências contra Joaquim Barbosa por ter afastado o juiz da execução penal do mensalão, Ademar Vasconcelos.
... comigo Vieira encaminhou a Ana Maria Amarante, relatora do caso, nota dizendo que não houve exclusão de "qualquer magistrado ali lotado para a prática de atos processuais''. A OAB pedirá que o juiz seja ouvido.
Em campo Lula recebeu ontem em seu instituto o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, vice-presidente nacional do Solidariedade.
Jogada O partido é comandado por Paulinho da Força, que é crítico feroz do governo Dilma e tem se aproximado de Aécio Neves na corrida presidencial de 2014.
Visita à Folha O vereador Nabil Bonduki (PT-SP) visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Rossella Rossetto, assessora técnica.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"A disputa no tapetão deixa São Paulo sem pão por causa do futebol e sem Orçamento devido às manobras para manter o IPTU."
DO VEREADOR POLICE NETO (PSD-SP), comparando a reação ao rebaixamento da Lusa e a decisão de Haddad de ir ao STF para manter o reajuste do IPTU.
contraponto
Dirija-se ao RH
De férias no Brasil, o embaixador do Brasil em Washington, Mauro Vieira, compareceu ao almoço do presidente da França, François Hollande, no Itamaraty. Ao vê-lo na fila de cumprimentos, o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) estranhou:
--O que você esta fazendo aqui? Hoje é França, seu negocio é Estados Unidos.
--Estou de férias --justificou o embaixador.
--Vou dedurá-lo para a presidente!
Não precisou: Dilma Rousseff estava do lado.
--De férias? --disse, em tom de falsa bronca.
A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) deve cancelar a concorrência de R$ 3,8 bilhões para a construção de piscinões vencida por um consórcio integrado pela Técnica, subsidiária da Delta. O governo não quer que o segundo colocado vença a disputa, porque a proposta é R$ 1 bilhão mais cara que o preço apresentado pela Técnica. Alckmin também quer evitar questionamentos à disputa, depois que o Tribunal de Contas recomendou a exclusão da empresa das licitações do Estado.
Defesa Em conversa na última sexta-feira, Alckmin cobrou de secretários uma reação mais forte às acusações de propina no escândalo do cartel do metrô.
Ataque Integrantes do governo consideraram precipitada a declaração de Aécio Neves (PSDB) de que, se ficar provada corrupção, os acusados devem ir para a cadeira.
Bom menino Às vésperas de um ano eleitoral conturbado, Alckmin vai almoçar na véspera de Natal em um restaurante popular da rede Bom Prato, do governo paulista. Cada refeição custa R$ 1.
Surpresa A Prefeitura de São Paulo pretende esperar até o último minuto para recorrer da decisão do Tribunal de Justiça paulista que suspendeu o aumento do IPTU no município. A ideia é apresentar o recurso ao STF ou ao STJ às vésperas do recesso, que começa na sexta-feira.
Tapetão Irritados, petistas apontam que o PMDB de Skaf votou a favor do reajuste do IPTU na Câmara paulistana e, agora, o presidente da Fiesp e pré-candidato a governador usa a entidade para obter ganhos políticos com a suspensão do aumento.
Calendário O PT paulista levará Alexandre Padilha (Saúde) a uma série de caravanas por São Paulo a partir de fevereiro, após sua provável saída do ministério em janeiro. Lula deverá participar da primeira etapa, prevista para a região de Barretos.
Dominado 1 Dilma Rousseff vai acrescentar a liberação de quase R$ 2 bilhões em mobilidade urbana no Recife ao pacote de bondades que anunciará hoje em Pernambuco, base eleitoral de Eduardo Campos. Desse total, metade é dinheiro federal a fundo perdido.
Dominado 2 A intenção é mostrar que o crescimento econômico do Estado, eixo do discurso do governador e presidenciável do PSB para se tornar conhecido, seria em grande parte fruto dos investimentos federais.
Rede Após muito mistério, a presidente decidiu passar o Réveillon na Bahia.
Não é... A Ordem dos Advogados do Brasil tomou ciência ontem de resposta do presidente do Tribunal de Justiça do DF, Dácio Vieira, ao Conselho Nacional de Justiça no pedido de providências contra Joaquim Barbosa por ter afastado o juiz da execução penal do mensalão, Ademar Vasconcelos.
... comigo Vieira encaminhou a Ana Maria Amarante, relatora do caso, nota dizendo que não houve exclusão de "qualquer magistrado ali lotado para a prática de atos processuais''. A OAB pedirá que o juiz seja ouvido.
Em campo Lula recebeu ontem em seu instituto o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, vice-presidente nacional do Solidariedade.
Jogada O partido é comandado por Paulinho da Força, que é crítico feroz do governo Dilma e tem se aproximado de Aécio Neves na corrida presidencial de 2014.
Visita à Folha O vereador Nabil Bonduki (PT-SP) visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Rossella Rossetto, assessora técnica.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"A disputa no tapetão deixa São Paulo sem pão por causa do futebol e sem Orçamento devido às manobras para manter o IPTU."
DO VEREADOR POLICE NETO (PSD-SP), comparando a reação ao rebaixamento da Lusa e a decisão de Haddad de ir ao STF para manter o reajuste do IPTU.
contraponto
Dirija-se ao RH
De férias no Brasil, o embaixador do Brasil em Washington, Mauro Vieira, compareceu ao almoço do presidente da França, François Hollande, no Itamaraty. Ao vê-lo na fila de cumprimentos, o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) estranhou:
--O que você esta fazendo aqui? Hoje é França, seu negocio é Estados Unidos.
--Estou de férias --justificou o embaixador.
--Vou dedurá-lo para a presidente!
Não precisou: Dilma Rousseff estava do lado.
--De férias? --disse, em tom de falsa bronca.
Última chamada - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 17/12
A base do governo tentará hoje aprovar o novo Código de Processo Civil. A ordem é manter o regime fechado de prisão para devedores de pensão alimentícia, a penhora on-line de bens e, para completar, o relator Paulo Teixeira (PT-SP) defenderá ainda o pagamento dos honorários aos defensores públicos. É o último projeto que o PT pretende analisar este ano antes de votar o Orçamento e cair no recesso.
Em tempo: no caso dos honorários dos advogados públicos, será preciso uma regulamentação. Por isso, há o risco de se repetir o que aconteceu com o FGTS dos trabalhadores domésticos. Os parlamentares fizeram um carnaval quando o projeto foi aprovado, e a regulamentação que permitirá o pagamento desse direito ficou a ver navios.
Encorpou
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, apoia a ideia do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, de tirar pontos dos clubes de futebol em caso de briga de torcidas. O próximo passo é chamar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e os clubes para fechar uma legislação sobre o tema. E ele espera que seja rápido.
Esticou
Depois da economia feita este ano, o Senado se prepara para novas contratações em 2014. A ideia é, no Orçamento de 2014, permitir o chamamento de concursados que deveriam ser convocados em 2013 e, ainda, dos que estavam previstos para o próximo ano. Como as eleições vêm aí, os adversários de Renan Calheiros estão atentos às futuras contratações e se haverá aumento de despesa.
No limite
O Congresso do PT no último fim de semana, em especial, a parte do ato em defesa daqueles que cumprem pena na Papuda, foi na conta exata para tentar preservar a campanha presidencial. Daqui para frente, o partido quer se abster de falar do presídio.
Vem quente
Além de tentar colar nas costas do governo Dilma as mazelas dos malfeitos, os tucanos se preparam para cobrar ainda maior participação do governo federal no combate às drogas e à violência. No evento de hoje, em que Aécio Neves lançará as bases de um futuro programa de governo, ele quer deixar explícito que a União não cuida desses temas.
É Natal, é Natal/ Pelo menos cinco ministros do Supremo foram ontem ao coquetel que a presidente Dilma ofereceu à nata dos Três Poderes para celebrar o Natal. Inclusive, o presidente da Corte, Joaquim Barbosa. No pano de fundo, uma tentativa de separar as estações: governo é uma coisa, julgamento é outra.
Piada pronta/ Eis que de repente, em uma festa, duas amigas se encontram, depois de alguns anos sem notícias uma da outra: “Rose, quanto tempo!!! Onde você está hospedada?”. E a Rose responde: “Pois é, no mesmo hotel do Lula...”. Calma, pessoal. O nome dela é Rosimar e nunca trabalhou no governo.
Naquela mesa/ Até ontem à noite, nem o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, nem o ex-governador José Serra haviam confirmado presença no evento do PSDB hoje em Brasília.
Relax/ Em tempos de smartphones, ninguém tem privacidade. Especialmente, os políticos e os artistas. O ex-ministro Ciro Gomes foi clicado por um leitor num resort no Ceará. Segundo amigos, ele descansa um pouco em boa companhia antes de assumir o Ministério da Saúde no governo Dilma.
Em tempo: no caso dos honorários dos advogados públicos, será preciso uma regulamentação. Por isso, há o risco de se repetir o que aconteceu com o FGTS dos trabalhadores domésticos. Os parlamentares fizeram um carnaval quando o projeto foi aprovado, e a regulamentação que permitirá o pagamento desse direito ficou a ver navios.
Encorpou
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, apoia a ideia do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, de tirar pontos dos clubes de futebol em caso de briga de torcidas. O próximo passo é chamar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e os clubes para fechar uma legislação sobre o tema. E ele espera que seja rápido.
Esticou
Depois da economia feita este ano, o Senado se prepara para novas contratações em 2014. A ideia é, no Orçamento de 2014, permitir o chamamento de concursados que deveriam ser convocados em 2013 e, ainda, dos que estavam previstos para o próximo ano. Como as eleições vêm aí, os adversários de Renan Calheiros estão atentos às futuras contratações e se haverá aumento de despesa.
No limite
O Congresso do PT no último fim de semana, em especial, a parte do ato em defesa daqueles que cumprem pena na Papuda, foi na conta exata para tentar preservar a campanha presidencial. Daqui para frente, o partido quer se abster de falar do presídio.
Vem quente
Além de tentar colar nas costas do governo Dilma as mazelas dos malfeitos, os tucanos se preparam para cobrar ainda maior participação do governo federal no combate às drogas e à violência. No evento de hoje, em que Aécio Neves lançará as bases de um futuro programa de governo, ele quer deixar explícito que a União não cuida desses temas.
É Natal, é Natal/ Pelo menos cinco ministros do Supremo foram ontem ao coquetel que a presidente Dilma ofereceu à nata dos Três Poderes para celebrar o Natal. Inclusive, o presidente da Corte, Joaquim Barbosa. No pano de fundo, uma tentativa de separar as estações: governo é uma coisa, julgamento é outra.
Piada pronta/ Eis que de repente, em uma festa, duas amigas se encontram, depois de alguns anos sem notícias uma da outra: “Rose, quanto tempo!!! Onde você está hospedada?”. E a Rose responde: “Pois é, no mesmo hotel do Lula...”. Calma, pessoal. O nome dela é Rosimar e nunca trabalhou no governo.
Naquela mesa/ Até ontem à noite, nem o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, nem o ex-governador José Serra haviam confirmado presença no evento do PSDB hoje em Brasília.
Relax/ Em tempos de smartphones, ninguém tem privacidade. Especialmente, os políticos e os artistas. O ex-ministro Ciro Gomes foi clicado por um leitor num resort no Ceará. Segundo amigos, ele descansa um pouco em boa companhia antes de assumir o Ministério da Saúde no governo Dilma.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 17/12
Setor de bens importados projeta queda recorde
O mercado de bens de consumo importados terminará 2013 com a maior crise de sua história, segundo a Abcon (associação do setor).
A entidade, que reúne empresas de utilidades domésticas, artigos de plástico e produtos escolares, prevê uma queda de pelo menos 40% no faturamento na comparação com 2012.
A expectativa de receita para 2013 é de R$ 3,3 bilhões. No ano passado, o setor havia faturado R$ 5,5 bilhões.
"Neste ano, as medidas protecionistas bateram um recorde no número de pedidos de investigação de dumping por parte das fabricantes", diz o presidente da associação, Gustavo Dedivitis.
"Não tem uma ação ingressada por uma empresa nacional que não ganhe."
Apesar de as importadoras de plásticos, lápis de resina, talheres, cerâmicas e porcelanas terem sido as principais afetadas, todo o mercado sofreu impactos, de acordo com o executivo.
Somente o segmento de cerâmicas e porcelanas representa 70% de todo o volume.
"Em janeiro, os associados previam um crescimento de pelo menos 15%. Agora alguns pensam em sair do ramo", afirma Dedivitis.
Devido às medidas antidumping, os preços dos produtos desembarcados ficaram entre 300% e 1.200% mais caros na comparação com o ano anterior, segundo a entidade.
"O consumidor sai perdendo, pois os preços das mercadorias nacionais chegam a ser 40% mais elevados."
Brasil terá 92 milhões de desembarques nacionais
O Brasil deverá fechar este ano com 92 milhões de desembarques domésticos, diz o Ministério do Turismo.
Até 2017, o país poderá se tornar o terceiro maior mercado aéreo doméstico do mundo, com 122,4 milhões de passageiros, atrás de EUA e China, de acordo com a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo).
Em 2012, os aeroportos brasileiros registraram 85.471.710 desembarques de passageiros em voos domésticos, uma alta de 70,94% desde 2007.
"Precisamos diminuir a carga tributária sobre o custo da aviação", diz o ministro do Turismo, Gastão Vieira. O melhor caminho é o entendimento das próprias companhias com os governos estaduais, afirma.
"Eles estão ansiando por linhas do exterior para seus Estados e ficam mais sensíveis a oferecer uma redução do ICMS em contrapartida à oferta de linhas com pontos na Europa e na América."
"É mais rápido do que negociar com o federal, que já deixou claro que não mexerá na área tributária."
Intenção de consumo registra 12º recuo seguido
A intenção de consumo das famílias brasileiras diminuiu em todos os meses deste ano, de acordo com dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio).
Em dezembro, quando foi registrada a 12ª queda consecutiva, o indicador recuou 6,1% em relação ao mesmo mês de 2012. A retração é decorrente da retirada dos estímulos ao consumo.
"Em 2012, havia isenção de IPI e o crédito estava mais barato", diz Bruno Fernandes, economista da entidade.
A inflação e o menor crescimento da renda nominal também fizeram com que a massa salarial avançasse de modo discreto --o que implica em menos gastos.
A variação negativa na intenção a consumir foi mais acentuada entre as famílias ricas: -9,4% em dezembro ante o mesmo mês de 2012.
"A população cuja renda excede dez salários mínimos responde com maior intensidade à falta de crédito."
Na comparação entre novembro e dezembro de 2013, porém, houve um incremento de 0,9% no índice geral.
"É uma alta sazonal por causa das festas de fim de ano", afirma o economista.
Diante da queda na propensão ao gasto, a CNC projeta um crescimento de 5% nas vendas de Natal. O número é o mais baixo desde 2009.
NO DÉBITO OU NO CRÉDITO
O uso do dinheiro no pagamento das compras de Natal irá diminuir neste ano.
Pesquisa da consultoria Deloitte mostra que 69% dos entrevistados afirmaram que utilizarão o meio de pagamento. Em 2012, eram 87%.
A queda no volume de transações feitas com papel moeda é uma tendência, afirma Reynaldo Saad, sócio da empresa e responsável pelo levantamento.
"O cartão é mais fácil de ser obtido hoje. Os consumidores conseguem comprovar renda com maior facilidade devido à ascensão nas classes sociais", diz.
Quase metade dos entrevistados (49%) afirmaram que usarão os plásticos nas compras de fim de ano. Em 2012, 44% haviam dito que pagariam com cartão de crédito.
"O consumidor tem uma consciência maior dos gastos com o cartão. Parcelar também ajuda no planejamento mês a mês." Ao todo, 750 pessoas foram ouvidas.
ILUMINAÇÃO DE NORTE A SUL
Com foco no mercado de lâmpadas eletrônicas e com tecnologia em LED, a Havells-Sylvania vai investir em logística e desenvolvimento de novos produtos.
A empresa pretende abrir em 2014 pelo menos mais três centros de distribuição para atender as regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste.
"Em um primeiro momento, iremos priorizar logística e fornecimento, itens que afetam muito o mercado", afirma o presidente da companhia, Celso Santos.
Com a ampliação, o executivo prevê um crescimento de 30% no próximo ano.
Além de investir no sistema de armazenamento e entrega, a empresa aportará no desenvolvimento de 60 novos produtos: "A partir de 2015, as lâmpadas tradicionais devem migrar para as novas tecnologias".
Pós... A biofarmacêutica AstraZeneca assinou com o governo federal parceria no programa Ciência sem Fronteiras para levar 30 pesquisadores ao exterior para pós-doutorado.
...no exterior As áreas contempladas incluem pesquisas em doenças respiratórias, cardiovasculares e metabólicas, além de oncologia e desenvolvimento de vacinas.
Setor de bens importados projeta queda recorde
O mercado de bens de consumo importados terminará 2013 com a maior crise de sua história, segundo a Abcon (associação do setor).
A entidade, que reúne empresas de utilidades domésticas, artigos de plástico e produtos escolares, prevê uma queda de pelo menos 40% no faturamento na comparação com 2012.
A expectativa de receita para 2013 é de R$ 3,3 bilhões. No ano passado, o setor havia faturado R$ 5,5 bilhões.
"Neste ano, as medidas protecionistas bateram um recorde no número de pedidos de investigação de dumping por parte das fabricantes", diz o presidente da associação, Gustavo Dedivitis.
"Não tem uma ação ingressada por uma empresa nacional que não ganhe."
Apesar de as importadoras de plásticos, lápis de resina, talheres, cerâmicas e porcelanas terem sido as principais afetadas, todo o mercado sofreu impactos, de acordo com o executivo.
Somente o segmento de cerâmicas e porcelanas representa 70% de todo o volume.
"Em janeiro, os associados previam um crescimento de pelo menos 15%. Agora alguns pensam em sair do ramo", afirma Dedivitis.
Devido às medidas antidumping, os preços dos produtos desembarcados ficaram entre 300% e 1.200% mais caros na comparação com o ano anterior, segundo a entidade.
"O consumidor sai perdendo, pois os preços das mercadorias nacionais chegam a ser 40% mais elevados."
Brasil terá 92 milhões de desembarques nacionais
O Brasil deverá fechar este ano com 92 milhões de desembarques domésticos, diz o Ministério do Turismo.
Até 2017, o país poderá se tornar o terceiro maior mercado aéreo doméstico do mundo, com 122,4 milhões de passageiros, atrás de EUA e China, de acordo com a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo).
Em 2012, os aeroportos brasileiros registraram 85.471.710 desembarques de passageiros em voos domésticos, uma alta de 70,94% desde 2007.
"Precisamos diminuir a carga tributária sobre o custo da aviação", diz o ministro do Turismo, Gastão Vieira. O melhor caminho é o entendimento das próprias companhias com os governos estaduais, afirma.
"Eles estão ansiando por linhas do exterior para seus Estados e ficam mais sensíveis a oferecer uma redução do ICMS em contrapartida à oferta de linhas com pontos na Europa e na América."
"É mais rápido do que negociar com o federal, que já deixou claro que não mexerá na área tributária."
Intenção de consumo registra 12º recuo seguido
A intenção de consumo das famílias brasileiras diminuiu em todos os meses deste ano, de acordo com dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio).
Em dezembro, quando foi registrada a 12ª queda consecutiva, o indicador recuou 6,1% em relação ao mesmo mês de 2012. A retração é decorrente da retirada dos estímulos ao consumo.
"Em 2012, havia isenção de IPI e o crédito estava mais barato", diz Bruno Fernandes, economista da entidade.
A inflação e o menor crescimento da renda nominal também fizeram com que a massa salarial avançasse de modo discreto --o que implica em menos gastos.
A variação negativa na intenção a consumir foi mais acentuada entre as famílias ricas: -9,4% em dezembro ante o mesmo mês de 2012.
"A população cuja renda excede dez salários mínimos responde com maior intensidade à falta de crédito."
Na comparação entre novembro e dezembro de 2013, porém, houve um incremento de 0,9% no índice geral.
"É uma alta sazonal por causa das festas de fim de ano", afirma o economista.
Diante da queda na propensão ao gasto, a CNC projeta um crescimento de 5% nas vendas de Natal. O número é o mais baixo desde 2009.
NO DÉBITO OU NO CRÉDITO
O uso do dinheiro no pagamento das compras de Natal irá diminuir neste ano.
Pesquisa da consultoria Deloitte mostra que 69% dos entrevistados afirmaram que utilizarão o meio de pagamento. Em 2012, eram 87%.
A queda no volume de transações feitas com papel moeda é uma tendência, afirma Reynaldo Saad, sócio da empresa e responsável pelo levantamento.
"O cartão é mais fácil de ser obtido hoje. Os consumidores conseguem comprovar renda com maior facilidade devido à ascensão nas classes sociais", diz.
Quase metade dos entrevistados (49%) afirmaram que usarão os plásticos nas compras de fim de ano. Em 2012, 44% haviam dito que pagariam com cartão de crédito.
"O consumidor tem uma consciência maior dos gastos com o cartão. Parcelar também ajuda no planejamento mês a mês." Ao todo, 750 pessoas foram ouvidas.
ILUMINAÇÃO DE NORTE A SUL
Com foco no mercado de lâmpadas eletrônicas e com tecnologia em LED, a Havells-Sylvania vai investir em logística e desenvolvimento de novos produtos.
A empresa pretende abrir em 2014 pelo menos mais três centros de distribuição para atender as regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste.
"Em um primeiro momento, iremos priorizar logística e fornecimento, itens que afetam muito o mercado", afirma o presidente da companhia, Celso Santos.
Com a ampliação, o executivo prevê um crescimento de 30% no próximo ano.
Além de investir no sistema de armazenamento e entrega, a empresa aportará no desenvolvimento de 60 novos produtos: "A partir de 2015, as lâmpadas tradicionais devem migrar para as novas tecnologias".
Pós... A biofarmacêutica AstraZeneca assinou com o governo federal parceria no programa Ciência sem Fronteiras para levar 30 pesquisadores ao exterior para pós-doutorado.
...no exterior As áreas contempladas incluem pesquisas em doenças respiratórias, cardiovasculares e metabólicas, além de oncologia e desenvolvimento de vacinas.
Carroças e o bonde que não anda - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 17/12
Tentativa de abrir o comércio com Argentina fez 23 anos; negociação com União Europeia vai debutar
UMA DAS novidades do ano foi a indústria relançar, de modo turbinado, uma campanha de abertura comercial. Isto é, de redução de impostos e outros obstáculos à importação de bens. Ou melhor, parte da indústria está interessada em acordos de livre-comércio. Outra, quer mais proteção. Um terceiro grupo diz que aceita negociar. Mas em que termos?
O Brasil (o Mercosul) voltou a discutir com mais interesse um acordo comercial com a União Europeia. Em tese, na mesa de negociação reapareceu um acordo para facilitar o comércio de automóveis e suas partes, autopeças.
Trata-se aparentemente da mesma proposta que era negociada em 2005 (aparentemente, pois a coisa não é aberta e menos ainda oficial).
Durante os primeiros oito anos de vigência do acordo, a União Europeia teria direito a exportar uma cota de 40 mil carros com tarifa zero (menos que o Brasil importa hoje, em geral carros tidos aqui como de luxo). Daí em diante, o imposto de importação (35%) cairia paulatinamente por mais sete anos.
Não se sabe bem até onde pode ir a proposta brasileira, pois os europeus oferecem pouca abertura para produtos agrícolas, um mercado que os europeus fecham com barreiras diversas e subsídios vergonhosos. Mas o Brasil iria longe? É uma conversa para europeu ver?
O acordo de livre-comércio de carros com a Argentina deveria ter começado em 1990. Não vingou e foi reformado por 38 "protocolos adicionais", o último deles vencendo em tese na metade do ano que vem. Em suma, o acordo automotivo é um acordo para que montadoras gerenciem sua fábricas no continente e as maluquices dos governos locais, especialmente as argentinas.
O debate sobre um acordo geral entre Mercosul e União Europeia começou em 1999. As primeiras propostas foram trocadas em 2001. Em 2004, foi tudo à breca. Desde então, há fracassos periódicos, como em 2005, 2006 e 2007. Se tudo der certo e sair um acordo em 2014, o mercado brasileiro estaria aberto para carros da União Europeia em 2029.
Não se trata aqui e pelo menos agora defender (ou não) abrir o mercado de carros (e de autopeças). Mas de saber do que estamos falando.
No ano passado, Dilma Rousseff lançou o programa Inovar-Auto, um plano de incentivos (reduções de impostos) ao aumento de eficiência e inovação tecnológica na indústria automotiva. Vai até o final de 2016.
Trata-se de uma preparação para uma abertura maior do mercado ou de um modo de modernizar e/ou melhorar os nossos carrinhos?
Quer dizer, na falta do incentivo econômico da competição externa (que não viria, afinal de contas), o governo pretenderia melhorar a qualidade do trabalho das montadoras com política industrial?
Uma boa política comercial deveria: 1) Ter um plano de abertura cauteloso, mas progressivo de fato, que não criasse desordem econômica e social por meio de um tsunami súbito de importações; 2) Mas uma política comercial que não se limitasse a barganha de fundo mercantilista, que servisse de incentivo ao aumento de produtividade e melhoria tecnológica (o que não é certo que ocorra, apesar da ladainha mercadista).
No ritmo e na confusão em que vamos, até mesmo com nossa velha parceira argentina, não vamos chegar a lugar nenhum.
Tentativa de abrir o comércio com Argentina fez 23 anos; negociação com União Europeia vai debutar
UMA DAS novidades do ano foi a indústria relançar, de modo turbinado, uma campanha de abertura comercial. Isto é, de redução de impostos e outros obstáculos à importação de bens. Ou melhor, parte da indústria está interessada em acordos de livre-comércio. Outra, quer mais proteção. Um terceiro grupo diz que aceita negociar. Mas em que termos?
O Brasil (o Mercosul) voltou a discutir com mais interesse um acordo comercial com a União Europeia. Em tese, na mesa de negociação reapareceu um acordo para facilitar o comércio de automóveis e suas partes, autopeças.
Trata-se aparentemente da mesma proposta que era negociada em 2005 (aparentemente, pois a coisa não é aberta e menos ainda oficial).
Durante os primeiros oito anos de vigência do acordo, a União Europeia teria direito a exportar uma cota de 40 mil carros com tarifa zero (menos que o Brasil importa hoje, em geral carros tidos aqui como de luxo). Daí em diante, o imposto de importação (35%) cairia paulatinamente por mais sete anos.
Não se sabe bem até onde pode ir a proposta brasileira, pois os europeus oferecem pouca abertura para produtos agrícolas, um mercado que os europeus fecham com barreiras diversas e subsídios vergonhosos. Mas o Brasil iria longe? É uma conversa para europeu ver?
O acordo de livre-comércio de carros com a Argentina deveria ter começado em 1990. Não vingou e foi reformado por 38 "protocolos adicionais", o último deles vencendo em tese na metade do ano que vem. Em suma, o acordo automotivo é um acordo para que montadoras gerenciem sua fábricas no continente e as maluquices dos governos locais, especialmente as argentinas.
O debate sobre um acordo geral entre Mercosul e União Europeia começou em 1999. As primeiras propostas foram trocadas em 2001. Em 2004, foi tudo à breca. Desde então, há fracassos periódicos, como em 2005, 2006 e 2007. Se tudo der certo e sair um acordo em 2014, o mercado brasileiro estaria aberto para carros da União Europeia em 2029.
Não se trata aqui e pelo menos agora defender (ou não) abrir o mercado de carros (e de autopeças). Mas de saber do que estamos falando.
No ano passado, Dilma Rousseff lançou o programa Inovar-Auto, um plano de incentivos (reduções de impostos) ao aumento de eficiência e inovação tecnológica na indústria automotiva. Vai até o final de 2016.
Trata-se de uma preparação para uma abertura maior do mercado ou de um modo de modernizar e/ou melhorar os nossos carrinhos?
Quer dizer, na falta do incentivo econômico da competição externa (que não viria, afinal de contas), o governo pretenderia melhorar a qualidade do trabalho das montadoras com política industrial?
Uma boa política comercial deveria: 1) Ter um plano de abertura cauteloso, mas progressivo de fato, que não criasse desordem econômica e social por meio de um tsunami súbito de importações; 2) Mas uma política comercial que não se limitasse a barganha de fundo mercantilista, que servisse de incentivo ao aumento de produtividade e melhoria tecnológica (o que não é certo que ocorra, apesar da ladainha mercadista).
No ritmo e na confusão em que vamos, até mesmo com nossa velha parceira argentina, não vamos chegar a lugar nenhum.
O trabalho no Natal... e depois - JOSÉ PASTORE
O Estado de S.Paulo - 17/12
Durante as festas de fim de ano, o comércio sempre contrata um grande número de pessoas para trabalhar temporariamente. Neste ano, porém, a contratação está mais difícil. Há mais vagas do que candidatos. O que pode explicar esse fenômeno?
Em primeiro lugar, há que se considerar que pouca gente está desempregada. A taxa de desemprego está em torno de 5%. Ou seja, 95% dos brasileiros que desejam trabalhar estão trabalhando. São poucas as pessoas disponíveis para ajudar as lojas nestas festas.
Em segundo lugar, lembro que no Brasil vem crescendo aceleradamente a população não economicamente ativa. São pessoas que, apesar de estarem na idade de trabalhar, não querem trabalhar. Muitos jovens estão ficando mais tempo na escola (o que é bom) e retardando a entrada no mercado de trabalho. Os idosos com mais de 60 anos, igualmente, estão parando de trabalhar atraídos por melhor aposentadoria e pelos programas sociais - Bolsa Família e outros. Nos últimos 12 meses, a parcela dos que não querem trabalhar cresceu 3,5%. Só em outubro, 650 mil pessoas se retiraram do mercado de trabalho. Não podemos esquecer também de que a população brasileira está crescendo mais devagar, o que faz diminuir ainda mais a proporção dos que podem trabalhar, inclusive nas festas natalinas.
Em terceiro lugar, há que se considerar que o aumento da massa salarial e a elevação do padrão de consumo "convidam" muitas pessoas a trocar o trabalho por lazer. Ofereço um exemplo: a demanda por viagens aéreas em outubro subiu mais de 4% em relação ao ano anterior e deve subir ainda mais até o fim das férias escolares. Para essas pessoas, não há como convencê-las a trabalhar nas horas em que todos se divertem.
Finalmente, devo mencionar que a elevação da renda familiar dos últimos tempos deve ter reduzido o interesse ou a necessidade de rapazes e moças aceitarem empregos temporários no comércio e nos serviços. As famílias não necessitam do seu auxílio como necessitavam antigamente.
Conclusão: o mercado de trabalho no Brasil continua apertado. É verdade que a geração de empregos está desacelerando. Mas a quantidade de pessoas dispostas a trabalhar diminuiu muito. A taxa de participação no mercado de trabalho é de apenas 57% - nos países avançados ultrapassa os 70%.
Para as empresas sobra a dificuldade para recrutar funcionários - não apenas engenheiros, técnicos e especialistas, mas também pessoas menos qualificadas. Nos dias atuais, a lavoura de café se queixa de falta de braços para a colheita; os construtores ressentem a escassez de serventes de pedreiro; e as empresas de conservação e limpeza não conseguem contratar faxineiras. Aliás, as próprias donas de casa sabem o quanto está difícil conseguir uma empregada doméstica.
Já foi o tempo em que o Brasil era um país de mão de obra abundante e barata. Hoje, o trabalho é escasso e caro. Está se esgotando a passos largos o crescimento que durante décadas se baseou na adição de mais e mais trabalho no sistema produtivo. Daqui em diante, o Brasil terá de elevar substancialmente a eficiência das pessoas. Os salários e os benefícios não podem continuar descasados da produtividade. Os números são alarmantes: entre 1999 e 2011 os salários médios em termos nominais cresceram 9% ao ano (incluindo o salário mínimo), enquanto o crescimento da produtividade ficou em 0,6% ao ano. No mesmo período, a produtividade da China cresceu 8,2% ao ano. É uma diferença brutal. Mesmo com os salários chineses subindo, como estão hoje, o alto nível de produtividade garante àquele país uma competitividade invejável - o contrário do que ocorre no Brasil. Esse quadro precisa virar nos próximos anos. A melhoria da qualidade da educação é uma providência crucial. Os investimentos em infraestrutura, pesquisa e inovação vêm logo atrás. E isso não é programa para um mandato, e, sim, para duas gerações.
Durante as festas de fim de ano, o comércio sempre contrata um grande número de pessoas para trabalhar temporariamente. Neste ano, porém, a contratação está mais difícil. Há mais vagas do que candidatos. O que pode explicar esse fenômeno?
Em primeiro lugar, há que se considerar que pouca gente está desempregada. A taxa de desemprego está em torno de 5%. Ou seja, 95% dos brasileiros que desejam trabalhar estão trabalhando. São poucas as pessoas disponíveis para ajudar as lojas nestas festas.
Em segundo lugar, lembro que no Brasil vem crescendo aceleradamente a população não economicamente ativa. São pessoas que, apesar de estarem na idade de trabalhar, não querem trabalhar. Muitos jovens estão ficando mais tempo na escola (o que é bom) e retardando a entrada no mercado de trabalho. Os idosos com mais de 60 anos, igualmente, estão parando de trabalhar atraídos por melhor aposentadoria e pelos programas sociais - Bolsa Família e outros. Nos últimos 12 meses, a parcela dos que não querem trabalhar cresceu 3,5%. Só em outubro, 650 mil pessoas se retiraram do mercado de trabalho. Não podemos esquecer também de que a população brasileira está crescendo mais devagar, o que faz diminuir ainda mais a proporção dos que podem trabalhar, inclusive nas festas natalinas.
Em terceiro lugar, há que se considerar que o aumento da massa salarial e a elevação do padrão de consumo "convidam" muitas pessoas a trocar o trabalho por lazer. Ofereço um exemplo: a demanda por viagens aéreas em outubro subiu mais de 4% em relação ao ano anterior e deve subir ainda mais até o fim das férias escolares. Para essas pessoas, não há como convencê-las a trabalhar nas horas em que todos se divertem.
Finalmente, devo mencionar que a elevação da renda familiar dos últimos tempos deve ter reduzido o interesse ou a necessidade de rapazes e moças aceitarem empregos temporários no comércio e nos serviços. As famílias não necessitam do seu auxílio como necessitavam antigamente.
Conclusão: o mercado de trabalho no Brasil continua apertado. É verdade que a geração de empregos está desacelerando. Mas a quantidade de pessoas dispostas a trabalhar diminuiu muito. A taxa de participação no mercado de trabalho é de apenas 57% - nos países avançados ultrapassa os 70%.
Para as empresas sobra a dificuldade para recrutar funcionários - não apenas engenheiros, técnicos e especialistas, mas também pessoas menos qualificadas. Nos dias atuais, a lavoura de café se queixa de falta de braços para a colheita; os construtores ressentem a escassez de serventes de pedreiro; e as empresas de conservação e limpeza não conseguem contratar faxineiras. Aliás, as próprias donas de casa sabem o quanto está difícil conseguir uma empregada doméstica.
Já foi o tempo em que o Brasil era um país de mão de obra abundante e barata. Hoje, o trabalho é escasso e caro. Está se esgotando a passos largos o crescimento que durante décadas se baseou na adição de mais e mais trabalho no sistema produtivo. Daqui em diante, o Brasil terá de elevar substancialmente a eficiência das pessoas. Os salários e os benefícios não podem continuar descasados da produtividade. Os números são alarmantes: entre 1999 e 2011 os salários médios em termos nominais cresceram 9% ao ano (incluindo o salário mínimo), enquanto o crescimento da produtividade ficou em 0,6% ao ano. No mesmo período, a produtividade da China cresceu 8,2% ao ano. É uma diferença brutal. Mesmo com os salários chineses subindo, como estão hoje, o alto nível de produtividade garante àquele país uma competitividade invejável - o contrário do que ocorre no Brasil. Esse quadro precisa virar nos próximos anos. A melhoria da qualidade da educação é uma providência crucial. Os investimentos em infraestrutura, pesquisa e inovação vêm logo atrás. E isso não é programa para um mandato, e, sim, para duas gerações.
A volta de Bachelet - MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 17/12
O Chile tem uma taxa de investimento que o Brasil sonha há muito tempo. Está sete degraus na nossa frente no Pisa, o teste internacional de desempenho de estudantes. Tem uma inflação que é uma fração da brasileira e um crescimento do PIB que é mais que o dobro do nosso. E, mesmo assim, elegeu a oposição. Michelle Bachelet volta ao poder para fazer reformas profundas.
Foi o que ela prometeu. Uma das mudanças é na área educacional. Os jovens vêm protestando há anos por um ensino de mais qualidade. Bachelet se elegeu prometendo subir a carga tributária para investir na área social, principalmente educação.
No Brasil, falar em aumento de imposto soa heresia porque a carga é 36% do PIB e tem crescido há 20 anos. No Chile, é 24%. Aqui, há pouca margem para uma proposta desse tipo, mas, se fosse feita, o contribuinte iria duvidar de que o dinheiro encontraria seu destino. A CPMF não foi para a saúde; a Cide não melhorou a infraestrutura de transportes.
No Chile, o empresário não está feliz com a elevação do imposto, mas o eleitor, aparentemente, sim. Bachelet foi confirmada com uma margem grande de votos. A grande abstenção é natural com um segundo turno já tão resolvido e país com voto facultativo.
Bachelet saiu com alta popularidade, e volta agora para um novo mandato e maiores ambições. Quer mudar a Constituição, varrendo mais um entulho do governo Pinochet, mas para isso precisará negociar com outros partidos. Sua coalizão tem maioria, mas não de dois terços, necessários para mudanças constitucionais.
O desafio será o de manter o país crescendo. O Chile ainda depende muito do cobre, que representa 60% das suas exportações. Com oscilações ligadas principalmente ao preço do produto, o país tem mantido um ritmo alto de crescimento há vários governos. Nos últimos dois anos, cresceu mais de 5% ao ano. Está em leve declínio este ano e nas projeções para o próximo, mas para números em torno de 4%. A inflação está em 1,5%, e a taxa de investimento, em 25%.
Essa mistura de bons indicadores e números educacionais melhores do que os do Brasil nos estimula a ter mais ambições. O Brasil tem taxa de investimento que nem chega a 20%, cresce a 2% e tem uma inflação que oscila em torno de 6%.
O maior alerta vem da preocupação dos chilenos com a educação. Esse assunto está na mesa de temores de todos os países do mundo. Como estamos no nível 58º, num ranking de 64 países, o Brasil tem um longo caminho a andar. O Chile está em 51º e está insatisfeito. Temos que apressar o passo em vez de ficar comemorando microavanços, como se faz em Brasília.
Bachelet terá que enfrentar vários desafios políticos, diplomáticos, econômicos e comerciais ao longo dos próximos anos. Um deles será o de competir com sua própria imagem de governante bem sucedida que deixou o governo com alta popularidade. Na época, ela presidiu o país como uma estadista, sem usar o cargo para favorecer o candidato da sua coalizão. Ela foi derrotada, mas saiu com boa imagem.
Não criou constrangimentos para o presidente Sebastian Pinera, afastando-se até do país para exercer o posto de diretora executiva da ONU Mulheres. Em dezembro de 2011, ela veio ao Brasil entregar à presidente Dilma um relatório sobre as mulheres no mundo, e eu a entrevistei. Perguntei se ela voltaria a se candidatar à presidência do Chile e ela desconversou. Disse que estava naquele momento pensando apenas no cargo que ocupava. Mas, a verdade era que preparava de longe a chance de volta ao poder. Que, no domingo, conquistou.
O Chile tem uma taxa de investimento que o Brasil sonha há muito tempo. Está sete degraus na nossa frente no Pisa, o teste internacional de desempenho de estudantes. Tem uma inflação que é uma fração da brasileira e um crescimento do PIB que é mais que o dobro do nosso. E, mesmo assim, elegeu a oposição. Michelle Bachelet volta ao poder para fazer reformas profundas.
Foi o que ela prometeu. Uma das mudanças é na área educacional. Os jovens vêm protestando há anos por um ensino de mais qualidade. Bachelet se elegeu prometendo subir a carga tributária para investir na área social, principalmente educação.
No Brasil, falar em aumento de imposto soa heresia porque a carga é 36% do PIB e tem crescido há 20 anos. No Chile, é 24%. Aqui, há pouca margem para uma proposta desse tipo, mas, se fosse feita, o contribuinte iria duvidar de que o dinheiro encontraria seu destino. A CPMF não foi para a saúde; a Cide não melhorou a infraestrutura de transportes.
No Chile, o empresário não está feliz com a elevação do imposto, mas o eleitor, aparentemente, sim. Bachelet foi confirmada com uma margem grande de votos. A grande abstenção é natural com um segundo turno já tão resolvido e país com voto facultativo.
Bachelet saiu com alta popularidade, e volta agora para um novo mandato e maiores ambições. Quer mudar a Constituição, varrendo mais um entulho do governo Pinochet, mas para isso precisará negociar com outros partidos. Sua coalizão tem maioria, mas não de dois terços, necessários para mudanças constitucionais.
O desafio será o de manter o país crescendo. O Chile ainda depende muito do cobre, que representa 60% das suas exportações. Com oscilações ligadas principalmente ao preço do produto, o país tem mantido um ritmo alto de crescimento há vários governos. Nos últimos dois anos, cresceu mais de 5% ao ano. Está em leve declínio este ano e nas projeções para o próximo, mas para números em torno de 4%. A inflação está em 1,5%, e a taxa de investimento, em 25%.
Essa mistura de bons indicadores e números educacionais melhores do que os do Brasil nos estimula a ter mais ambições. O Brasil tem taxa de investimento que nem chega a 20%, cresce a 2% e tem uma inflação que oscila em torno de 6%.
O maior alerta vem da preocupação dos chilenos com a educação. Esse assunto está na mesa de temores de todos os países do mundo. Como estamos no nível 58º, num ranking de 64 países, o Brasil tem um longo caminho a andar. O Chile está em 51º e está insatisfeito. Temos que apressar o passo em vez de ficar comemorando microavanços, como se faz em Brasília.
Bachelet terá que enfrentar vários desafios políticos, diplomáticos, econômicos e comerciais ao longo dos próximos anos. Um deles será o de competir com sua própria imagem de governante bem sucedida que deixou o governo com alta popularidade. Na época, ela presidiu o país como uma estadista, sem usar o cargo para favorecer o candidato da sua coalizão. Ela foi derrotada, mas saiu com boa imagem.
Não criou constrangimentos para o presidente Sebastian Pinera, afastando-se até do país para exercer o posto de diretora executiva da ONU Mulheres. Em dezembro de 2011, ela veio ao Brasil entregar à presidente Dilma um relatório sobre as mulheres no mundo, e eu a entrevistei. Perguntei se ela voltaria a se candidatar à presidência do Chile e ela desconversou. Disse que estava naquele momento pensando apenas no cargo que ocupava. Mas, a verdade era que preparava de longe a chance de volta ao poder. Que, no domingo, conquistou.
Sem confiança para 2014 - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 17/12
Nenhuma autoridade do governo Dilma apresenta explicação convincente para a maior anomalia apresentada hoje pela economia brasileira: o baixo crescimento conjugado com uma inflação elevada e necessidade de juros básicos altos demais, de 10% ao ano.
A conversa que se tem repetido na cúpula econômica é a de que, apesar das críticas, o aumento da atividade produtiva está sendo tolhido pela crise global e que, mal ou bem, o Brasil está crescendo mais do que em 2012 e que, em 2014, provavelmente crescerá mais do que em 2013.
No entanto, a Pesquisa Focus, feita semanalmente pelo Banco Central, adianta que as cerca de 100 instituições consultadas não esperam para 2014 um avanço do PIB superior a 2,0%. Ou seja, 2014 deve começar com a mais baixa expectativa de crescimento dos últimos três anos. Ao final de dezembro de 2011, o mercado projetava avanço do PIB de 3,3% para 2012 (acabou em 1,0%); ao final de 2012, apostava também em 3,3% para 2013 (deve dar algo em torno de 2,2%).
As autoridades do Banco Central, pelo menos, têm um discurso mais sincero. O presidente Alexandre Tombini, por exemplo, adverte para os efeitos produzidos pelo baixo nível de poupança e os documentos do Banco Central, se não falam em baixo crescimento potencial da economia, pelo menos mencionam duas graves limitações: a relativa escassez de mão de obra e o descompasso entre consumo robusto e oferta limitada.
Há mais fatores que vêm travando o crescimento econômico e, ao mesmo tempo, puxando para cima a inflação. Um deles é a alta carga tributária, cuja capacidade de estrago é reconhecida pelo governo, tanto que tentou desonerar vários setores da produção. O outro é a precariedade da infraestrutura brasileira que, com raras exceções, está obsoleta e cara demais, para cuja reversão o governo vem desenvolvendo, um tanto tardiamente, extenso programa de concessões que, no entanto, exigirá um longo processo de maturação.
A expectativa do setor privado para um crescimento medíocre também para 2014 reflete a existência de um elemento negativo que não se viu nos anos anteriores. Trata-se do baixo nível de confiança das empresas na capacidade de o governo reverter o desempenho frustrante da economia.
Em parte, essa deterioração das expectativas se deve às indicações passadas reiteradamente pelo governo de que não pretende fazer nenhuma correção significativa nos rumos da economia ao longo de 2014, porque não quer provocar marolas em ano de eleições.
Esse baixo nível de confiança conjugado com o marasmo nas expectativas não é apenas fator de adiamento de investimentos, mas concorre para o achatamento de fato do crescimento potencial da economia.
Outra vez, os problemas não se devem à crise global, da qual se espera uma boa recuperação em 2014. Os problemas estão aqui dentro e esperam por decisões políticas que criem condições para equacioná-los.
Nenhuma autoridade do governo Dilma apresenta explicação convincente para a maior anomalia apresentada hoje pela economia brasileira: o baixo crescimento conjugado com uma inflação elevada e necessidade de juros básicos altos demais, de 10% ao ano.
A conversa que se tem repetido na cúpula econômica é a de que, apesar das críticas, o aumento da atividade produtiva está sendo tolhido pela crise global e que, mal ou bem, o Brasil está crescendo mais do que em 2012 e que, em 2014, provavelmente crescerá mais do que em 2013.
No entanto, a Pesquisa Focus, feita semanalmente pelo Banco Central, adianta que as cerca de 100 instituições consultadas não esperam para 2014 um avanço do PIB superior a 2,0%. Ou seja, 2014 deve começar com a mais baixa expectativa de crescimento dos últimos três anos. Ao final de dezembro de 2011, o mercado projetava avanço do PIB de 3,3% para 2012 (acabou em 1,0%); ao final de 2012, apostava também em 3,3% para 2013 (deve dar algo em torno de 2,2%).
As autoridades do Banco Central, pelo menos, têm um discurso mais sincero. O presidente Alexandre Tombini, por exemplo, adverte para os efeitos produzidos pelo baixo nível de poupança e os documentos do Banco Central, se não falam em baixo crescimento potencial da economia, pelo menos mencionam duas graves limitações: a relativa escassez de mão de obra e o descompasso entre consumo robusto e oferta limitada.
Há mais fatores que vêm travando o crescimento econômico e, ao mesmo tempo, puxando para cima a inflação. Um deles é a alta carga tributária, cuja capacidade de estrago é reconhecida pelo governo, tanto que tentou desonerar vários setores da produção. O outro é a precariedade da infraestrutura brasileira que, com raras exceções, está obsoleta e cara demais, para cuja reversão o governo vem desenvolvendo, um tanto tardiamente, extenso programa de concessões que, no entanto, exigirá um longo processo de maturação.
A expectativa do setor privado para um crescimento medíocre também para 2014 reflete a existência de um elemento negativo que não se viu nos anos anteriores. Trata-se do baixo nível de confiança das empresas na capacidade de o governo reverter o desempenho frustrante da economia.
Em parte, essa deterioração das expectativas se deve às indicações passadas reiteradamente pelo governo de que não pretende fazer nenhuma correção significativa nos rumos da economia ao longo de 2014, porque não quer provocar marolas em ano de eleições.
Esse baixo nível de confiança conjugado com o marasmo nas expectativas não é apenas fator de adiamento de investimentos, mas concorre para o achatamento de fato do crescimento potencial da economia.
Outra vez, os problemas não se devem à crise global, da qual se espera uma boa recuperação em 2014. Os problemas estão aqui dentro e esperam por decisões políticas que criem condições para equacioná-los.
Economia de pernas mancas precisa de audição! - ANTONINHO MARMO TREVISAN
BRASIL ECONÔMICO - 17/12
A crescente falta de sinergia entre a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda não contribui para a reafirmação da confiança dos investidores. Se, de um lado, soa desconfortável para o Brasil a declaração de Guido Mantega de que "nossa economia cresce de pernas mancas", também é verdade ser necessário que o governo preste mais atenção nas sinalizações do mercado e próprios especialistas dos organismos federais ligados à área econômica. Não será com as muletas de soluções paliativas que se corrigirão as deficiências.
A principal ferramenta que o governo tem para enfrentar os desafios é o ouvido. Portanto, não é prudente seguir ignorando o recente e grave alerta do corpo técnico do Tesouro Nacional quanto à condução da economia e da política fiscal. Claramente, esses profissionais de carreira referiram-se às manobras contábeis para fechar o balanço do governo, fator que suscita desconfianças. Em consequência, crescem as dificuldades para a rolagem dos títulos públicos. Por isso, o Tesouro paga juros cada vez maiores pelos papéis que coloca no mercado financeiro, onerando o serviço da dívida.
Credibilidade é o fator essencial para o reaquecimento dos financiamentos ao consumo, a elevação a patamares mais expressivos dos investimentos produtivos internacionais e a continuidade do enfrentamento exitoso da duradoura crise mundial. Não basta, como tem agido o Palácio do Planalto, o discurso relativo à preocupação fiscal, aos investimentos públicos em infraestrutura e às previsões otimistas, que nem sempre se concretizam.
Aliás, não é positivo para a imagem do Brasil o inusitado fato de que aqui até o passado é imprevisível, como ocorreu com a recente revisão do crescimento do PIB de 2012, que passou de 0,9% para 1%. Mais grave, ainda, é o erro na conta da revisão, que levou a presidente da República e declarar em uma entrevista à imprensa internacional que a expansão havia sido de 1,5%. Fica uma imagem de desentrosamento e baixa confiança nas estatísticas oficiais.
São necessárias ações práticas e consistentes, estas sim perceptíveis no ambiente interno e no exterior e capazes de produzir reação positiva nos capitais sem pátria da economia globalizada. Recriar um ambiente favorável aos negócios não depende, é verdade, apenas do Poder Executivo. É crucial que se concretize, por exemplo, o pacto antigasto firmado pela presidente Dilma Rousseff, e por iniciativa dela, com a base aliada do governo no Congresso Nacional. O êxito quanto ao propósito do acordo, de evitar a aprovação de projetos que aumentem as despesas, depende basicamente de uma atitude positiva e consciente dos parlamentares e dos partidos.
O Brasil está num momento muito delicado. Ainda são sólidos alguns fundamentos econômicos, como o aumento da renda e dos salários, o baixo desemprego, a ampliação significativa do mercado consumidor e o bom desempenho do agronegócio e do comércio. Porém, há claros sintomas de enfraquecimento macroeconômico, como a perda de competitividade da indústria e a pífia performance da balança comercial.
Ainda há tempo, condições e credibilidade remanescente para uma forte retomada do crescimento do PIB. Porém, é necessário ouvir, dialogar e adotar medidas em sintonia com as reais necessidades nacionais. Sem essa atitude, corremos o risco de continuar capengando.
A crescente falta de sinergia entre a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda não contribui para a reafirmação da confiança dos investidores. Se, de um lado, soa desconfortável para o Brasil a declaração de Guido Mantega de que "nossa economia cresce de pernas mancas", também é verdade ser necessário que o governo preste mais atenção nas sinalizações do mercado e próprios especialistas dos organismos federais ligados à área econômica. Não será com as muletas de soluções paliativas que se corrigirão as deficiências.
A principal ferramenta que o governo tem para enfrentar os desafios é o ouvido. Portanto, não é prudente seguir ignorando o recente e grave alerta do corpo técnico do Tesouro Nacional quanto à condução da economia e da política fiscal. Claramente, esses profissionais de carreira referiram-se às manobras contábeis para fechar o balanço do governo, fator que suscita desconfianças. Em consequência, crescem as dificuldades para a rolagem dos títulos públicos. Por isso, o Tesouro paga juros cada vez maiores pelos papéis que coloca no mercado financeiro, onerando o serviço da dívida.
Credibilidade é o fator essencial para o reaquecimento dos financiamentos ao consumo, a elevação a patamares mais expressivos dos investimentos produtivos internacionais e a continuidade do enfrentamento exitoso da duradoura crise mundial. Não basta, como tem agido o Palácio do Planalto, o discurso relativo à preocupação fiscal, aos investimentos públicos em infraestrutura e às previsões otimistas, que nem sempre se concretizam.
Aliás, não é positivo para a imagem do Brasil o inusitado fato de que aqui até o passado é imprevisível, como ocorreu com a recente revisão do crescimento do PIB de 2012, que passou de 0,9% para 1%. Mais grave, ainda, é o erro na conta da revisão, que levou a presidente da República e declarar em uma entrevista à imprensa internacional que a expansão havia sido de 1,5%. Fica uma imagem de desentrosamento e baixa confiança nas estatísticas oficiais.
São necessárias ações práticas e consistentes, estas sim perceptíveis no ambiente interno e no exterior e capazes de produzir reação positiva nos capitais sem pátria da economia globalizada. Recriar um ambiente favorável aos negócios não depende, é verdade, apenas do Poder Executivo. É crucial que se concretize, por exemplo, o pacto antigasto firmado pela presidente Dilma Rousseff, e por iniciativa dela, com a base aliada do governo no Congresso Nacional. O êxito quanto ao propósito do acordo, de evitar a aprovação de projetos que aumentem as despesas, depende basicamente de uma atitude positiva e consciente dos parlamentares e dos partidos.
O Brasil está num momento muito delicado. Ainda são sólidos alguns fundamentos econômicos, como o aumento da renda e dos salários, o baixo desemprego, a ampliação significativa do mercado consumidor e o bom desempenho do agronegócio e do comércio. Porém, há claros sintomas de enfraquecimento macroeconômico, como a perda de competitividade da indústria e a pífia performance da balança comercial.
Ainda há tempo, condições e credibilidade remanescente para uma forte retomada do crescimento do PIB. Porém, é necessário ouvir, dialogar e adotar medidas em sintonia com as reais necessidades nacionais. Sem essa atitude, corremos o risco de continuar capengando.
Onisciência oficial - PEDRO DUTRA
O GLOBO - 17/12
Nas economias democráticas, a intervenção do Estado na atividade privada se dá por meio de órgãos técnicos, independentes da ação partidária, e na forma da lei. Assim dispõe a Constituição brasileira. Porém, não é esta a realidade entre nós, pois o Executivo submete ao seu comando singular tais órgãos, Banco Central, BNDES, agências reguladoras, empresas estatais etc.
O mando continuado do Executivo vem, todavia, encontrando em seu exercício a sua ineficácia. Entre outros, três fatores animam a ação incontida do Executivo.
O primeiro é desconhecer limite a sua competência normativa: afigura-se aos órgãos do Executivo possível tudo disciplinar expedindo normas infralegais — decretos, resoluções, portarias etc — à margem ou sobre um Congresso complacente e por vezes assistido por um Judiciário cordato.
O segundo sugere acreditar o Executivo deter um conhecimento absoluto dos diferentes mercados de bens e serviços: como as empresas decidem seus investimentos, operam seus negócios, os custos de todos eles e, ainda, o que prefere (ou deveria preferir) o consumidor.
O terceiro fator, acredita o Executivo não haver custo às empresas e ao consumidor, ao cumprirem eles a torrente de regras expedidas em série por órgãos do próprio Executivo.
Em uma palavra, acredita poder e dever o Executivo intervir ao seu exclusivo critério em todos os mercados de bens e serviços, disciplinando-os, pois conhece-lhes a estrutura de custos, investimentos e preços, cabendo às empresas e consumidores cumprir as respectivas regras.
Essa latitude normativa, esse saber imaginado e o frio descaso quanto aos ônus impostos às empresas e consumidores soam naturais ao hábito do mando exercido pelo Executivo.
Porém, os sinais de abalo a essa onisciência sucedem-se à vista de todos: os números peculiares do governo, os preços públicos irreais, à conta de reajustes adiados de tarifas e de subsídios escamoteados, o desprezo pela voz dos consumidores na imposição e execução (não planejada) de políticas urbanas e na disciplina de serviços públicos etc.
Mas talvez nenhum exemplo seja mais preciso e tenha maior alcance, a distinguir negativamente a onisciência burocrática, do que a inacreditável tomada elétrica de três pinos (com duas espessuras diferentes), única no planeta, que os moradores de cerca de 60 milhões de domicílios brasileiros estão sendo compelidos a comprar. Sem terem sido ouvidos, evidentemente, pois o Executivo sabe mais.
Nas economias democráticas, a intervenção do Estado na atividade privada se dá por meio de órgãos técnicos, independentes da ação partidária, e na forma da lei. Assim dispõe a Constituição brasileira. Porém, não é esta a realidade entre nós, pois o Executivo submete ao seu comando singular tais órgãos, Banco Central, BNDES, agências reguladoras, empresas estatais etc.
O mando continuado do Executivo vem, todavia, encontrando em seu exercício a sua ineficácia. Entre outros, três fatores animam a ação incontida do Executivo.
O primeiro é desconhecer limite a sua competência normativa: afigura-se aos órgãos do Executivo possível tudo disciplinar expedindo normas infralegais — decretos, resoluções, portarias etc — à margem ou sobre um Congresso complacente e por vezes assistido por um Judiciário cordato.
O segundo sugere acreditar o Executivo deter um conhecimento absoluto dos diferentes mercados de bens e serviços: como as empresas decidem seus investimentos, operam seus negócios, os custos de todos eles e, ainda, o que prefere (ou deveria preferir) o consumidor.
O terceiro fator, acredita o Executivo não haver custo às empresas e ao consumidor, ao cumprirem eles a torrente de regras expedidas em série por órgãos do próprio Executivo.
Em uma palavra, acredita poder e dever o Executivo intervir ao seu exclusivo critério em todos os mercados de bens e serviços, disciplinando-os, pois conhece-lhes a estrutura de custos, investimentos e preços, cabendo às empresas e consumidores cumprir as respectivas regras.
Essa latitude normativa, esse saber imaginado e o frio descaso quanto aos ônus impostos às empresas e consumidores soam naturais ao hábito do mando exercido pelo Executivo.
Porém, os sinais de abalo a essa onisciência sucedem-se à vista de todos: os números peculiares do governo, os preços públicos irreais, à conta de reajustes adiados de tarifas e de subsídios escamoteados, o desprezo pela voz dos consumidores na imposição e execução (não planejada) de políticas urbanas e na disciplina de serviços públicos etc.
Mas talvez nenhum exemplo seja mais preciso e tenha maior alcance, a distinguir negativamente a onisciência burocrática, do que a inacreditável tomada elétrica de três pinos (com duas espessuras diferentes), única no planeta, que os moradores de cerca de 60 milhões de domicílios brasileiros estão sendo compelidos a comprar. Sem terem sido ouvidos, evidentemente, pois o Executivo sabe mais.
Fla-Flu no comércio exterior - JOSÉ PAULO KUPFER
O Estado de S.Paulo - 17/12
O Fla-Flu, que, no Brasil, distorce e empobrece o debate de questões vitais para o desenvolvimento da economia e da sociedade, de uns anos para cá se disseminou de um jeito absurdo. O que seria aceitável no caso do futebol desandou e, lamentavelmente, obscurece argumentos, erguendo muros generalizados de incompreensão. Quase impossível, nos dias de hoje, encontrar algum tema que escape de uma divisão inconciliável de opiniões.
Até mesmo as relações comerciais brasileiras com o resto do mundo entraram na dança. Quem defende prioridade para acordos multilaterais e, consequentemente, o fortalecimento da Organização Mundial de Comércio (OMC) não se bica com os adeptos dos acordos regionais ou bilaterais, que proliferam na esteira do imobilismo multilateral, com a criação de infindáveis barreiras tarifárias e, principalmente, não tarifárias.
É um embate um tanto incompreensível, na medida em que não se configura um impasse. Parece óbvio que o reforço de um lado ajudaria a incrementar os benefícios do outro. A modernização da OMC, na qual opera o único tribunal multilateral de controvérsias comerciais aceito pelos 160 países integrantes, por exemplo, daria consistência e plena segurança jurídica aos acordos fragmentados de blocos e países.
Não há como negar que a diplomacia comercial brasileira perdeu o bonde das cadeias globais de valor antes dos governos de Lula e Dilma, mas, com eles, o isolamento se aprofundou. Contada assim, porém, a história ficaria simplista demais. Quando os acordos de suprimentos globais começaram a ser firmados, já no começo dos anos 90, o Brasil vivia sobressaltado por crises cambiais e desgastantes operações de salvamento, comandadas pelo FMI. Nenhum clima para integração.
Obtida relativa estabilidade econômica e, na década seguinte, alcançado um ajuste nas contas externas, a decisão de concentrar fogo nos organismos multilaterais, desprezando acordos diretos, produziu um fosso na relações comerciais brasileiras com o resto do mundo. Também a aposta prioritária no Mercosul, em teoria não desprovida de sentido, resultou num desastre, em razão dos recorrentes surtos protecionistas, na Argentina, o principal parceiro regional.
A crise econômica global multiplicou, de um lado, manobras protecionistas e, de outro, numa reação reflexa, estimulou a efetivação de acordos parciais de livre-comércio entre países e blocos. O número de acordos desse tipo já passa de 400, mas a fragmentação excessiva está produzindo crescentes tensões nos mercados e aumentando a falta de transparência no comércio internacional.
Na esteira dessa nova dinâmica, duas iniciativas de grande porte, ambas lideradas pelos Estados Unidos, prometem revolucionar as relações comerciais globais. Um megabloco reunindo Estados Unidos, Canadá e Europa negocia a Parceria Transatlântica (TTIP, na sigla em inglês), com o objetivo não só de eliminar tarifas, mas, principalmente, reduzir barreiras não tarifárias - técnicas, fitossanitárias, burocráticas etc. Outro grande bloco, com Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, países latino-americanos e asiáticos, negocia, nos mesmo moldes, a Parceria Transpacífica (TPP).
O governo brasileiro, por enquanto, está fora da mesa em que transcorrem essas negociações, mas parece ter acordado para a novo desafio do comércio internacional, como demonstra o esforço para finalizar o acordo de redução de tarifas entre o Mercosul e a União Europeia.
Não se pode, contudo, esquecer o tamanho desse desafio. Se a economia brasileira tem muito a perder se continuar isolada do resto do mundo, terá muito pouco a ganhar se buscar a integração a todo custo com o seu atual baixo grau de competitividade.
O Fla-Flu, que, no Brasil, distorce e empobrece o debate de questões vitais para o desenvolvimento da economia e da sociedade, de uns anos para cá se disseminou de um jeito absurdo. O que seria aceitável no caso do futebol desandou e, lamentavelmente, obscurece argumentos, erguendo muros generalizados de incompreensão. Quase impossível, nos dias de hoje, encontrar algum tema que escape de uma divisão inconciliável de opiniões.
Até mesmo as relações comerciais brasileiras com o resto do mundo entraram na dança. Quem defende prioridade para acordos multilaterais e, consequentemente, o fortalecimento da Organização Mundial de Comércio (OMC) não se bica com os adeptos dos acordos regionais ou bilaterais, que proliferam na esteira do imobilismo multilateral, com a criação de infindáveis barreiras tarifárias e, principalmente, não tarifárias.
É um embate um tanto incompreensível, na medida em que não se configura um impasse. Parece óbvio que o reforço de um lado ajudaria a incrementar os benefícios do outro. A modernização da OMC, na qual opera o único tribunal multilateral de controvérsias comerciais aceito pelos 160 países integrantes, por exemplo, daria consistência e plena segurança jurídica aos acordos fragmentados de blocos e países.
Não há como negar que a diplomacia comercial brasileira perdeu o bonde das cadeias globais de valor antes dos governos de Lula e Dilma, mas, com eles, o isolamento se aprofundou. Contada assim, porém, a história ficaria simplista demais. Quando os acordos de suprimentos globais começaram a ser firmados, já no começo dos anos 90, o Brasil vivia sobressaltado por crises cambiais e desgastantes operações de salvamento, comandadas pelo FMI. Nenhum clima para integração.
Obtida relativa estabilidade econômica e, na década seguinte, alcançado um ajuste nas contas externas, a decisão de concentrar fogo nos organismos multilaterais, desprezando acordos diretos, produziu um fosso na relações comerciais brasileiras com o resto do mundo. Também a aposta prioritária no Mercosul, em teoria não desprovida de sentido, resultou num desastre, em razão dos recorrentes surtos protecionistas, na Argentina, o principal parceiro regional.
A crise econômica global multiplicou, de um lado, manobras protecionistas e, de outro, numa reação reflexa, estimulou a efetivação de acordos parciais de livre-comércio entre países e blocos. O número de acordos desse tipo já passa de 400, mas a fragmentação excessiva está produzindo crescentes tensões nos mercados e aumentando a falta de transparência no comércio internacional.
Na esteira dessa nova dinâmica, duas iniciativas de grande porte, ambas lideradas pelos Estados Unidos, prometem revolucionar as relações comerciais globais. Um megabloco reunindo Estados Unidos, Canadá e Europa negocia a Parceria Transatlântica (TTIP, na sigla em inglês), com o objetivo não só de eliminar tarifas, mas, principalmente, reduzir barreiras não tarifárias - técnicas, fitossanitárias, burocráticas etc. Outro grande bloco, com Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, países latino-americanos e asiáticos, negocia, nos mesmo moldes, a Parceria Transpacífica (TPP).
O governo brasileiro, por enquanto, está fora da mesa em que transcorrem essas negociações, mas parece ter acordado para a novo desafio do comércio internacional, como demonstra o esforço para finalizar o acordo de redução de tarifas entre o Mercosul e a União Europeia.
Não se pode, contudo, esquecer o tamanho desse desafio. Se a economia brasileira tem muito a perder se continuar isolada do resto do mundo, terá muito pouco a ganhar se buscar a integração a todo custo com o seu atual baixo grau de competitividade.
A morte de JK: o acidente e a farsa - GIL CASTELLO BRANCO
O GLOBO - 17/12
Não se consegue encontrar um argumento sólido, balizado, lógico e técnico que possa apoiar a tese de assassinato
Desde o século XVIII, cerca de 90 líderes políticos foram assassinados em todo o mundo. Entre as vítimas mais famosas estão, por exemplo, Maria Antonieta, Indira Gandhi e Abraham Lincoln. Mas o crime de maior repercussão foi o assassinato do presidente americano John F. Kennedy. Em Dallas, cidade onde Kennedy foi morto, existe um prédio de seis andares com fotos, vídeos e teorias sobre as circunstâncias da morte. Após percorrer todas as dependências, o visitante sai com mais dúvidas sobre o verdadeiro autor dos disparos do que quando entrou no museu.
No Brasil, também há inúmeros questionamentos sobre a morte de políticos e presidentes. Vira e mexe, são discutidos fatos relacionados às mortes de Jango, Castello Branco, Lacerda, Costa e Silva, Tancredo e Juscelino Kubitschek. Na maioria das vezes, as “teorias conspiratórias” apenas criam uma versão mais gloriosa para mortes naturais.
Na semana passada, a Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo divulgou documento no qual “declara o assassinato de Juscelino Kubitscheck de Oliveira, vítima de conspiração, complô e atentado político na Rodovia Presidente Dutra, em 22 de agosto de 1976...”
Curiosamente, a conclusão dos vereadores é literalmente contrária àquela da Comissão Externa constituída em 2001, na Câmara dos Deputados, requerida pelo ex-deputado Paulo Octávio, casado, justamente, com a neta de JK. Após ouvir inúmeros depoimentos, viajar ao Chile atrás de eventuais conexões com a Operação Condor e reconstituir a última viagem de JK, a comissão foi taxativa: “Por mais que se exercite a imaginação e a criatividade, não se consegue encontrar um argumento sólido, balizado, lógico e técnico que possa apoiar a tese de assassinato... Os menores detalhes não passaram despercebidos. Investigamos todas as dúvidas, todas as suspeitas. À medida que as questões foram sendo esclarecidas e respondidas, a conclusão foi-se impondo inexoravelmente. Ao final destes trabalhos, não restam mais dúvidas de que a morte de Juscelino Kubitscheck foi causada por um acidente automobilístico, sem qualquer resquício da consumação de um assassinato encomendado.”
Assim sendo, o que teria acontecido nas apurações de ambas as comissões para conclusões diametralmente opostas? Na realidade, o erro dos vereadores paulistas — por ignorância ou má-fé — foi desprezar diversos depoimentos técnicos, como os dos peritos oficiais, do legista responsável pela exumação do cadáver do motorista de JK 20 anos depois do acidente e do relator da Comissão que investigou o tema há 12 anos.
Ao contrário, de forma irresponsável, o relatório da Comissão de vereadores sequer menciona a investigação anterior. Afinal, por quais motivos não chamaram para depor o marido da neta de JK, o ex-deputado Paulo Octávio, que presidiu a Comissão e está absolutamente convicto de que foi um acidente? Por que não convidaram a senhora Maria de Lourdes Ribeiro, filha do motorista de JK, que, como advogada, considera primária a tese do tiro e do assassinato? Por que não colheram esclarecimentos do professor da UFMG e médico legista Márcio Cardoso, responsável pela exumação do corpo do motorista, que após examinar o objeto metálico encontrado — “com visão macroscópica e mesoscópica, por meio de lupa estereoscópica” — provou, categoricamente, tratar-se de um cravo usado para a fixação do forro da urna funerária? Por quais motivos não ouviram os dois peritos convidados para assessorar a Comissão Externa da Câmara, João Bosco de Oliveira e Ventura Raphael Martello Filho, totalmente desvinculados do processo inicial, que, auxiliados por três outros peritos, confirmaram integralmente, 24 anos depois, a perícia original?
Limitando-se a ouvir surradas e infundadas ilações dos mesmos denunciantes e sem qualquer laudo ou estudo que possa comprovar o mirabolante assassinato, a comissão de vereadores perdeu o rumo. Como filho do já falecido perito e promotor de Justiça Francisco Gil Castello Branco, que à época do acidente era o diretor do Departamento Técnico e Científico da Polícia do Estado do Rio de Janeiro e conduziu com extrema competência as investigações — fato reconhecido pela própria senhora Sara Kubitschek ao entregar-lhe uma carta de agradecimento —, presto-lhe com este texto uma homenagem póstuma.
A Comissão Nacional da Verdade, criada com a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período de 1946 a 1988, precisa resgatar a memória nacional, mas sem assassinar a verdade histórica.
Não se consegue encontrar um argumento sólido, balizado, lógico e técnico que possa apoiar a tese de assassinato
Desde o século XVIII, cerca de 90 líderes políticos foram assassinados em todo o mundo. Entre as vítimas mais famosas estão, por exemplo, Maria Antonieta, Indira Gandhi e Abraham Lincoln. Mas o crime de maior repercussão foi o assassinato do presidente americano John F. Kennedy. Em Dallas, cidade onde Kennedy foi morto, existe um prédio de seis andares com fotos, vídeos e teorias sobre as circunstâncias da morte. Após percorrer todas as dependências, o visitante sai com mais dúvidas sobre o verdadeiro autor dos disparos do que quando entrou no museu.
No Brasil, também há inúmeros questionamentos sobre a morte de políticos e presidentes. Vira e mexe, são discutidos fatos relacionados às mortes de Jango, Castello Branco, Lacerda, Costa e Silva, Tancredo e Juscelino Kubitschek. Na maioria das vezes, as “teorias conspiratórias” apenas criam uma versão mais gloriosa para mortes naturais.
Na semana passada, a Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo divulgou documento no qual “declara o assassinato de Juscelino Kubitscheck de Oliveira, vítima de conspiração, complô e atentado político na Rodovia Presidente Dutra, em 22 de agosto de 1976...”
Curiosamente, a conclusão dos vereadores é literalmente contrária àquela da Comissão Externa constituída em 2001, na Câmara dos Deputados, requerida pelo ex-deputado Paulo Octávio, casado, justamente, com a neta de JK. Após ouvir inúmeros depoimentos, viajar ao Chile atrás de eventuais conexões com a Operação Condor e reconstituir a última viagem de JK, a comissão foi taxativa: “Por mais que se exercite a imaginação e a criatividade, não se consegue encontrar um argumento sólido, balizado, lógico e técnico que possa apoiar a tese de assassinato... Os menores detalhes não passaram despercebidos. Investigamos todas as dúvidas, todas as suspeitas. À medida que as questões foram sendo esclarecidas e respondidas, a conclusão foi-se impondo inexoravelmente. Ao final destes trabalhos, não restam mais dúvidas de que a morte de Juscelino Kubitscheck foi causada por um acidente automobilístico, sem qualquer resquício da consumação de um assassinato encomendado.”
Assim sendo, o que teria acontecido nas apurações de ambas as comissões para conclusões diametralmente opostas? Na realidade, o erro dos vereadores paulistas — por ignorância ou má-fé — foi desprezar diversos depoimentos técnicos, como os dos peritos oficiais, do legista responsável pela exumação do cadáver do motorista de JK 20 anos depois do acidente e do relator da Comissão que investigou o tema há 12 anos.
Ao contrário, de forma irresponsável, o relatório da Comissão de vereadores sequer menciona a investigação anterior. Afinal, por quais motivos não chamaram para depor o marido da neta de JK, o ex-deputado Paulo Octávio, que presidiu a Comissão e está absolutamente convicto de que foi um acidente? Por que não convidaram a senhora Maria de Lourdes Ribeiro, filha do motorista de JK, que, como advogada, considera primária a tese do tiro e do assassinato? Por que não colheram esclarecimentos do professor da UFMG e médico legista Márcio Cardoso, responsável pela exumação do corpo do motorista, que após examinar o objeto metálico encontrado — “com visão macroscópica e mesoscópica, por meio de lupa estereoscópica” — provou, categoricamente, tratar-se de um cravo usado para a fixação do forro da urna funerária? Por quais motivos não ouviram os dois peritos convidados para assessorar a Comissão Externa da Câmara, João Bosco de Oliveira e Ventura Raphael Martello Filho, totalmente desvinculados do processo inicial, que, auxiliados por três outros peritos, confirmaram integralmente, 24 anos depois, a perícia original?
Limitando-se a ouvir surradas e infundadas ilações dos mesmos denunciantes e sem qualquer laudo ou estudo que possa comprovar o mirabolante assassinato, a comissão de vereadores perdeu o rumo. Como filho do já falecido perito e promotor de Justiça Francisco Gil Castello Branco, que à época do acidente era o diretor do Departamento Técnico e Científico da Polícia do Estado do Rio de Janeiro e conduziu com extrema competência as investigações — fato reconhecido pela própria senhora Sara Kubitschek ao entregar-lhe uma carta de agradecimento —, presto-lhe com este texto uma homenagem póstuma.
A Comissão Nacional da Verdade, criada com a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período de 1946 a 1988, precisa resgatar a memória nacional, mas sem assassinar a verdade histórica.
Mudança de rota - DORA KRAMER
O Estado de S.Paulo - 17/12
A presidente Dilma Rousseff não tem boas relações com o capital privado, seja da indústria, da agricultura ou do setor financeiro, certo? A insatisfação é cada vez mais explícita e preocupa os arquitetos de sua campanha à reeleição.
Tanto que o ex-presidente Lula da Silva aconselhou a sucessora a ser mais amável na fala, nos gestos e nas decisões relativas ao empresariado. Dilma tentou um movimento aqui, outro ali, mas o ambiente continua arisco.
Nesse espaço, os dois prováveis oponentes, Aécio Neves e Eduardo Campos, têm trabalhado com afinco e sem trégua. Rara a semana em que não há notícia de uma reunião do senador de Minas Gerais e do governador de Pernambuco com um grupo de empresários ou investidores.
Ainda que de maneira discreta, ambos têm colhido senão adesões entusiasmadas, inequívocos sinais de simpatia. Aproximam-se de um grupo do qual Dilma se distanciou. Isso tudo é fato.
Agora, uma suposição: caso sejam consolidados os bons humores de um lado (da oposição) e os maus de outro (do governo) nesse período que antecede o início oficial das campanhas, é de se imaginar que a disposição das empresas para ajudar financeiramente este ou aquele candidato seja influenciada pelos fatores de confiança, simpatia e identificação programática.
As empresas em geral dividem suas doações entre as várias forças, mas tendem a contribuir com aquelas que lhes pareçam em melhores condições de retribuir a ajuda.
E aqui não falamos - ou melhor, não entraremos no mérito - das chamadas "relações perniciosas" para não criminalizar desde já um sistema por ora legal nem misturar financiamento contabilizado com uso de caixa dois.
Ora, se o empresariado está insatisfeito com o modo Dilma Rousseff de governar e vier a se convencer de que Aécio ou Campos podem representar alternativas mais condizentes na perspectiva deles, é de se imaginar - mais, de se acreditar que os candidatos a oponentes estejam investindo nisso - que conseguirão arrecadar bom dinheiro com esse pessoal.
Isso não interessa ao PT, bastante satisfeito que está na proibição de doações por pessoas jurídicas. Claro, o partido tem posição favorável ao financiamento público e aqui estaria aberta uma porta para se tentar chegar lá.
Mas, ao mesmo tempo, se proibido o financiamento empresarial valendo já para 2014 - o que é factível, pois a discussão no Supremo Tribunal Federal não se concentra na legislação eleitoral que exige anterioridade de um ano para entrar em vigor -, os candidatos de oposição ficariam desprovidos dessa fonte de recursos.
O baque também atingiria a campanha do PT, é verdade, o partido tem sido o mais beneficiado pelos donativos. Em contrapartida, está no poder e tem muito mais condições de mobilizar pessoas físicas para doar.
Aliás, pessoas nem tão físicas assim. Funcionários terceirizados da Petrobrás, por exemplo. Podem ser convocados pelo partido a dar um dinheiro cada um, coisa pouca, mas que somado ao volume de gente com interesse em que o PT continue sendo governo para não perder o lugar, vira muita coisa.
Esse dinheiro vem do Estado. Bem como viriam do Estado recursos doados por pessoas físicas ocupantes de cargos de confiança, cuja boa vontade em contribuir seria motivada pelo mesmo sentido de permanência.
E os filiados a sindicatos e entidades que recebem substanciosas verbas governamentais? E por que não pensar no público de 12 milhões beneficiados pelo programa Bolsa Família devidamente instruídos a separar uns R$ 20 ou R$ 30 para não correrem o risco de vir a perder o benefício se eleito alguém da oposição?
São meras hipóteses. Mas demonstram que o fim das doações corporativas por si só não asseguram o equilíbrio de condições aludido pelos defensores da proibição.
A presidente Dilma Rousseff não tem boas relações com o capital privado, seja da indústria, da agricultura ou do setor financeiro, certo? A insatisfação é cada vez mais explícita e preocupa os arquitetos de sua campanha à reeleição.
Tanto que o ex-presidente Lula da Silva aconselhou a sucessora a ser mais amável na fala, nos gestos e nas decisões relativas ao empresariado. Dilma tentou um movimento aqui, outro ali, mas o ambiente continua arisco.
Nesse espaço, os dois prováveis oponentes, Aécio Neves e Eduardo Campos, têm trabalhado com afinco e sem trégua. Rara a semana em que não há notícia de uma reunião do senador de Minas Gerais e do governador de Pernambuco com um grupo de empresários ou investidores.
Ainda que de maneira discreta, ambos têm colhido senão adesões entusiasmadas, inequívocos sinais de simpatia. Aproximam-se de um grupo do qual Dilma se distanciou. Isso tudo é fato.
Agora, uma suposição: caso sejam consolidados os bons humores de um lado (da oposição) e os maus de outro (do governo) nesse período que antecede o início oficial das campanhas, é de se imaginar que a disposição das empresas para ajudar financeiramente este ou aquele candidato seja influenciada pelos fatores de confiança, simpatia e identificação programática.
As empresas em geral dividem suas doações entre as várias forças, mas tendem a contribuir com aquelas que lhes pareçam em melhores condições de retribuir a ajuda.
E aqui não falamos - ou melhor, não entraremos no mérito - das chamadas "relações perniciosas" para não criminalizar desde já um sistema por ora legal nem misturar financiamento contabilizado com uso de caixa dois.
Ora, se o empresariado está insatisfeito com o modo Dilma Rousseff de governar e vier a se convencer de que Aécio ou Campos podem representar alternativas mais condizentes na perspectiva deles, é de se imaginar - mais, de se acreditar que os candidatos a oponentes estejam investindo nisso - que conseguirão arrecadar bom dinheiro com esse pessoal.
Isso não interessa ao PT, bastante satisfeito que está na proibição de doações por pessoas jurídicas. Claro, o partido tem posição favorável ao financiamento público e aqui estaria aberta uma porta para se tentar chegar lá.
Mas, ao mesmo tempo, se proibido o financiamento empresarial valendo já para 2014 - o que é factível, pois a discussão no Supremo Tribunal Federal não se concentra na legislação eleitoral que exige anterioridade de um ano para entrar em vigor -, os candidatos de oposição ficariam desprovidos dessa fonte de recursos.
O baque também atingiria a campanha do PT, é verdade, o partido tem sido o mais beneficiado pelos donativos. Em contrapartida, está no poder e tem muito mais condições de mobilizar pessoas físicas para doar.
Aliás, pessoas nem tão físicas assim. Funcionários terceirizados da Petrobrás, por exemplo. Podem ser convocados pelo partido a dar um dinheiro cada um, coisa pouca, mas que somado ao volume de gente com interesse em que o PT continue sendo governo para não perder o lugar, vira muita coisa.
Esse dinheiro vem do Estado. Bem como viriam do Estado recursos doados por pessoas físicas ocupantes de cargos de confiança, cuja boa vontade em contribuir seria motivada pelo mesmo sentido de permanência.
E os filiados a sindicatos e entidades que recebem substanciosas verbas governamentais? E por que não pensar no público de 12 milhões beneficiados pelo programa Bolsa Família devidamente instruídos a separar uns R$ 20 ou R$ 30 para não correrem o risco de vir a perder o benefício se eleito alguém da oposição?
São meras hipóteses. Mas demonstram que o fim das doações corporativas por si só não asseguram o equilíbrio de condições aludido pelos defensores da proibição.