ZERO HORA - 06/11
Aqueles que viajam de avião com alguma frequência já se acostumaram com a situação humilhante de ter que tirar cintos e sapatos antes do embarque a fim de passar pelo detector de metais sem provocar desconfianças. Pior ainda que despir-se de alguns pertences é ter que ficar de pernas e braços abertos no meio do saguão, diante de estranhos, para que algum agente rastreie nosso corpo a fim de retirar as dúvidas que ficaram.
A mesma humilhação acontece nas portas giratórias de bancos, onde temos que abrir nossas bolsas a fim de provar que não carregamos nada além de carteiras, pentes e batons, e dá-lhe o vai e volta atrás da faixa até ter a entrada autorizada. Melhorou a segurança dos bancos? É bem verdade que não há mais saques à mão armada direto com o gerente. Agora, os marginais mandam aos ares os caixas eletrônicos, simples assim.
Mesmo sabendo que existe um motivo justificado para tratar a todos como suspeitos, é desconfortável passar por essas inspeções. Quando alguém desconfia de nós, automaticamente nos sentimos como se fôssemos mesmo criaturas do mal. A condição de investigado estimula em nós uma autocrítica delirante e nos faz encontrar razões para sentirmos alívio toda vez que “escapamos”. Percebo isso quando, no aeroporto, aguardo minha bagagem de mão passar pelo pequeno túnel do raio X. Por trás da franja de couro negro, vislumbro a bandeja que finalmente vem ao meu encontro, que bênção.
Porém, de repente, a esteira dá marcha a ré e o material retorna para dentro da cabine escura, alguma imagem não ficou bem nítida. Será que descobriram uma arma enrolada no cashmere? Segundos de alta tensão, começo a suar frio, fico preparando em silêncio o que direi em minha defesa, e então lá vem a bandeja de novo, aleluia. Agora é só recolher o que é meu e encontrar logo o portão de embarque antes que percebam o perigo de eu estar zanzando livremente entre a multidão.
O ofício de escrever também estimula investigações minuciosas. Elaboramos a narrativa de forma a garantir que as palavras traduzam nossos pensamentos com clareza, que estabeleçam uma conexão verdadeira com quem nos lê, mas há sempre um leitor que desconfia de que estamos escondendo alguma ideia proibida, que há no texto um sentido oculto, que estamos traficando um recado para algum destinatário, que há uma confissão enrolada no cashmere. O escritor é sempre um suspeito nato.
E assim vamos vivendo em constante estado de defesa, como se fôssemos culpados simplesmente por aparentar inocência. Fato é: ninguém acredita mais em aparência e tampouco que ainda haja inocentes. Assim sendo, todos nós somos autopsiados em vida por gente atrás de provas de que não viemos ao mundo a passeio.
quarta-feira, novembro 06, 2013
A necessidade do outro - ROBERTO DaMATTA
O GLOBO - 06/11
Aos 11 anos, quando entrei no ginásio e ganhei do meu pai uma caneta Parker com meu nome gravado, senti que algo muito sério havia ocorrido comigo. Virei ginasiano , dizia o pai que, criado em Manaus, foi um orgulhoso aluno do Ginásio Amazonense Pedro II. Naquele tempo, era comum o uso do paletó e no seu inútil bolsinho de fora usava-se um lenço combinando com a gravata e, no canto do bolso, como enfeite e sinalizador social, enfiava-se uma caneta! Éramos um país de analfabetos antes de sermos um país de subletrados e de burros doutores ideologicamente pautados. A caneta de ouro compondo a figura do doutor (substituto do aristocrata) sugeria que o sujeito assinava o nome.
Compreendi o significado da caneta demarcadora de minha passagem para o curso secundário quando, já universitário e querendo ser revolucionário, um colega politizado relacionou a nossa geração aos privilégios e a contrastou com os oprimidos sem escola que escreviam de modo hesitante, desenhando as letras, traçando-as no papel ao contrário do que manda a caligrafia clássica.
Escrever à tinta , como se dizia, era algo ritualizado que ia da escolha do papel para o que se ia dizer, pois a caneta-tinteiro borrava e sua escrita não era facilmente apagada.
Escrever com a minha Parker preta listrada de dourado era fazer a passagem do transitório e barato lápis, cujas pontas gastavam e quebravam e cuja escrita não resistia a uma banal borracha, para o definitivo: para a escrita à tinta . Que responsabilidade eu tinha quando pegava essa caneta para escrever e foi com ela que tracei as sempre mal traçadas linhas da minha primeira carta de amor. Um amor a ser tão eterno quanto a tinta e que não durava mais do que um long-play de Frank Sinatra.
Ali eu vivi um inexorável sentimento de passagem do tempo. Estava ficando velho. E velho fui ficando quando alguma passagem ocorria na minha vida. Todas as primeiras e últimas vezes foram marcadas e eu só tive consciência delas porque algo ou alguém as assinalava.
A sensação de transitar por várias etapas críticas do meu ciclo existencial que começou com o nascimento e o batismo; seguiu para a infância do time de futebol e da primeira comunhão; prosseguiu para puberdade dos bailes, do primeiro namoro e beijo; desembocou no casamento; foi agraciado com a paternidade e um dia virá com a morte - o evento mais crítico de todos o qual, infelizmente, será o único que eu não vou poder compartilhar com vocês, meus queridos leitores - foram todos construídos por outras pessoas.
Foram todos urdidos de fora para dentro, por meio de conversas, presentes, admoestações, rituais, aprovações, elogios e reparos feitos por um outro. Acentuo esse outro porque, sem ele, eu não seria capaz de saber que tento ser simultaneamente um individuo autônomo e livre; e uma pessoa devedora de muitas pessoas e relações as quais despertaram os vários eus que convivem dentro de mim.
O individualismo do anglo-eurocentrismo, adotado com a santa ignorância de tudo o que chega de fora no Brasil, pensa que pode ficar preso ao velho e inconsciente solipsismo do só eu sei o que sei passou comigo e portanto ninguém melhor do que eu para falar da minha vida , como revelou com o viés dos censores o rei Roberto Carlos, numa entrevista recente. Mas o holismo que sustenta e legitima o individualismo e pretende proteger a vida pessoal dos que vivem se expondo por meio de seus talentos criativos diz que nós só sabemos quem somos quando ganhamos de presente uma caneta; quando um amigo nos corrige; ou quando somos atingidos por uma opinião cuja maior virtude é mostrar algo não visto ou oculto de nós mesmos.
Por isso as autobiografias são tão fantasiosas quanto as biografias. Pois elas só existem como artefatos construídos e qualquer compromisso com a liberdade de falar do outro com liberdade - como argumentou um mestre do gênero, Ruy Castro, na Folha de S.Paulo do dia 1º do corrente - não é só um dado básico da visão de fora (o ponto de vista do outro), mas da própria vida social que, em todas as suas dimensões, requer e precisa do outro. Seja como um aliado, seja como um advogado, seja como um contrário e, mais que isso, como um alternativo. Aquele que passou pelo que passamos e que, com os mesmos eventos e experiências, construiu um quadro diverso do nosso. Tentar controlar e reduzir a visão de fora é uma violência porque é um ato de negação do outro. Esse outro que é o sal e, como dizia Sartre, o inferno da vida.
Não fossem esses atos externos eu não mudaria de ideia e de hábitos. Jamais saberia que tenho sido muitos. Mas mesmo na dúvida e no sofrimento da revelação das minhas limitações ou da minha pusilanimidade eu sei que o outro é básico na produção da minha vida. Se eu fosse um cantor, eu saberia pela prática que é esse outro (o chamado público) quem me consagra e me dá como um dom a incrível relação chamada sucesso.
Exemplo inspirador - RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 06/11
RIO DE JANEIRO - Michael J. Fox, o ator de "De Volta para o Futuro", que interrompeu a carreira em 2000 quando os efeitos de sua doença de Parkinson ficaram muito evidentes, volta às telas numa série de TV --"O show de Michael J. Fox", pelo VH1-- que acaba de estrear aqui. Nela, ele faz um âncora de telejornal que, mesmo sofrendo da doença, retoma o trabalho e se expõe para milhões. A história se parece com a dele.
Ao ser diagnosticado com o parkinson, em 1991, Fox tinha 30 anos. A princípio lutou contra si mesmo, tentando escondê-lo. Até que resolveu ir à vida e contar tudo. Deu entrevistas a jornais e TVs, testemunhou no Congresso e criou a Fundação Michael J. Fox, dedicada a financiar pesquisas para permitir diagnósticos mais precoces, apoiar testes de remédios em laboratório e descobrir novas formas de aliviar os sintomas.
Por causa de Fox, os americanos com parkinson têm hoje menos vergonha de sua condição. Mas uma coisa é atuar nos bastidores; outra é abolir todas as defesas. Quem já assistiu a episódios da série, afirma que o telespectador logo se acostuma ao leve tremor de suas mãos e a certos movimentos involuntários, e até ri sem culpa dos diálogos que, incrivelmente, fazem humor com o parkinson.
Nenhuma celebridade com uma doença ou deficiência grave é obrigada a se abrir em público. Mas, para muitos, pode ter sido inspirador saber que Beethoven era surdo, que a atriz Sarah Bernhardt amputou uma perna (e ainda representou pelos nove anos seguintes, até sua morte) e que o escritor Jorge Luis Borges era cego. Ou que o nosso próprio e grande Paulo José também tem parkinson.
A Amazon oferece cerca de 20 livros sobre Michael J. Fox, dele próprio e de outros, autorizados ou não. E apesar (ou por causa) disso, ele continua amado e admirado, mais até do que como artista --como um homem.
RIO DE JANEIRO - Michael J. Fox, o ator de "De Volta para o Futuro", que interrompeu a carreira em 2000 quando os efeitos de sua doença de Parkinson ficaram muito evidentes, volta às telas numa série de TV --"O show de Michael J. Fox", pelo VH1-- que acaba de estrear aqui. Nela, ele faz um âncora de telejornal que, mesmo sofrendo da doença, retoma o trabalho e se expõe para milhões. A história se parece com a dele.
Ao ser diagnosticado com o parkinson, em 1991, Fox tinha 30 anos. A princípio lutou contra si mesmo, tentando escondê-lo. Até que resolveu ir à vida e contar tudo. Deu entrevistas a jornais e TVs, testemunhou no Congresso e criou a Fundação Michael J. Fox, dedicada a financiar pesquisas para permitir diagnósticos mais precoces, apoiar testes de remédios em laboratório e descobrir novas formas de aliviar os sintomas.
Por causa de Fox, os americanos com parkinson têm hoje menos vergonha de sua condição. Mas uma coisa é atuar nos bastidores; outra é abolir todas as defesas. Quem já assistiu a episódios da série, afirma que o telespectador logo se acostuma ao leve tremor de suas mãos e a certos movimentos involuntários, e até ri sem culpa dos diálogos que, incrivelmente, fazem humor com o parkinson.
Nenhuma celebridade com uma doença ou deficiência grave é obrigada a se abrir em público. Mas, para muitos, pode ter sido inspirador saber que Beethoven era surdo, que a atriz Sarah Bernhardt amputou uma perna (e ainda representou pelos nove anos seguintes, até sua morte) e que o escritor Jorge Luis Borges era cego. Ou que o nosso próprio e grande Paulo José também tem parkinson.
A Amazon oferece cerca de 20 livros sobre Michael J. Fox, dele próprio e de outros, autorizados ou não. E apesar (ou por causa) disso, ele continua amado e admirado, mais até do que como artista --como um homem.
Novilíngua às avessas - FERNANDO MARTINS
GAZETA DO POVO - PR - 06/11
O britânico George Orwell cunhou, no romance 1984, a expressão Big Brother (popularizada pelo reality show televisivo) para definir o sistema de fiscalização que observa tudo 24 horas por dia. O livro traz ainda outro neologismo menos conhecido, mas que entrou no vocabulário contemporâneo: novilíngua – idioma criado pelo Estado autoritário descrito no livro, que consistia na condensação ou extinção de palavras para alterar ou eliminar significados de determinados termos. A ideia da novilíngua era, ao modificar ou suprimir vocábulos, controlar o pensamento das pessoas. Se alguém não consegue conceituar uma ideia, ela deixa de ser debatida e, consequentemente, de existir.
Movido pelo marketing político, o Estado brasileiro parece desenvolver uma variação às avessas da novilíngua. Em vez de extinguir palavras para que os significados delas se percam, cria novos termos para definir aquilo que já existe, numa tentativa de mostrar ao cidadão-eleitor que o governo tem novidades a exibir. Se na ficção de Orwell o objetivo era suprimir o pensamento, na realidade nacional a meta é criar uma ideia que seja lembrada no dia da eleição.
E, assim, novos termos para definir o que já existe se proliferam, formando uma sopa de letrinhas. O posto de saúde, carinhosamente apelidado pela população de “postinho”, virou UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) na novilíngua federal. Veio a substituir o CMUM (Centro Municipal de Urgências Médicas). A creche agora é CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil).
Uma autoescola, ao menos para os legisladores de Brasília, não existe; ela tem de ser chamada de Centro de Formação de Condutores. A emissora de televisão do governo paranaense já foi TV Educativa. Depois, virou Canal Paraná. Voltou às origens ao ser rebatizada de Paraná Educativa. E, no atual momento, chama-se E-Paraná. O PAC do governo federal (Programa de Aceleração do Crescimento) nada mais é que uma variação do Plano Plurianual (PPA) – nomenclatura prevista em lei que define o planejamento estratégico que todas as gestões têm de obrigatoriamente fazer a cada quatro anos.
Alguns dos novos termos também estão sendo importados. Tem sido cada vez mais comum, por exemplo, que agentes públicos chamem de BRT (bus rapid transit) os já consagrados termos “canaleta” ou “ônibus expresso”.
Não há nada de novo sob o sol, a não ser a sanha cada vez mais voraz dos políticos e dos tecnocratas em renomear. Quem batiza, afinal, costuma se considerar o pai da criança – e das obras.
O britânico George Orwell cunhou, no romance 1984, a expressão Big Brother (popularizada pelo reality show televisivo) para definir o sistema de fiscalização que observa tudo 24 horas por dia. O livro traz ainda outro neologismo menos conhecido, mas que entrou no vocabulário contemporâneo: novilíngua – idioma criado pelo Estado autoritário descrito no livro, que consistia na condensação ou extinção de palavras para alterar ou eliminar significados de determinados termos. A ideia da novilíngua era, ao modificar ou suprimir vocábulos, controlar o pensamento das pessoas. Se alguém não consegue conceituar uma ideia, ela deixa de ser debatida e, consequentemente, de existir.
Movido pelo marketing político, o Estado brasileiro parece desenvolver uma variação às avessas da novilíngua. Em vez de extinguir palavras para que os significados delas se percam, cria novos termos para definir aquilo que já existe, numa tentativa de mostrar ao cidadão-eleitor que o governo tem novidades a exibir. Se na ficção de Orwell o objetivo era suprimir o pensamento, na realidade nacional a meta é criar uma ideia que seja lembrada no dia da eleição.
E, assim, novos termos para definir o que já existe se proliferam, formando uma sopa de letrinhas. O posto de saúde, carinhosamente apelidado pela população de “postinho”, virou UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) na novilíngua federal. Veio a substituir o CMUM (Centro Municipal de Urgências Médicas). A creche agora é CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil).
Uma autoescola, ao menos para os legisladores de Brasília, não existe; ela tem de ser chamada de Centro de Formação de Condutores. A emissora de televisão do governo paranaense já foi TV Educativa. Depois, virou Canal Paraná. Voltou às origens ao ser rebatizada de Paraná Educativa. E, no atual momento, chama-se E-Paraná. O PAC do governo federal (Programa de Aceleração do Crescimento) nada mais é que uma variação do Plano Plurianual (PPA) – nomenclatura prevista em lei que define o planejamento estratégico que todas as gestões têm de obrigatoriamente fazer a cada quatro anos.
Alguns dos novos termos também estão sendo importados. Tem sido cada vez mais comum, por exemplo, que agentes públicos chamem de BRT (bus rapid transit) os já consagrados termos “canaleta” ou “ônibus expresso”.
Não há nada de novo sob o sol, a não ser a sanha cada vez mais voraz dos políticos e dos tecnocratas em renomear. Quem batiza, afinal, costuma se considerar o pai da criança – e das obras.
O papel das empresas no combate à corrupção - EDSON CAMPAGNOLO
GAZETA DO POVO - PR - 06/11
A melhora da competitividade da economia brasileira no cenário global passa, obrigatoriamente, pelo combate à corrupção. Estudos de organismos internacionais deixam clara a relação direta entre esses dois fatores. Quanto menos corrupto é um país, mais atrativo é seu ambiente para negócios.
Entre as economias mais competitivas do planeta sempre estão países com baixos níveis de corrupção. É o caso de Cingapura, que nas últimas décadas adotou mecanismos eficientes de combate à corrupção. Hoje, o país asiático é o quinto menos corrupto do planeta, segundo o Índice de Percepção da Corrupção, da Transparência Internacional. E é o segundo com melhor ambiente para negócios, de acordo com o Relatório Global de Competitividade, do Fórum Econômico Mundial. No caso do Brasil, ocupamos apenas a 69.ª posição no Índice de Percepção da Corrupção. Ao mesmo tempo, em 2013 o país caiu para a 56.ª posição no Relatório Global de Competitividade. Outra pesquisa, do Banco Mundial, revela que o Brasil é apenas o 116.º colocado em um ranking que mede a facilidade para que pequenas empresas façam negócios em 185 nações.
É fácil entender os danos que a corrupção causa para o desenvolvimento de um país. A corrupção eleva em até 10% os custos dos negócios globalmente, de acordo com outra pesquisa do Banco Mundial. Apesar da dificuldade de se mensurar o montante exato que essa prática movimenta no Brasil, alguns estudos mostram que ela tira dos cofres públicos e da economia algo em torno de R$ 85 bilhões a cada ano. Valor significativo para um país que sofre, por exemplo, com sérias deficiências de infraestrutura, que elevam o custo do produto nacional.
Os motivos que levam a esse cenário são muitos. A burocracia é um deles, graças ao excesso de trâmites e meandros que obriga o empreendedor a encarar um verdadeiro desafio para formalizar seu negócio. Outro é a carga tributária elevada, somada ao seu elemento causador – a sustentação de um aparato estatal gigantesco e, por vezes, ineficiente. Segundo dados recentes do Ipea, os tributos já respondem por 35,5% do PIB brasileiro. Como pano de fundo, um sistema político e partidário que coloca a troca de favores quase como norma e dá fôlego para a corrupção.
Neste assunto, porém, não se pode ser hipócrita e tratar o problema como exclusividade da esfera pública. Não existe corrupto sem que haja um corruptor. A mudança de postura, portanto, deve envolver toda a sociedade. E é fundamental que principalmente as empresas reflitam com seriedade sobre seu papel na prevenção e no combate a essa prática. Essas e outras questões serão debatidas por especialistas nacionais e internacionais e por empresários durante o Fórum Transparência e Competitividade, que o Sistema Fiep promove em Curitiba, em parceria com o Instituto das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa (Unitar), e que termina hoje. O objetivo é oferecer uma análise qualificada em relação ao impacto da corrupção sobre a competitividade da economia brasileira.
Mais que refletir sobre o tema, é hora de a iniciativa privada tomar a frente nas ações contra a corrupção no Brasil. Não apenas cobrando medidas sérias do poder público para combater essa prática, mas também adotando como regra básica a gestão ética e correta dos negócios.
A melhora da competitividade da economia brasileira no cenário global passa, obrigatoriamente, pelo combate à corrupção. Estudos de organismos internacionais deixam clara a relação direta entre esses dois fatores. Quanto menos corrupto é um país, mais atrativo é seu ambiente para negócios.
Entre as economias mais competitivas do planeta sempre estão países com baixos níveis de corrupção. É o caso de Cingapura, que nas últimas décadas adotou mecanismos eficientes de combate à corrupção. Hoje, o país asiático é o quinto menos corrupto do planeta, segundo o Índice de Percepção da Corrupção, da Transparência Internacional. E é o segundo com melhor ambiente para negócios, de acordo com o Relatório Global de Competitividade, do Fórum Econômico Mundial. No caso do Brasil, ocupamos apenas a 69.ª posição no Índice de Percepção da Corrupção. Ao mesmo tempo, em 2013 o país caiu para a 56.ª posição no Relatório Global de Competitividade. Outra pesquisa, do Banco Mundial, revela que o Brasil é apenas o 116.º colocado em um ranking que mede a facilidade para que pequenas empresas façam negócios em 185 nações.
É fácil entender os danos que a corrupção causa para o desenvolvimento de um país. A corrupção eleva em até 10% os custos dos negócios globalmente, de acordo com outra pesquisa do Banco Mundial. Apesar da dificuldade de se mensurar o montante exato que essa prática movimenta no Brasil, alguns estudos mostram que ela tira dos cofres públicos e da economia algo em torno de R$ 85 bilhões a cada ano. Valor significativo para um país que sofre, por exemplo, com sérias deficiências de infraestrutura, que elevam o custo do produto nacional.
Os motivos que levam a esse cenário são muitos. A burocracia é um deles, graças ao excesso de trâmites e meandros que obriga o empreendedor a encarar um verdadeiro desafio para formalizar seu negócio. Outro é a carga tributária elevada, somada ao seu elemento causador – a sustentação de um aparato estatal gigantesco e, por vezes, ineficiente. Segundo dados recentes do Ipea, os tributos já respondem por 35,5% do PIB brasileiro. Como pano de fundo, um sistema político e partidário que coloca a troca de favores quase como norma e dá fôlego para a corrupção.
Neste assunto, porém, não se pode ser hipócrita e tratar o problema como exclusividade da esfera pública. Não existe corrupto sem que haja um corruptor. A mudança de postura, portanto, deve envolver toda a sociedade. E é fundamental que principalmente as empresas reflitam com seriedade sobre seu papel na prevenção e no combate a essa prática. Essas e outras questões serão debatidas por especialistas nacionais e internacionais e por empresários durante o Fórum Transparência e Competitividade, que o Sistema Fiep promove em Curitiba, em parceria com o Instituto das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa (Unitar), e que termina hoje. O objetivo é oferecer uma análise qualificada em relação ao impacto da corrupção sobre a competitividade da economia brasileira.
Mais que refletir sobre o tema, é hora de a iniciativa privada tomar a frente nas ações contra a corrupção no Brasil. Não apenas cobrando medidas sérias do poder público para combater essa prática, mas também adotando como regra básica a gestão ética e correta dos negócios.
Faltam os visionários - TOSTÃO
FOLHA DE SP - 06/11
O futebol brasileiro, dentro e fora de campo, precisa de profissionais mais poéticos e menos utilitários
Hoje, o Barcelona enfrenta a retranca do Milan.
Nas duas últimas partidas, Neymar, em dois lances parecidos, colocou a bola entre as pernas de vários defensores. Fez um gol contra o Real Madrid e, contra o Espanyol, deixou Alexis Sánchez livre para marcar. Essa jogada, frequente no Santos, será mais ainda no Barcelona. Quando o time se aproxima da área, pelo meio, trocando passes, os laterais fecham para fazer a cobertura e deixam os atacantes, pelos lados, livres para receber a bola. Aí, Neymar, pela esquerda e dentro ou próximo da área, pode executar seu imenso repertório.
Dias atrás, em uma de minhas caminhadas pelo bairro Savassi, em BH, encontrei o escritor e poeta Pedro Maciel. Ele lamentava o fato de os jornalistas esportivos chamarem Neymar de garçom. Para Pedro, sem desmerecer a importante profissão de garçom, um passe tão magistral, tão insólito, merecia uma apoteose, uma homenagem poética.
Lembrei-me de uma das deliciosas crônicas de Luis Fernando Veríssimo. Ele também lamentava que muitas pessoas estavam nos lugares errados, como o primeiro homem que pisou na Lua. Para Veríssimo, deveria ser um grande poeta, para contar em versos o deslumbramento, o espanto do momento.
O futebol brasileiro, dentro e fora de campo, precisa também de profissionais mais poéticos, mais visionários e menos utilitários.
A seleção brasileira sub-17 foi novamente eliminada no Mundial. Não é isso o que mais me preocupa. É a enorme altura e força física dos jogadores, em quase todas as posições. Pior, os garotos adoram a disputa física e os lances aéreos. Jogam sem fantasia. Os grandalhões têm preferência nas categorias de base.
Será que hoje o Arsenal, time de José Trajano, um visionário, suportará o desvario do Borussia Dortmund e de sua torcida? No jogo de ida, na Inglaterra, o time alemão ganhou por 2 a 1. Bayern de Munique e Borussia, além da disciplina tática e da ótima técnica, jogam em ritmo mais alucinante que os concorrentes. A torcida do Borussia une o respeito às leis com a paixão sul-americana de torcer, cada dia menos frequente no Brasil, ainda mais nos novos estádios.
Hoje, vamos conhecer os finalistas da Copa do Brasil e se o São Paulo continuará na Copa Sul-Americana.
O São Paulo está na fase de vencer, mesmo quando joga mal. Um dos acertos de Muricy foi efetivar Maicon como titular. Ele é apenas um bom jogador, mas é um clássico armador, que atua com a cabeça em pé e que tem um bom passe. Esse tipo de jogador, que não é um típico volante nem um típico meia ofensivo, foi abandonado e criticado, durante muito tempo, no Brasil. Começa a ser redescoberto.
Pena que não vamos ver o novo Ganso, suspenso. Ele está mais vibrante, sem perder o jogo fino e bonito.
O futebol brasileiro, dentro e fora de campo, precisa de profissionais mais poéticos e menos utilitários
Hoje, o Barcelona enfrenta a retranca do Milan.
Nas duas últimas partidas, Neymar, em dois lances parecidos, colocou a bola entre as pernas de vários defensores. Fez um gol contra o Real Madrid e, contra o Espanyol, deixou Alexis Sánchez livre para marcar. Essa jogada, frequente no Santos, será mais ainda no Barcelona. Quando o time se aproxima da área, pelo meio, trocando passes, os laterais fecham para fazer a cobertura e deixam os atacantes, pelos lados, livres para receber a bola. Aí, Neymar, pela esquerda e dentro ou próximo da área, pode executar seu imenso repertório.
Dias atrás, em uma de minhas caminhadas pelo bairro Savassi, em BH, encontrei o escritor e poeta Pedro Maciel. Ele lamentava o fato de os jornalistas esportivos chamarem Neymar de garçom. Para Pedro, sem desmerecer a importante profissão de garçom, um passe tão magistral, tão insólito, merecia uma apoteose, uma homenagem poética.
Lembrei-me de uma das deliciosas crônicas de Luis Fernando Veríssimo. Ele também lamentava que muitas pessoas estavam nos lugares errados, como o primeiro homem que pisou na Lua. Para Veríssimo, deveria ser um grande poeta, para contar em versos o deslumbramento, o espanto do momento.
O futebol brasileiro, dentro e fora de campo, precisa também de profissionais mais poéticos, mais visionários e menos utilitários.
A seleção brasileira sub-17 foi novamente eliminada no Mundial. Não é isso o que mais me preocupa. É a enorme altura e força física dos jogadores, em quase todas as posições. Pior, os garotos adoram a disputa física e os lances aéreos. Jogam sem fantasia. Os grandalhões têm preferência nas categorias de base.
Será que hoje o Arsenal, time de José Trajano, um visionário, suportará o desvario do Borussia Dortmund e de sua torcida? No jogo de ida, na Inglaterra, o time alemão ganhou por 2 a 1. Bayern de Munique e Borussia, além da disciplina tática e da ótima técnica, jogam em ritmo mais alucinante que os concorrentes. A torcida do Borussia une o respeito às leis com a paixão sul-americana de torcer, cada dia menos frequente no Brasil, ainda mais nos novos estádios.
Hoje, vamos conhecer os finalistas da Copa do Brasil e se o São Paulo continuará na Copa Sul-Americana.
O São Paulo está na fase de vencer, mesmo quando joga mal. Um dos acertos de Muricy foi efetivar Maicon como titular. Ele é apenas um bom jogador, mas é um clássico armador, que atua com a cabeça em pé e que tem um bom passe. Esse tipo de jogador, que não é um típico volante nem um típico meia ofensivo, foi abandonado e criticado, durante muito tempo, no Brasil. Começa a ser redescoberto.
Pena que não vamos ver o novo Ganso, suspenso. Ele está mais vibrante, sem perder o jogo fino e bonito.
Ueba! Maluf tem a esfirra suja! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP- 06/11
E o Maluf nunca mentiu: 'Eu não tenho dinheiro no exterior'. E não tem mesmo. O dinheiro é nosso!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Festival de Piadas Prontas! "Quadrilha dos fiscais da propina atuava no edifício Ouro Para o Bem de São Paulo". Rarará! E o edifício fica no Largo da Misericórdia! E esse Pina deve ser o homem mais rico do Brasil. Tudo vai pro Pina!
E essa direto do Pará: "Acusado de homicídio, o fazendeiro e empresário Carlos Solto foi preso". Que azar! Ele podia se chamar Preso e ser solto! Ou muda de nome pra Ex-Solto!
E essa manchete do jornal "O Dia": "Ex-militar acusado de tráfico é preso ao sair do cinema". Qual o filme que ele estava assistindo? "Meu Passado me Condena". Rarará!
E essa bomba: "Paulo Maluf é condenado e vira ficha suja". O Maluf tá com a esfirra suja! E o Maluf: "É mentira! Eu lavei a ficha junto com o dinheiro". Isso! O Maluf tem ficha lavada! Rarará!
Diz que ele superfaturou o túnel Ayrton Senna. Obra do Maluf é superfaturada, mas não cai, não dá problemas. Só dá problema no bolso do contribuinte e na Polícia Federal. Rarará.
E diz que ele vai ficar inelegível. Protesto! Eleição sem o Maluf não tem graça! Um amigo meu vota até hoje no Maluf por três motivos: rouba, mas faz. Mente, mas não convence. E é culpado, mas ninguém prova.
E o frango à Maluf: primeiro você rouba o frango, depois você faz como quiser! E o Maluf nunca mentiu: "Eu não tenho dinheiro no exterior". E não tem mesmo. O dinheiro não é dele, é nosso!
E a manchete do Piauí Herald: "Vasco e Fluminense desabam antes da perimetral", garante Eduardo Paes. E diz que ele contratou malabaristas do Cirque du Soleil e flanelinhas poliglotas pra entreter os cariocas presos no trânsito! É o ENGARRAFOLIA!
E contratou a nova secretária de Urbanismo, Aracy Balabanian. No personagem da dona Armênia. Lembra da dona Armênia, que ficava gritando: "Na chón! Quero tudo na chón"? O Eduardo Paes quer o Rio na chón! Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
Os Predestinados! Mais dois para a minha série Os Predestinados! É que um amigo foi para o urologista e sabe como ele se chamava? Carlos Picanço Costa! Rarará.
E em Porto Alegre tem um proctologista chamado Rabolini. Rarará. Mais direto impossível.
Nóis sofre, mas nóis goza
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
E o Maluf nunca mentiu: 'Eu não tenho dinheiro no exterior'. E não tem mesmo. O dinheiro é nosso!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Festival de Piadas Prontas! "Quadrilha dos fiscais da propina atuava no edifício Ouro Para o Bem de São Paulo". Rarará! E o edifício fica no Largo da Misericórdia! E esse Pina deve ser o homem mais rico do Brasil. Tudo vai pro Pina!
E essa direto do Pará: "Acusado de homicídio, o fazendeiro e empresário Carlos Solto foi preso". Que azar! Ele podia se chamar Preso e ser solto! Ou muda de nome pra Ex-Solto!
E essa manchete do jornal "O Dia": "Ex-militar acusado de tráfico é preso ao sair do cinema". Qual o filme que ele estava assistindo? "Meu Passado me Condena". Rarará!
E essa bomba: "Paulo Maluf é condenado e vira ficha suja". O Maluf tá com a esfirra suja! E o Maluf: "É mentira! Eu lavei a ficha junto com o dinheiro". Isso! O Maluf tem ficha lavada! Rarará!
Diz que ele superfaturou o túnel Ayrton Senna. Obra do Maluf é superfaturada, mas não cai, não dá problemas. Só dá problema no bolso do contribuinte e na Polícia Federal. Rarará.
E diz que ele vai ficar inelegível. Protesto! Eleição sem o Maluf não tem graça! Um amigo meu vota até hoje no Maluf por três motivos: rouba, mas faz. Mente, mas não convence. E é culpado, mas ninguém prova.
E o frango à Maluf: primeiro você rouba o frango, depois você faz como quiser! E o Maluf nunca mentiu: "Eu não tenho dinheiro no exterior". E não tem mesmo. O dinheiro não é dele, é nosso!
E a manchete do Piauí Herald: "Vasco e Fluminense desabam antes da perimetral", garante Eduardo Paes. E diz que ele contratou malabaristas do Cirque du Soleil e flanelinhas poliglotas pra entreter os cariocas presos no trânsito! É o ENGARRAFOLIA!
E contratou a nova secretária de Urbanismo, Aracy Balabanian. No personagem da dona Armênia. Lembra da dona Armênia, que ficava gritando: "Na chón! Quero tudo na chón"? O Eduardo Paes quer o Rio na chón! Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
Os Predestinados! Mais dois para a minha série Os Predestinados! É que um amigo foi para o urologista e sabe como ele se chamava? Carlos Picanço Costa! Rarará.
E em Porto Alegre tem um proctologista chamado Rabolini. Rarará. Mais direto impossível.
Nóis sofre, mas nóis goza
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Sobrou para o Erasmo - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 06/11
A juíza Kátia Cristina Nascentes Torres, da 37ª Vara Cível do Rio, determinou que a Sony e a Coqueiro Verde, de Erasmo Carlos, retirem do mercado o DVD “Jobim, Vinicius & Toquinho, com Miúcha”, resultado do lendário show, em 1977, no Canecão, e gravado, no ano seguinte, nos estúdios da suíça RTSI.
Fixou indenização de R$ 60 mil e multa de R$ 500 por cópia à venda.
É que...
Em 2007, a RTSI, sem a autorização de Miúcha e dos herdeiros de Vinicius e de Tom, negociou as imagens com a empresa de Erasmo.
Felipe Sztajnbok, um dos advogados dos artistas do DVD, diz que o próximo passo é saber quantas cópias foram vendidas.
Não é só Caetano
Ontem, Chico, Djavan e Milton Nascimento endossaram a opinião de Caetano Veloso de que o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro não fala em nome do Procure Saber.
Aliás, Kakay mandou mensagem ao artistas do grupo reafirmando que tudo o que fez, na questão das biografias, “foi cuidar dos interesses d Roberto Carlos, meu cliente”.
Eike e a Rio 2016
O pessoal do Comitê Olímpico acompanha os tropeços de Eike Sempre Ele Batista.
O Comitê não conta mais com os 280 quartos do Hotel Glória para os Jogos de 2016, embora ainda admita que a reforma fique pronta até lá, e muito menos com os 300 quartos do hotel que Eike construiria na antiga sede do Flamengo.
E mais...
Outro alívio é que o empresário passou para um grupo do ramo, no último dia de setembro, a Marina da Glória, que abrigará as competições de vela. #naldonuncamais
O cantor Naldo é quase persona non grata no Paraná. Tinha show marcado para as 2h do dia 11 passado, em Curitiba, mas deveria ter chegado às 11h30m do dia 10 para dar entrevistas. Só que... chegou só na hora do show.
Em abril, ele abriria, às 15h, o Carnafacul, também na capital paranaense. Mas só apareceu, acredite, às 23h. É que, no mesmo dia, o cantor jogou a partida de abertura do Maracanã. Quando Naldo subiu no trio elétrico, a plateia vaiou.
E mais...
Na noite do dia 11 passado, Naldo tinha show em Londrina. Na hora H, foi gravar participação num clipe do sertanejo Israel Novaes, do mesmo escritório que ele. Os produtores do show, então, criaram no Twitter a campanha #naldonuncamais.
A pensão de Collor
A 4ª Turma do STJ deve julgar, dia 12 agora, o recurso em que o senador Collor contesta o pagamento de pensão à ex-mulher Rosane. A pensão fixada é de 30 salários mínimos.
O julgamento está empatado em 1 a 1. Faltam três votos.
Bangu nunca mais
A desembargadora Leila Mariano, presidente do TJ do Rio, convocou todos os juízes e desembargadores criminais para uma reunião hoje às 10h.
Quer falar sobre a implementação da videoconferência nas audiências criminais, um tema que ganhou destaque depois do tiroteio e morte no fórum de Bangu.
Só que...
Alguns desembargadores dizem que a medida é inconstitucional.
Cadê o Amarildo?
Dona Jovita Belfort, mãe de Priscila — desaparecida desde 9 de janeiro de 2004 —, e representantes das ONGs Rio de Paz e Meu Rio vão hoje à chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, para sugerir a criação de uma delegacia especializada em desaparecimentos no Rio.
O estado já registrou 3.600 casos só este ano.
Deu no ‘NY Times’
O “New York Times” publicou reportagem “No Rio ou em São Paulo, vá para a Zona Norte”.
Diz lá que, no Rio, “a Zona Norte é amplamente ignorada em favor da Zona Sul”. O repórter Seth Kugel dá dicas da região, como a Ilha de Paquetá e o Samba do Trabalhador.
Fixou indenização de R$ 60 mil e multa de R$ 500 por cópia à venda.
É que...
Em 2007, a RTSI, sem a autorização de Miúcha e dos herdeiros de Vinicius e de Tom, negociou as imagens com a empresa de Erasmo.
Felipe Sztajnbok, um dos advogados dos artistas do DVD, diz que o próximo passo é saber quantas cópias foram vendidas.
Não é só Caetano
Ontem, Chico, Djavan e Milton Nascimento endossaram a opinião de Caetano Veloso de que o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro não fala em nome do Procure Saber.
Aliás, Kakay mandou mensagem ao artistas do grupo reafirmando que tudo o que fez, na questão das biografias, “foi cuidar dos interesses d Roberto Carlos, meu cliente”.
Eike e a Rio 2016
O pessoal do Comitê Olímpico acompanha os tropeços de Eike Sempre Ele Batista.
O Comitê não conta mais com os 280 quartos do Hotel Glória para os Jogos de 2016, embora ainda admita que a reforma fique pronta até lá, e muito menos com os 300 quartos do hotel que Eike construiria na antiga sede do Flamengo.
E mais...
Outro alívio é que o empresário passou para um grupo do ramo, no último dia de setembro, a Marina da Glória, que abrigará as competições de vela. #naldonuncamais
O cantor Naldo é quase persona non grata no Paraná. Tinha show marcado para as 2h do dia 11 passado, em Curitiba, mas deveria ter chegado às 11h30m do dia 10 para dar entrevistas. Só que... chegou só na hora do show.
Em abril, ele abriria, às 15h, o Carnafacul, também na capital paranaense. Mas só apareceu, acredite, às 23h. É que, no mesmo dia, o cantor jogou a partida de abertura do Maracanã. Quando Naldo subiu no trio elétrico, a plateia vaiou.
E mais...
Na noite do dia 11 passado, Naldo tinha show em Londrina. Na hora H, foi gravar participação num clipe do sertanejo Israel Novaes, do mesmo escritório que ele. Os produtores do show, então, criaram no Twitter a campanha #naldonuncamais.
A pensão de Collor
A 4ª Turma do STJ deve julgar, dia 12 agora, o recurso em que o senador Collor contesta o pagamento de pensão à ex-mulher Rosane. A pensão fixada é de 30 salários mínimos.
O julgamento está empatado em 1 a 1. Faltam três votos.
Bangu nunca mais
A desembargadora Leila Mariano, presidente do TJ do Rio, convocou todos os juízes e desembargadores criminais para uma reunião hoje às 10h.
Quer falar sobre a implementação da videoconferência nas audiências criminais, um tema que ganhou destaque depois do tiroteio e morte no fórum de Bangu.
Só que...
Alguns desembargadores dizem que a medida é inconstitucional.
Cadê o Amarildo?
Dona Jovita Belfort, mãe de Priscila — desaparecida desde 9 de janeiro de 2004 —, e representantes das ONGs Rio de Paz e Meu Rio vão hoje à chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, para sugerir a criação de uma delegacia especializada em desaparecimentos no Rio.
O estado já registrou 3.600 casos só este ano.
Deu no ‘NY Times’
O “New York Times” publicou reportagem “No Rio ou em São Paulo, vá para a Zona Norte”.
Diz lá que, no Rio, “a Zona Norte é amplamente ignorada em favor da Zona Sul”. O repórter Seth Kugel dá dicas da região, como a Ilha de Paquetá e o Samba do Trabalhador.
CARTEIRA ASSINADA - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 06/11
O caso Aref, em que um ex-diretor da Prefeitura de SP, Hussain Aref Saab, foi acusado no ano passado de receber propina para liberar obras na cidade, terá mais um capítulo. A filha dele, Ana Saab, presta depoimento ao Ministério Público nos próximos dias. Vai tentar explicar como adquiriu mais de uma dezena de imóveis pagando os proprietários em dinheiro vivo.
MARCHA
O advogado Augusto de Arruda Botelho, que defende a família, afirma que ela provará que as operações foram "regulares". O dinheiro viria de herança e também da movimentação de estacionamentos administrados pelos Aref --um deles, em frente ao estádio do Morumbi.
MARCHA 2
O caso Aref, revelado pela Folha, mostrou que o ex-diretor adquiriu 106 imóveis nos sete anos em que permaneceu à frente do Aprov, setor de aprovação de obras da administração municipal.
CANARINHO
Apesar das rusgas entre os artistas, há quem acredite ser possível salvar a Associação Procure Saber, que reúne, entre outros, Roberto Carlos, Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso. A proposta é que ela passe a funcionar como "a seleção brasileira", nas palavras de um integrante: só reuniria suas "estrelas" para "grandes jogos e campeonatos". Como, por exemplo, a discussão sobre biografias.
EM MÃOS
Uma dessas próximas "partidas" seria a pressão, sobre o governo, para a instalação do órgão que fiscalizará o Ecad, escritório que arrecada direitos autorais. A Procure Saber defende que 51% dele seja composto por artistas ou seus representantes, para evitar a "estatização" da atividade.
AUTOCONHECIMENTO
O Fora do Eixo quer reunir 2.000 pessoas de todo o país em seu congresso anual, em Brasília, no mês que vem. Para Pablo Capilé, a série de críticas e elogios recebida pelo grupo em agosto beneficia o encontro. "Os debates vão ajudar bastante nas nossas reflexões", diz o líder do movimento. "É bom lembrar que nada [das denúncias] foi provado. Muito rumor e pouca comprovação."
VIZINHO
O cantor Luan Santana comprou, há duas semanas, uma casa para morar com os pais e a irmã em Alphaville. Ele, que vive com a família em Londrina, se muda em dezembro para São Paulo para otimizar a agenda e os compromissos profissionais.
TIRANDO DE LETRA
Depois de sofrer um infarto em agosto e ser internado novamente em setembro, Ariano Suassuna, 86, voltou ao batente.
Cancelou todos os compromissos até o fim do ano, por recomendação médica, mas segue trabalhando diariamente em um novo livro, ainda sem nome.
MONSTRO ANDANTE
Enrique Diaz fará temporada em São Paulo do monólogo "Cine_Monstro", a partir de 23 de novembro, no Sesc Pompeia. Na peça, já encenada no Rio, em Brasília e em Paris, o ator faz 13 personagens. Autor do texto original, o canadense Daniel MacIvor virá à capital paulista para ver a montagem pela primeira vez. "Cine_Monstro" é o terceiro espetáculo dele encenado por Diaz.
ARENA
"Matando saudades do Roda'", o jornalista Paulo Markun, ex-apresentador do "Roda Viva", da TV Cultura, faz a mediação de debate hoje entre os arquitetos Ciro Pirondi e Paulo Mendes da Rocha. O evento, no Sesc Vila Mariana, marca o lançamento da série "Habitar", dirigida por Markun e pelo cineasta Sergio Roizenblit para o canal SescTV.
UM DESFILE PARA GABRIELA
Laerte usou sua peça mais ousada para ir ao cortejo em homenagem a Gabriela Leite, fundadora da Daspu e morta no mês passado. "A ideia era ficar o mais puta possível. Usei o primeiro vestido que comprei na vida." Para o cartunista, a fundadora da grife, idealizada por prostitutas do Rio de Janeiro, era "o nosso Milk", referindo-se ao americano Harvey Milk, militante LGBT assassinado em 1978. O evento fez parte das intervenções do projeto Luz e Sombra, do Sesc Bom Retiro, e contou com as atrizes Fabiana Faleiros e Juliana Fagundes e a pesquisadora Elaine Bortolanza.
TEMPERO LOCAL
O chef Alex Atala lançou o livro "D.O.M. - Redescobrindo Ingredientes Brasileiros", anteontem, no Itaim Bibi. A estilista Márcia Lagos, mulher dele, e os também chefs Bel Coelho e Emmanuel Bassoleil foram ao evento, no estúdio do fotógrafo Sergio Coimbra, que registrou os pratos da publicação.
RITMO DE FESTA
O decorador José Antonio de Castro Bernardes recebeu convidados no lançamento do livro "25 Anos de Festa", anteontem, na Sociedade Harmonia de Tênis, no Jardim América. A estilista Gloria Coelho, a jornalista Perla Nahum e Gabriela Izar estiveram no evento.
CURTO-CIRCUITO
João Benedicto de Azevedo Marques lança hoje o livro "Violência e Corrupção no Brasil", às 18h30, na Livraria da Vila da alameda Lorena.
Carin Mofarrej organiza venda especial da grife de joias Momussk com renda para a instituição Mão Amiga. Hoje e amanhã, das 11h às 18h30, nos Jardins.
MARCHA
O advogado Augusto de Arruda Botelho, que defende a família, afirma que ela provará que as operações foram "regulares". O dinheiro viria de herança e também da movimentação de estacionamentos administrados pelos Aref --um deles, em frente ao estádio do Morumbi.
MARCHA 2
O caso Aref, revelado pela Folha, mostrou que o ex-diretor adquiriu 106 imóveis nos sete anos em que permaneceu à frente do Aprov, setor de aprovação de obras da administração municipal.
CANARINHO
Apesar das rusgas entre os artistas, há quem acredite ser possível salvar a Associação Procure Saber, que reúne, entre outros, Roberto Carlos, Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso. A proposta é que ela passe a funcionar como "a seleção brasileira", nas palavras de um integrante: só reuniria suas "estrelas" para "grandes jogos e campeonatos". Como, por exemplo, a discussão sobre biografias.
EM MÃOS
Uma dessas próximas "partidas" seria a pressão, sobre o governo, para a instalação do órgão que fiscalizará o Ecad, escritório que arrecada direitos autorais. A Procure Saber defende que 51% dele seja composto por artistas ou seus representantes, para evitar a "estatização" da atividade.
AUTOCONHECIMENTO
O Fora do Eixo quer reunir 2.000 pessoas de todo o país em seu congresso anual, em Brasília, no mês que vem. Para Pablo Capilé, a série de críticas e elogios recebida pelo grupo em agosto beneficia o encontro. "Os debates vão ajudar bastante nas nossas reflexões", diz o líder do movimento. "É bom lembrar que nada [das denúncias] foi provado. Muito rumor e pouca comprovação."
VIZINHO
O cantor Luan Santana comprou, há duas semanas, uma casa para morar com os pais e a irmã em Alphaville. Ele, que vive com a família em Londrina, se muda em dezembro para São Paulo para otimizar a agenda e os compromissos profissionais.
TIRANDO DE LETRA
Depois de sofrer um infarto em agosto e ser internado novamente em setembro, Ariano Suassuna, 86, voltou ao batente.
Cancelou todos os compromissos até o fim do ano, por recomendação médica, mas segue trabalhando diariamente em um novo livro, ainda sem nome.
MONSTRO ANDANTE
Enrique Diaz fará temporada em São Paulo do monólogo "Cine_Monstro", a partir de 23 de novembro, no Sesc Pompeia. Na peça, já encenada no Rio, em Brasília e em Paris, o ator faz 13 personagens. Autor do texto original, o canadense Daniel MacIvor virá à capital paulista para ver a montagem pela primeira vez. "Cine_Monstro" é o terceiro espetáculo dele encenado por Diaz.
ARENA
"Matando saudades do Roda'", o jornalista Paulo Markun, ex-apresentador do "Roda Viva", da TV Cultura, faz a mediação de debate hoje entre os arquitetos Ciro Pirondi e Paulo Mendes da Rocha. O evento, no Sesc Vila Mariana, marca o lançamento da série "Habitar", dirigida por Markun e pelo cineasta Sergio Roizenblit para o canal SescTV.
UM DESFILE PARA GABRIELA
Laerte usou sua peça mais ousada para ir ao cortejo em homenagem a Gabriela Leite, fundadora da Daspu e morta no mês passado. "A ideia era ficar o mais puta possível. Usei o primeiro vestido que comprei na vida." Para o cartunista, a fundadora da grife, idealizada por prostitutas do Rio de Janeiro, era "o nosso Milk", referindo-se ao americano Harvey Milk, militante LGBT assassinado em 1978. O evento fez parte das intervenções do projeto Luz e Sombra, do Sesc Bom Retiro, e contou com as atrizes Fabiana Faleiros e Juliana Fagundes e a pesquisadora Elaine Bortolanza.
TEMPERO LOCAL
O chef Alex Atala lançou o livro "D.O.M. - Redescobrindo Ingredientes Brasileiros", anteontem, no Itaim Bibi. A estilista Márcia Lagos, mulher dele, e os também chefs Bel Coelho e Emmanuel Bassoleil foram ao evento, no estúdio do fotógrafo Sergio Coimbra, que registrou os pratos da publicação.
RITMO DE FESTA
O decorador José Antonio de Castro Bernardes recebeu convidados no lançamento do livro "25 Anos de Festa", anteontem, na Sociedade Harmonia de Tênis, no Jardim América. A estilista Gloria Coelho, a jornalista Perla Nahum e Gabriela Izar estiveram no evento.
CURTO-CIRCUITO
João Benedicto de Azevedo Marques lança hoje o livro "Violência e Corrupção no Brasil", às 18h30, na Livraria da Vila da alameda Lorena.
Carin Mofarrej organiza venda especial da grife de joias Momussk com renda para a instituição Mão Amiga. Hoje e amanhã, das 11h às 18h30, nos Jardins.
Sempre cabe mais um - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 06/11
Os partidos fizeram um acordão na Câmara. Os que perderam deputados para o PROS e o Solidariedade vão manter o atual número de assessores. Para tanto, vão apoiar a criação de mais cargos para atender as novas siglas. Os que deveriam perder mais postos são PDT, PMDB, PSD, PSDB e PR. O critério, de ganha-ganha, já fora adotado quando o DEM perdeu cerca de 50% da bancada para o PSD.
A omissão de Lula
A proposta da presidente Dilma, adotada pelo PT, de realizar um plebiscito para fazer uma reforma política; ficou ainda mais enfraquecida na Câmara, depois da recente passagem do ex-presidente Lula pelo Congresso. Os dirigentes dos demais partidos, sobretudo do principal aliado dos petistas, o PMDB, chamam a atenção para a atitude de Lula em discursos e declarações. Ele pregou a necessidade da reforma política, mas em nenhum momento lembrou-se de associá-la à realização de um plebiscito. Os líderes aliados riscaram a proposta da mesa de negociação. Eles avaliam também que, por falta de consenso, nenhuma reforma política será aprovada.
"Dane-se o Senado! O Senado não quer? Dane-se o Senado! Os senadores não querem? Danem-se os senadores!"
Mário Couto
Senador (PSDB-PA), ao ser derrotada a proposta de criação de uma CPI da CBF
Resumo da ópera
Candidato a presidente do PT pela Mensagem, o deputado Paulo Teixeira (SP) lamenta que "não haverá segundo turno"! Diz que pesou a ausência de candidato do Movimento PT. Mesmo perdendo,
Teixeira está convencido de que a Mensagem continuará a ser a segunda força do partido e que manterá a secretaria geral da Executiva.
Definição em até 30 dias
O presidente do PSD, Gilberto Kassab, retomou as consultas para apoiar a reeleição da presidente Dilma. Elas foram suspensas nos protestos de junho. Os dirigentes do partido afirmam sobre o anúncio da decisão: "quanto mais rápido, melhor"
A derrota de Marina
O PSB de São Paulo decidiu ignorar o desejo da nova filiada Marina Silva (Rede) de ter um candidato próprio ao governo paulista. Fechados com os tucanos, os socialistas já participam dos movimentos para enfraquecer os adversários da reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB). O partido precisa mostrar serviço para fazer o deputado Márcio França vice da chapa.
Despejados
Com a saída do deputado Paulo Pereira da Silva do PDT, para presidir seu próprio partido, o Solidariedade, os pedetistas ficaram sem sede em São Paulo. A casa onde o partido funcionava, e os equipamentos, pertencem à Força Sindical.
Novo bloco
O PP e o PROS criam hoje um bloco na Câmara. O líder do PP, Eduardo da Fonte, o comandará. Ele terá 57 deputados e será a terceira bancada. Sua carta de intenções prevê o combate às drogas, a defesa do consumidor e a redução dos impostos.
Mudança de guarda
À ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins é a mais nova integrante do Conselho do BNDES. Ela será substituída no comando do PT do Ceará, nas eleições internas de domingo, por Francisco Diniz, aliado do líder na Câmara, José Guimarães.
A presidente do TSE, Cármen Lúcia, recebeu carta da deputada Aspásia Camargo sugerindo que o tribunal ensine as pessoas físicas a fazer doação eleitoral.
A omissão de Lula
A proposta da presidente Dilma, adotada pelo PT, de realizar um plebiscito para fazer uma reforma política; ficou ainda mais enfraquecida na Câmara, depois da recente passagem do ex-presidente Lula pelo Congresso. Os dirigentes dos demais partidos, sobretudo do principal aliado dos petistas, o PMDB, chamam a atenção para a atitude de Lula em discursos e declarações. Ele pregou a necessidade da reforma política, mas em nenhum momento lembrou-se de associá-la à realização de um plebiscito. Os líderes aliados riscaram a proposta da mesa de negociação. Eles avaliam também que, por falta de consenso, nenhuma reforma política será aprovada.
"Dane-se o Senado! O Senado não quer? Dane-se o Senado! Os senadores não querem? Danem-se os senadores!"
Mário Couto
Senador (PSDB-PA), ao ser derrotada a proposta de criação de uma CPI da CBF
Resumo da ópera
Candidato a presidente do PT pela Mensagem, o deputado Paulo Teixeira (SP) lamenta que "não haverá segundo turno"! Diz que pesou a ausência de candidato do Movimento PT. Mesmo perdendo,
Teixeira está convencido de que a Mensagem continuará a ser a segunda força do partido e que manterá a secretaria geral da Executiva.
Definição em até 30 dias
O presidente do PSD, Gilberto Kassab, retomou as consultas para apoiar a reeleição da presidente Dilma. Elas foram suspensas nos protestos de junho. Os dirigentes do partido afirmam sobre o anúncio da decisão: "quanto mais rápido, melhor"
A derrota de Marina
O PSB de São Paulo decidiu ignorar o desejo da nova filiada Marina Silva (Rede) de ter um candidato próprio ao governo paulista. Fechados com os tucanos, os socialistas já participam dos movimentos para enfraquecer os adversários da reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB). O partido precisa mostrar serviço para fazer o deputado Márcio França vice da chapa.
Despejados
Com a saída do deputado Paulo Pereira da Silva do PDT, para presidir seu próprio partido, o Solidariedade, os pedetistas ficaram sem sede em São Paulo. A casa onde o partido funcionava, e os equipamentos, pertencem à Força Sindical.
Novo bloco
O PP e o PROS criam hoje um bloco na Câmara. O líder do PP, Eduardo da Fonte, o comandará. Ele terá 57 deputados e será a terceira bancada. Sua carta de intenções prevê o combate às drogas, a defesa do consumidor e a redução dos impostos.
Mudança de guarda
À ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins é a mais nova integrante do Conselho do BNDES. Ela será substituída no comando do PT do Ceará, nas eleições internas de domingo, por Francisco Diniz, aliado do líder na Câmara, José Guimarães.
A presidente do TSE, Cármen Lúcia, recebeu carta da deputada Aspásia Camargo sugerindo que o tribunal ensine as pessoas físicas a fazer doação eleitoral.
O braço político - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 06/11
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, já foi avisado de que a investigação sobre desvio de recursos por auditores fiscais da prefeitura vai atingir representantes de vários partidos na Câmara Municipal. Vereadores que acompanharam a CPI do IPTU, presidida por Aurélio Miguel (PR) em 2009, lembram que Arnaldo Augusto Pereira, ex-subchefe da arrecadação que está na mira da Controladoria-Geral, atuou para que auditores subordinados a Ronilson Rodrigues não fossem convocados.
Mais um A auditora Paula Nagamati, que foi chefe de gabinete do ex-secretário Mauro Ricardo (Finanças) na gestão Kassab, também está no rol de investigados.
Manual Grampo da Operação Necator flagra dois acusados de integrar o esquema falando sobre Mário Spinelli. Um deles recomenda ao outro "cuidado" com o controlador-geral, tido como "sério". "Já até comprei o livro dele."
Munição Além da tese da Promotoria de que o reajuste de IPTU não poderia ter entrado na pauta da sessão em que foi aprovado, vereadores dizem que requerimentos foram analisados fora da ordem, o que também pode levar à anulação da sessão.
Assim... O grupo que acompanha as investigações do governo paulista sobre a ação de cartel no Metrô e na CPTM divulgará documento questionando a maneira como empresas do Estado formam preços para licitações.
... não O texto dirá que a regra usada pela CPTM até 2008 favorecia a prática de cartel, pois usava como base o valor pago na última compra. O grupo achou as explicações do Metrô insuficientes e pediu esclarecimentos.
Ufa O Palácio dos Bandeirantes avalia que, com Paulo Maluf inelegível, será mais fácil firmar canal direto com o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), com quem Geraldo Alckmin se reuniu duas vezes no último mês.
Ábaco Aécio Neves expôs a senadores tucanos em almoço ontem que sua candidatura ao Planalto pode ser vitoriosa no segundo turno, se vencer no Sul e abrir 3 milhões de votos sobre Dilma em Minas e 2 milhões em São Paulo. O mineiro levou tabelas para demonstrar a conta.
Energético Estrategistas de Eduardo Campos (PSB) calculam que a popularidade de Marina Silva vai obrigá-lo a ceder à Rede nos Estados. Pesquisa que chegou ao grupo mostra que ele salta de 10% das intenções de voto quando é citado sozinho para 25% quando a ex-senadora aparece como vice.
Test drive A Rede resiste em apoiar o nome do PSB na nova eleição para prefeito de Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo, em dezembro. O grupo acha ruim embarcar no projeto socialista antes de formalizar o programa conjunto. A decisão será tomada segunda-feira.
Data venia Ministros do STF têm dúvida sobre a ideia de aplicar no mensalão a súmula 354, que poderia levar à prisão de condenados antes do julgamento de todos os embargos. Para eles, "fatiar" a expedição de mandados de prisão fere a exigência de trânsito em julgado.
Pra já Já a chance de êxito dos réus na análise da segunda leva de embargos de declaração é baixa. Ministros creem na rejeição dos recursos e na aplicação do "efeito Donadon", com a prisão imediata daqueles que não têm direito aos infringentes.
A calhar O governo topou protelar a votação do Marco Civil da Internet, que trava a pauta da Câmara, por risco de derrota e para evitar a aprovação de projetos que ampliam despesas da União com pagamento de salários.
com BRUNO BOGHOSSIAN e PAULO GAMA
tiroteio
"Ao invés de fazer propaganda da atuação da Controladoria, Fernando Haddad deveria esclarecer a atuação de seu secretariado."
DO VEREADOR FLORIANO PESARO, líder do PSDB na Câmara, sobre menção a Antonio Donato (PT) na apuração de irregularidades na cobrança de ISS.
contraponto
Aquecimento
Bem-humorado ao recepcionar mais um grupo de médicos cubanos, o ministro Alexandre Padilha (Saúde) não perdeu a chance de implicar com o secretário da pasta Mozart Sales, cotado para assumir seu lugar quando deixar o Executivo para disputar o governo de São Paulo.
Ao ver o auxiliar cumprimentando os repórteres que cobrem rotineiramente o setor, brincou:
-- Depois não sabe por que já é chamado de ministro...
Diante das luzes das câmeras de televisão, Padilha convocou o possível substituto:
-- Vem aqui para ir se acostumando!
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, já foi avisado de que a investigação sobre desvio de recursos por auditores fiscais da prefeitura vai atingir representantes de vários partidos na Câmara Municipal. Vereadores que acompanharam a CPI do IPTU, presidida por Aurélio Miguel (PR) em 2009, lembram que Arnaldo Augusto Pereira, ex-subchefe da arrecadação que está na mira da Controladoria-Geral, atuou para que auditores subordinados a Ronilson Rodrigues não fossem convocados.
Mais um A auditora Paula Nagamati, que foi chefe de gabinete do ex-secretário Mauro Ricardo (Finanças) na gestão Kassab, também está no rol de investigados.
Manual Grampo da Operação Necator flagra dois acusados de integrar o esquema falando sobre Mário Spinelli. Um deles recomenda ao outro "cuidado" com o controlador-geral, tido como "sério". "Já até comprei o livro dele."
Munição Além da tese da Promotoria de que o reajuste de IPTU não poderia ter entrado na pauta da sessão em que foi aprovado, vereadores dizem que requerimentos foram analisados fora da ordem, o que também pode levar à anulação da sessão.
Assim... O grupo que acompanha as investigações do governo paulista sobre a ação de cartel no Metrô e na CPTM divulgará documento questionando a maneira como empresas do Estado formam preços para licitações.
... não O texto dirá que a regra usada pela CPTM até 2008 favorecia a prática de cartel, pois usava como base o valor pago na última compra. O grupo achou as explicações do Metrô insuficientes e pediu esclarecimentos.
Ufa O Palácio dos Bandeirantes avalia que, com Paulo Maluf inelegível, será mais fácil firmar canal direto com o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), com quem Geraldo Alckmin se reuniu duas vezes no último mês.
Ábaco Aécio Neves expôs a senadores tucanos em almoço ontem que sua candidatura ao Planalto pode ser vitoriosa no segundo turno, se vencer no Sul e abrir 3 milhões de votos sobre Dilma em Minas e 2 milhões em São Paulo. O mineiro levou tabelas para demonstrar a conta.
Energético Estrategistas de Eduardo Campos (PSB) calculam que a popularidade de Marina Silva vai obrigá-lo a ceder à Rede nos Estados. Pesquisa que chegou ao grupo mostra que ele salta de 10% das intenções de voto quando é citado sozinho para 25% quando a ex-senadora aparece como vice.
Test drive A Rede resiste em apoiar o nome do PSB na nova eleição para prefeito de Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo, em dezembro. O grupo acha ruim embarcar no projeto socialista antes de formalizar o programa conjunto. A decisão será tomada segunda-feira.
Data venia Ministros do STF têm dúvida sobre a ideia de aplicar no mensalão a súmula 354, que poderia levar à prisão de condenados antes do julgamento de todos os embargos. Para eles, "fatiar" a expedição de mandados de prisão fere a exigência de trânsito em julgado.
Pra já Já a chance de êxito dos réus na análise da segunda leva de embargos de declaração é baixa. Ministros creem na rejeição dos recursos e na aplicação do "efeito Donadon", com a prisão imediata daqueles que não têm direito aos infringentes.
A calhar O governo topou protelar a votação do Marco Civil da Internet, que trava a pauta da Câmara, por risco de derrota e para evitar a aprovação de projetos que ampliam despesas da União com pagamento de salários.
com BRUNO BOGHOSSIAN e PAULO GAMA
tiroteio
"Ao invés de fazer propaganda da atuação da Controladoria, Fernando Haddad deveria esclarecer a atuação de seu secretariado."
DO VEREADOR FLORIANO PESARO, líder do PSDB na Câmara, sobre menção a Antonio Donato (PT) na apuração de irregularidades na cobrança de ISS.
contraponto
Aquecimento
Bem-humorado ao recepcionar mais um grupo de médicos cubanos, o ministro Alexandre Padilha (Saúde) não perdeu a chance de implicar com o secretário da pasta Mozart Sales, cotado para assumir seu lugar quando deixar o Executivo para disputar o governo de São Paulo.
Ao ver o auxiliar cumprimentando os repórteres que cobrem rotineiramente o setor, brincou:
-- Depois não sabe por que já é chamado de ministro...
Diante das luzes das câmeras de televisão, Padilha convocou o possível substituto:
-- Vem aqui para ir se acostumando!
O PT e a reforma - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 06/11
Passada a reunião de sábado no Alvorada, na qual os ministros foram cobrados para dar agilidade a um elenco de obras estratégicas, começaram os apelos para que a presidente Dilma Rousseff adie a reforma ministerial para março de 2014. E o principal defensor dessa ideia é o PT. O partido não se esquece do lusco-fusco que pairou sobre o atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, quando ele deixou o Ministério da Educação. Ficou tão apagadinho que custou a emplacar e quase perde a vaga de segundo turno para Celso Russomano, do PRB.
Ao permanecer no governo, sempre é possível fazer uma inauguração ali, uma visita acolá, fotografar um PAC mais adiante, enfim, aparecer e mostrar serviço. Fora do governo, avaliam integrantes do partido, restam as reuniões partidárias, muitas vezes meio chatas e desconhecidas pela mídia.
Jogos de espiões Um agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) vive uma guerra contra seus superiores. Tudo por causa de um software que permite filtrar informações na internet — inclusive e-mails —, registrado pelo servidor. O caso corre em segredo de Justiça.
Eu sou... Os tucanos trabalham uma forma de deixar o ex-governador José Serra feliz e engajado na campanha presidencial do partido: rivalizar com Lula. Por isso, não estranhem se, daqui por diante, Serra começar a chamar o ex-presidente para o ringue, enquanto Aécio Neves fica de bom moço.
...você amanhã Serra fará, guardadas as devidas proporções, o mesmo papel que Lula exerceu na campanha passada em relação ao PSDB. O presidente polemizava com Serra, enquanto Dilma ficava no papel da gestora que não entrava no embate político.
Pressão na EBC Amanhã, arrisca o ouvinte ser dispensado do “Em Brasília, 19 horas...”. Os servidores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que produz a Voz do Brasil, preparam uma mobilização por melhores salários e plano de carreira. A paralisação deve atingir as praças de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Maranhão.
Chora, Xororó I/ A dupla Chitãozinho e Xororó (foto) vai ter de pagar uma fortuna em horas extras, férias, décimo terceiro salário e FGTS a um guitarrista que passou 10 anos recebendo apenas cachê. O músico provou, na Justiça do Trabalho, que tinha vínculo trabalhista com os sertanejos. Ele, inclusive, ficava à disposição da dupla para shows e precisava, ainda, cumprir horário.
Chora Xororó II/ A dupla perdeu em todas as instâncias. Falta apenas o TRT de Campinas calcular o valor devido ao guitarrista. Ao que parece, não tem mais choro nem vela.
Até eles!/ A coluna flagrou, pela segunda vez, o deputado William Dib (PSDB-SP), médico, dedicado ao joguinho dos doces do celular. “Aqui, estou na fase 70. No iPad, passei da 300. É viciante! Além de ser uma ocupação para essas horas de espera aqui”, diz, mergulhado no jogo, enquanto espera a hora de votar no plenário da Casa.
Fato raro/ Nem o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, segurou a ironia quando viu o PMDB apoiar o PT numa emenda para ampliar o alcance da PEC do Voto Aberto, hoje dirigida apenas à cassação de mandatos. “PT e PMDB juntos? Temos que fazer um brinde!” Faz sentido.
Ao permanecer no governo, sempre é possível fazer uma inauguração ali, uma visita acolá, fotografar um PAC mais adiante, enfim, aparecer e mostrar serviço. Fora do governo, avaliam integrantes do partido, restam as reuniões partidárias, muitas vezes meio chatas e desconhecidas pela mídia.
Jogos de espiões Um agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) vive uma guerra contra seus superiores. Tudo por causa de um software que permite filtrar informações na internet — inclusive e-mails —, registrado pelo servidor. O caso corre em segredo de Justiça.
Eu sou... Os tucanos trabalham uma forma de deixar o ex-governador José Serra feliz e engajado na campanha presidencial do partido: rivalizar com Lula. Por isso, não estranhem se, daqui por diante, Serra começar a chamar o ex-presidente para o ringue, enquanto Aécio Neves fica de bom moço.
...você amanhã Serra fará, guardadas as devidas proporções, o mesmo papel que Lula exerceu na campanha passada em relação ao PSDB. O presidente polemizava com Serra, enquanto Dilma ficava no papel da gestora que não entrava no embate político.
Pressão na EBC Amanhã, arrisca o ouvinte ser dispensado do “Em Brasília, 19 horas...”. Os servidores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que produz a Voz do Brasil, preparam uma mobilização por melhores salários e plano de carreira. A paralisação deve atingir as praças de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Maranhão.
Chora, Xororó I/ A dupla Chitãozinho e Xororó (foto) vai ter de pagar uma fortuna em horas extras, férias, décimo terceiro salário e FGTS a um guitarrista que passou 10 anos recebendo apenas cachê. O músico provou, na Justiça do Trabalho, que tinha vínculo trabalhista com os sertanejos. Ele, inclusive, ficava à disposição da dupla para shows e precisava, ainda, cumprir horário.
Chora Xororó II/ A dupla perdeu em todas as instâncias. Falta apenas o TRT de Campinas calcular o valor devido ao guitarrista. Ao que parece, não tem mais choro nem vela.
Até eles!/ A coluna flagrou, pela segunda vez, o deputado William Dib (PSDB-SP), médico, dedicado ao joguinho dos doces do celular. “Aqui, estou na fase 70. No iPad, passei da 300. É viciante! Além de ser uma ocupação para essas horas de espera aqui”, diz, mergulhado no jogo, enquanto espera a hora de votar no plenário da Casa.
Fato raro/ Nem o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, segurou a ironia quando viu o PMDB apoiar o PT numa emenda para ampliar o alcance da PEC do Voto Aberto, hoje dirigida apenas à cassação de mandatos. “PT e PMDB juntos? Temos que fazer um brinde!” Faz sentido.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 06/11
Grupo constrói na Bahia complexo com shopping e área para 2.800 residências
A Iron House, que faz parte do grupo pernambucano Cornélio Brennand, vai construir um complexo imobiliário com shopping center em Camaçari (BA), na região metropolitana de Salvador.
Apenas no shopping e na infraestrutura do bairro, cujos investimentos diretos são da companhia, o aporte será de R$ 120 milhões.
A área de 528 mil metros quadrados terá espaço para cerca de 2.800 casas, além de hotel e prédios comerciais, obras que serão feitas por outros empreendedores.
"No conjunto todo [incluindo projetos de terceiros no complexo], os investimentos deverão chegar a R$ 800 milhões", diz Ruy Rêgo, presidente da Iron House.
"O grupo é dono dessa área há mais de 40 anos. Ela já havia sido reservada para um empreendimento imobiliário desse porte", afirma.
Além do imóvel próprio, a economia da região também foi decisiva para o projeto, segundo o executivo.
Distante cerca de 40 quilômetros de Salvador, Camaçari abriga o principal polo industrial da Bahia e um dos maiores do Nordeste.
"No caso do shopping, por exemplo, a cidade já tem um potencial de consumo muito grande, mas não tem até hoje uma infraestrutura adequada", afirma Rêgo.
O centro de compras, que terá 115 lojas, deverá ser entregue em 2015.
Para a ocupação das áreas residenciais, a empresa aposta sobretudo no interesse de moradores que hoje trabalham em Camaçari, mas que vivem na capital baiana.
O grupo Cornélio Brennand também atua em áreas como geração de energia e fabricação de vidros.
PISTA LUXUOSA
A direção do grupo Oetker, que detém e gerencia hotéis-butique de luxo, veio a São Paulo para anunciar a abertura no dia 11 de dezembro de sua nova propriedade, o L'Apogée, na estação de esqui francesa Courchevel.
O grupo também está de olho em hotéis no Brasil. "Precisamos encontrar uma joia. Pode ser um hotel pronto ou um novo projeto a ser erguido", afirma Alain Briere, do Oetker.
"Como cidades, São Paulo, Rio ou algum lugar mágico no país seriam atraentes", acrescenta Briere.
O percentual de brasileiros nas unidades do grupo alcança entre 6% e 8% do total de hóspedes.
A maioria deles frequenta o Hotel Le Bristol, de Paris, segundo Briere, vice-presidente da "coleção" Oetker, como ele define a rede.
"Cadeia [hoteleira] seria algo standard. Pode não soar modesto, mas o que temos é uma coleção de obras-primas", diz.
Além do Le Bristol, fazem parte do grupo os hotéis du-Cap-Eden-Roc e Château Saint-Martin & Spa (Riviera Francesa); Brenners Park & Spa (Alemanha); Palais Namaskar (Marrocos) e Fregate Island Private (Seychelles).
Com diária a partir de € 1.000, L'Apogée, um "pé na neve", ficará aberto apenas 120 dias por ano, de dezembro à Páscoa.
Aves... A agência WMcCann assume a conta publicitária da Seara, do grupo JBS.
...e suínos O contrato será um dos maiores do mercado em 2014, diz a agência.
Inovação O cientista-chefe do Ministério da Economia de Israel, Avi Hasson, participa de reunião hoje na Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) para tratar de acordos de cooperação em pesquisa e desenvolvimento.
Norte e Nordeste A Icatu Seguros, seguradora em vida e previdência, abrirá nesta semana suas primeiras filiais em João Pessoa e Manaus. Com mais essas duas unidades, a empresa passa a ter 29 pontos em todo o Brasil.
Faz tudo A Doutor Resolve, rede de franquias que oferece reparos, reformas e limpeza de imóveis, pretende abrir 400 novas unidades em 2014. A empresa projeta um faturamento de aproximadamente R$ 380 milhões neste ano.
Incentivo à competitividade
Os programas de estímulo à tecnologia e à inovação a micro e pequenos empresários devem crescer 25% neste ano, segundo o Sebrae.
A expectativa é ultrapassar o número de 120 mil empresas beneficiadas pelas linhas Sebraetec, que subsidia a aquisição de equipamentos tecnológicos, e Agente Local de Inovação, que oferece consultoria empresarial.
"Vamos investir R$ 250 milhões por ano em subsídios para a compra de serviços de tecnologia em micro e pequenas empresas e orientação", afirma Luiz Barreto, presidente da entidade.
Serão aportados um total de R$ 1 bilhão no quadriênio 2014-2017.
Entre as 1.163 empresas que participaram do prêmio de competitividade MPE Brasil, que tem o Sebrae entre os organizadores, 80% afirmaram que investem em inovação.
Quando questionadas sobre os mecanismos de planejamento adotados, 74,3% das empresas disseram que mensuram seus resultados e 57,4% afirmaram fazer análises de mercado.
Grupo constrói na Bahia complexo com shopping e área para 2.800 residências
A Iron House, que faz parte do grupo pernambucano Cornélio Brennand, vai construir um complexo imobiliário com shopping center em Camaçari (BA), na região metropolitana de Salvador.
Apenas no shopping e na infraestrutura do bairro, cujos investimentos diretos são da companhia, o aporte será de R$ 120 milhões.
A área de 528 mil metros quadrados terá espaço para cerca de 2.800 casas, além de hotel e prédios comerciais, obras que serão feitas por outros empreendedores.
"No conjunto todo [incluindo projetos de terceiros no complexo], os investimentos deverão chegar a R$ 800 milhões", diz Ruy Rêgo, presidente da Iron House.
"O grupo é dono dessa área há mais de 40 anos. Ela já havia sido reservada para um empreendimento imobiliário desse porte", afirma.
Além do imóvel próprio, a economia da região também foi decisiva para o projeto, segundo o executivo.
Distante cerca de 40 quilômetros de Salvador, Camaçari abriga o principal polo industrial da Bahia e um dos maiores do Nordeste.
"No caso do shopping, por exemplo, a cidade já tem um potencial de consumo muito grande, mas não tem até hoje uma infraestrutura adequada", afirma Rêgo.
O centro de compras, que terá 115 lojas, deverá ser entregue em 2015.
Para a ocupação das áreas residenciais, a empresa aposta sobretudo no interesse de moradores que hoje trabalham em Camaçari, mas que vivem na capital baiana.
O grupo Cornélio Brennand também atua em áreas como geração de energia e fabricação de vidros.
PISTA LUXUOSA
A direção do grupo Oetker, que detém e gerencia hotéis-butique de luxo, veio a São Paulo para anunciar a abertura no dia 11 de dezembro de sua nova propriedade, o L'Apogée, na estação de esqui francesa Courchevel.
O grupo também está de olho em hotéis no Brasil. "Precisamos encontrar uma joia. Pode ser um hotel pronto ou um novo projeto a ser erguido", afirma Alain Briere, do Oetker.
"Como cidades, São Paulo, Rio ou algum lugar mágico no país seriam atraentes", acrescenta Briere.
O percentual de brasileiros nas unidades do grupo alcança entre 6% e 8% do total de hóspedes.
A maioria deles frequenta o Hotel Le Bristol, de Paris, segundo Briere, vice-presidente da "coleção" Oetker, como ele define a rede.
"Cadeia [hoteleira] seria algo standard. Pode não soar modesto, mas o que temos é uma coleção de obras-primas", diz.
Além do Le Bristol, fazem parte do grupo os hotéis du-Cap-Eden-Roc e Château Saint-Martin & Spa (Riviera Francesa); Brenners Park & Spa (Alemanha); Palais Namaskar (Marrocos) e Fregate Island Private (Seychelles).
Com diária a partir de € 1.000, L'Apogée, um "pé na neve", ficará aberto apenas 120 dias por ano, de dezembro à Páscoa.
Aves... A agência WMcCann assume a conta publicitária da Seara, do grupo JBS.
...e suínos O contrato será um dos maiores do mercado em 2014, diz a agência.
Inovação O cientista-chefe do Ministério da Economia de Israel, Avi Hasson, participa de reunião hoje na Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) para tratar de acordos de cooperação em pesquisa e desenvolvimento.
Norte e Nordeste A Icatu Seguros, seguradora em vida e previdência, abrirá nesta semana suas primeiras filiais em João Pessoa e Manaus. Com mais essas duas unidades, a empresa passa a ter 29 pontos em todo o Brasil.
Faz tudo A Doutor Resolve, rede de franquias que oferece reparos, reformas e limpeza de imóveis, pretende abrir 400 novas unidades em 2014. A empresa projeta um faturamento de aproximadamente R$ 380 milhões neste ano.
Incentivo à competitividade
Os programas de estímulo à tecnologia e à inovação a micro e pequenos empresários devem crescer 25% neste ano, segundo o Sebrae.
A expectativa é ultrapassar o número de 120 mil empresas beneficiadas pelas linhas Sebraetec, que subsidia a aquisição de equipamentos tecnológicos, e Agente Local de Inovação, que oferece consultoria empresarial.
"Vamos investir R$ 250 milhões por ano em subsídios para a compra de serviços de tecnologia em micro e pequenas empresas e orientação", afirma Luiz Barreto, presidente da entidade.
Serão aportados um total de R$ 1 bilhão no quadriênio 2014-2017.
Entre as 1.163 empresas que participaram do prêmio de competitividade MPE Brasil, que tem o Sebrae entre os organizadores, 80% afirmaram que investem em inovação.
Quando questionadas sobre os mecanismos de planejamento adotados, 74,3% das empresas disseram que mensuram seus resultados e 57,4% afirmaram fazer análises de mercado.
Não colou - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 06/11
Presidente manda seus ministros defender política econômica, mas tiro sai pela culatra
DILMA ROUSSEFF está uma arara com a mais recente onda de esculhambação de sua política econômica, em particular a fiscal (isto é, que diz respeito a gasto do governo e impostos). As críticas não teriam fundamento, seriam um exagero injusto e mesmo uma traição.
Afinal, diz-se no Planalto, a poupança do governo neste ano será menor devido ao crescimento lerdo, "dado o contexto mundial", e à grande redução de impostos, "reivindicação do empresariado", que agora cuspiria no prato que comeu ao criticar as contas da administração Dilma.
A presidente mandou a elite da tropa defender as contas do governo do marolão de críticas que se levantou desde quinta-feira passada, quando saiu o mau resultado fiscal de setembro.
O ministro Guido Mantega (Fazenda), a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e o secretário do Tesouro, Arno Augustin, deram então entrevistas aos principais jornais do país, publicadas ontem. Não colou.
Mantega, Gleisi e Augustin deram algum azar. Levaram um caldo da onda de alta do dólar, que vinha se formando nos últimos dias, com escassa relação com o país. Os juros no mercado americano voltaram a subir faz uns dez dias, assim como a conversa sobre a mudança na política monetária, o que costuma chutar o dólar para cima, por aqui.
Mantega, Gleisi e Augustin, no entanto, deram chance para o azar. Ruídos, contrastes e confrontos nas declarações de ministros e secretário parecem ter dado impulso adicional ao salto do dólar, entre outras manifestações reais e imediatas de insatisfação com o tom da conversa governista.
Mantega não disse nada de muito novo: que o governo vai ser mais comedido em gastos e endividamento. Augustin como que chamou o pessoal para a briga, acusando economistas e jornalistas de causar um marolão artificial de mau humor. Ficou mais difícil entender o que disse a ministra da Casa Civil, o que também não pegou bem.
Em entrevista a esta Folha, Gleisi Hoffmann disse que defende um "sistema de bandas" para o superavit primário, a meta de poupança do governo. Isto é, grosso modo, o governo pouparia mais em anos bons e gastaria mais em anos ruins para o crescimento econômico, dentro de certos limites.
Ou Gleisi choveu no molhado (o governo já adota uma espécie de banda) ou propôs política algo diferente daquela tocada pelo ministro da Fazenda. O "mercado" não gosta nem de uma coisa nem de outra; a confusão extra não serviu para aumentar a simpatia.
Não vai ser com essa conversa que o governo vai mudar os humores da praça do mercado, dos donos do dinheiro grosso, em suma. O "mercado" simplesmente acha que gasto extra do governo dá em mais inflação e deficit externo, o que vai dar em dólar mais caro, talvez ainda mais caro quando virar a biruta dos juros nos EUA. Vota com os pés, levando e trazendo dinheiro, tanto faz a mera palavra do Planalto.
De resto, não existe tal coisa como o "empresariado" que o governo pretendeu adular e por quem se sente agora "traído", história quase incrível de ingenuidade juvenil ou amadorística. Há interesses e ideias conflitantes no "empresariado" e, enfim, empresários podem muito bem cavar benesses para si no governo e fazer troça da política econômica.
Presidente manda seus ministros defender política econômica, mas tiro sai pela culatra
DILMA ROUSSEFF está uma arara com a mais recente onda de esculhambação de sua política econômica, em particular a fiscal (isto é, que diz respeito a gasto do governo e impostos). As críticas não teriam fundamento, seriam um exagero injusto e mesmo uma traição.
Afinal, diz-se no Planalto, a poupança do governo neste ano será menor devido ao crescimento lerdo, "dado o contexto mundial", e à grande redução de impostos, "reivindicação do empresariado", que agora cuspiria no prato que comeu ao criticar as contas da administração Dilma.
A presidente mandou a elite da tropa defender as contas do governo do marolão de críticas que se levantou desde quinta-feira passada, quando saiu o mau resultado fiscal de setembro.
O ministro Guido Mantega (Fazenda), a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e o secretário do Tesouro, Arno Augustin, deram então entrevistas aos principais jornais do país, publicadas ontem. Não colou.
Mantega, Gleisi e Augustin deram algum azar. Levaram um caldo da onda de alta do dólar, que vinha se formando nos últimos dias, com escassa relação com o país. Os juros no mercado americano voltaram a subir faz uns dez dias, assim como a conversa sobre a mudança na política monetária, o que costuma chutar o dólar para cima, por aqui.
Mantega, Gleisi e Augustin, no entanto, deram chance para o azar. Ruídos, contrastes e confrontos nas declarações de ministros e secretário parecem ter dado impulso adicional ao salto do dólar, entre outras manifestações reais e imediatas de insatisfação com o tom da conversa governista.
Mantega não disse nada de muito novo: que o governo vai ser mais comedido em gastos e endividamento. Augustin como que chamou o pessoal para a briga, acusando economistas e jornalistas de causar um marolão artificial de mau humor. Ficou mais difícil entender o que disse a ministra da Casa Civil, o que também não pegou bem.
Em entrevista a esta Folha, Gleisi Hoffmann disse que defende um "sistema de bandas" para o superavit primário, a meta de poupança do governo. Isto é, grosso modo, o governo pouparia mais em anos bons e gastaria mais em anos ruins para o crescimento econômico, dentro de certos limites.
Ou Gleisi choveu no molhado (o governo já adota uma espécie de banda) ou propôs política algo diferente daquela tocada pelo ministro da Fazenda. O "mercado" não gosta nem de uma coisa nem de outra; a confusão extra não serviu para aumentar a simpatia.
Não vai ser com essa conversa que o governo vai mudar os humores da praça do mercado, dos donos do dinheiro grosso, em suma. O "mercado" simplesmente acha que gasto extra do governo dá em mais inflação e deficit externo, o que vai dar em dólar mais caro, talvez ainda mais caro quando virar a biruta dos juros nos EUA. Vota com os pés, levando e trazendo dinheiro, tanto faz a mera palavra do Planalto.
De resto, não existe tal coisa como o "empresariado" que o governo pretendeu adular e por quem se sente agora "traído", história quase incrível de ingenuidade juvenil ou amadorística. Há interesses e ideias conflitantes no "empresariado" e, enfim, empresários podem muito bem cavar benesses para si no governo e fazer troça da política econômica.
Como é que fica? - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 06/11
E a família lá em casa, sem arroz nem feijão, como é que fica? - perguntou Paulinho da Viola em Que trabalho é esse?, de 1982.
Um a um, os empresários e os administradores de qualquer patrimônio, se perguntam: "Se não acontecerá nada em 2014, como é que fica 2015?".
Este 2013 já não tem mais jeito, já ficou e já micou. Se prevalecer a atual postura do governo Dilma, de não arregaçar as mangas e de não consertar o que tem de ser consertado na política econômica, porque não pretende criar marola em clima eleitoral, então o ajuste de contas vai pular 2014, também ano economicamente medíocre, e vai aterrissar em 2015, esse sim, um tempo de ranger de dentes. O governo Dilma se comporta como se tivesse sido surpreendido. Nenhum dos figurões de Brasília esperava pela trombada na área fiscal (receitas e despesas públicas), que parece consumada. E reagem como baratas tontas que tivessem levado esguichada de inseticida.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, por exemplo, passou os últimos dias reconhecendo a existência de problemas, mas não teve a coragem de admitir que sua política de desonerações, baseada em pressupostos mal calculados, foi um desastre que provocou um buraco de R$ 50 bilhões nas despesas do governo federal. Mas reagiu atirando sobre a alta rotatividade da mão de obra, fator que está provocando rombo quase equivalente, de R$ 47 bilhões, ou 1% do PIB. Mais surpreendentemente ainda, acha que pode remendar a roupa por meio de negociações com as centrais sindicais.
O secretário do Tesouro, Arno Augustin, não vê desgoverno. Avisa que está tudo muito bem na área fiscal, que as contas de outubro vão fechar no melhor dos mundos e que o resto é desinformação ou intriga de gente mal-intencionada.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, é feito de duas metades. Uma delas passou meses denunciando as excessivas despesas públicas do governo federal e seu impacto sobre a inflação. A outra desde agosto passou a dizer o contrário e a prometer que o reino dos céus está próximo.
A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, também nega a crise, mas, para não ignorar problemas, defende a criação de uma espécie de sanfona de bandas variáveis que definissem metas fiscais feitas de sobras de arrecadação.
E ainda há os discursos cada vez mais frequentes da presidente Dilma que atribuem tudo o que está errado ao pessimismo dos analistas, alguns dos quais trabalharam a favor do governo até há alguns meses.
Fosse o rombo das finanças públicas o único desarranjo, a saída seria relativamente fácil. Mas há um punhadão deles. É, também, a atividade econômica que cresce pouco; a inflação que não sai de perto dos 6% ao ano; o déficit nas contas externas que toma corpo; os investimentos insatisfatórios; os projetos do governo que não deslancham; a Petrobrás que não dá conta do peso colocado sobre seus ombros...
Mas, se a perspectiva é deixar o acerto para 2015, isso também é fator ruim. Por que investir agora, por que assumir riscos quando não há clareza nem para a próxima curva? Mas, afinal, a família lá em casa, como é que fica?
E a família lá em casa, sem arroz nem feijão, como é que fica? - perguntou Paulinho da Viola em Que trabalho é esse?, de 1982.
Um a um, os empresários e os administradores de qualquer patrimônio, se perguntam: "Se não acontecerá nada em 2014, como é que fica 2015?".
Este 2013 já não tem mais jeito, já ficou e já micou. Se prevalecer a atual postura do governo Dilma, de não arregaçar as mangas e de não consertar o que tem de ser consertado na política econômica, porque não pretende criar marola em clima eleitoral, então o ajuste de contas vai pular 2014, também ano economicamente medíocre, e vai aterrissar em 2015, esse sim, um tempo de ranger de dentes. O governo Dilma se comporta como se tivesse sido surpreendido. Nenhum dos figurões de Brasília esperava pela trombada na área fiscal (receitas e despesas públicas), que parece consumada. E reagem como baratas tontas que tivessem levado esguichada de inseticida.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, por exemplo, passou os últimos dias reconhecendo a existência de problemas, mas não teve a coragem de admitir que sua política de desonerações, baseada em pressupostos mal calculados, foi um desastre que provocou um buraco de R$ 50 bilhões nas despesas do governo federal. Mas reagiu atirando sobre a alta rotatividade da mão de obra, fator que está provocando rombo quase equivalente, de R$ 47 bilhões, ou 1% do PIB. Mais surpreendentemente ainda, acha que pode remendar a roupa por meio de negociações com as centrais sindicais.
O secretário do Tesouro, Arno Augustin, não vê desgoverno. Avisa que está tudo muito bem na área fiscal, que as contas de outubro vão fechar no melhor dos mundos e que o resto é desinformação ou intriga de gente mal-intencionada.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, é feito de duas metades. Uma delas passou meses denunciando as excessivas despesas públicas do governo federal e seu impacto sobre a inflação. A outra desde agosto passou a dizer o contrário e a prometer que o reino dos céus está próximo.
A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, também nega a crise, mas, para não ignorar problemas, defende a criação de uma espécie de sanfona de bandas variáveis que definissem metas fiscais feitas de sobras de arrecadação.
E ainda há os discursos cada vez mais frequentes da presidente Dilma que atribuem tudo o que está errado ao pessimismo dos analistas, alguns dos quais trabalharam a favor do governo até há alguns meses.
Fosse o rombo das finanças públicas o único desarranjo, a saída seria relativamente fácil. Mas há um punhadão deles. É, também, a atividade econômica que cresce pouco; a inflação que não sai de perto dos 6% ao ano; o déficit nas contas externas que toma corpo; os investimentos insatisfatórios; os projetos do governo que não deslancham; a Petrobrás que não dá conta do peso colocado sobre seus ombros...
Mas, se a perspectiva é deixar o acerto para 2015, isso também é fator ruim. Por que investir agora, por que assumir riscos quando não há clareza nem para a próxima curva? Mas, afinal, a família lá em casa, como é que fica?
A toga e o chão de fábrica - ABRAM SZAJMAN
FOLHA DE SP - 06/11
Já que a Justiça do Trabalho ignora muitas vezes o que decidem patrões e empregados, por que estes não podem voltar a indicar juízes classistas?
O modo atual de operar da Justiça do Trabalho tornou-se, ao lado da elevada carga tributária, da burocracia excessiva e das deficiências de infraestrutura, um dos grandes obstáculos para que o Brasil possa voltar a crescer.
Ela espalha insegurança jurídica nos meios empresariais, o que contribui para brecar investimentos e dificultar a criação de empregos.
Não é exagero dizer que a maior barreira para a modernização das relações laborais hoje no Brasil situa-se na própria Justiça do Trabalho, em especial quando ela insiste em rever ou anular cláusulas livremente acordadas nas negociações coletivas entre patrões e empregados.
E o problema não está só no âmbito interno dos tribunais, mas também fora deles: qual é a razão de uma entidade de juízes trabalhistas fazer lobby no Congresso contra o projeto de lei que busca regulamentar o trabalho terceirizado?
Diante desse quadro, as entidades empresariais não podem se omitir. Sem ferir nenhum direito dos trabalhadores, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) apresentou um conjunto de 101 Propostas para a Modernização Trabalhista.
Apoiando a iniciativa, a Fecomercio SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) pretende abrir o debate em outra frente: já que a Justiça do Trabalho ignora muitas vezes o que decidem patrões e empregados, tanto individual como coletivamente, por que estes não podem voltar a participar por meio de juízes classistas indicados pelas entidades sindicais patronais e de trabalhadores?
A extinção dos classistas --que existiam desde a criação da Justiça do Trabalho e atuavam de forma semelhante aos peritos como auxiliares dos juízes de carreira-- deixou uma lacuna não preenchida pelas comissões de conciliação prévia.
Diferentemente da conciliação intermediada pelos classistas e homologada pelos tribunais como coisa julgada, aquilo que se acorda nessas comissões com frequência volta a ser discutido por meio de ações trabalhistas, com mais perda de tempo e dinheiro para as partes.
A Justiça do Trabalho surgiu paritária para incorporar na interpretação das leis os princípios da realidade. A participação das representações de trabalhadores e empresários era o argumento que justificava a sua criação, atribuindo-lhe a capacidade de julgar observando as particularidades de cada tipo de referência trabalhista. Sem ela, está desautorizado o seu poder normativo e não se justifica a sua existência.
A questão pode ser colocada da seguinte maneira: juízes togados conhecem a lei e os ritos do processo, mas ignoram a realidade do chão das fábricas, das lojas e escritórios. Por essa razão, países como Alemanha, França, Suíça e Portugal recrutam entre as entidades de classe pessoas que vão atuar como auxiliares da Justiça. É disso que precisamos.
Não se está propondo, evidentemente, a ressurreição pura e simples do modelo anterior. A sociedade deve decidir em que moldes seriam reintroduzidos os juízes classistas, quanto seus serviços custariam e quem deve pagar por eles.
A figura do classista --existente desde a Constituição de 1946 e abrigada pela Carta de 1988-- foi extinta por conta da oposição de juízes togados, por meio de uma emenda constitucional, em 1999. Agora, o mesmo instrumento deve ser usado para reintroduzi-la, exigindo o quórum qualificado (três quintos do plenário) e duas passagens pelas Casas Legislativas, o que, juntamente com as audiências e consultas públicas, é garantia de ampla discussão.
Se a ideia despertar polêmica, como no passado, tanto melhor, desde que preconceitos não interditem o debate. Será mais uma forma de direcionar os holofotes para o ponto central. Restaurado seu caráter paritário, a Justiça do Trabalho será arejada por ventos soprados desde as categorias econômicas e profissionais que são, em última análise, sua razão de existir.
Já que a Justiça do Trabalho ignora muitas vezes o que decidem patrões e empregados, por que estes não podem voltar a indicar juízes classistas?
O modo atual de operar da Justiça do Trabalho tornou-se, ao lado da elevada carga tributária, da burocracia excessiva e das deficiências de infraestrutura, um dos grandes obstáculos para que o Brasil possa voltar a crescer.
Ela espalha insegurança jurídica nos meios empresariais, o que contribui para brecar investimentos e dificultar a criação de empregos.
Não é exagero dizer que a maior barreira para a modernização das relações laborais hoje no Brasil situa-se na própria Justiça do Trabalho, em especial quando ela insiste em rever ou anular cláusulas livremente acordadas nas negociações coletivas entre patrões e empregados.
E o problema não está só no âmbito interno dos tribunais, mas também fora deles: qual é a razão de uma entidade de juízes trabalhistas fazer lobby no Congresso contra o projeto de lei que busca regulamentar o trabalho terceirizado?
Diante desse quadro, as entidades empresariais não podem se omitir. Sem ferir nenhum direito dos trabalhadores, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) apresentou um conjunto de 101 Propostas para a Modernização Trabalhista.
Apoiando a iniciativa, a Fecomercio SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) pretende abrir o debate em outra frente: já que a Justiça do Trabalho ignora muitas vezes o que decidem patrões e empregados, tanto individual como coletivamente, por que estes não podem voltar a participar por meio de juízes classistas indicados pelas entidades sindicais patronais e de trabalhadores?
A extinção dos classistas --que existiam desde a criação da Justiça do Trabalho e atuavam de forma semelhante aos peritos como auxiliares dos juízes de carreira-- deixou uma lacuna não preenchida pelas comissões de conciliação prévia.
Diferentemente da conciliação intermediada pelos classistas e homologada pelos tribunais como coisa julgada, aquilo que se acorda nessas comissões com frequência volta a ser discutido por meio de ações trabalhistas, com mais perda de tempo e dinheiro para as partes.
A Justiça do Trabalho surgiu paritária para incorporar na interpretação das leis os princípios da realidade. A participação das representações de trabalhadores e empresários era o argumento que justificava a sua criação, atribuindo-lhe a capacidade de julgar observando as particularidades de cada tipo de referência trabalhista. Sem ela, está desautorizado o seu poder normativo e não se justifica a sua existência.
A questão pode ser colocada da seguinte maneira: juízes togados conhecem a lei e os ritos do processo, mas ignoram a realidade do chão das fábricas, das lojas e escritórios. Por essa razão, países como Alemanha, França, Suíça e Portugal recrutam entre as entidades de classe pessoas que vão atuar como auxiliares da Justiça. É disso que precisamos.
Não se está propondo, evidentemente, a ressurreição pura e simples do modelo anterior. A sociedade deve decidir em que moldes seriam reintroduzidos os juízes classistas, quanto seus serviços custariam e quem deve pagar por eles.
A figura do classista --existente desde a Constituição de 1946 e abrigada pela Carta de 1988-- foi extinta por conta da oposição de juízes togados, por meio de uma emenda constitucional, em 1999. Agora, o mesmo instrumento deve ser usado para reintroduzi-la, exigindo o quórum qualificado (três quintos do plenário) e duas passagens pelas Casas Legislativas, o que, juntamente com as audiências e consultas públicas, é garantia de ampla discussão.
Se a ideia despertar polêmica, como no passado, tanto melhor, desde que preconceitos não interditem o debate. Será mais uma forma de direcionar os holofotes para o ponto central. Restaurado seu caráter paritário, a Justiça do Trabalho será arejada por ventos soprados desde as categorias econômicas e profissionais que são, em última análise, sua razão de existir.
O fim da trégua - CRISTIANO ROMERO
VALOR ECONÔMICO - 06/11
Os mercados indicam que acabou a trégua das últimas semanas em relação ao Brasil. O clima de quase tranquilidade durou pouco. Dólar e juros futuros, dois mercados onde confiança é a principal mercadoria, se moveram fortemente nos últimos dias, e para o lado ruim. A motivação é a mesma: a falta de credibilidade da política fiscal.
Brasília, evidentemente, reage de forma catatônica, negando sistematicamente a existência dos problemas. Na opinião de integrantes do governo, está tudo certo com a política econômica; o problema é o péssimo relacionamento do Palácio do Planalto com empresários e banqueiros, algo que, na visão oficial, pode ser consertado até a eleição de outubro de 2014.
O curioso é que há consciência na cúpula do poder de que, mesmo favorita na eleição presidencial, a presidente Dilma Rousseff precisa reconstruir as pontes com o empresariado. Assessores alegam que, nos últimos meses, Dilma recuperou parte da popularidade perdida e maioria no Congresso, mas segue sem apoio no meio empresarial. "Ganhar a eleição é fácil; o difícil é governar [sem interlocução com o setor privado]", diz um auxiliar da presidente.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preocupado com a situação, e não é de agora. Em abril, instado por grandes empresários, que já reclamavam da falta de credibilidade da política econômica, fez um movimento para convencer Dilma de que ela precisava mexer no time. Os empresários sugeriram o nome de Henrique Meirelles, mas Lula preferiu apenas dizer à presidente que ele não seria um obstáculo à saída de Guido Mantega.
Dilma optou por mudar a política em vez de trocar a equipe. Devolveu as políticas monetária e cambial ao Banco Central, desistindo da "nova matriz macroeconômica", e determinou a Mantega que procurasse formas de melhorar o quadro fiscal.
No fim de maio, mercados no mundo inteiro entraram em período de grande nervosismo graças aos sinais do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, de que começaria a diminuir os estímulos monetários. Em junho, o Brasil passou a ser sacudido por ruidosas manifestações populares. Some-se tudo isso à desconfiança dos agentes econômicos no governo.
De 22 de maio a 21 de agosto, a cotação do dólar saltou de R$ 2,05 para R$ 2,45. O juro futuro, medido pelo swap pré de 360 dias, pulou, no mesmo período, de 8,28% para 10,07% ao ano. Dois fatos ajudaram a acalmar o ambiente depois disso: o Fed postergou o início da retirada dos estímulos e o Banco Central adotou um programa de venda diária de hedge cambial.
O que os números dos últimos dias mostram é que o nervosismo voltou. Em apenas nove dias, o dólar saiu de R$ 2,18 e foi a R$ 2,28 e o juro futuro (swap pré de 360 dias) já está num nível mais alto que o do pior momento da recente turbulência - 10,59% ao ano (ver gráfico).
Uma vez mais, Lula tentou ajudar Dilma. Desta vez, a ideia foi montar uma operação sigilosa para fazer o Senado aprovar projeto que dá autonomia formal ao BC. Lula faria, por vias tortas, o que Tony Blair fez quando assumiu o poder na Inglaterra, em 1997: acalmar os mercados dando independência ao BC.
O plano era aproveitar a tramitação do projeto do senador Francisco Dornelles (PP-RJ), modificá-lo - na visão de Lula, a proposta do senador, ao prever mandato de seis anos para diretores do BC, era excessivamente conservadora -, aprová-lo e tratar do tema, rejeitado desde sempre pelo PT, pelas esquerdas e também por setores da oposição, como um fato consumado.
Um detalhe importante: a presidente Dilma sabia da operação desde o início. Estava tudo combinado com Lula.
As coisas caminhavam bem até que a informação vazou para a imprensa. Do jeito que saiu, Lula apareceu articulando a independência do BC contra a vontade de Dilma, uma forma de tutelá-la. "Ficou parecendo uma operação do Lula contra a Dilma, quando, na verdade, era uma operação de como recuperar a linha de contato do Palácio do Planalto com o mercado financeiro", explicou um colaborador da presidente. "Politicamente, ficou inviável."
No quesito credibilidade, retornou-se, portanto, à estaca zero. Com um agravante. O BC vem aumentando a taxa de juros desde abril e indicou que ela voltará a dois dígitos no fim deste mês. A situação é desafiadora porque, mesmo já tendo trazido a Selic de 7,25% para 9,5% ao ano, o BC não conseguiu melhorar as expectativas de inflação.
A tendência do BC é parar de elevar a Selic apenas quando as expectativas melhorarem. Estas, por sua vez, não vão melhorar enquanto a taxa de câmbio estiver volátil e desvalorizando. Como a situação fiscal não ajuda, muito pelo contrário, só atrapalha, tudo concorre para a turbulência, o que, num círculo vicioso, obriga o Banco Central a ser mais conservador.
Diante disso, o risco para a presidente Dilma está na conjunção de dois fenômenos: o possível rebaixamento da nota de crédito do Brasil pelas agências de classificação de risco, uma possibilidade que já começou a ser antecipada pelo mercado; e o início, no fim primeiro trimestre de 2014, da redução dos estímulos monetários nos EUA. Pode ser a chegada da tempestade perfeita, com impactos imprevisíveis na popularidade da presidente e em seu favoritismo eleitoral.
Os mercados indicam que acabou a trégua das últimas semanas em relação ao Brasil. O clima de quase tranquilidade durou pouco. Dólar e juros futuros, dois mercados onde confiança é a principal mercadoria, se moveram fortemente nos últimos dias, e para o lado ruim. A motivação é a mesma: a falta de credibilidade da política fiscal.
Brasília, evidentemente, reage de forma catatônica, negando sistematicamente a existência dos problemas. Na opinião de integrantes do governo, está tudo certo com a política econômica; o problema é o péssimo relacionamento do Palácio do Planalto com empresários e banqueiros, algo que, na visão oficial, pode ser consertado até a eleição de outubro de 2014.
O curioso é que há consciência na cúpula do poder de que, mesmo favorita na eleição presidencial, a presidente Dilma Rousseff precisa reconstruir as pontes com o empresariado. Assessores alegam que, nos últimos meses, Dilma recuperou parte da popularidade perdida e maioria no Congresso, mas segue sem apoio no meio empresarial. "Ganhar a eleição é fácil; o difícil é governar [sem interlocução com o setor privado]", diz um auxiliar da presidente.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preocupado com a situação, e não é de agora. Em abril, instado por grandes empresários, que já reclamavam da falta de credibilidade da política econômica, fez um movimento para convencer Dilma de que ela precisava mexer no time. Os empresários sugeriram o nome de Henrique Meirelles, mas Lula preferiu apenas dizer à presidente que ele não seria um obstáculo à saída de Guido Mantega.
Dilma optou por mudar a política em vez de trocar a equipe. Devolveu as políticas monetária e cambial ao Banco Central, desistindo da "nova matriz macroeconômica", e determinou a Mantega que procurasse formas de melhorar o quadro fiscal.
No fim de maio, mercados no mundo inteiro entraram em período de grande nervosismo graças aos sinais do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, de que começaria a diminuir os estímulos monetários. Em junho, o Brasil passou a ser sacudido por ruidosas manifestações populares. Some-se tudo isso à desconfiança dos agentes econômicos no governo.
De 22 de maio a 21 de agosto, a cotação do dólar saltou de R$ 2,05 para R$ 2,45. O juro futuro, medido pelo swap pré de 360 dias, pulou, no mesmo período, de 8,28% para 10,07% ao ano. Dois fatos ajudaram a acalmar o ambiente depois disso: o Fed postergou o início da retirada dos estímulos e o Banco Central adotou um programa de venda diária de hedge cambial.
O que os números dos últimos dias mostram é que o nervosismo voltou. Em apenas nove dias, o dólar saiu de R$ 2,18 e foi a R$ 2,28 e o juro futuro (swap pré de 360 dias) já está num nível mais alto que o do pior momento da recente turbulência - 10,59% ao ano (ver gráfico).
Uma vez mais, Lula tentou ajudar Dilma. Desta vez, a ideia foi montar uma operação sigilosa para fazer o Senado aprovar projeto que dá autonomia formal ao BC. Lula faria, por vias tortas, o que Tony Blair fez quando assumiu o poder na Inglaterra, em 1997: acalmar os mercados dando independência ao BC.
O plano era aproveitar a tramitação do projeto do senador Francisco Dornelles (PP-RJ), modificá-lo - na visão de Lula, a proposta do senador, ao prever mandato de seis anos para diretores do BC, era excessivamente conservadora -, aprová-lo e tratar do tema, rejeitado desde sempre pelo PT, pelas esquerdas e também por setores da oposição, como um fato consumado.
Um detalhe importante: a presidente Dilma sabia da operação desde o início. Estava tudo combinado com Lula.
As coisas caminhavam bem até que a informação vazou para a imprensa. Do jeito que saiu, Lula apareceu articulando a independência do BC contra a vontade de Dilma, uma forma de tutelá-la. "Ficou parecendo uma operação do Lula contra a Dilma, quando, na verdade, era uma operação de como recuperar a linha de contato do Palácio do Planalto com o mercado financeiro", explicou um colaborador da presidente. "Politicamente, ficou inviável."
No quesito credibilidade, retornou-se, portanto, à estaca zero. Com um agravante. O BC vem aumentando a taxa de juros desde abril e indicou que ela voltará a dois dígitos no fim deste mês. A situação é desafiadora porque, mesmo já tendo trazido a Selic de 7,25% para 9,5% ao ano, o BC não conseguiu melhorar as expectativas de inflação.
A tendência do BC é parar de elevar a Selic apenas quando as expectativas melhorarem. Estas, por sua vez, não vão melhorar enquanto a taxa de câmbio estiver volátil e desvalorizando. Como a situação fiscal não ajuda, muito pelo contrário, só atrapalha, tudo concorre para a turbulência, o que, num círculo vicioso, obriga o Banco Central a ser mais conservador.
Diante disso, o risco para a presidente Dilma está na conjunção de dois fenômenos: o possível rebaixamento da nota de crédito do Brasil pelas agências de classificação de risco, uma possibilidade que já começou a ser antecipada pelo mercado; e o início, no fim primeiro trimestre de 2014, da redução dos estímulos monetários nos EUA. Pode ser a chegada da tempestade perfeita, com impactos imprevisíveis na popularidade da presidente e em seu favoritismo eleitoral.
Credulidade e credibilidade - ALEXANDRE SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 06/11
A razão para a queda do superavit não é a arrecadação fraca, mas o aumento de gastos
Muito embora acompanhe há algum tempo as contas fiscais brasileiras e tenha me tornado bastante crítico da piora observada nessa dimensão, estaria mentindo para os 18 fiéis se dissesse não ter sido surpreendido com o péssimo balanço do setor público (União, Estados, município e empresas estatais, exceto Petrobras e Eletrobras) registrado em setembro.
Naquele mês, houve deficit primário (isto é, sem contabilizar o pagamento de juros) pouco superior a R$ 9 bilhões, o pior já registrado para o período desde que começamos a medir nosso desempenho fiscal.
Assim, mesmo considerando se tratar de mês complicado, em que parcela do 13º salário dos aposentados é antecipada, não há dúvida de que a deterioração se estendeu muito além da questão sazonal, ao contrário da justificativa dos (ir)responsáveis pelo fraco resultado.
Aliás, observamos esses nada honrosos recordes em quatro dos últimos 12 meses, indicação clara que a piora não é uma questão pontual.
Não é por acaso que o resultado (oficial) acumulado nos nove primeiros meses de 2013, superavit equivalente a 1,3% do PIB, é o mais baixo dos últimos 15 anos, apesar do uso crescente de receitas extraordinárias (tipicamente concessões e dividendos) para "engordar" o saldo fiscal.
"Limpo" desses truques, o superavit primário dos últimos 12 meses corresponde a mero 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto), distância considerável da média supe- rior a 3% do PIB registrada no período 2003-2008, assim como da observada entre 2009 e 2012 (1,6% do PIB).
Os dados também permitem concluir que, embora Estados e municípios não sejam totalmente ino- centes, a principal parcela da deterioração fiscal resulta do desempenho do governo federal, cujo superavit ("limpo") caiu de uma média superior a 2% do PIB de 2003 a 2008 para apenas 0,4% do PIB nos últimos 12 meses.
A razão para isso não é arrecadação mais fraca, por mais que autoridades choraminguem. O principal motivo da redução do superavit primário federal é o aumento do gasto e, dentro dele, do dispêndio corrente, já que o investimento vem caindo na comparação com o observado no ano passado.
Assim, por qualquer ângulo que se observe o desempenho recente das contas públicas, torna-se difícil evitar a conclusão de que a política fiscal tem sido extraordinariamente expansiva. E, como a expansão vem dos gastos correntes, em oposição aos investimentos, fica claro também que o governo terá uma dificuldade considerável para remover os estímulos hoje existentes no caso improvável de um dia resolver se corrigir.
Chega a ser patético observar o ministro da Fazenda e o secretário do Tesouro requentando medidas para conter o avanço de despesas como o abono salarial e o seguro-desemprego, que já haviam sido anunciadas (e nunca adotadas) há mais de dois anos, dentro do pacote então lançado para convencer um crédulo Banco Central de que poderia reduzir a taxa de juros sem riscos para a inflação, graças à prometida austeridade fiscal.
Soma-se a isso o provável efeito da alteração retroativa dos indexadores das dívidas de Estados e municípios com a União. Como discutido em coluna anterior, tal medida deverá abrir a porteira para aumento substancial dos gastos dos governos locais, ainda mais num ano eleitoral.
O que não é patético, mas trágico, é a credulidade do BC, que, mesmo em face de promessas quebradas e da extraordinária degradação das contas fiscais, prossegue com a ladainha afirmando que "o balanço do setor público se desloca para a zona de neutralidade".
Tal alienação seria injustificável até para quem não tivesse vivido um período de enorme irresponsabilidade fiscal. Já para economistas da minha geração, que observaram esse processo e suas consequências praticamente em tempo real, essa posição, mais que inexplicável, é, acima de tudo, insensata. Não é por outro motivo que a escassa credibilidade do Banco Central se erode a cada dia.
A razão para a queda do superavit não é a arrecadação fraca, mas o aumento de gastos
Muito embora acompanhe há algum tempo as contas fiscais brasileiras e tenha me tornado bastante crítico da piora observada nessa dimensão, estaria mentindo para os 18 fiéis se dissesse não ter sido surpreendido com o péssimo balanço do setor público (União, Estados, município e empresas estatais, exceto Petrobras e Eletrobras) registrado em setembro.
Naquele mês, houve deficit primário (isto é, sem contabilizar o pagamento de juros) pouco superior a R$ 9 bilhões, o pior já registrado para o período desde que começamos a medir nosso desempenho fiscal.
Assim, mesmo considerando se tratar de mês complicado, em que parcela do 13º salário dos aposentados é antecipada, não há dúvida de que a deterioração se estendeu muito além da questão sazonal, ao contrário da justificativa dos (ir)responsáveis pelo fraco resultado.
Aliás, observamos esses nada honrosos recordes em quatro dos últimos 12 meses, indicação clara que a piora não é uma questão pontual.
Não é por acaso que o resultado (oficial) acumulado nos nove primeiros meses de 2013, superavit equivalente a 1,3% do PIB, é o mais baixo dos últimos 15 anos, apesar do uso crescente de receitas extraordinárias (tipicamente concessões e dividendos) para "engordar" o saldo fiscal.
"Limpo" desses truques, o superavit primário dos últimos 12 meses corresponde a mero 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto), distância considerável da média supe- rior a 3% do PIB registrada no período 2003-2008, assim como da observada entre 2009 e 2012 (1,6% do PIB).
Os dados também permitem concluir que, embora Estados e municípios não sejam totalmente ino- centes, a principal parcela da deterioração fiscal resulta do desempenho do governo federal, cujo superavit ("limpo") caiu de uma média superior a 2% do PIB de 2003 a 2008 para apenas 0,4% do PIB nos últimos 12 meses.
A razão para isso não é arrecadação mais fraca, por mais que autoridades choraminguem. O principal motivo da redução do superavit primário federal é o aumento do gasto e, dentro dele, do dispêndio corrente, já que o investimento vem caindo na comparação com o observado no ano passado.
Assim, por qualquer ângulo que se observe o desempenho recente das contas públicas, torna-se difícil evitar a conclusão de que a política fiscal tem sido extraordinariamente expansiva. E, como a expansão vem dos gastos correntes, em oposição aos investimentos, fica claro também que o governo terá uma dificuldade considerável para remover os estímulos hoje existentes no caso improvável de um dia resolver se corrigir.
Chega a ser patético observar o ministro da Fazenda e o secretário do Tesouro requentando medidas para conter o avanço de despesas como o abono salarial e o seguro-desemprego, que já haviam sido anunciadas (e nunca adotadas) há mais de dois anos, dentro do pacote então lançado para convencer um crédulo Banco Central de que poderia reduzir a taxa de juros sem riscos para a inflação, graças à prometida austeridade fiscal.
Soma-se a isso o provável efeito da alteração retroativa dos indexadores das dívidas de Estados e municípios com a União. Como discutido em coluna anterior, tal medida deverá abrir a porteira para aumento substancial dos gastos dos governos locais, ainda mais num ano eleitoral.
O que não é patético, mas trágico, é a credulidade do BC, que, mesmo em face de promessas quebradas e da extraordinária degradação das contas fiscais, prossegue com a ladainha afirmando que "o balanço do setor público se desloca para a zona de neutralidade".
Tal alienação seria injustificável até para quem não tivesse vivido um período de enorme irresponsabilidade fiscal. Já para economistas da minha geração, que observaram esse processo e suas consequências praticamente em tempo real, essa posição, mais que inexplicável, é, acima de tudo, insensata. Não é por outro motivo que a escassa credibilidade do Banco Central se erode a cada dia.
Brasil, objeto ou sujeito da História? - STEPHAN RICHTER E UWE BOTT
O ESTADO DE S. PAULO - 06/11
Com razão os brasileiros estão irados com o excessivo alcance do poderio americano, como testemunhado no recente escândalo da NSA. Para conter as aparentemente intermináveis práticas de espionagem dos EUA, a chanceler alemã, Angela Merkel, e Dilma Rousseff estão certas em liderar um movimento internacional que as restrinja.
Mas o Brasil tem de fazer mais. O País precisa de uma estratégia global proativa, não só reativa. O foco de sua reinvenção deve ser eliminar a tendência a se fechar em esplêndido isolamento. Isso levou a um caso grave de interminável introspecção e lutas políticas internas sem fim. E nada disso tem utilidade na arena global. Na verdade, tais tendências são autodestrutivas.
Se alguma vez houve uma clara oportunidade para um novo começo, ela foi proporcionada pelo escândalo da NSA. O Brasil deve usar esse incidente de forma construtiva, com visão de futuro, de molde a desenvolver uma séria estratégia global para o País. Do contrário, continuará a ser visto como objeto, e não sujeito da História moderna e uma de suas principais forças motrizes.
Pela primeira vez as chances de isso ocorrer não são ruins. O escândalo conseguiu algo historicamente raro no Brasil: uniu brasileiros consternados de todas as correntes partidárias. Tal união não existia no passado, embora as reformas econômicas nos governos de Fernando Henrique Cardoso, Lula e agora Dilma, ao longo de cerca de 20 anos, tenham quase quintuplicado o PIB nominal do País em dólares. Enquanto o Brasil se tornava uma das maiores economias do mundo, a hábil política externa do ex-presidente Lula catapultava o País ao palco mundial.
Na época o País tornou-se o queridinho dos mercados financeiros globais, em especial nos EUA. Mas já havia alguns sinais ameaçadores no horizonte. O amadurecimento político do Brasil não foi tão bem recebido em Washington.
O mal-estar eclodiu abertamente quando a economia brasileira começou a desacelerar em 2012. Os mercados financeiros, sempre instáveis e rápidos no gatilho, logo levantaram dúvidas sobre muitas das principais realizações econômicas brasileiras. Convenientemente, a crise econômica também foi usada por outras forças como uma oportunidade para refrear a crescente influência política do Brasil. Por isso não é nenhuma surpresa: que esteja em curso uma verdadeira campanha para fazer o País cair em descrédito.
Sem dúvida, o Brasil enfrenta enormes desafios com a corrupção, na educação, no sistema de saúde e na infraestrutura. E os brasileiros têm plena consciência desses problemas, como evidenciado nas recentes manifestações de rua. No entanto, como que para expiar o entusiasmo anterior, os mercados financeiros parecem agora focados apenas nos aspectos negativos. Enquanto isso, não reconhecem o substancial progresso que o Brasil tem feito não só em termos de reforma econômica, mas também na redução de suas crônicas desigualdades sociais.
Como os brasileiros bem sabem, programas como o Bolsa Família, de Lula, e o Brasil Sem Miséria deram um grande passo no combate à pobreza. Mas será que o , mundo realmente sabe disso? Poderíamos dizer que não, ou, pelo menos, não em toda parte nem perto do suficiente. Como resultado do progresso econômico, da inflação sob controle e dos programas de combate à miséria, a taxa de pobreza caiu. Em contraste, muitos países avançados, notadamente os EUA, têm vivenciado tendência oposta.
A verdadeira tragédia do Brasil, porém, é que parece não entender o grau de desinformação, ou melhor, a falta de informação no exterior, que faz essas conquistas não serem amplamente reconhecidas. Basicamente voltado para dentro de si mesmo, como a França, o Brasil ainda carece de uma perspectiva internacional ativa. E certamente não tem uma estratégia internacional para lidar com todos os obstáculos postos em seu caminho.
A maioria dos tomadores de decisões brasileiros, como gestores públicos e líderes empresariais, nem se dá conta disso. O que é desconcertante, de vez que se deve presumir que eles teriam a obrigação, ao menos em pane, de zelar pela reputação internacional do seu país. Quer atuem no setor público ou no privado, parece que isso seria do seu próprio interesse.
A realidade, porém, é ainda pior. Em vez de cuidarem com determinação das urgentes questões de reputação global, muitos brasileiros continuam - quase inconcebivelmente -com o que agora deve ser descrito como o segundo maior esporte nacional: brigar entre si.
Para lutar por sua reputação global um país tem de trabalhar substanciais questões-chave. Afinal, nenhuma jogada de efeito pode - ou deve - encobrir falhas fundamentais. Mas um grande interesse em inteligente defesa própria é bem diferente. No entanto, nem ao menos há um amplo debate nacional sobre esse tema no Brasil. Em vez disso, a Nação fica passivamente grudada na TV todo domingo à noite para assistir às revelações de que como, mais uma vez, se toma objeto da arrogância americana.
A ironia disso é considerável. O Brasil, como os EUA, foi dotado de condições muito favoráveis em termos de território e recursos. Nos últimos 20 anos o País também se mostrou capaz de colher os benefícios dessas condições - em vez de continuamente ser ridicularizado como país de "enorme potencial". E tem todos os motivos para se considerar um sujeito da História, como idealmente deveriam todas as nações.
Se o escândalo da NSA tem algum aspecto positivo, com certeza é entendê-lo pelo que realmente significa - um fantástico "toque de reunir" para o Brasil acordar e pôr fim ao seu perigoso sonho feliz e despreocupado no palco global.
É a mobilidade, cara - MARCOS POGGI
O GLOBO - 06/11
Por nenhuma razão previsível, o país deverá reduzir a produção de carros, pelo menos, nos próximos dez anos. Vai, isto sim, é produzir cada vez mais automóveis
O deputado Luiz Paulo Correa da Rocha, em recente visita ao seu antigo companheiro Eduardo Paes, advertiu-o para o risco de a derrubada da Perimetral vir a se transformar no seu sarcófago eleitoral. O que, segundo o deputado, seria lastimável, já que o prefeito é um dos quadros políticos mais promissores do Estado do Rio de Janeiro.
A razão da advertência reside no fato de que o tráfego nas cidades brasileiras vai piorar muito nos próximos anos. Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, segundo o Denatran, a frota de todos os veículos cresce a uma taxa da ordem de 6% ao ano. Em 2011, foram perto de 240 mil veículos, ou 20 mil em média, a mais, por mês, nas ruas. Como resultado, todos os grandes problemas de mobilidade que, daqui para a frente, ocorrerem na cidade do Rio de Janeiro e municípios vizinhos, decorrentes ou não decorrentes da derrubada do viaduto, vão acabar na conta do prefeito. Cuja coragem, a propósito, não há como se deixar de reconhecer.
O discurso dos defensores da derrubada, que classifica os críticos da medida como adeptos do automóvel, também não ajuda muito. Primeiro, por ser a premissa falsa, uma vez que quem condena a destruição daquele importante patrimônio público não é, necessariamente, a favor do uso indiscriminado do transporte individual. Segundo, porque tal discurso amplia e aglutina as hostes adversárias. E, terceiro, porque a supressão de espaço viário não induz, de forma eficaz, à necessária substituição do automóvel pelo transporte público, se este não for de muito boa qualidade. Em suma, tanto a ação quanto o raciocínio subjacente ao discurso dos agentes da derrubada são irrealistas e contraproducentes.
São irrealistas porque não levam em consideração as razões econômicas que impulsionam a indústria automobilística no Brasil e no mundo. Por nenhuma razão previsível, o país deverá reduzir a produção de carros, pelo menos, nos próximos dez anos. Vai, isto sim, é produzir cada vez mais automóveis. Tanto que estão programados investimentos da ordem de R$ 50 bilhões até 2016 para aumentar em 60% a capacidade das montadoras brasileiras. E, contraproducentes, porque a piora da mobilidade, além de onerar, de varias formas, as contas públicas, gera intensa e crescente insatisfação popular.
Sun Tzu já dizia há 2.500 anos que os generais que ganham as batalhas não são os mais valentes, e sim os que fazem mais contas. E acrescentava que a primeira condição para o sucesso na guerra é reconhecer e valorizar a realidade. Infelizmente, essas regras milenares não estão sendo observadas pela administração municipal.
Tais considerações ganham relevância política atualmente, sobretudo no âmbito regional. Se as questões da saúde e da educação em nosso país são de suma gravidade, o problema da mobilidade em nossas cidades não fica atrás. Da perspectiva eleitoral, é de basilar importância para os políticos uma ênfase especial nos problemas de movimentação das pessoas nos grandes centros urbanos do país. Porque o cidadão somente é incomodado pelas carências dos nossos sistemas de saúde quando fica doente ou tem alguém enfermo na família. E isso normalmente ocorre apenas de tempos em tempos. Fenômeno parecido acontece com as falhas do sistema educacional, que afeta diretamente a vida das pessoas apenas em circunstâncias e ocasiões particulares.
Já com a mobilidade, a exasperação é diária. De manhã à noite. A maior parte da população (em todas as suas camadas), nas grandes cidades, está enlouquecida com os problemas de mobilidade. E isso vai pesar muito na hora do voto. Assim, só mesmo parodiando James Carville, ex-assessor de Bill Clinton, na campanha de 1992: “É a mobilidade, cara.”
Por nenhuma razão previsível, o país deverá reduzir a produção de carros, pelo menos, nos próximos dez anos. Vai, isto sim, é produzir cada vez mais automóveis
O deputado Luiz Paulo Correa da Rocha, em recente visita ao seu antigo companheiro Eduardo Paes, advertiu-o para o risco de a derrubada da Perimetral vir a se transformar no seu sarcófago eleitoral. O que, segundo o deputado, seria lastimável, já que o prefeito é um dos quadros políticos mais promissores do Estado do Rio de Janeiro.
A razão da advertência reside no fato de que o tráfego nas cidades brasileiras vai piorar muito nos próximos anos. Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, segundo o Denatran, a frota de todos os veículos cresce a uma taxa da ordem de 6% ao ano. Em 2011, foram perto de 240 mil veículos, ou 20 mil em média, a mais, por mês, nas ruas. Como resultado, todos os grandes problemas de mobilidade que, daqui para a frente, ocorrerem na cidade do Rio de Janeiro e municípios vizinhos, decorrentes ou não decorrentes da derrubada do viaduto, vão acabar na conta do prefeito. Cuja coragem, a propósito, não há como se deixar de reconhecer.
O discurso dos defensores da derrubada, que classifica os críticos da medida como adeptos do automóvel, também não ajuda muito. Primeiro, por ser a premissa falsa, uma vez que quem condena a destruição daquele importante patrimônio público não é, necessariamente, a favor do uso indiscriminado do transporte individual. Segundo, porque tal discurso amplia e aglutina as hostes adversárias. E, terceiro, porque a supressão de espaço viário não induz, de forma eficaz, à necessária substituição do automóvel pelo transporte público, se este não for de muito boa qualidade. Em suma, tanto a ação quanto o raciocínio subjacente ao discurso dos agentes da derrubada são irrealistas e contraproducentes.
São irrealistas porque não levam em consideração as razões econômicas que impulsionam a indústria automobilística no Brasil e no mundo. Por nenhuma razão previsível, o país deverá reduzir a produção de carros, pelo menos, nos próximos dez anos. Vai, isto sim, é produzir cada vez mais automóveis. Tanto que estão programados investimentos da ordem de R$ 50 bilhões até 2016 para aumentar em 60% a capacidade das montadoras brasileiras. E, contraproducentes, porque a piora da mobilidade, além de onerar, de varias formas, as contas públicas, gera intensa e crescente insatisfação popular.
Sun Tzu já dizia há 2.500 anos que os generais que ganham as batalhas não são os mais valentes, e sim os que fazem mais contas. E acrescentava que a primeira condição para o sucesso na guerra é reconhecer e valorizar a realidade. Infelizmente, essas regras milenares não estão sendo observadas pela administração municipal.
Tais considerações ganham relevância política atualmente, sobretudo no âmbito regional. Se as questões da saúde e da educação em nosso país são de suma gravidade, o problema da mobilidade em nossas cidades não fica atrás. Da perspectiva eleitoral, é de basilar importância para os políticos uma ênfase especial nos problemas de movimentação das pessoas nos grandes centros urbanos do país. Porque o cidadão somente é incomodado pelas carências dos nossos sistemas de saúde quando fica doente ou tem alguém enfermo na família. E isso normalmente ocorre apenas de tempos em tempos. Fenômeno parecido acontece com as falhas do sistema educacional, que afeta diretamente a vida das pessoas apenas em circunstâncias e ocasiões particulares.
Já com a mobilidade, a exasperação é diária. De manhã à noite. A maior parte da população (em todas as suas camadas), nas grandes cidades, está enlouquecida com os problemas de mobilidade. E isso vai pesar muito na hora do voto. Assim, só mesmo parodiando James Carville, ex-assessor de Bill Clinton, na campanha de 1992: “É a mobilidade, cara.”